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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

As Feiras do Queijo e dos Pastores da nossa terra!

Aquilino Ribeiro resumiu numa só frase o sentimento dos seus conterrâneos em relação ao queijo «Um pipo de vinho, uma bola centieira no saco e um queijo das cabras, basta-lhes». Serve este mote para introduzir mais uma edição de Feiras anuais do Queijo e dos Pastores da nossa região e convidar-vos a provar o pão, queijo e vinho regionais e fruir a paisagem desta terra e região rica em património paisagístico e monumental. O artesanato também é um bom atractivo. 
Agendem: 
No fim de semana de Carnaval vai realizar-se a III Feira Regional do Queijo Serra da Estrela, organizada pelos municípios de Seia, Gouveia e Fornos de Algôdres, e que este ano terá lugar no mercado municipal fornense, e a XXII Feira do Pastor e do Queijo de Penalva do Castelo ou de Castendo, começa já esta Sexta-Feira, dia 1. Um pouco mais tarde, dia 27 de Fevereiro, terá lugar a Feira do Pastor e do Queijo da Serra no Mosteiro, Penaverde (Aguiar da Beira), que  este ano comemora 30 anos.




O cartaz da III Feira Regional do Queijo da Serra da Estrela está disponível no blog Aqui d´Algodres e no sítio da Câmara Municipal de Fornos.
O cartaz da XXII Feira do Pastor e do Queijo de Penalva do Castelo podem vê-lo no sítio da Câmara Municipal de Penalva.
Como o cartaz da Feira do Pastor e do Queijo da Serra, no Mosteiro, que este ano comemora 30 anos, não o encontrei em sítio algum, trago-vos três fotografias tiradas no mercado fechado da Feira Nova, no Mosteiro. 
Alguém se reconhece ou reconhece alguém? Fica o desafio.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Forninhos e o Turismo – Reflexões e Sugestões

O Governo aprovou no passado dia 10 de Janeiro uma nova versão do PENT – Plano Estratégico Nacional de Turismo, que está em discussão pública por um período de 20 dias (até 31 de Janeiro) no portal do Governo e do Turismo de Portugal, I.P. Este é um Plano que diz também respeito à nossa terra, ou não fosse Forninhos uma aldeia com muito boas condições para se tornar numa aldeia turística.

Caverna  pré-histórica

Já se falou neste sítio das casas de turismo da aldeia e de que se devia promover a qualidade da gastronomia, produtos regionais, doçaria tradicional e regional; já muito se falou da restauração das casinhas, da mudança dos acrícilos e das calçadas elevadas acima dos níveis das soleiras das portas; falou-se ainda de circuitos turísticos que integrem o património histórico, cultural, religioso e paisagístico; de passeios na natureza em meio rural; por várias vezes se defendeu a necessidade de requalificar S. Pedro, executando escavações arqueológicas, a fim de se descobrirem se há algumas ruínas soterradas e de se recuperarem as urnas encontradas junto ao Castro de S. Pedro, mas tal sugestão nunca foi ouvida! Até se falou também dos "penedros" de formas sugestivas e das histórias míticas a eles associadas; de devolver à Fonte da Lameira a sua beleza arquitectónica,  etc. etc. etc.
E refiro todos estes pedaços soltos, porquê? Porque o Documento apresentado, tem pontos que me parecem importantes para nós, a saber:

  1. Produtos turísticos principais:
a)...
b) Reforçar os circuitos turísticos, segmentando-os para a vertente generalista e temática e individualizar o turismo religioso, formatando itinerários que valorizem e integrem o património histórico, cultural, religioso e paisagístico, e incentivar a oferta de experiências que qualifiquem e diferenciem o produto.
c)…
d)…
e)…
f) Estruturar a oferta de turismo de natureza, nomeadamente em meio rural, em particular para os segmentos de passeios (a pé, de bicicleta ou a cavalo), de observação de aves ou de turismo equestre, melhorando as condições de visitação e a formação dos recursos humanos.
g)…
h)…
i) Qualificar e classificar a oferta de turismo de saúde, com vista ao desenvolvimento e crescimento deste produto de relevância estratégica para Portugal, nas componentes médica, termalismo, spa e talassoterapia, estimulando a estruturação e a promoção conjunta das valências médica e turística.
j) Promover a riqueza e qualidade da gastronomia e vinhos como complemento da experiência turística, estimulando a aplicação da marca/conceito «Prove Portugal» em produtos, equipamentos e serviços.

