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domingo, 29 de setembro de 2013

A FIGUEIRA DA INDIA

A Figueira da India é um cato suculento, ramificado, de porte arbustivo, ramos clorofilados achatados, de coloração verde-acinzentada, mais compridos do que largos, variando de densamente espinhosos até desprovidos de espinhos. As folhas são excecionalmente pequenas, decíduas precoces. As flores são amarelo ou laranja brilhantes. Os seus frutos são suculentos e doces, sendo a sua pele não muito dura, com alguns tufos de pequenos espinhos e a polpa com muitas sementes que causam algum desconforto a quem os come, mas de sabor agradável.
Aqui ficam algumas fotos que tirei, embora a sua qualidade não seja a melhor, sempre se consegue ter uma imagem de como é a Figueira da India:
                                                              

Aspeto de uma figueira da Indía carregada de futos:
                                  

O Fruto com os seus espinhos muitos pequenos a afiados,
quando ingeridos causam dor e desconforto:


A Flor da Figueira da India:

     
 o interior de um figo:


que depois de ser descascado:


está pronto a ser consumido:


BOM APETITE
 e cuidado com os espinhos.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Exploração Agrícola: Arrendamentos, S. Miguel

Capela antiga de S. Miguel - Quinta da Ponte, datada de 1833

Como muitos de vós sabereis, S. Miguel, segundo a tradição, foi quem derrotou Lúcifer, que nos dias de hoje chamam Diabo, e está muito ligado com as uvas e, nesta região, também com a exploração agrícola. Eu explico: quando as terras patrimoniais não chegavam, o chefe da família tomava outras de renda. O senhorio entregava então a terra ao arrendatário, mediante uma renda estipulada em dinheiro ou medidas, que se pagava pelo São Miguel, a 29 de Setembro. Geralmente o proprietário/senhorio não marcava o tempo, mas quando era estipulado prazo, o arrendamento terminava com ele; quando não, a época de as deixar era, em regra, também pelo S. Miguel; ao sair, deixava a propriedade conforme a encontrara. 
Antes da emigração era assim. Presentemente, há muitas terras "de poiso".
Também se dizia que a partir do S. Miguel acabava a sesta e deixava de ser obrigatória a merenda, pois com a passagem recente do equinócio e entrada no Outono, o dia solar fica cada vez mais pequeno. 
E quem não se lembra da festa de S. Miguel na vizinha povoação da Quinta da Ponte há uns anos atrás festejada no último domingo de Setembro? 
Esta festa, como outras, passou a ser feita no verão, mas parece, assim ouvi, que no dia 29 de Setembro...todos os anos... é celebrada uma missa e o povo da Quinta da Ponte, ainda bem, guarda dia santo!

Notas
1- Esclareço que em Forninhos a merenda se suprimia a partir do dia 7 de Setembro, há até um dito que diz que ao caminhar para o Outono a Senhora leva a merenda e traz o Diabo os serões. E, no vinte e cinco de Março vêm as merendas e abalam os serões. Mas podem conhecer melhor o costume das merendas aqui.
2- Aproveitei uma foto do Livro «Memórias do Meu Querido Torrão Natal "Quinta da Ponte"» do amigo José da Costa Cardoso, para evidenciar a festa deste Santo que a Igreja Católica celebra no próximo Domingo, dia 29 de Setembro, este ano também dia de eleições autárquicas, na nossa terra muito relacionadas com a "fé cristã".
3- Esta era a antiga Capela da Quinta da Ponte, datada de 1833, vide pilar direito; tinha um alpendre com gradeamento à volta. Com a reconstrução eliminou-se o alpendre e o interior da Capela ficou mais espaçoso.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Outono


"Vai tomando a terra novas cambiantes: - despidos os agros da flora dos meses quentes, vinhedos e pomares, de seus frutos, sobre eles a entornar-se um sol mortiço de outono, reveste o ar de mãe que deu luz e a quem roubaram a cria. É o verão que foge e se desfaz com o despir das árvores, a caírem uma a uma as folhas amarelentas.
Também as aves já se foram. "Pelo S. Mateus, deixa os pássaros que não são teus". Além dos pardais, fiéis amigos de todo o ano, quer chova quer neve, só se vê um ou outro taralhão esquecido e sorumbático, ou um bando de estorninhos a fazer as malas. Se ainda cá andam, é a picar a bolota ou à espera da castanha que não tarda aí com os ouriços arreganhados, alguns já derrubados, pelo garotio, à taganhada.
Por esse tempo, já os porcos - "com sua licença" - estão na ceva. As batatas miúdas que não se comem, as abóboras, os figos - passante dos Finados já ninguém os quer, "porque foram lambidos pelos defuntos" - e nas casas ricas, "arregaçadas" de centeio cozido, viandas bem enfarinhadas, tudo serve para engordar o bacorinho".

