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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Falemos então do "machado" e do "topónimo"

Tinha de acontecer: de tanto falar e pensar no machado, nas moedas e vestígios de telhas que apareceram na Pardamaia ou Pedra Maia (ortografia que consta da avaliação geral) e que fizeram crer ter existido ali uma pequena villa romana, ou, pelo menos de um casal com alguma dimensão, fui reler, para comparação, um artigo que saíu numa publicação promovida pela Associação de Desenvolvimento do Dão (ADD), e o texto da pág. 20 da mini-monografia de Forninhos, do mesmo autor. Ninguém esperava que o fizesse, se calhar. Mas cá vai:

(Clique na imagem para ampliar)

Na Pág. 20, o historiador escreve isto"Deste período, Idade do Cobre (Calcolítico), não são conhecidos sítios na freguesia de Forninhos. No entanto, logo no período subsequente, a idade do Bronze Antigo/Médio (+ou- 2300/1600 a.C.), podemos incluir uma peça muito interessante, recolhida à superfície junto a um muro, no lugar da Pardamaia ou Pedra Maia. Trata-se de um machado plano, provavelmente de bronze, testemunho indubitável que a utilização de novos instrumentos, ia substituindo paulativamente os velhos machados de pedra polida. É um achado isolado, pouco comum, de difícil explicação. É pouco provável que se trate de uma peça perdida, pois seria uma peça rara, de obtenção difícil, que estaria na posse de alguém com poder social.".
Agora, vamos recuar um pouco: 

(Clique na imagem para ampliar)

Nesta publicação promovida pela ADD, o mesmo autor escreve:
"Reavivando a História, do ventre da terra saíram alguns vestígios arqueológicos que testemunham a passagem e vivência de antigos tempos e povos, como é o caso de um machado plano do calcolítico/bronze inicial e de uma moeda romana.".
Se é como o autor diz, que valor então tem uma frase como esta: "Deste período, Idade do Cobre (Calcolítico), não são conhecidos sítios na freguesia de Forninhos."
-/-
De onde virá esta palavra Forninhos?
pág. 47/48 (da monografia) sobre o topónimo "Forninhos" diz isto: "No atual estado da investigação, convém esclarecer que o topónimo Forninhos é uma derivação de Fornos. Esta opinião iniciar-se-ia com o padre Luís Lemos (Lemos; 2001, 230), corroborada mais tarde por Santos Costa acrescentando ainda, que esta localidade foi, a determinada altura da sua história, portadora do vocábulo Fornilhos (Costa; 2008:378). Na nossa opinião, e após uma análise das fontes documentais e bibliográficas, partilhamos da opinião formulada pelos autores referenciados e acreditamos que a derivação para Forninhos ocorre, porventura durante a primeira metade do século XVII.".
Pág. 52:
"E vai ser precisamente nos registos de casamentos, os primeiros datados de 1626, que vamos começar a encontrar a derivação Forninhos."
A dado passo conclui:
"Portanto, como tivemos oportunidade de verificar, Fornos converte-se em Forninhos aquando dos primeiros registos paroquiais na época romana moderna. Desconhecemos em concreto as motivações inerentes à alteração do topónimo, e muito podia ser dito e acrescentado para justificar a atual toponímia, mas sem a segurança de fontes documentais, pilar fundamental da ciência histórica, estaríamos certamente a entrar no campo da especulação e da probabilidade.".
Concordo com o apontamento do historiador: "...muito podia ser dito e acrescentado para justificar a atual toponímia, mas sem a segurança de fontes documentais...".
Mas eu pergunto: se o historiador não tinha fontes documentais (e julgo que não tinha) porque escreveu, na parte final do artigo, esta frase:"Esta povoação já se chamou Fornilhos e tal como Dornelas pertenceu ao extinto concelho de Penaverde." 

