Já antes trouxe as memórias paroquiais. Trata-se, como já escrevi, de respostas às
perguntas dos Serviços da Monarquia orientados pelo Marquês de Pombal. O Cura
Baltazar Dias respondeu por Forninhos a 20 de Junho de 1758 a 14/15 das 60 perguntas e nota-se que, por um lado, não
levou a sério a importância das suas respostas, quer para os objetivos do
Reino, quer para benefício da "sua" terra e, por outro, nota-se que copiou as respostas de outros párocos, como o já conhecido no Dicionário Geográfico do Padre. Luiz Cardoso.
Então hoje trago aqui as perguntas, para quem
quiser seguir e conhecer o que se procurou saber da nossa terra, serra e rio e o que havia:
I
1. Em que província fica, a que bispado, comarca, termo e
freguesia pertence? R: Fica na
província da Beyra, hé Bispado de Viseu, comarqua de Linhares, termo da Villa
de Penaverde, freguesia de Santa Marinha, pertence
o mesmo povo de Forninhos.
Um apontamento:
Nesse tempo não
havia freguesias. A divisão de base da organização
territorial religiosa sempre foram as paróquias, como se sabe. Mas o padre escreve
«...pertence
o mesmo povo de Forninhos» (povo aqui significa claramente aldeia) então a localidade já se chamava Forninhos (no canto superior lê-se perfeitamente "Forninhos").
2. Se he delRey, ou de donatário, e quem o he ao
presente? R: Hé do infantado do Sereníssimo Infantado Dom
Pedro, que Deos guarde.
3. Quantos vizinhos tem [e o número das pessoas]? R: Tem esta
freguesia noventa e seis vizinhos, duzentas e trinta pessoas mayores e quarenta
menores.
4. Se está situada em campina, valle, ou monte, e que
povoações se descobrem dela, e quanto dista? R: Estamos num
vale cercados de uns montes do Nascente. (?).
5. Se tem termo seu, que lugares, ou aldeas comprehende,
como se chamam, e quantos vizinhos tem? R: É termo da
villa de Penaverde confrontando.
6. Se a paróquia está fora do lugar, ou dentro delle,
e quantos lugares, ou aldeas tem a freguesia, todos pelos seus nomes? R: A paróquia está próxima ao povo. Hé orago de
Santa Marinha, tem o Altar mor e dous colaterais.
7. Qual he o seu orago, quantos altares tem, e de que
santos, quantas naves tem; se tem irmandades, quantas, e de que santos?
Uma nota:
O padre inclui
na resposta n.º 6 a resposta à pergunta n.º 7 também. Sobre se a terra tem irmandades,
quantas, e de que santos «Nada».
8. Se o pároco é Cura, vigario, ou reytor, ou prior,
ou abbade, e de que apresentação he, e que renda tem? R: O Párocho hé
Cura, hé apresentado pelo Reytor da igreja de Nossa Senhora da Purificaçam da
Villa de Penaverde, tem de renda vinte mil réis.
…
9. ...
10. ...
11. ...
12. ...
13. Se tem algumas ermidas, e de que Santos, e se estão
dentro, ou fora do lugar, e a quem pertencem? R: Tem uma
Capela de Nossa Senhora dos Verdes fora do povo próximos pertence a mesma
Igreja, tem mais uma Capela de Santo António esta da quinta dos Valagotes.
14. Se acode a elas romagem, sempre, ou em alguns dias
do anno, e quaes são estes? R: São
obrigados à Capela de Nossa Senhora dos Verdes várias procissões em alguns dias
do ano principalmente nos dias Santos do Espírito Santo.
15. Quaes são os frutos da terra que os moradores
recolhem em mayor abundância? R: Os frutos
sam pam e vinho, cereja azeite e castanhas.
Um apontamento:
Quanto a mim, escreveu “cereja”.
Esta referência às cerejas, deve ser porque respondeu no tempo
delas (Junho). (?)
16. Se tem Juiz ordinário, etc., câmara, ou se está
sujeita ao governo das justiças de outra terra, e qual he esta? R: Nam. Juiz
esta sujeito ao Juiz ordinário do concelho da villa de Penaverde.
17. ...
18. ...
19. ...
20. Se tem correyo, e em que dias da semana chega e
parte; e, se o não tem, de que correyo se serve, e quanto dista da terra
onde ele chega? R: Nam temos
correyo. Servesse pelo correyo de Viseu.
21. Quanto dista da cidade capital do Bispado, e quanto
de Lisboa, capital do Reyno? R: Dista da cidade de Viseu capital do Bispado
cinco léguas. E da Corte de Lisboa cinquenta duas. (??)
Um
apontamento:
Entendi que o padre diz que de Forninhos a Lisboa são cerca de «sessenta legoas» e a Viseu «cinco legoas» (1 légua =
5Km) ou estava mal informado ou faziam naquele tempo um caminho diferente para Viseu. (?)
22. ...
23. ...
24 ....
25. ...
26. Se padeceu alguma ruína ao terramoto de 1755, e em
quê, e se está já reparada? R: Nam padeceu
ruínas no terramoto de 1755.
E encerrava o inquérito com a recomendação
27. E tudo o mais que houver digno de memória, de que não faça menção o presente interrogatório.
Era uma forma de suscitar a descrição de outras particularidades da freguesia. R: Aos mais
interrogatórios não tenho que dizer…
Vinte de Junho
de mil setecentos e cinquenta e oito.
Pe. Cura
Baltazar Dia
Uma nota:
À
pergunta n.º 22 sobre se esta terra tem alguns privilégios, antiguidades,
ou outras cousas dignas de memória, o padre não responde.
II
O que se
procura saber desta serra he o seguinte:
1…
2…
Ao que se
procura saber da Serra “Se há na serra minas de metais, ou canteiras de pedra,
ou de outros materiais de estimação?” “Se há na serra alguns mosteiros, igrejas
de romagem, ou imagens milagrosas? «Nada».
Sobre o Rio
desta terra “Como se chama, assim o rio, como o sítio onde nasce?” "Se tem pontes de cantaria, ou de pao, quantas, e em que sitio?" “Se tem
moinhos, lagares de azeite, pizoens, noras, ou outro alguns engenho?” «Nada».
Nota Pessoal:
Eu não sou historiadora, nem tenho conhecimentos de paleografia, pelo que fiz a transcrição das "memórias paroquiais" por semelhança e a seguir passo a passo as perguntas, mas reparem que coloco algumas interrogações. Outras poderão ser colocadas por aqueles que se interessarem por estas coisas. Já agora digo-vos que quando se tem curiosidade e vontade de escrever a nossa verdadeira história descobrimos documentos, vestígios, provas, indícios e muitas coisas da tradição.