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terça-feira, 28 de abril de 2015

O OUTEIRO

Da  minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no universo... 
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer 
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
(Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos") 


Quase meio século atrás. O lugar do Outeiro era tal assim, sem precisar de nome de ruas nem código postal, para tal bastava a tia Augusta "brasileira" que se encarregava de entregar e receber as parcas cartas redigidas por boca e de boca ouvidas, ela que corria o povo, mas que ali morava com o irmão António e a irmã Clementina e os filhos desta.
Para mim (suspeito por ter nascido ao fundo da ladeira, junto ao ribeiro dos Moncões), sem dúvida o local mais lindo e airoso de Forninhos.
Olhando em frente e a direito, por cima de lameiros, arretos, vinhas e matas, lá estava a Matela que nos tapava a vista para a serra da Estrela, mas que no inverno dava a novidade da vinda da neve por a receber primeiro que nós.
Para a direita, as terras da Moradia, perdendo a vista as terras de Castendo que eram olhadas como pronúncio do tempo para o dia seguinte, conforme o céu estivesse, não fossem as nuvens mostrar a "cabra esfolada" ou o vermelho do pôr do sol, ditar o calor e as vacas terem de ser jungidas madrugada ainda noite. Mesmo por cima dos olivais, sentia-se a proximidade do cemitério e via-se o sitio do Lugar, encimado pela igreja matriz e a cada badalada dos sinos, parecia que as telhas velhas do casario do Outeiro, se rachavam. Torcendo o pescoço para a esquerda, a vista alcançava desde o Picão, o caminho dos Cuvos e a serra de S. Pedro, a caminho dos Valagotes.
Estas duas fotos, representam a comunidade genuína desse tempo em que as mulheres encostadas nestas paredes, catavam os piolhos aos garotos, punham a conversa em dia e ao anoitecer vinham de cântaro na cabeça e cantarinha no braço de água da fonte para a janta.
Por aqui, entre a casa da tia Eduarda, da tia Olivia e da Micas e mesmo da minha avó Ana, havia uma eira na qual se malhava centeio e trigo, assim como o milho que juntamente com o feijão ali ficavam a secar e guardados toda a noite. Aos domingos, depois de um tempo na taberna, os homens ali faziam companhia às mulheres, nas novidades e saboreando um ou outro copo do vizinho, antevendo que o dia seguinte seria de "pica o boi". Duro, como sempre, pois não havia tempo para "rónhonhó" ou ficar na preguiça.
Aquele carro foi uma novidade e colocou o nosso "território" em alvoroço, Acho que era do tio Manuel Guerra e que o tio Elísio levou nas férias. Tirando o carro do Antoninho Bernardo, de algum caixeiro viajante e os carros de aluguer da Guarda Republicana, pouco se via. Não contando com a do médico, a Renault 4 que por norma ficava atolada na estrada da Matela.
Se fosse falar na alegria da garotada que ali reinava e que tinha de ser arrastada para a cama no fresco do verão, quantas vezes presos pelas orelhas, ficava aqui toda a noite...
Digam se o Outeiro não tem magia?  

Fotos: Henrique Lopes.

