A propósito da estátua do Padre António Vieira, situada em Lisboa, junto da Igreja de São Roque (onde ele pronunciou alguns dos seus mais brilhantes sermões), que foi recentemente vandalizada, fazemos saber que a nossa pequena aldeia esteve presente no mundo dos meados do século XVII, quando Portugal se estendia pelo mundo cosmopolito que o Padre António Vieira tinha criado e onde era actor...
Era do mesmo tempo o nosso jovem soldado Manuel Nunes, vítima da Inquisição por simpatizar com hereges.
Um homem livre que poderia ter ficado na Holanda a receber o seu soldo e onde haveria mais possibilidade de riqueza, mas que arriscou voltar a Portugal e voluntariamente apresentou-se na Inquisição de Lisboa.
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É pena não termos mais dados sobre os descendentes deste soldado forninhense embarcado nas guerras luso-holandesas que se seguiram à Restauração da nossa Nação em 1640, ainda assim é um orgulho saber que a nossa pequena aldeia esteve presente no mundo nos meados do século XVII.
O nome "Nunes" existe em Forninhos e o "Gonçalves" de seu pai também, mas não sabemos se existe alguma ligação familiar.
Certamente Manuel Nunes teve contactos com espanhois, holandeses, protestantes, cristãos-novos e judeus.
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Estátua do Padre António Vieira pintada de vermelho |
Para relembrar quem foi o Padre António Vieira escrevemos algumas palavras:
António Vieira foi um dos mais rigorosos artistas da palavra em língua portuguesa, foi "um imperador da língua portuguesa", como o chamou Fernando Pessoa; uma figura paradigmática da mentalidade seiscentista, missionário jesuíta, orador que atraía multidões, político e diplomata da Restauração, profeta do Quinto Império e vítima da Inquisição.
Nasceu em Lisboa, em 1608, sendo a sua avó paterna negra ou mulata, mas a origem étnica em nada afectaria a afirmação de Vieira na sociedade portuguesa do século XVII.
O Padre António Vieira projectou o que havia de mais universal na Nação Portuguesa, sendo percursor e humanista moderno reconhecido por toda da Europa de então nesses tempos agitados onde Portugal quase podia ter desaparecido se não fosse a sua habilidade e o seu patriotismo.
Foi um exemplo de homem lúcido e corajoso, capaz de lutar com denodo por aquilo em que acreditava e depois um Padre que baseou o seu viver e o seu pregar em concordância com os verdadeiros valores evangélicos.
Os seus sermões, proferidos a partir do púlpito da Igreja jesuíta de São Roque, atraíam tanta gente que os nobres e burgueses mandavam os seus criados ao alvorecer para lhes guardarem o lugar.
Entre os seus sermões, alguns dos mais célebres são: "Sermão da Quinta Dominga da Quaresma", o "Sermão da Sexagésima", o "Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as da Holanda", o "Sermão do Bom Ladrão", "Sermão de Santo António aos Peixes" entre outros.
António Vieira defendeu os judeus, a abolição da distinção entre cristão-novos (judeus convertidos, perseguidos à época pela Inquisição) e cristãos-velhos (aqueles cujas famílias eram católicas a gerações) e a abolição da escravatura. Criticou ainda severamente os sacerdotes e a própria Inquisição.
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