Este espaço nasceu para dar a conhecer a História, estórias e memórias duma aldeia chamada Forninhos (antigamente Fornos). Vem-lhe o nome certamente por lá ter havido fornos/fábrica de cozedura...assim rezam os livros de História, Lendas e Tradições de outros lugares.
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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Poemas de Natal (Fernando Pessoa)
Natal
Natal... Na província neva.
Nos lares aconchegados
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.
Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento profundo,
Estou só e sonho saudade.
E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Visto de trás da vidraça
Do lar que nunca terei.
(Cancioneiro do Natal Português)
Natal... Na província neva.
Nos lares aconchegados
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.
Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento profundo,
Estou só e sonho saudade.
E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Visto de trás da vidraça
Do lar que nunca terei.
(Cancioneiro do Natal Português)
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Conto de Natal: "A Fábrica dos Brinquedos"
Há muito, muito tempo, viveu um homem muito grande e forte mas também muito velhinho. As barbas brancas quase lhe tocavam no peito e o seu cabelo comprido estava em desalinho.
Um dia, Nicolau - assim se chamava ele - sentou-se ao pé da janela a meditar. A certa altura, olhou através da janela: lá fora nevava. Era Inverno! Os vários pinheiros do jardim estavam cobertos de um manto espesso e branco. Porém, umas pegadas na neve despertaram-lhe a atenção. Um pouco mais adiante, estava um mendigo. Esse pobre homem, que era um sem-abrigo, estava mal agasalhado, descalço e sozinho. Noel, que tinha um coração de ouro, abriu a janela e chamou-o:
- Vem cá, homem! Onde é a tua casa?
- Ah! A minha casa?! Eu não tenho casa.
- E a tua família?
- Ah! A minha casa?! Eu não tenho casa.
- E a tua família?
- Oh! Esses…nunca os conheci. Vivia com a minha avó, mas ontem ela morreu, não aguentou o frio deste Inverno…
- Meu Deus! Mas, que vida tão triste a tua! E agora?! Com quem vives? Sozinho?
- Sim, agora vivo sozinho.
- Mas…e ... e não tens frio, mal agasalhado e descalço? Bem que precisas de um par de sapatos, de uma camisola e de um casaco! Vou pedir à minha mulher que te faça uma camisola e vou fazer-te eu próprio um par de sapatos! E sabes que mais? Se quiseres colaborar comigo!
- Oh! Muito obrigado, senhor. Que devo fazer para colaborar consigo?
- Eu vou explicar tudo: a minha mulher andava a dizer-me que eu precisava de um trabalho para me entreter. Eu fiquei um bocado confuso: como poderia eu arranjar um emprego de um dia para o outro? E então, quando te vi, lembrei-me imediatamente de um bom passatempo para nós os dois! E até fazíamos uma boa acção e tudo! A minha ideia era construirmos uma fábrica de brinquedos onde trabalharíamos todo o ano para obtermos os melhores e mais bonitos presentes para oferecermos aos meninos bem comportados no final do ano. Podíamos também dar um nome à data de entregar as prendas. Hummm, pode ser NATAL, em honra da minha mulher Natália.
- O senhor, isto é, o Nicolau tem ideias fabulosas! Para mim o senhor é um verdadeiro santo!
- Oh! Oh! Oh! Não sou nada! Sou apenas o Pai Natal! É um bom nome para quem inventa o NATAL! No NATAL, todas as prendas devem estar prontas. Treinarei as minhas renas para grandes viagens, prepararei o meu trenó e… já me estou a ver a cruzar os céus!!!!! Só tu poderás estar comigo no trenó, para levares o saco com as prendas!
- Mas, Pai Natal, quando é que vai ser o NATAL?
- Oh! Meu Deus! Não tinha pensado nisso! Mas, até pode ser no dia em que nasceu Jesus! Ele ficaria orgulhoso de nós! Portanto o NATAL é no dia 25 de Dezembro! É verdade, como te chamas meu amigo?
- Chamo-me Cristóvão.