domingo, 26 de abril de 2015

Há santos para todas as maleitas


Hoje é a festa da "Senhora da Saúde" na Moradia, uma aldeia vizinha de Forninhos, cuja população interage e se identifica com o nosso povo, em termos civis e religiosos. E no próximo domingo, dia 3 de Maio, é dia do povo de Forninhos ir em procissão de ladaínhas: a rezar e pedir que N.S. dos Verdes e todos os santos e santas livrem as culturas da desgraça das pragas. Este "voto" ou promessa foi instituído aquando de uma praga de gafanhotos devastou os campos da região.
Pus-me a pensar em como os católicos recorrem aos santos tantas vezes e como a Igreja Católica Romana arranjou santos para todos os fins; então encontrei na «net» uma passagem engraçadíssima que Aquilino Ribeiro, um escritor que adoro, descreveu na sua obra "Portugueses das sete partidas", que por entender que se enquadra neste assunto vos dou a conhecer:
"Pelo combate que o campo das ciências aplicadas, em particular, davam à superstição e à medicina sobrenatural - como aposição de relíquias e de ferros santos, intercessão de bem aventurados, a cada um competindo determinada zona anatómica ou espécie zoológica, assim a Cabeça Santa para a raiva, S. Fiacre para as almorreimas, Santa Luzia e Santa Flamínia, ambas concorrentes, para os achaques dos olhos, Santa Apolónia para a dor de dentes, S. Francisco de Paula a bem da sucessão masculina e ainda contra a estiagem, S. Marino para a sarna, Santa Tecla para as queimaduras, Santa Rita para todos os impossíveis do corpo e da alma, reservando-se Santo Antão o privilégios de guardar os porcos ao chambaril, Santa Marta de esconjurar o pulgão e o filoxera das vinhas, S. Pedro Gonçalves a lagarta das hortas e até S. Paulo Mártir de preservar as searas e favais do granizo e das trovoadas - concitavam contra si todos os agentes de rotina e de conservação.".
Fonte: http://ruadajudiaria.com/?p=153
Para ilustrar publico a foto de Santa Rita, que se encontra na igreja da minha terra natal, mas que até 1998 esteve na nossa capela: Capela da Senhora dos Verdes. É conhecida por Santa Rita ou Margarida de Cássia, viveu no Séc. XV, tendo morrido em 1457. Tendo perdido os filhos e o marido, fez-se monja agostiniana no Convento de Cássia (Itália), donde lhe vem o nome. Apresenta-se vestida com hábito de freira. Conta-se que o nosso rei D. João V terá sido curado de um problema na vista graças à sua intercessão.

domingo, 19 de abril de 2015

Num «blog» perto de si...

As comemorações do 25 de Abril estão à porta e é por isso que quero voltar a falar de um dos acontecimentos mais marcantes da História Portuguesa - a Guerra Colonial. Vou deixar aqui uma síntese daquilo que passou o autor do blog Guerra Colonial, do Zaire ao Cunene passando pelos Dembos, o texto é longo, mas cada um lê o que quiser e se quiser...
Hesitei no título a dar à peça. Hesito sempre na escolha do título. Pensei: "Das Rãs-Sátão ao Cunene passando pelos Dembos". "Guerra Colonial: As pedras que me atiraram" foi outro título que ocorreu, mas não...seria demasiado violento para os leitores como me disse o Sr. António S. Leitão.
Começo então por um episódio marcante, o dia da partida: 

