Ali no Oiteiro vive uma "Árvore sagrada das antigas civilizações germânicas, dotada de uma longevidade pouco vulgar, a tília..." da Tia Eduarda.
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frente da casa |
Não sei a sua idade, já não conheci a tia Eduarda, uma irmã da minha bisavó Maria Matela, mas sempre que ali passo fico encantada pela imponência do porte, pela majestade do aspeto. Esta tília redondíssima fascina-me!
E quando ouço falar dos serões lá passados à sua sombra, no verão, entre amigos, lembro logo do título duma canção que andou na moda "Dragostea din tei", que significa "O amor sob as tílias".
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Do lado de quem sob a ladeira |
Talvez por isso há quem diga que se a tília falasse já a tinham cortado há algum tempo atrás...não sei, acho que se a tília pudesse falar contaria histórias de maravilhar, mas só quem as viveu sob a sua sombra as pode recordar...
Eu vejo a tília da tia Eduarda como uma guardiã fiel e embora sem as companhias de outrora, a sua vida ainda não acabou. "Diz-me a tília a cantar: Eu sou sincera,
eu sou isto que vês: o sonho, a graça,
deu ao meu corpo o vento, quando passa,
este ar escultural de bayadera...
E de manhã o sol é uma cratera,
uma serpente de oiro que me enlaça...
Trago nas mãos as mãos da Primavera...
E é para mim que em noites de desgraça
toca o vento Mozart, triste e solene
e à minha alma vibrante, posta a nu,
diz a chuva sonetos de Verlaine..."
(...). Florbela Espanca - A Voz da Tília (Charneca em Flor, 1930).