Do livro "Penaverde Sua Vila e Termo" do Padre Luís Ferreira de Lemos - escrito há vários anos. 

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

As Dornas

Contei aqui há uns três meses, a lenda da moura encantada que uma só vez em cada ano estende suas roupas finas numa nascente na Barroqueira (fonte da moura). Entretanto, comentário puxa comentário, a imaginação levou-nos a outras "paragens": às Dornas, um lugar encantador, que logo à entrada, como que a anunciar tão belo lugar, encontramos este arranjo de flores naturais e de rara beleza:


Depois...de passar os labirínticos meandros dos rochedos graníticos e por vezes apocalípticos, sobre os nossos pés e alguns muito procurar o sítio, 


  eis que vale a pena olhar e sentir a serenidade e frescura do lugar,


não digo que parece estarmos no paraíso, tão distante nos fica o céu, 
mas sentimos que estamos noutro mundo!


Diz a lenda que a bela moura encantada vinha aqui banhar-se 


neste pequeno lago de água cristalina 


E...talvez por isso ainda hoje podemos ver restos da ornamentação


É pois o sítio perfeito para esperar pelo amado e namorar, só que ao pressentir a sua aproximação entre os rochedos deste seu refúgio, a mourinha encantou-o para sempre. Claro que ninguém o vê, só mesmo a objectiva o descobre...e com o passar dos séculos este apaixonado, não correspondido, continua encantado, neste sítio que veio a chamar-se Dornas

Fotos "As Dornas" de Ed Santos que me apraz divulgar. Tenho pena que as caminhadas não passem mais vezes por este lado da Serra. Os mais velhos já têm dificuldade em descer às Dornas e se os mais novos não passeiam por aqui, com o passar dos anos ficará esquecido este "paraíso".

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Flores de Forninhos

Buganvílias em Forninhos
como vos tinha prometido aqui está a prova disso
e que belas são.


Aqui estão duas das muitas variedades de Buganvílias,
que se encontram numa varanda de Forninhos.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

16.SET, Festa da Santa Eufémia


Foi nesta Segunda-Feira que na Fonte Fria, localidade perto de Forninhos se celebrou a festa da milagrosa Santa Eufémia. Este Santuário, tal como o de Nossa Sra. dos Verdes em Forninhos, é palco de romaria duas vezes por ano, e hoje cá estamos a fazer a procissão em sua homenagem. Diz o povo que esta Santa apareceu no monte do milho (vide monte ao fundo) e que a trouxeram para o sítio onde hoje se encontra, mas ela voltou para o monte do milho. O povo voltou a trazê-la e esta voltou para o monte, então para que ela não voltasse, prometeram-lhe duas festas por ano e, assim, ela ficou. Por isso ainda hoje se fazem as festas prometidas, no dia 16 de Setembro (o outro dia é na Segunda-Feira da Páscoa).


Vem gente de toda a redondeza


cumprir as suas promessas


Também vêm os pastores fazer romaria com o seu gado, 


para que Santa Eufémia o proteja


Não faltam também os cavaleiros


Depois das promessas cumpridas, segue-se o farnel, e que bem que sabe ao ar livre


A seguir, quem sabe canta, quem não sabe ouve.



Fotos e Texto: Eduardo Santos, que também usa "ed santos".

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

As buganvílias

Aqui onde eu resido as buganvílias, todos os anos, são uma presença que chamam a minha atenção pela cor exuberante que apresentam e por as pétalas desabrocharem pujantes e talvez por isto é que as escolhi para o 'Post' de hoje que não tem a ver muito com a filosofia do blog dos forninhenses (coisas de Forninhos, tradições, memórias, história, pessoas...), mas tão só como que uma 'homenagem' a todos aqueles que o seguem. Para todos vós...buganvílias:


Não sei se há alguma técnica especial para as cultivar, mas uma vez por ano, todos os anos...o espectáculo repete-se!

