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sábado, 25 de julho de 2020

Associações de Forninhos

Não sei como, encontrei no site da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (archeevo) cinco!! Associações sediadas em Forninhos, criadas entre 1940 e 1999:

Sediada na freguesia de Forninhos, no concelho de Aguiar da Beira. Natureza da Associação: canónica. Data da constituição da Associação: 28 de outubro de 1940

Sediada no lugar e freguesia de Forninhos no concelho de Aguiar da Beira. Natureza da Associação: recreativa e cultural. Data da constituição da Associação: 18 de fevereiro de  1983 

Sediada na freguesia de Forninhos no concelho de Aguiar da Beira. Natureza da Associação: religiosa e social. Data da constituição da Associação: 26 de janeiro de 1999.

Sediada no lugar e freguesia de Forninhos no concelho de Aguiar da Beira. Natureza da Associação: socioprofissional. Data da constituição da Associação: 27 de maio de 1993.

Associação de Solidariedade e Melhoramentos da Santa Marinha
Sediada na freguesia de Forninhos no concelho de Aguiar da Beira. Natureza da Associação: desenvolvimento regional. Data da constituição da Associação: 14 de maio de 1999.


Parabéns a todos pela inicitiva que tiveram na altura, mas esta descoberta fez-me lembrar as palavras de Jesus aos seus discípulos: "Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada"(Mt 24.2).
Pois se só restam as de natureza "canónica" e "religosa"; as outras 3 ou já  desapareceram ou nunca existiram e isto não foi nada bom para o interesse geral nem para ninguém.
Poder-se-á perguntar se a causa principal foi a falta de gente. Não tenho dúvidas que sim, mas acho que houve outras razões: as divergências mesquinhas e as politiques baratas levaram, de certeza, muitos a desiludirem-se e a desistirem de planos (ou sonhos) que permitisse pensar de forma mais ampla em desenvolvimento necessário para a nossa terra. E isso...fez falta.

sexta-feira, 17 de julho de 2020

José Bernardo

José Bernardo nasceu em Moreira, Penaverde, em 1898. 
Mobilizado para a guerra, embarcou para França no dia 14 de Janeiro de 1917, em Lisboa, como soldado com o n.º449.  Placa de Identidade n.º 11059-A
Na altura do embarque, José Bernardo era solteiro.


No seu boletim constam algumas baixas médicas, promoções e punições:
- Baixa ao Hospital a 18/04/1917
- Em 4 e 10 de Junho de 1917, foi internado na ambulância
-Baixa ao Hospital em 11/06/1917
-Ferido em combate em 21 de Junho de 1917; alta a 22 do mesmo mês
- Punido com 5 dias de detenção, a 19 de Dezembro de 1917 "por não ter mandado remover seguidamente à limpeza do lixo acumulado à entrada do abrigo que ocupava".
- Promovido à categoria de 2.º Sargento Miliciano a 26/01/1918 (este cargo permitiu-lhe ter uma vida de algum conforto económico)
-Colocado na Escola de Gazes, de 11/06/1918 a 30/07/1918.
Desembarcou em Lisboa em 29 de Outubro de 1918.



Família:
Casou com Maria Augusta Marques e teve duas filhas (Prazerinha e Aninhas), mas a felicidade da família não durou muito, porque a sua esposa adoeceu gravemente ainda jovem, com tuberculose.
Enviuvou e casou em segundas núpcias em Forninhos, com Emília Marques, filha de José de dos Santos Marques e de Maria Baptista, e por lá ficou, tal filho da terra. Foi em Forninhos que lhes nasceram os filhos mais novos (Antoninho e Virgilinho).
Do 1.º casamento teve 10 netos e teve mais 5 netos do 2.º casamento.
Sobre o tempo da guerra, disseram-me que nem era muito de relatar as suas aventuras por terras francesas, mas quem o conheceu sabia que foi "enfermeiro" na Guerra e soube aproveitar os seus cohecimentos para ajudar o próximo naqueles tempos onde as palavras "saúde" e "médico" não existiam. Curou muitos corpos e salvou muitas vidas. Foi um homem bom.
Faleceu no dia 25 de Junho de 1969 e ficou sepultado no Cemitério de Forninhos.
Na década de 90 do século passado mereceu uma pequena homenagem por parte da Casa do Concelho de Aguiar da Beira, foi afixada uma placa na parede da casa do filho Vírgilio; não está muito visível, mas está lá, mas Forninhos devia erigir um monumento à memória do Sr. José Bernardo no Largo da Lameira.
Podem melhor saber porquê AQUI

