Tenho relido, com mais atenção, a obra do Pe. Luís Ferreira de Lemos. Como ele próprio refere, pode dizer-se, que a maioria dos habitantes é despida de ambições, mais ou menos conformada com a sua mediania.
(...) Produto do caldeamento de várias raças, é uma síntese dos defeitos e qualidades de todas elas. Mais perto de nós no tempo, os árabes terão deixado um pouco da sua resignação e conformismo, que tem feito do íncola um ser agarrado às tradições, sem espírito de iniciativa, inerte, durante muitos séculos, no marasmo do improgresso. Se por vezes é orgulhoso e assomadiço - herança visigótica - não lhe falta a ponderação e calma do sangue romano, a entroncar, pela sobriedade e valentia no mais puro cerne lusitano.
Tem passado toda a sua vida, se não foi à tropa, entre os horizontes arejados em que nasceu, da escola para os montes a pastorear, e daqui para a gleba, preso à rabiça do arado ou ao cabo da sachola, à procura do comestio, carinhosamente debruçado sobre a terrinha que já foi do seu avô. Sóbrio e modesto, o seu luxo é o fato domingueiro e o grande sonho é deixar aos filhos, melhorado, se possível, o que já herdou dos seus pais. (...).
in Penaverde Sua Vila e Termo, Pe. Luís Ferreira de Lemos
Como o leitor pode ver, o que fica dito - escrito há vários anos - está desactualizado. A partir da década de 60 o desejo de aventura aliado a uma verdadeira necessidade em melhorar "a negra vida", uns influenciando outros, muitos filhos da terra seguiram com a sua vida noutros lugares.