Portanto, caros leitores, eis aqui um assunto importante para a classe política forninhense analisar e discutir, já que neste campo podem, em meu entender, fazer um trabalho sério e responsável que crie postos de trabalho e que ajude a freguesia a sair da cepa-torta. Não tenho dúvidas de que se souberem e quiserem aproveitar, todos ganham com isto.

porta natural do Castro

Azinheira - a árvore da resistência
corredor/passagem comprida, estreita, das "loijas"

Mostro-vos algumas fotos  que o caminheiro David fez do castro ou castellum e visita às loijas, para que reparem que esta serra tem mesmo sítios incríveis por explorar, alguns difíceis de trepar, mas é pena que as pessoas só saibam discutir o seu umbigo e o umbigo dos que apoiam…abram os olhos e a mente meus senhores e senhoras… porque Forninhos é mais que festas e bombos, esta terra tem um fortíssimo potencial turístico.

Quem quiser pode clicar aqui e ver uma outra VISITA ÀS LOIJAS

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Os sons da aldeia


Há sons que a nossa memória conserva para sempre. Por exemplo, quando havia um incêndio na nossa terra ou mesmo na aldeia vizinha da Matela ouvia-se o sino da Igreja a tocar sem parar dãdãdãdãdãdãdãdãdãdãdãdã e afligia as pessoas, que de imediato pegavam numa enxada, numa pá, numa vasilha qualquer para a água, e lá ia tudo acudir ao fogo. Também o toque do sino ou sinais a 'notificar' a morte à freguesia e o toque alegre, de festa, são sons muito marcantes. 
Outro som gravado na minha memória auditiva é o som dos foguetes nas festas, anunciando a procissão, que os mordomos iam deitando.
Na vida aldeã um som que sempre me impressionou foi os guinchos agoniantes dos porcos em dia de matação. Coitado do porco, assim que saía do cortelho já adivinhava que ia acabar de pernas para o ar, pendurado na trave da casa.
E o som das rodas do carros das vacas a chiar pela Lameira fora? É um som inesquecível também. Vale a pena lembrar que dantes pelas ruas da aldeia de Forninhos circulavam carros e carroças, depois com o passar dos anos acabou por se ouvir só o ron-ron-ron dos tractores.
Da aldeia há mais sons que marcaram para sempre e que acho vale a pena lembrar: de pessoas, animais, campos cultivados, festas e romarias, etc. e tal...


Além do sino da Igreja, insiro nesta peça uma imagem da minha tia Arminda e marido, o ti Joaquim ‘Chispas’, do tempo das festas com foguetes.
Note-se que o toque do sino na vida actual da aldeia ainda não desapareceu totalmente e é ele que ainda mobiliza as pessoas para os diversos actos, não só os que apelam ao socorro, como os fogos, como também aqueles relacionados com as cerimónias religiosas. Penso que as badaladas que soam por toda a freguesia são sinónimo de união.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Uma tradição antiga: "Vacas e Bois ao Ganho"


Havia em Forninhos pessoas, lavradores, que não tinham possibilidades económicas para ter gado, mas que faziam um contrato/acordo oral com os mais endinheirados que eram quem comprava, por exemplo, um bezerro/a e o punha na sua loja para o criar durante algum tempo, ficando portanto com o encargo de o amansar, estimar e alimentar e quando estivesse em condições de o vender, o ganho era dividido pelos dois, caso fossem animais de engorda. Caso fossem animais para trabalho, aquele que o tinha comprado ganhava mais de metade. Pela possibilidade de parição de bezerros, as vacas, eram quem mais lucro davam. Estou a vender 'a coisa' tal como a comprei, mas não é completamente certo que se passasse tal e qual, de qualquer forma este tipo de negócio era uma maneira de ambas as partes realizarem algum dinheiro, embora com maiores vantagens para quem tinha feito o investimento inicial, pois só arriscava o dinheiro e não tinha nenhum trabalho.
Como geralmente era nas feiras das redondezas que se procedia à venda de gado, e como estamos em Janeiro e está aí à porta a tão esperada feira dos Vinte do Mosteiro ou feira de S. Sebastião como diziam os antigos, que continua a celebrar-se no próprio dia (20 de Janeiro), lembrei-me de colocar esta entrada, pois antigamente foi esta feira anual um local predilecto para a compra e venda de gado, assim como a feira anual de St.º Ildefonso de Esmolfe (a 23 de Janeiro) e, ao mesmo tempo, aproveito para lembrar que as feiras, festas e convívios na nossa região não se realizam apenas no Verão e que os Santos de Inverno também são merecedores de uma chamada de atenção. 
Espero que a meteorologia ajude!