a bordo do Vera Cruz: 10 de Janeiro de 1972
Era um domingo como os outros. Mais frio e cinzento, normal para o Inverno. Depois de introduzir numa pequena mala os meus parcos haveres, saio pela porta do lado Norte porque era esta que dava para a estrada nacional. Depois de atravessar o pátio que daquele lado era mais pequeno, encosto-me à ombreira do portão e aí aguardo a chegada de um autocarro da União de Sátão, mais pequeno que os outros, porque só fazia a ligação Sátão/Aguiar da Beira. Chamavam-lhe a carreira das três. Instantes mais tarde, uma apitadela na última curva, avisar-me-ia que tinha chegado a hora.
Atravesso a estrada em oblíqua, o que tem o condão de me levar à esquina da taberna frente à qual ele parava.
Abro e acto contínuo fecho a porta traseira. Quando pus o pé no estribo ainda "consegui" dizer "Adeus pessoal" às pessoas que então vieram à porta. Quando o autocarro arrancou, vi que o meu irmão Fernando chorava.
A guerra entrou pelo corpo dentro de toda a gente: dos que foram e dos que ficaram. (palavras minhas).
Primeira etapa Sátão; segunda etapa Viseu; comboios diversos levar-me-iam até um ponto situado no meio de «nulle part» chamado Santa Margarida. Desta vez era a sério, não havia margem para dúvidas: brevemente receberíamos os camuflados e embarcaríamos rumo a Angola.
Chegou o dia «D» e a hora «H» fomos introduzidos nas entranhas do majestoso transatlântico que dava pelo nome de Vera Cruz. Depois de uma travessia de nove dias, pudemos de novo dizer: terra, terra, mas tínhamos mudado de continente: estávamos na África dos elefantes e das girafas. 
Após o desembarque, esperava-nos um comboio que geralmente tem bancos, mas as fabulosas riquezas angolanas pelas quais nós estávamos prontos a dar a vida, não chegavam para pôr bancos no "nosso" comboio", e como gado, "embarcamos" em vagões que nos levariam até um loteamento de barracões de cimento situado no meio de um grande areal. Não vão pensar que era uma praia, tal como o comboio, também as "casernas" davam a impressão terem sido concebidas para acolher animais. À entrada de cada barracão havia de cada lado uma placa de cimento e em cima destas um fila de colchões asquerosos repletos de um pó amarelado que talvez dez anos antes tivesse sido palha.
Ficamos por lá alguns dias; vinham seguidamente grandes camiões equipados de altas cancelas (cuidado não fosse a mercadoria suicidar-se), e então como dizia o poeta, lá íamos nós, de Luanda para o Norte.
Quando chegávamos à Guerra, recebíamos como é natural uma espingarda e com ela uma centena de cartuchos que conservávamos em permanência quase sempre (a menos que houvesse um armeiro) dependurados ao fundo da cama. Quando íamos para o exterior, que por vezes se confundia com o interior, podíamos completar o nosso "arsenal" com duas granadas que devíamos solicitar na arrecadação.
Convém recordar que para as munições necessitávamos de cartucheiras, também para as granadas havia uma espécie de bolsas de lona, a que se chamava porta-granadas. Tudo corria na maior das normalidade até que um dia...(Pode ler o resto aqui).
Cansado de criticar o menu que nos era servido durante a guerra em Angola, decidi um dia desbloquear cinco escudos do meu magro orçamento, para comprar um ananás. Estando numa zona pacífica, entravam diariamente no quartel dois miúdos de cor que por vezes eram "utilizados" como moços de recados.
Chamei um deles, dei-lhe dez escudos para que fosse à cidade comprar-me o tal fruto açucarado. Sabendo de antemão que o ananás custava cinco escudos esperava logicamente receber outro tanto de troco, mas qual não é a minha surpresa quando o "nosso" pretinho estende uma mão com o ananás, outra com uma laranja servindo de troco.
Tive vontade de o acusar de ter gasto o troco em laranjas e de ter reservado uma para mim, mas pareceu-me tão sincero que me comoveu e disse-lhe come tu a laranja.

pobres cuanhamas pequeninos

Naoatu?! - Disseram os miúdos quanto eu passava.
Hêêê! Respondi eu, e trouxe esta imagem.

Corria o ano de 1974; estávamos no mês de Maio. Depois de termos passado os últimos nove meses em Pereira d'Eça, eis-nos enfim em Luanda aguardando embarque para a Metrópole. De regresso a Portugal emigrei para França.
E chega. Algum leitor que seja mais curioso poderá aceder a muitos outros textos sobre o que se sente tantos anos depois aqui:

S. António Leitão: bem-haja por autorizar os seus textos e fotografias "n' O Forninhenses". Um  abraço cá do fundo.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Cabeça da Moura de S. Pedro

Já muito se escreveu acerca da moura-encantada que vive escondida na Serra de S. Pedro, mas ainda não vos tinha apresentado "A Moura de S. Pedro". Se os de Penaverde têm um penhasco que tem semelhança com uma cabeça humana emergindo dos ombros é o "penedo da moira", porque razão não haveria de ter Forninhos também a cabeça da sua "moira" ou será "moura"?



A Serra de S. Pedro sempre foi disputada pelas freguesias de Forninhos e de Penaverde. Ambas a têm no seu território e cada uma delas puxa a Serra para si, mas do lado deles (Penaverde) chama-se Gralheira, do nosso lado (Forninhos) chama-se S. Pedro. Mesmo o "Castro" luso-romano que ali existe é pertença de Forninhos, ainda que os serviços oficiais, monografias locais e investigadores digam que aquele é o Castro da Gralheira! Gralheira porquê? É mas é o castro da Serra de S. Pedro (e sem Matos) Ponto.
Que eu saiba e por investigação que consegui fazer a freguesia de Forninhos tem é registado um prédio rústico vulgarmente designado por Farrangeira e é lenda, mas também pode ter algo de verdade, que viveram duas velhas uma na Gralheira e outra na FarrangeiraTodas as noites seroavam juntas, alternando a casa e o tição. Altas horas, despediam-se, recolhendo a hóspede a sua casa, sem temor de maus encontros com homens ou feras. E para certificar a outra de que chegara bem, tocava-lhe de longe um caldeiro que o silêncio da noite deixava ouvir. (in Penaverde, Sua Vila e Termo).
Ando há que tempos para saber onde viveu a velha da Farrangeira onde foram encontrados vestígios de épocas anteriores.