- Muito bem, Cristóvão, vamos já contar tudo à minha mulher!
Natália ficou encantada com a ideia do marido e prontificou-se logo a chamar todos os duendes empregados para ajudarem na construção da fábrica. Estes adoraram a ideia de passar a trabalhar numa fábrica e empenharam-se mais que nunca na sua construção. Em menos de cinco dias a fábrica estava pronta!
Naquele ano todos os duendes tiveram de trabalhar em velocidade máxima, pois o NATAL estava à porta!
Todos os dias a fábrica de brinquedos do Pai Natal recebia dezenas de cartas de todos os meninos e meninas do mundo, a encomendarem os seus presentes de NATAL. A todas as cartas o Pai Natal respondia dizendo que se portassem bem.
E o prometido é devido: os duendes carregaram as prendas até ao trenó e Cristóvão pô-las no grande saco do Pai Natal. À meia-noite em ponto, o trenó cruzava o céu puxado pelas renas, carregando o saco dos presentes, o Pai Natal, e, claro, Cristóvão!
Ainda hoje, sempre que é a noite de Natal, podemos ver o grande trenó com o Pai Natal e Cristóvão, se olharmos para o céu à meia-noite em ponto …
Contributo: XICOALMEIDA
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Feliz Natal
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Tradições de Natal
Na quadra natalícia usa-se uma culinária especial, conforme os costumes das diversas terras. Na nossa consoada, o costume é o bacalhau com batatas, a couve...e o nosso bom azeite.
Consta que o bacalhau foi introduzido na alimentação inicialmente pelos portugueses, que o descobriram no século XV, época das grandes navegações. Desde então faz parte da tradição dos portugueses.
Na doçaria temos as filhóses, as fritas, o pão-leve, o arroz-doce e o bolo-rei que apareceu mais tarde.
Diz a lenda que, quando os Reis Magos foram visitar Jesus para lhe oferecerem presentes, a alguns quilómetros do presépio tiveram uma discussão: qual deles seria o primeiro a oferecer os presentes?
Consta que o bacalhau foi introduzido na alimentação inicialmente pelos portugueses, que o descobriram no século XV, época das grandes navegações. Desde então faz parte da tradição dos portugueses.
Na doçaria temos as filhóses, as fritas, o pão-leve, o arroz-doce e o bolo-rei que apareceu mais tarde.
Diz a lenda que, quando os Reis Magos foram visitar Jesus para lhe oferecerem presentes, a alguns quilómetros do presépio tiveram uma discussão: qual deles seria o primeiro a oferecer os presentes?
Alguém estava a escutar a conversa e propôs uma solução. Ele faria um bolo em cuja massa incorporaria uma fava. Repartiria pelos três. Aquele a quem calhasse a fava, seria o primeiro a oferecer os presentes ao Menino. Ainda hoje, quem ficar com a fava terá de dar um presente.
O Natal da minha Aldeia: Forninhos
Para descrever o Natal da minha Aldeia, aquilo que pessoalmente me espanta nesta altura do ano, é chegar a Forninhos e assistir à ausência do consumismo. Os vizinhos levam uns aos outros presentes, fruto do seu trabalho na terra. Alguns oferecem umas nozes ou um frasco de mel, outros oferecem couves a quem não tem e ainda aquela garrafa de azeite que as tempera, uma garrafa de jeropiga ou de vinho que aquece o coração dos homens. Reparar que a preocupação principal das pessoas está mais virada para a preservação dos costumes, das tradições por vezes seculares, como é a feitura das filhóses em cada casa ou o bacalhau com as couves de cortar e batatas; o compôr o Cepo de Natal na Lameira e depois da ceia as pessoas ao seu redor, o que faz com que aqueles que estão longe (como eu), sintam motivação para lá estarem nesta altura, pois isso fará recordar tempos já passados. Não recordamos somente a vinda de Jesus ao mundo terreno, mas também a nossa família.
E esta é a razão principal que hoje me levou a fazer este artigo: conhecer melhor a tradição da Quadra que agora se cumpre: O Natal. Porque quando é altura de festejar, há também muito a ensinar.