Nota Pessoal:
Não sigo o acordo ortográfico, mas como o autor segue-o, respeito isso.

sábado, 25 de janeiro de 2014

A Poupeira: Ontem & Hoje

Conforme prometi, vou deixar umas fotos que certamente vos fará procurar as diferenças do que aqui estava no passado e o que cá está actualmente. Vejamos:

O antes...

O presente... 


Podemos comparar a tília, nesta foto e na anterior...


...e ver também que as casas rurais, afinal continuam por lá...e preservadas. Mas para quem não sabe e conhece, informo que estas casinhas não são de habitação, são de palheiras/casas de arrumos.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Forninhos dos Nossos Avós

Este foi um lugar de muito trabalho hoje não passa de um amontoado de pedras em ruína; este é o LAGAR DE AZEITE DA EIRA que os nossos avós conheceram no seu grande momento de glória.


Mas o tempo passa lento e sereno,
até a água que ditou o seu fim.


Água essa, que vai murmurando
 a sua canção de embalar,
às velhas paredes que ainda teimam
 em ficar de pé


no interior o que até agora chegou até aos nossos tempos
ainda se mantém no lugar


parecendo contar a sua


história da vida 


as velhas pias
onde tanto azeite correu,
 hoje ao seu triste abandono


vão adormecendo cobrindo-se de musgo,
seu manto de inverno.


Só as heras teimam em pintar de verde,
 as paredes que ainda se mantêm em pé


as mós descansam há demasiado tempo,
que até parece que rejuvenesceram


Hoje a ombreira da porta já não se fecha,
fica aberta à espera de um futuro de uma lembrança


a lua, a única companheira que se mantém fiel
durante todo este tempo, fazendo a sua visita diária
nos tempos sem fim,
a assistir ao seu fim sem lhe poder acudir.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

PUDIM DE OVOS CASEIRO

Há iguarias que de tão antigas não têm receita, a não ser a de mãos mais velhas, que as fazem "a olho", como esta no primeiro dia do Novo Ano - um bom Pudim de Ovos Caseiro.


Um bom pudim que honre a tradição, não pode olhar a custos,  portanto, passemos aos conselhos para o "milagre" e seus ingredientes: ovos, leite, açúcar e vinho do Porto. Basicamente.
- Oito ovos caseiros, vindos frescos do galinheiro, que partidos são bem mexidos por inteiro (claras e gemas em conjunto), a que se misturam gradualmente duas chávenas de chá de açúcar e um cálice de vinho do Porto. Depois, claro que tem que envolver bem...para a seguir adicionar duas chávenas iguais, mas menos cheias de leite.
- Entretanto, faça o caramelo caseiro ou (se quiser) utilize o de compra para forrar a forma, daquelas antigas e que ainda se vão encontrando à venda para o efeito, com tampa hermética, feitas por latoeiros das redondezas.  
- Enquanto o forno do fogão aquece, num tabuleiro metálico despeje água a ferver, o qual coloca no interior do forno juntamente com um testo ou tampo de panela, para quando esta começar a fazer barulho, é sinal de que pode meter a forma já devidamente provida (sabedoria popular). Baixe a temperatura e deixe "cozer em banho-maria" cerca de uma hora, depois retire, deixe arrefecer e guarde no frigorífico de um dia para o outro.
- Por último, a parte mais complicada do processo: desenformar. O receio da maioria com medo de este se escangalhar. Com muita calma e paciência comece por tirar o pudim do frigorífico e num tacho com água quente, deixe-o estar o tempo suficiente para o fundo descolar. Aguarde calmamente e então depois com a lâmina da faca, vá descolando da forma. Já um milenar provérbio chinês reza:"Há três coisas na vida que nunca voltam atrás, a flecha lançada, a palavra pronunciada e o pudim estragado".
Vire sobre um prato grande, cheire, e regale-se, sem perder tempo.
Bom apetite!   

sábado, 18 de janeiro de 2014

Quinta da Ponte!


Apresento-vos o "blog" do meu amigo José Cardoso, natural e um grande amigo da "Quinta da Ponte", que embora em concelho e freguesia diferente, e no entanto uma povoação, que sempre esteve ligada a Forninhos, por laços familiares e de amizade!