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Memórias da Fonte do Lugar (ou Fonte Nova)


Como já em tempos escrevi sobre a fonte da Lameira, vou-me referir hoje à fonte do Lugar e algumas recordações da minha infância e adolescência. Havia ali oliveiras e pedras.
Na infância a fonte era uma espécie de viveiro: íamos para lá apanhar uns seres inocentes de nome 'moiras' para trazê-las algumas vezes para casa. Quando crescemos e já tínhamos mais 'autonomia', nas pedras nos sentávamos nas tardes de Domingo até ao anoitecer. Já durante a semana, na hora da sesta, numa altura que se ía para o rio da Quinta da Ponte, no regresso a casa parávamos sempre na fonte do Lugar para matar a sede, porque nessa altura ainda se podia beber água da fonte sem nos preocuparmos se a água era controlada ou não!
Para alguns leitores terá sido nesta fonte onde durante o dia deixavam os cântaros em fila, enquanto iam trabalhar. Pediam, neste caso, aos vizinhos para lhos encher quando chegasse a sua vez. De madrugada, das pias apanhavam água para dar de beber às vacas, as grandes 'companheiras' no trabalho e transporte e também fonte de rendimento.
Hoje tudo isto são vivências impossíveis de voltar a acontecer...pois se até a fonte mudou de sítio (encontra-se no meio de uma rotunda, portanto numa zona não pedonal).

Foto: fonte do Lugar, cortesia de João Albuquerque.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Histórias do Passado: Uma festa que acabou à porrada

Às festas em honra da Senhora dos Verdes, vinha gente de todas as povoações das redondezas: Penaverde, Prado, Valagotes, Fonte Fria, Matança, Matela, Moradia, Vila Cova do Covelo, Campina, Sezures, Vacaria, Boco, Quinta da Ponte, Colherinhas e Dornelas. Esta festa, bem como outras, são férteis em histórias e, por vezes, terminavam em porrada. Foi o que sucedeu numa destas festas nos anos 40. Recordemos essa célebre festa que ficou na História e que por pouco não redundou em tragédia.



Nesse dia 15 de Agosto, formou-se um grande barulho entre os de Forninhos e os da Matela, as provocações e agressões físicas surgiam de parte-a-parte ao ponto de muita gente abandonar a festa. Uma parte dessa gente veio para Forninhos e quedou-se em frente à taberna do Sr. José Bernardo aguardando notícias do resultado desse conflito. O Sr. José Cardoso, autor do Livro Memórias do Meu Querido Torrão Natal "Quinta da Ponte", foi um dos que presenciou tal episódio "A primeira notícia chegou através do Xabregas de Forninhos, que apareceu em frente à taberna do Sr. José Bernardo com o cabelo a escorrer sangue, devido a uma cacetada que lhe tinham dado na cabeça." "Por vezes, nestas zaragatas, vinham-se a incluir indivíduos que nada tinham a ver com o conflito original, mas porque interferiam a favor duma das partes...sujeitavam-se às consequências, o que possivelmente foi o caso do Xabregas e do Joaquim Móca".
Agressões físicas deste género sucediam em diversas festas e até em algumas feiras e nos dias seguintes, o assunto dominava as conversas nas ruas e tabernas e sobre esse dia 15 de Agosto que deu muito que falar chegaram até nós uns versos dedicados pelo Manuel Luzío da Moradia:

Foi no dia 15 de Agosto
Em volta da Capela
Formou-se um grande barulho
entre os de Forninhos e os da Matela
Para onde vais Joaquim Moca
com o teu sachinho na mão?
Vou para a Senhora dos Verdes
Vou ver quem tem razão.