Dos natais da infância da minha tia, aqui vos deixo um pedacinho: "ao contrário do resto do ano, no dia da consoada os mais novos tinham a liberdade de sair à noite, até à missa do galo, porque nessa noite nada de mau nos acontecia, porque era o dia do Menino".
O desafio é dar a conhecer o Natal antigo, aquilo que o distingue do Natal de hoje...
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
" CEIA DE NATAL COM A COMUNIDADE"
No seguimento dos anos anteriores (2007 e 2008) irá realizar-se uma Ceia de Natal, com a comunidade Forninhense, no próximo dia 19 de Dezembro, pelas 18H00, na Sede da Junta de Freguesia. Este ano a ideia partiu do Sr. Padre Paulo em colaboração com a Junta de Freguesia de Forninhos, a quem não posso deixar de elogiar por esta iniciativa de promover o convívio e o bem-estar social entre as suas populações, neste jantar alusivo à época natalícia que se avizinha.
Será, pois, também uma oportunidade de todos aqueles que por ordens várias, sejam elas políticas, ideológicas ou de qualquer outra natureza, se juntarem a este convívio, pois as diferenças devem ser colocadas de parte e se possível, para os restantes meses do Ano!
Será, pois, também uma oportunidade de todos aqueles que por ordens várias, sejam elas políticas, ideológicas ou de qualquer outra natureza, se juntarem a este convívio, pois as diferenças devem ser colocadas de parte e se possível, para os restantes meses do Ano!
Programa:
18H00: Entradas
18H30: Auto de Natal da Catequese
19H00: Jantar, composto por Bacalhau, batatas e couves
Sobremesas: arroz-doce, filhós e bolo-rei
Sumos, Vinho e similares
O preço por pessoa é: € 7,50 (adulto), o qual será pago no acto da inscrição até ao dia 17.12.2009 (Quinta-Feira), junto das Catequistas, Centro de Dia e nos Cafés da Aldeia. A receita reverterá a favor da Igreja.
Sobremesas: arroz-doce, filhós e bolo-rei
Sumos, Vinho e similares
O preço por pessoa é: € 7,50 (adulto), o qual será pago no acto da inscrição até ao dia 17.12.2009 (Quinta-Feira), junto das Catequistas, Centro de Dia e nos Cafés da Aldeia. A receita reverterá a favor da Igreja.
As crianças não pagam.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Miradouro "Cabeço do Gato"
Alguns conhecerão o miradouro "Cabeço do Gato", outros não. A minha sugestão é que nesta Quadra Natalícia, quem visitar a aldeia de Forninhos se desloque a este lugar panorâmico, sito no alto da N. Senhora de Fátima, perto da localidade dos Valagotes.
E, posto isto, pergunto:
Forninhos tem aproveitado e valorizado as boas coisas e a história que a terra tem? Ou, pelo contrário, continua a existir uma mentalidade que vive à sombra do idealismo pré-histórico, onde tudo é belo como está?
Eu sou de opinião que Forninhos tem todas as condições para a edificação de outros miradouros e escadinhas de acesso (como as da foto) noutros pontos da Serra, estou a lembrar-me da "Cadeira do Rei" que se encontra num pedregulho enorme.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Modos de Dizer: "Matar o Bicho"
"Matar o Bicho" é uma expressão muito conhecida do povo forninhense, como designação da primeira refeição do dia, a que hoje habitualmente chamamos de pequeno-almoço. As outras refeições principais eram o “jantar” por volta do meio-dia e a “ceia” à noite. Ainda hoje as pessoas mais velhas referem-se ao almoço, como jantar.
Antigamente eram os próprios patrões que ofereciam o “mata-bicho” aos trabalhadores do campo, antes de estes começarem o trabalho; e, a meio da manhã, portanto, antes do meio-dia, comiam a piqueta, o que ainda hoje é usual nos trabalhos rurais.