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Enigma

Vamos hoje propôr um enigma a quem conhece bem Forninhos. Fui ao baú e descobri esta memória, que penso dá um bom enigma para o fim de semana, que é o seguinte: Em que local de Forninhos foi tirada esta foto? 
Vamos lá ver quem o desvenda.

E quem é o casal da foto?

sábado, 11 de janeiro de 2014

Carpinteiros de Forninhos

Já aqui várias vezes falamos dos carpinteiros de Forninhos. Mas hoje resolvi falar um pouco mais destes homens, a quem a terra muito deve, sobretudo porque toda a antiga arquitectura do pormenor que ainda hoje perdura foi-nos deixada por estes profissionais. Além de janelas e portas com/sem cravelho, ainda hoje vigas de castanho e de carvalho seguram casas. Deixado por eles ainda também perduram soalhos, forros dos tectos e paredes divisórias interiores, berços, salgadeiras, pipos, pipas, dornas, bancos e mochos, ferramentas agrícolas, etc... etc...
Porque o nosso blog também pode ter os seus sentimentos, para recordação aqui ficam duas fotos do carpinteiro que há três anos nos deixou - ti António Carau.


Aqui o ti António faz um carro de bois e quanto a mim estas fotos são o melhor testemunho para transmitir às novas gerações o que foi Forninhos em tempos recuados e o que encontramos hoje em dia.


De Forninhos, merecem aqui especial atenção três nomes, todos da mesma família, o meu bisavô António Coelho, sucedeu-lhe um filho que lhe aprendeu a arte, Zé Carau e, mais tarde o neto António Carau. Além destes três, um profissional e muito bom homem que também deixou fama e obra foi o tio Zé Guerrilha. Convém também destacar o serrador tio Alexandre, que também fez a sua vida profissional no mesmo ramo.
Como já referi  há algum tempo, embora todos os artífices de todas as áreas mereçam a maior consideração, certo é que são pouco lembrados. Esta é uma opinião pessoal que não visa criticar nem atingir seja quem fôr, mas eis como o escrito sobre Forninhos a terra dos nossos avós descreve o carpinteiro de Forninhos:

O carpinteiro numa comunidade rural executa todos os trabalhos relacionados com as vivências e as necessidades do dia-a-dia. Assim, faz um pouco de tudo, desde as alfaias agrícolas aos móveis, das ferramentas aos caixões. Outrora com noções de geometria, uma panóplia de ferramentas e um enorme saber em tratar a madeira, o carpinteiro fazia todas as tarefas relacionadas com o seu ofício. Era ele que ia à mata ou à floresta e escolhia as melhores árvores. Era ele que as cortava e serrava para inúmeros fins.

Tal qual a wikipedia, enciclopédia livre, assim, sem restos de memórias de outrora, deste modo geométrico...foi pela freguesia homenageado o carpinteiro de Forninhos!!!

Nota:
Quem apreciar pode ver, clicando AQUIa exposição de ferramentas de carpintaria do ti António Carau, Post que publiquei em Maio de 2010.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

A VAREJA

Normalmente é Dezembro o mês de eleição para a vareja em Forninhos, mas pode prolongar-se por Janeiro, variando em função do tempo e do estado de maturação da azeitona.
Este ano fomos à apanha da azeitona, apesar da intempérie madrasta que pouco tem ajudado, aqui deixo o registo da vareja dos pais da Paula:


A apanha consiste em varejá-la. E, varejar faz-se com uma vara batendo cadenciadamente nos ramos onde há azeitona para que esta caia nos toldos, já não de serapilheira como antigamente, agora substituídos pelos de "nylon". Varejar tem o seu saber, pois há que não "magoar" a oliveira, ou seja, não partir os ramos que prometem nova colheita no ano seguinte e ficam mais sensíveis com a geada. 