Além dos dias de festa de Nossa Senhora dos Verdes, aos Domingos, Forninhos também era uma povoação muito frequentada. A gente da Quinta da Ponte, Moradia, Matela e Valagotes frequentemente assistiam à missa dominical e alguns aproveitavam para fazer compras na casa comercial do Sr. José Bernardo, que além de taberneiro, vendia um pouco de quase tudo. Forninhos era uma terra de gente alegre e de muita mocidade e assim, por vezes, formavam o seu bailarico aos Domingos. Houve uns anos em que o padre não permitia que fizessem esses bailes em qualquer dia ou lugar da freguesia. A maior parte da população obedeceu às regras do padre por diversos anos, mas alguma mocidade, a menos conformada, frequentava bailes em terras distantes, de maneira que o padre não viesse a saber. Esta época foi prejudicial para a mocidade desta terra, principalmente para algumas raparigas porque com estas regras, talvez tenham perdido oportunidades de casamento ou de melhores casamentos. 
Nesta época em que não era permitido os bailes em festas religiosas, por determinação religiosa, num dia de festa em honra da Senhora dos Verdes a mocidade resolveu formar o tradicional bailarico, mas quando o baile já estava animado, foram surpreendidos com a presença da Guarda Republicana que rapidamente ordenou o fim do baile, proibindo que tocassem ou dançassem na área da periferia da Capela. Só que a mocidade desta terra (e das redondezas) não se deu por vencida e foram continuar o baile no meio de uma mata a uma distância considerável da Capela.

Fonte: Histórias do Passado de Forninhos, parcialmente já registada por José da Costa Cardoso, no seu Livro Memórias do Meu Querido Torrão Natal "Quinta da Ponte".  A nossa história merece sempre destaque e se alguém a registou devemos dá-la a conhecer e dela ter orgulho. Não concordam?
Muito bem-haja Sr. José Cardoso por me ter endereçado/oferecido o Livro sobre a memória da sua querida terra natal e por autorizar a publicação do todo ou partes no "blog dos forninhenses". 

Nota final:
Decerto este blog não tem só leitores estrangeiros ou mais novos que eu, tem também leitores que viveram nesta época e presenciaram episódios do passado, por isso, convido-vos a deixarem aqui, pelo menos, um comentário com esse contributo. Não dói nada.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Tesouros do fundo do baú


Nas arcas ou baús de Forninhos descobrem-se muitas vezes tesouros...esta fotografia a preto e branco envelhecida é um desses tesouros que recebi por email e que publico para que ajudem a identificar quem é quem e para que comentem aquilo que recordam ou de que ouviam falar do lugar de "O Lugar", pois importaria um dia saber donde viemos, como se formou este povoado, se terá começado com as casas de pedra do Lugar ou da Lameira (??).
E por falar em pedras...não resisto a publicar novamente aquele poema de que gosto muito e que devia ser lido todos os dias em voz alta, para o "ouvirmos" melhor:

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo.
E posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios,
incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e 
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Forninhos já foi terra de neve!

Há quanto tempo não se vê cair um nevão em Forninhos? Acho que podemos afirmar que já não cai neve a sério há muitos, muitos anos. De vez em quando, lá caem umas farripas de neve, mas há 40 ou mais anos atrás caía bastante neve, mesmo em Forninhos que até é uma aldeia com um clima bem mais ameno do que a Matela, lá em cima. 


Eu nasci em Forninhos, num dia que caiu um grande nevão e esta fotografia foi tirada no dia do meu baptizado. Diz a minha família que naquele tempo os Invernos eram bem frios e a neve era uma chatice, pois não se podia deitar os rebanhos fora, nem apanhar comida para o outro gado, custava muito lavar a roupa nos ribeiros, interrompia também a apanha da azeitona e outros trabalhos, não havia Correio, etc... só para as crianças (e havia muitas, muitas mesmo) é que era uma festa. Saíam para a rua e faziam bonecos de neve e era uma correria a atirar bolas uns aos outros. Era uma alegria nas ruas! No tempo da Senhora Professora Fernanda, de Dornelas,  não tinham escola (não se dizia aulas), pois como na maioria das vezes a professora deslocava-se a pé, pelo caminho/atalho da sapa, com a neve não vinha dar escola (na escola velha).
E...hoje? 
Oxalá me engane, mas a escola de Forninhos não voltará a abrir, pois há cada vez menos nascimentos, nem Forninhos voltará a gelar porque como sabemos cada vez mais se acentua o Aquecimento Global. Hoje o nosso Inverno é mais de chuva e vento.

***
Caro leitor(a), do passado com certeza têm boas recordações, por exemplo, das vossas brincadeiras de infância, do frio que até cortava as orelhas e até dos provérbios populares que sempre ouviram dizer sobre os anos de muito frio, de muita chuva e de muita neve: "Canta o melro em Janeiro, temos neve até ao rolheiro", "Ano de nevão, ano de pão" "Boa noite após mau tempo, traz depressa chuva e vento". É só avivarem a memória e certamente vão lembrar-se de como se fosse hoje.