Nota: A Cabeça pertence a Henrique Lopes, foi ele que a baptizou de "Moura de S. Pedro".

terça-feira, 14 de abril de 2015

Os latoeiros

" Vem a chuva, anda o caldeireiro na terra..."
Assim se comentava em Forninhos quando se ouvia no povo o barulho do bater dos caldeiros, isto  há mais de meio século atrás.



Contrariamente ao que os autores dos textos "Forninhos a terra dos nossos avós" nos quiseram fazer crer, no capítulo "a arte dos ofícios", a nossa aldeia nunca teve determinados mestres, entre eles o da latoaria e não tem de se envergonhar de tal, pois teve outras coisas que outros não tinham, mas que partilhavam com as redondezas.
Quando se lhes referem que: "Com mãos ágeis a dobrar o latão ou a folha-de-flandres, o latoeiro produzia um sem número de peças, quase todas ligadas ao dia-a-dia desta comunidade, como as candeias, os baldes e cântaros para a água, as almotolias, os funis, etc." sei eu e todos os forninhenses que estão a referir-se aos latoeiros de algumas aldeias de concelhos limítrofes, afamadas pelos seus bons mestres latoeiros, tais como os casos de  Pindo e Matela, no concelho de Penalva, Juncais e Figueiró da Granja, de Fornos, Coriscada de Trancoso e porventura muitas outras, mas de Aguiar da Beira pouco ou nada que eu tenha conseguido saber.
Trabalhavam com folha de flandres (lata), zinco e das suas mãos saíam os utensílios mais usuais para o dia a dia, é verdade, quer para a casa, quer para o campo. Potes de azeite, panelas, almotolias, funis, lampiões, enxofradeiras para as vinhas, a ferrada para a ordenha e transporte do leite, acinhos para a feitura do queijo, assadores de castanhas, etc. e tal...
De Forninhos, quem podia ou tinha oportunidade, nas feiras da zona encontrava as bancas repletas destas e outras coisas, sendo que na nossa aldeia, era normal de vez em quando aparecer o"Feno" de Dornelas, porventura a pé, para remendar tachos, panelas, regadores e caldeiros. Encostava no Largo da Lameira ou no pátio das casas e com a solda derretida, lá remediava a coisa.
De Figueiró da Granja, também vinha uma vez por outra um artífice de alcunha o "Preto", por ser moreno, mas este já vinha de carrinha. Entregava trabalhos feitos por encomenda e levava mais um ou outro pedido.
Mas o que melhor recordo, sem dúvida é o amigo Vasco da Matela, melhor, mestre Vasco, que agora, ainda apesar da idade, artesão certificado e muito requisitado pelos certames de artesanato pelo país. O Vasco vinha sempre ao domingo e com ele a tristeza era uma palavra por inventar. Por vezes a pé, afinal a Matela fica perto e depois começou a vir com uma motoreta, trazendo e levando encomendas.
Forninhos nunca teve latoeiros, mas também nunca teve falta deles!







Fotos: Cortesia de Henrique Santos Lopes.