Este é um ano de excepcional abundância de azeitona, com as oliveiras carregadinhas e, face à carestia de mão-de-obra e o seu custo, houve que recorrer a novas tecnologias, varejadoras mecânicas, mais rápidas, eficazes e que preservam as árvores.


É este instrumento que personifica "a revolução industrial" que chegou a Forninhos: a varejadora mecânica funciona a bateria e faz num dia o que poderia levar uma semana. Num ápice e com jeito da parte de quem a manobra, no caso aqui retratado do David, rapidamente os toldos ficam cobertos de azeitonas.


E todos gostam de colaborar na tarefa, com muita tagarelice entre as mulheres que, por norma, são quem apanham a azeitona do chão. Reparem no ar feliz da Paula, indiferente ao frio!
Depois de apanhada é ensacada e transportada para casa, afim de ser limpa da folhagem.


Aqui outra inovação! Dantes a azeitona era atirada ao ar com pás, afim do vento levar as folhas e esta ficar limpa. Agora a erguedeira mecânica num processo rápido, simples e eficaz, limpa toda a azeitona. Entra com folhagem por um lado e limpa e pronta a guardar, pelo outro:


Embora quase sempre de máquina fotográfica na mão, este ano eu fui à azeitona. Esta já está transformada em azeite, aquele que em Forninhos se diz de pleno direito, ser do melhor do mundo!

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

6 de Janeiro, Dia de Reis e de Bolo Rei


Já é dia 6 de Janeiro. Este ano ainda é novo, mas já tem meia-dúzia de dias!
Segundo a história/lenda cristã foi na noite de 5 para 6 de Janeiro que os três Reis Magos provenientes do Oriente e guiados por o brilho duma estrela (dizem que era o planeta Vénus, com a sua luz vespertina) visitaram Jesus recém-nascido, em Belém, ao qual ofereceram como prendas: Ouro, Incenso e Mirra.
Em Portugal, em tempos idos, o "Dia de Reis" era uma festa que os católicos celebravam com muita alegria e embora a Igreja Católica ainda comemore "Os Reis", no primeiro domingo do ano, que foi o passado, a verdade é que com o passar dos tempos este lindo dia tem vindo a decair. Mas como aqui onde resido, hoje as Pastelarias promovem o Bolo-Rei e é costume comprar e comer Bolo-Rei, lembrei-me de assinalar e lembrar o Dia. Sei que nem é um bolo típico da nossa terra, mas desde que me lembro lá em casa sempre houve este bolo frutista cristalizado.
Agora a Lenda:
Quando os Reis Magos foram visitar Jesus para lhe oferecerem presentes, a alguns quilómetros do presépio tiveram uma discussão: qual deles seria o primeiro a oferecer os presentes?
Alguém estava a escutar a conversa e propôs uma solução. Ele faria um bolo em cuja massa incorporaria uma fava. Repartiria pelos três. Aquele a quem calhasse a fava, seria o primeiro a oferecer os presentes ao Menino. 
Daí a inclusão da fava no Bolo-Rei e o costume daquele(a) a quem calhar a fava ter de dar um presente.
Posto isso, para todos Vós, porque hoje é dia 6 de Janeiro, desejo um bom "Dia de Reis" e que o espírito de Natal se prolongue por 2014.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Freguesia de Forninhos, Almoço de Natal-2013

O almoço foi a tradicional sopa de Natal e o bacalhau com batata-à-murro seguido de vitela estufada com puré de batata...bolo-rei, filhós e outros doces...sumos e vinho também nos acompanharam, bem como a água. As fotos com 2 semanas de atraso falarão por si:


A sala enche aos poucos. Ganha cor e forma...e som!






Uns mais entusiastas que outros...






À noitinha ainda tivemos o caldo verde, pão, broa...mais filhós e bolo-rei. Foi bom. Foi com espírito antigo de passar bons momentos com algumas boas pessoas.
Um abraço e BOM ANO.

Parabéns e bem-haja 'XicoAlmeida' pelas fotos.