sábado, 11 de julho de 2020

A Vós hoje recorremos

"Pela Santa Marinha visita a tua vinha, tal a acharás, tal a farás".
E todos os anos assim é...depois das visitas às vinhas entramos em contagem decrescente, a vindima de 2020 está quase à porta. 
Vivem-se os tempos possíveis a pensar que os Amanhãs virão com outra normalidade, mas será possível a presença de grupos de gente nas vindimas no ano do corona?
Até agora, felizmente a nossa freguesia tem sido poupada, quem sabe por Santa Marinha ter por companhia no seu altar-mor o patrono das pestes medievais - o Mártir São Sebastião - e lhe ter pedido auxilio para o povo de Forninhos?
Eu pessoalmente creio em algo superior...
Creio mesmo que Forninhos também tem sido poupado dos incêndios devido à intercessão de Nossa Senhora dos Verdes!!


foto do ano 2012
Mas São Sebastião podia não atender o seu pedido, já que no ano passado devido à sua nudez o pároco proibiu-o de ir na procissão do 15 de Agosto, mas  por causa de um, não devem pagar todos (pensa o mártele para as suas flechas).
Então, acho que desta vez não devem deixar que um padre - que já deu provas suficientes que tem uma mente conspurcada -  decida ou proibia os mordomos, por exemplo, de transportar numa viatura engalanada o andor de Santa Marinha enfeitado de flores (e de São Sebastião se acharem bem) e assim percorrerem ao som do hino de Santa Marinha, as ruas de Forninhos no próximo Sábado: dia 18 de Julho. 
Já que não pode haver procissão, as pessoas com fé e devoção esperavam junto das suas casas com flores e colchas coloridas nas janelas e sacadas como manda a tradição.
Por não ser feriado religioso, o padre não rezou missa em honra do Espírito Santo, no Santuário de Nossa Senhora dos Verdes, portanto o mais certo é fazer-nos o mesmo no dia 18 de Julho, pois também não é feriado.
Só se rezar a missa de Domingo (19/7) no Sábado (18/7).
O seu lema é "posso, quero e mando": um domingo missa às 09h00, outro domingo missa à tarde e a missa do domingo seguinte ao Sábado à tarde e assim sucessivamente!
É tão previsivel que pelas minhas contas na próxima semana a missa de Domingo pode ser Sábado, dia 18-07-2020.
Se isso vier acontecer, e acho que é isso que vai anunciar, devia rezar a missa perante os andores de Santa Marinha e São Sebastião desnudo!
"Eu quero, eu posso, eu consigo" deve ser sempre o lema do nosso povo.
Seria algo bonito, diferente... 
Pode ler AQUI a história e o hino de Santa Marinha.
Sobre São Sebastião AQUI

sábado, 4 de julho de 2020

António Coelho

O aforismo "As pessoas não morrem, quando nos lembramos delas" diz-nos que, quando nos lembramos das pessoas, estas não morrem. É baseando-me no sentido deste aforismo que presto aqui homenagem ao grande carpinteiro António Coelho de Albuquerque, meu bisavô paterno.
Nasceu na Matela, freguesia das Antas, a 14 de Maio de 1874
Terá aprendido cedo a arte de carpinteiro, profissão que tinha quando com 33 anos de idade pediu passaporte com destino ao Rio de Janeiro - Brasil.
Sinal de que a profissão de carpinteiro não dava para sustentar a família (digo eu).
Aos  31 de Outubro de 1907, na Secretaria do Governo Civil de Vizeu "disse que desejando ausentar-se para o Rio de Janeiro por Lisboa pretendia se lhe lavrasse o termo da sua identidade de pessoa".
Ofereceu como testemunhas abonatórias Pedro Bernardino d'Almeida, negociante de Castendo e José Cabral Pinto, comerciante de Vizeu, 


os quais declararam que reconhecem perfeitamente o impetrante e d'isso tomam inteira responsabilidade".
O Ex.mº Governador Civil, vendo que o impetrante apresentou todos os documentos legaes e que ofereceu testemunhas abonatorias que merecem todo o credito, ordenou que o passaporte fosse concedido.
Era obrigatório haver alguém que "abonasse" a viagem (uma espécie de fiadores).
Os sinais do impetrante são os seguintes: Altura, um metro e 57 centimetros. Rosto regular. Cabelos castanhos. Olhos castanhos. Nariz regular. Boca ???. Côr natural.
Signaes prticulares 2 cicatrizes uma na testa (??) e outra pequena na sua face esquerda(??).

