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sábado, 29 de fevereiro de 2020

O milho está na moda

Felizmente, há modas que vêm por bem e a das receitas com farinha de milho é um bom exemplo. Este vegetal é dos alimentos mais ricos e nutritivos, parece. Para homens e para animais. Mas presentemente, ainda é pouco usado na alimentação humana, embora não se diga que não a um pão de milho e a umas papas doces de ralão (se é que há alguém que ainda coma um prato de papas depois duma refeição)!


O ralão, para quem não souber, é a farinha de milho moída grosseiramente de modo artesanal, é indicado para papas e é sem glúten.
De certeza que já ouviu alguém referir que é intolerante ao glúten, um conjunto de proteínas insolúveis que encontramos frequentemente em cereais como a aveia, trigo, centeio e cevada.
Então, apreciadora de milho, lembrei-me que no Forninhos antigo, já confecionavam receitas sem glúten, mesmo para quem não era celíaco. Além das papas-laberças feitas com farinha de milho e couve galega, também se faziam umas papas de ralão com carne e com chouriça dos boches (a palavra correcta é bofes), enchido feito à base de bofe e cebola, que lhe dava um sabor especial, não é das receitas mais apetitosas, mas sabendo que é isenta de glúten, talvez tente experimentá-la.

Ingredientes:
ralão
água q.b.
carne de porco da salgadeira
chouriça dos bofes

Modo de Preparação:
- Lave bem o ralão e deixe-o de molho 1/2 horas e retire as cascas mais grossas;
- Coza previamente as carnes de porco e chouriça com água e sal (se necessário);
- Coza o ralão, em lume médio, para ficar tenro, na água da cozedura da carne até ganhar a consistência desejada (estará bem cozido quando a colher de pau ficar segura no meio da panela sem cair),
-Acompanhe o preparado (as papas) com a carne e a chouriça cortada aos pedaços.

No entanto, pode adaptar a receita:
-Pique uma cebola, um dente de alho e um tomate com peles e tudo, sem chorar!
- Deixe refogar em azeite e junte o ralão e água quente, mexendo sempre, para não se colar ao fundo, acrescentando aos poucos a água necessária e sal e retire do lume quando achar que está cozido.
-Acompanhe com febras de porco grelhadas, peito de frango ou peixe frito e uma salada.

Bom apetite!

Nota: No Algarve fazem o xarém ou xerém, papas de milho com o molho do guisado de bacalhau, guisado de lulas, etc...na Ilha da Madeira não há prato mais madeirense que milho cozido (ou frito), a polenta é um alimento típico da cozinha italiana.

sábado, 22 de fevereiro de 2020

Arrematação 2020

A mordomia de Santa Marinha marcou para dia 23 de Fevereiro (domingo gordo), a tradicional arrematação a favor da Irmandade, que acontecerá no Largo da Lameira, pelas 14h30.
Divulgamos o cartaz do evento para abrir o apetite:



É bom reviver as nossas tradições, mesmo que adaptadas às realidades de hoje e, sobretudo, é bom juntarmo-nos e convivermos.
Obrigada a todos os envolvidos na organização.
Veja AQUI a tradição das arrematações/leilão.

QUE SEJA UM BOM EVENTO E...UM BOM ENTRUDO.

domingo, 16 de fevereiro de 2020

A História é de todos

No verão ou outono de 2013, na Tipografia da Beira Alta, Ldª. imprimiram-se 500 exemplares da primeira edição da monografia "Forninhos: a Terra dos nossos avós", da autoria de Carlos Alves e co-autoria de  Filipa Loureiro.
No capítulo "invasões e liberalismo", escreveu-se que no dia 2 de Abril de 1850 o jornal Ilustração Brasileira, na sua edição de sábado, na secção História da Actualidade, referia que "Na freguesia de Forninhos grassa actualmente uma febre de carácter maligno", não dando mais explicações sobre esta epidemia, página 72 (agora com o "Coronavírus", vem bem a propósito recordar esta notícia).
Posteriormente, sobre Forninhos foi editado um artigo com muito interesse, na Revista de História da Sociedade e da Cultura n.º 18, da autoria do João Nunes, e podemos ler (página 115): "Em 1859, uma notícia do Jornal dava conta de que em "Forninhos grassa actualmente uma febre de carácter maligno" (A Ilustração 1859:97).
Afinal a notícia é de 1850 ou 1859?
Existe um documento que pode confirmar essa notícia:




Não querendo ser desmancha-prazeres, o ano inserido na monografia de Forninhos está errado e tal em nada beneficia o leitor comum ou de quem inicia novas investigações, ao contrário da Revista da História da Sociedade e da Cultura n.º 18 que acrescenta informações de inegável utilidade.
A notícia, portanto, é do ano de 1859 e talvez desta vez o leitor forninhense entenda que na sociedade forninhense predomina mais o consumo do que a cultura e o consumo traz lucro e prestigio social, não importa se a história é deturpada, se com isso alguém tira dividendos económicos e políticos.
Voltando à notícia, será que alguém de Forninhos trabalhava na Ilustração Luso-Brazileira?
Todos adoramos a nossa terra, para cada um a sua é a melhor e a mais bonita, mas eu acho que minha terra não ía ser notícia no século XIX, num jornal universal, se não houvesse uma pessoa nascida e criada na região.
Se alguém descobrir diga-nos.