Outra expressão que ainda hoje é usual e habitual entre os forninhenses é a merenda, que é uma refeição feita por volta das 16h.
Contribuam com outros modos de dizer, palavras ou frases que podem ser usadas para expressar outro significado.
Contribuam com outros modos de dizer, palavras ou frases que podem ser usadas para expressar outro significado.
« eu já estou com a barriga a dar horas»
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
O Seringador
O Seringador é na sua essência um almanaque semelhante ao Borda D' Água. Se calhar só os mais velhos se lembram deste Almanaque com dicas à moda antiga para os agricultores. Mas, na altura não havia agricultor ou cidadão que não tivesse em casa O Seringador. Era por ele que se sabia quando plantar e quando colher, as fases da lua, o nome do santo de cada dia, conselhos sobre saúde, o nome de flores, plantas e de todos os legumes e cereais, podas das árvores, etc, etc.
Hoje o Borda D´Água é o mais conhecido, mas o Seringador era o mais vendido no Centro e Norte de Portugal e era o almanaque mais usado pelos nossos antepassados.
Sabedoria Popular
- «Pelo Natal os dias têm bico de pardal»
- «Depois do Natal, saltinho de pardal»
Estas expressões referem-se ao aumento/crescimento dos dias de Inverno. E como estes dias vão tão cinzentos, há demasiado tempo sem sol, nada melhor do que começarmos a pensar já nos dias com mais solinho.
Mais alguns exemplos de saberes populares há, referindo-se aos dias curtos ou a como crescem um pedacinho após o solstício de Inverno, tal qual o boletim meteorológico, e pelos quais as pessoas se regulavam principalmente no que dizia respeito à agricultura.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Mezinhas de Outros Tempos
Até a um passado muito recente, nas aldeias era habitual o uso de mezinhas e rezas para cura dos males. Como é sabido, em Forninhos, o acesso a médicos e a medicamentos era muito difícil e praticamente inexistente. Com frequência, algumas pessoas mais experientes e expeditas exerciam certas práticas médicas e recorriam àquilo que a natureza dava, bem como a crenças religiosas e pagãs. O conhecimento passava de geração em geração. No entanto, algum deste conhecimento perdeu-se, fruto de hoje em dia, felizmente, existir melhor acesso a médicos e a medicamentos. Deste modo, para que fique gravado na nossa memória colectiva, pensei ser importante deixar registado o conhecimento que me foi, até hoje, transmitido por familiares.
Rouquidão: ferver casca de cebola com açúcar e mel;
Picada das Abelhas: encostar um objecto de metal (faca) à picada;
Treçolho: colocar uma aliança de casamento benzida em cima do olho e "rezar" três vezes: “treçolho, treçolho, passa para aquele olho” .
Muitos de vós terão certamente mais informação a acrescentar a esta minha recolha; é só uma questão de avivarem a memória, pois mesmo na actualidade recorremos frequentemente a algumas mezinhas sem darmos conta. Então…vamos lá a isso, pode ser? Sei que há quem aprecie estas coisas, por isso vou já partilhar também uma crendice popular que é costume ouvir Forninhos. Pois bem, quando dá comichão nos ouvidos quer dizer que o tempo vai mudar, digo, vai chover. O "bicho do ouvido" mexe...zás...muda o tempo!
Picada das Abelhas: encostar um objecto de metal (faca) à picada;
Treçolho: colocar uma aliança de casamento benzida em cima do olho e "rezar" três vezes: “treçolho, treçolho, passa para aquele olho” .
Muitos de vós terão certamente mais informação a acrescentar a esta minha recolha; é só uma questão de avivarem a memória, pois mesmo na actualidade recorremos frequentemente a algumas mezinhas sem darmos conta. Então…vamos lá a isso, pode ser? Sei que há quem aprecie estas coisas, por isso vou já partilhar também uma crendice popular que é costume ouvir Forninhos. Pois bem, quando dá comichão nos ouvidos quer dizer que o tempo vai mudar, digo, vai chover. O "bicho do ouvido" mexe...zás...muda o tempo!
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