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Pobres que passavam por Forninhos

Durante uma conversação, apercebi-me que do tempo em que os pobres batiam às portas da aldeia, a maioria de nós ainda não tínhamos nascido. “Mas expliquem-me lá melhor isso dos pobres”, pedi eu.
Os pobres eram homens que passavam por Forninhos anos a fio, três ou quatro vezes por ano, pouco se sabia sobre eles, vinham sem pedir mais do que as pessoas estavam dispostas a dar-lhe e dormiam em palheiras e pátios. Apresentavam-se sujos e andrajosos e ficavam o tempo que queriam, sem que os mandassem embora. Um dia acordavam e seguiam viagem para a próxima aldeia que os acolhia. 
“De onde vinham, se tinham família, se alguém os procurava ou esperava”. Perguntei-lhes.
- O “Toninho das Palhoças” era de Maceira. Carregava farrapos e sempre que lhe falavam na Guarda (G.N.R.) fugia.
- O “Luís da Ablosa” era da Ablosa e porque tinha corpo que dava para trabalhar, fugia a sete pés quando lhe falavam em trabalho.
- O “Funfas” escolheu uma casita na Pardamaia para viver. Foi sapateiro e sabia o nome de todos da aldeia. Forninhos adoptou-o e parecia sentir-se bem, mas um dia desapareceu.
- O “Volver” não me souberam dizer de que terra era, apenas que carregava paus e era muito assustadiço e medroso.
- O “Paulo”, a aldeia conhecia-o assim, já velhinho morreu em Forninhos e aí foi sepultado.
"E mulheres pedintes não passavam em Forninhos?"
Apenas a recordação de uma conhecida por “a Ana das Courelas”, porque era dessa aldeia para os lados da Serra do Pisco, Trancoso.
É assim que pode nascer um artigo...e dei comigo a reflectir sobre a recência destas vidas de pobreza nestes anos, no tempo em que não havia o Banco Alimentar, IPSS ou subsídios.


 Escolhi a fotografia em: http://tempocontado.blogspot.pt/

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Do Baú: "as catequistas e as crianças da comunhão"

Do Baú das Memórias, a nossa conterrânea Darcília Gonçalves disponibilizou ao blog dos forninhenses mais duas fotografias que publicamos para que nos ajudem a identificar as catequistas e as crianças da comunhão de há muitos anos atrás. Lembram-se dos livros "onde está o Wally"? Pois bem, é parecido - só que temos muitos Wallys para encontrar! 

Em pensamento, em conversa ou escrevendo-o nos comentários, vamos dar-lhes nomes...

Das catequistas há rostos que basta olhar com atenção e é fácil...como é fácil, através da imagem, ver como era a Poupeira. Eu acho muito bela, genuína e verdadeira aquela casinha redonda (foi dos meus avós maternos e ainda hoje lá está). O telhado é que foi substituído segundo o gosto dos novos proprietários...as outras da direita desapareceram...ou então têm hoje tipologia diferente!?!
Casas simples, duma arquitectura popular...que nos faz regredir no tempo. 

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Os Vedores


Em Forninhos (e em todas as terras, presumo) existe em grande abundância poços e as águas subterrâneas geralmente eram pesquisadas pelos védores (pronuncia-se mesmo assim: com o “e” aberto), que são homens que, por meio de uma varinha “advinham” onde é que se deve abrir um poço nos terrenos de cultura. 
Como fazer um poço era uma grande despesa, não se podia andar abrir buracos em todo o lado até encontrar água, chamava-se então o vedor que com a sua varinha, em forma de forcalha, percorria o terreno, muito concentrado, deslocava-se de um lado para o outro, a vara mexia aqui e ali, mas torcia acolá, sinal de que “há água” e era aí que ir ser aberto o poço. Dos vedores tiveram nomeada no seu tempo, o Padre Valdimiro, tio Carlos Guerra, tio Luís Teixeira, tio Domingos, tio António Casão. E deve haver mais nomes...
Mas cada vedor usava o seu tipo de material, havendo quem usa-se, por exemplo, o seu relógio de bolso, oscilando de um lado para o outro o pêndulo.
E agora expliquem-me lá vocês como os antigos, que não íam à escola, conseguiam detectar água nas profundezas?


Acerca dos poços, uma palavrinha ainda: existe já há bastante tempo uma lei que obriga todos os proprietários de poços a tapá-los, mas vá-se lá saber porquê, essa lei anda a navegar pelas águas calmas do esquecimento! Seria bom que explicassem aos locais a lei, já que por vezes parece que a desconhecem.