Fonte: Arquivo Distrital de Viseu.

Do que consegui perceber, qualquer pessoa que pretendesse viajar para fora tinha que requerer passaporte na Secretaria do Governo Civil. No documento constava o lugar de destino da viagem, a identificação do requerente, o estado civil, a idade, a profissão, a residência e várias características particulares como a altura, a cor dos olhos, do cabelo, nariz, barba e sinais particulares (muitos destes sinais eram cicatrizes e vestígios de bexigas).


No início do século XX, em cada semana ou mês, eram mais umas casas fechadas no povo. A toda a hora se ouvia: "Abalaram para o Brasil. Já abalaram. Foram todos". Havia um sentimento de perda, de vazio...
Mas é possível que António Coelho, meu bisavô paterno,  não tivesse emigrado...
A minha família diz que depois de casado viveu em Forninhos, onde trabalhou sempre como carpinteiro. Também trabalhou na agricultura, como era habitual naquele tempo, cultivando alguns pedaços de terra que herdou ou foi comprando. 
Também atendendo ao ano do nascimento dos filhos acho que não abalou para o Brasil.
Família:
Era casado com Emília de Andrade e tiveram 6 filhos:
- José, nasceu em Forninhos a 15 de Novembro de 1903.
Netos: António, Aida, Arminda, Emilia, Agostinho
- Maria, nasceu em Forninhos a 22 de Março de 1907  
Netos: Júlia, Margarida, António, Samuel, Natalia
- Arminda, nasceu em Forninhos a 26 de Dezembro de 1909
Netos: Darcilia, Antonio, Álvaro
- Armando, nasceu em Forninhos a 20 de Março de 1913
Netos: João, Augusta
- Álvaro
Netos: José, Rosa, Celeste, Antonio, Juvelina
- Abel
Netos:  Odete, José, Conceição,  Arminda, Manuel (Nel), Simão, Samuel

http://onovoblogdosforninhenses.blogspot.com/2018/10/origens-da-familia-coelho-de-forninhos.html



O pedido do registo criminal é de 9 de Outubro de 1907.
A Comarca de Fornos d' Algodres atesta que dos boletins arquivados no registo criminal desta Comarca, nada consta contra António Coelho d' Albuquerque, casado, filho de José Coelho d' Albuquerque e de Carolina d' Andrade, natural do lugar da Matela, freguesia das Antas, concelho de Penalva do Castelo, d'esta comarca e morador no lugar e freguesia de Forninhos, concelho d' Aguiar da Beira.
Todos os documentos eram acompanhados do registo criminal passado pela Comarca e pelo registo de batismo do impetrante.


No seu registo de Baptismo, de 4 de Junho de 1874, ainda constam as seguintes informações:
Era neto paterno de Maria de Albuquerque e avô incógnito e materno de António Ferreira e Isabel d' Andrade.
- Foram padrinhos José Ferreira e sua mulher Guilhermina da Costa.



Faleceu no dia 01 de Novembro de 1955. Tinha 81 anos de idade. Está sepultado no cemitério de Forninhos.
Nasceu no mesmo dia o seu bisneto Zé 'pincho' que Deus já levou para junto dele.
Quem ainda o conheceu diz que quando estava doente foi visitado pelo pároco da aldeia, o Senhor Padre Valdimiro; e tendo manifestado a vontade de viver mais um ano o Senhor Padre respondeu-lhe: -"Deus faz-lhe a vontade porque pede pouco" e assim aconteceu.
Na sua época foi um carpinteiro de mão-cheia, muito competo, tinha habilidade para tudo, desde uma simples gamela e uma colher de pau, um baú para guardar a roupa, uma arca para armazenar os cereais à masseira de amassar o pão e à salgadeira onde se salagava e guardavam as carnes de porco enterradas em sal para todo o ano: assoalhava e forrava casas, assim como fazia as portas e janelas, armações para o telhado, carros para carga puxados por bovinos, assim como arados e outros utensílios para a agricultura; desde fazer camas, berços e caixões para meter os falecidos, às simples cruzes de madeira para sinalização das sepulturas, sabia e fazia tudo com muita classe.
Deixou como seguidores da sua arte o filho José Carau e neto António Carau, filho de José Carau, que tal como o seu progenitor davam saída a tudo de carpintaria. Depois da morte destes ninguém mais aprendeu esta arte.

* Carau é alcunha.