Se há coisas que não entendo, é o menosprezo pela nossa história.
Hoje, 4 de Maio, foi um dia que devia ter sido assinalado, as fronteiras da freguesia de Forninhos continuam as mesmas que foram em 1858 delimitadas pela Câmara Municipal de Aguiar da Beira, feita através das antigas demarcações que são:
"do Moinho da Gandra ao Leirão da Portela, daqui ao Comareiro da Horta do Clemente que é hoje da Maria Pinta, daqui à passagem das Androas, daqui à Corte do Vale Longo de António Ferreira daí à Corte das Laijeiras dos herdeiros de Francisco da Fonseca Alentejano, daí à Igreja da Senhora dos Verdes, daí às Cortes do Bartolomeu dos Lagarinhos, daí à Figueira do Fontelheiro daí à Levada da Debuinha à do Porto, daí segue estrada abaixo Perdamoira até ao cabo dos Soitos da Gandra e fecha na quelha da Vinha dos Cortiços.".
Ficava proibido entrarem cabras e bodes quer fossem soltos quer presos na Coutada. Por cada cabeça que nela fosse encontrada ainda que fosse nos caminhos por causa dos olivais, pagariam seus donos 120 réis por cada transgressão; ficavam exceptuados destas penas os donos das que fossem encontradas a pastar somente pelas canadas antigas (Cortes da Laja dos Cordeiros e Cortes da Porqueira).
Se há coisas que também não entendo, é como nos deixamos ser dirigidos por autarcas que desconhecem aquilo de que nos deveríamos orgulhar, as nossas raízes, a recolha do nosso espólio material e imaterial para ser perpetuado, ou então somos aquilo para que fomos fadados...
Como em muitas terras, a maioria cala-se; os mais velhos ainda por respeito a "pessoas importantes" da terra, um jugo que levam para a cova e por tal pouco ensinaram aos filhos sobre a nossa terra, dos confins de S. Pedro, os povos que há tantos séculos por ali se enfrentarem em renhidas guerras e se foram tantos, como registam as pedras de granito, testemunho vivo de onde descendemos.
E, conforme vamos ouvindo em registos da voz de quem ouviu de quem, a luta pela posse de S. Pedro com os da paróquia de Penaverde, teve registos sangrentos ao ponto de dizerem que num dia de festa ao S. Pedro de Verona, tal eram os confrontos que o templo começou a ruir e por tal o seu declínio.
A Junta de Freguesia de Pena Verde, em Outubro de 1939, ainda reclamava acerca dos limites entre aquela e Forninhos, pelo que a Câmara resolveu ir ao local a fim de "serem resolvidas as dúvidas que existiam entre os habitantes das referidas freguesias."
Penso não estar a inventar, mas até muitos anos atrás sempre ouvi dizer que a paróquia de Dornelas também exigia a sua delimitação até à ponte do rio Dão (ponte dos Caniços). Felizmente não aconteceu.
E pronto, é o que vai sobrando da nossa história, pois datas comemorativas são as mesmas, haja pão e coza o forno, no último domingo do mês, festa no Centro, dia da freguesia (imposto), comes e bebes, etc...mesmo que sintam que persiste uma rotina nessas comemorações!
Pena que ninguém se tenha interessado pelo dia de hoje, pena que ninguém se tenha interessado pelo dia 2 de Dezembro de 2017, em que fazia 220 anos em que a nossa igreja matriz, havia sido benzida. Eu falei com o Sr. Padre e nada ligou, o bispo estava doente e depois me falaria, até hoje, devia andar a rezar missas à dúzia.
Depois dizem que tudo se acaba...
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Cruz que delimita Forninhos e Penaverde |
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Marco divisório de propriedade? |
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Cruzeiro divisório (da Sapa) Forninhos-Dornelas |