Se às vezes digo que as flores sorriem/E se eu disser que os rios cantam/Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores/E cantos no correr dos rios...
Imagem de 2011 |
Olhamos esta foto e estremecemos de raiva, face à impotência de alterar rumos e destinos que nos escapam, de querer fazer algo que não está nas nossas mãos, de querer mudar e não ter ferramentas, nem poder para as mudar.
Afinal uma carroça pode despoletar sentimentos tão contraditórios como beleza e raiva.
Imagem de 2017 |
Tirei esta fotografia no passado dia 26 e pensei que afinal a aldeia que os nossos antepassados construíram com suor de sol a sol, pode renascer no riso colorido das flores.
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Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios...
É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios.
Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes
À sua estupidez de sentidos...
Alberto Caeiro, in "O Guardados de Rebanhos"
Heterónimo de Fernando Pessoa