No século XIV não existia, pois no documento do tempo de D. Dinis que enumera as igrejas em 1320, não há qualquer referência à Igreja de Forninhos (aparece, sim, a igreja de S. Pedro de Penaverde, que penso era a capela de S. Pedro do actual território de Forninhos).
Mas já existia em 1634, já que o primeiro registo de baptismo de que há conhecimento é desse ano e os primeiros casamentos e óbitos são registados em 1635 (vide Doc. acima).
E, em 1675, um relatório diocesano (Arquivo Distrital de Viseu, Avulsos, cx.6, doc. 2, fl. 11) refere o seguinte:
“Igreja de Forninhos, invocação de Santa Marinha curato anual filial da Igreja de Penaverde tem sacrário 2 altares collateraes invocações de Jesus e de N. Sª Pessoas maiores 171, menores 44. Está suficientemente ornada com o que se proveo em visita.”
Nota: De referir que na época, Igreja era muitas vezes sinónimo de Paróquia e Forninhos era paróquia, com uma particularidade, era anexa (curato) de Penaverde e competia ao pároco de Penaverde nomear o pároco de Forninhos.
Como podem ver, a fonte de 1675 revela que à época a igreja estava suficientemente ornada e servia perfeitamente a população (constituída por 215 pessoas), uma vez que o visitador nada diz sobre a circunstância de a igreja ser pequena. No entanto, em documento de 1734, que podem visualizar aqui, já outro visitador anotou que "He cousa pouca não convem estar ali igreja pode ir a Ornelas, ou a Matança - Dandose algua cousa pelos currãres, mas não a Ornelas por serem Abbas anexas a Pena Verde.".
A população cresceu, pois em 1758, nas memórias paroquiais já se contavam 270 pessoas, e o cura de Forninhos respondia: "A paróquia está próxima ao povo. Hé orago de Santa Marinha, tem o Altar mor e dous colaterais.".
E em 1801 (censo de 1801), o número de habitantes ascendia a 356 pessoas e então percebe-se porque se tornou necessário dotar a paróquia de um templo que se adequasse à demografia da localidade. Isto foi em 1797, como se pode ler no documento de registo dos requerimentos e licença que se passou para se benzer a Igreja e a Capellamor do lugar e freguezia de Forninhos, que hoje n'O Forninhenses se publica na íntegra:
No entanto, os autores da "Monografia de Forninhos", em 2013, referem a páginas. 121-122: "A construção da Igreja deve remontar a 1731 se atendermos à inscrição patente no cocheado que compõe o portal do templo, que se define arquitetonicamente como um edifício de nobres proporções refletindo influências estilísticas de transição entre o barroco e o rococó."
Pergunta-se: a data que encima a porta é 1731 ou 1797?
Afinal donde é que veio esta data?
Para mim, o 1731 pode ter vindo do folheto distribuído aquando da caminhada da natureza, de 8 de Agosto de 2010; é que nos "Pontos de Interesse" a Junta de Freguesia escreveu isto: "IGREJA MATRIZ DE SANTA MARINHA - A data provável do actual imóvel é de 1731, do estilo barroco e rococó".
É fácil confundir o 9 com o 3, basta um pouco de erosão da pedra na 'bolinha' do nove para se confundir os dois números; quanto ao 7 e ao 1, por vezes é difícil distingui-los, uma vez que apresentam formas gráficas semelhantes no séc. XVIII.
Os de Forninhos, se quiserem, que vão lá ver ou vejam a foto inserida na pág. 123 e digam o que leram!
Mas ainda que achem que inscrição do concheado seja 1731, como é que historiadores e arqueológos que dizem ser de "alto gabarito" não se guiaram pelos factos, pelos documentos existentes?
Como é possível que a paginas 121-122 digam que a construção da igreja de Forninhos deve remontar a 1731, se o único documento que testemunha a construção da igreja (a actual) é este, de 1797?!
Existiu um templo em Forninhos anterior a 1797, disso não temos dúvidas, mas não há qualquer prova que remonte a 1731.
Contributo documental importante de João Nunes.