sábado, 11 de abril de 2015

Do tamanqueiro ao sapateiro

Tamanqueiro foi uma das profissões manuais que houve também na aldeia de Forninhos. Os mais novos já não se lembram, mas numa altura em que os sapatos não eram para todos, havia pessoas em Forninhos que encoiravam calçado de pau: os tamancos e tamancas. Os tamancos eram um tipo de botas, feitos de couro ao natural e que depois eram encebados e nalguns casos pintados de preto; as tamancas ou socas eram um tipo de chinelas femininas, feitas também em couro natural, havendo-as também pintadas de preto. A base de ambos era feita de pau, normalmente de amieiro (matéria prima em abundância nas zonas ribeirinhas da nossa região) por ser um tipo de madeira leve e moldável e também por ser um material quente e seco principalmente para os meses de inverno, muito severo nesses tempos de antanho. Com brochas (pregos curtos com cabeça larga e achatada dos lados) pregados por baixo, para se não romper as solas, faziam um barulho muito característico quando se caminhava nas calçadas. Mais tarde, em vez de brochas, já se usava tiras de pneu para aligeirar o passo.
De Forninhos nomearam-me o o tio Aníbal (pai do tio Antoninho do Aníbal), tio António sapateiro (marido da tia Ilda), o tio Carlos Bragança, o tio Joaquim da Isabel, o tio Abílio Moca e o tio Funfas, um pedinte que Forninhos adoptou, que além de encoirarem as solas dos tamancos e tamancas, também reparavam alguns sapatos e botas que entretanto se tinham rompido.
Da mesma maneira que o fiz com os "pedreiros", "carpinteiros" e outros...quero neste 'post' prestar a minha homenagem aos "sapateiros" que protegeram os pés deste povo descalço, pois até à primeira metade do século XX era usual ver circular descalço, devido à ausência de meios económicos e também por hábito, já que muitos não conheciam outras solas que não as dos seus pés calejados. Esta realidade até é referenciada na "monografia de Forninhos":
"Os sapatos não se deitavam fora, arranjavam-se e duravam um vida. Aliás muitos dos testemunhos recolhidos em Forninhos apontam mesmo, para o uso de sapatos apenas em ocasiões especiais, sendo normal crianças e graúdos andarem de tamancos ou descalços nas suas atividades diárias." (pág. 173).
Mas no que respeita aos sapateiros de Forninhos, o que transcrevo a seguir já não é bem verdade:
"...o sapateiro trabalhava por encomendas. Vinha o cliente, escolhia e encomendava o modelo. Depois pegava-se nos moldes com o número correspondente e riscava-se a pele. Peça por peça, delimitava-se a matéria-prima que depois de cortada, era molhada e esfregada para se tornar mais dura.
De seguida, juntava-se as diversas partes com a máquina de costura ou à mão, ganhando assim forma. Colocava-se o contraforte, as palminhas e cortava-se a sola, faziam-se os saltos ou tacões. Montava-se tudo, colava-se, cosia-se e faziam-se os acabamentos.
Um mestre experiente fazia um par de sapatos por dia. Era um trabalho árduo, sem higiene, sem horário, que exigia muita habilidade e capacidade para manusear os diferentes materiais.".
Estará o historiador/investigador a referir-se a um mestre sapateiro da aldeia vizinha da Matela - tio Valentim - que trabalhava por encomenda e em dias específicos (domingos) se deslocava a Forninhos para entregar as encomendas?
É possível.

As imagens são meramente simbólicas, embora parecidas com as da época. 

terça-feira, 7 de abril de 2015

Jogo da Panelinha

Espero que tenham passado bem a Páscoa. Nesta aldeia como é de tradição, na 2.ª Feira de Páscoa (e no domingo de Pascoela) joga-se à panelinha. A tradição cumpriu-se e na tarde de ontem, depois do regresso da romaria de Santa Eufémia e terminada a Visita Pascal, percorrendo as ruas de Forninhos jogamos à panelinha. Para se perceber do que falo, vejam as fotografias que seguem:


Para este jogo é necessário panelas de barro.
Bem-hajam: tia Agostinha, Amélia e Joana 
pelas panelas cedidas para a brincadeira!


Depois...uns atrás dos outros, o primeiro da fila lança para trás por cima da cabeça a panela de barro que é apanhada pelo outro

que corre logo para a retaguarda para tomar a mesma posição

O segundo faz o mesmo 

e assim sucessivamente

Cuidado Xico...é que uma distracção ou uma maroteira

 é o suficiente para a panela ficar em cacos!


Já agora e não estranhem, mas não resisto a chamar a atenção dos leitores forninhenses para o descrito na pág. 114 da "monografia de Forninhos": "Jogo da panelinha. Neste jogo participam rapazes e raparigas e, por vezes, gente de mais idade. Era geralmente jogado na Quaresma." (sublinhado nosso). Donde veio mais esta?

Continuação de boa Páscoa, pois dizem que vai até à Pascoela, no próximo domingo. Bom resto de semana (e de ano) também.