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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Os cheiros da aldeia

(o inverno à porta)

Os cheiros são um activador das memórias e dos lugares. Não sei explicar, mas há cheiros que marcam para toda a vida. Por exemplo, o cheiro da chuva na terra seca. Lembro-me também quando me deitava nos lençóis de flanela lavados com sabão azul e branco, no inverno, que ao entrar na cama eram frios como gelo, mas passados 5 minutos a sensação era tão boa, hum! e que cheirinho! Outro cheiro que guardo é o que vinha da arca onde se guardava o pão (centeio) e o milho.
E o cheiro daquele preparado da comida para «o vivo» a ferver ao lume numa grande panela de ferro? Era o cheiro do «cozido». Levava nabos, couves, batatas, abóbora e farelo. O cheiro da palheira também era um cheiro forte, marcante, que não era de todo desagradável...cheirava a palha, feno e trambolhos.
Sem esquecer o cheirinho especial da fogueira e da chouriça «dos boches» (a palavra certa será bofes) assada nas brasas.
Então vamos aos cheiros...porque tenho a certeza que a nossa aldeia deixou-nos intensos cheiros e recordações.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O Retratista

Na década de quarenta ou cinquenta, quantas aldeias ou mesmo vilas, dispunham de uma casa de fotografia?
Pois bem, Forninhos teve um fotógrafo antigo a trabalhar na rua, com máquina assente em tripé: o tio Carlos Guerra.

Pena o retratista não possuir cenário

A menina, talvez com 3 anos, com expressão de muita atenção, é a minha madrinha (Natália Cavaca). O menino, que aparenta ter uns 6 anos, é o meu pai (Samuel Cavaca). O seu olhar tem uma expressão viva, atento ao fotógrafo...olha o passarinho!
Há sessenta anos não era vulgar as pessoas gastarem dinheiro com retratos e só os mais endinheirados o faziam. Curiosamente os meus avós tinham possibilidades de ir ao retratista.
Ainda bem que tiraram este retrato.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

CASINHAS DE FORNINHOS

Já aqui se falou das casinhas de Forninhos, mas entendo que não é demais voltar a falar destas relíquias do passado.
Já passei várias vezes junto desta e, possivelmente, muitos de vós também, mas nunca me dei ao cuidado de espreitar lá para dentro, agora fi-lo, a porta estava aberta e como a que a convidar-me a entrar. Entrei e não resisti a fotografar este símbolo da autêntica casinha beirã.

À entrada, uma salinha com cerca de 8m2 e um armário, possivelmente onde se guardava os queijitos e o pão, por via dos ratos.

Logo à direita, a cozinha com as paredes negras do fumo, com lareira abaixo do nível do soalho, com pilheira e sem chaminé.

Em frente um quarto com uma janela.

No taipal, uma sovina, provavelmente para dependurar a roupa domingueira.

Por cima da porta, uma prateleira muito bem feita, possivelmente para arrumar as coisas de mais valias.

LINDA ESTA CASINHA!

domingo, 13 de novembro de 2011

A "Casa do Sr. Amaral"

Forninhos era uma terra rica, que se vivia bem? Hoje respondo: acho que não, caso contrário não tinha havido tanta emigração e nem tanta migração para outras zonas do país. Mas cresci convencida que havia terras piores, com mais percentagem de famílias pobres e bem menos famílias a viverem bastante bem.

A 'Casa'

É hoje conhecida como "Casa das Camélias" (da Beira), embora a gente antiga continue a chamar-lhe a "Casa do Sr. Amaral". Sobre esta casa há que dizer, pelo menos, que muita gente da terra e ranchos de "gente de fora" * para esta casa trabalhou, sempre com ordenados baixinhos, como era norma nessa época. Parte do trabalho também era pago em géneros, um pouco do produto agrícola em causa, cereal/ou/farinha, azeite, etc..., mas era uma casa que dava trabalho: na limpeza dos pinhais, nas vindimas, na azeitona, nas sementeiras, em geral. Havia sempre trabalhadores de Forninhos a trabalhar para o Sr. Amaral. Ah! tinha pastagens, rebanhos e vendia queijos de ovelha e dava a cultivar, de renda, algumas das suas terras.
A pessoa do Sr. Amaral era, segundo dizem, simpática, conversadora, culta, educada. Imagino que fosse um homem muito moderno para a altura.

O 'Armazém'

O "Armazém" foi já construído pelo Sr. Octacílio Amaral no Séc. XX, com a finalidade de armazenar o vinho, em grande pipas e em grandes tulhas, o cereal. No interior deste "Armazém" havia grandes lagares onde os trabalhadores pisavam o vinho. Era assim, mas parece que já não é.
Em Forninhos, o Sr. Amaral era o único patrão que tocava uma corneta para iniciar os trabalhos e na hora do jantar (hoje almoço) tocava novamente a corneta para um familiar do seu trabalhador ir buscar ao "Armazém" água pé. Principal razão: a água pé por ser um vinho mais fraco, menos alcoólico, podia beber-se em maior quantidade e era o que geralmente os trabalhadores consumiam no trabalho do dia a dia e também às refeições.

* A expressão "gente de fora" emprega-se quando alguém mete trabalhadores assalariados por um dia ou mais. Podem até ser da terra, mas visto não serem de casa, chamam-se "gente de fora".

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Do Baú, Magusto da Catequese


Faz hoje dois anos que iniciei a publicação dum novo blog e pensei que seria justo, em altura de magustos, mostrar aos meus leitores/seguidores uma imagem captada há muitas décadas, quando os magustos da catequese aconteciam na lage da poupeira.
O fotógrafo que se esmerou para captar o acontecimento, sem querer, eternizou um quadro verdadeiramente impressionante e que para os mais novos não deixa de provocar uma profunda sensação de espanto. A comparação com a realidade actual é o testemunho que a nossa terra, por um lado, não parou no tempo (toda a zona que circunda a ex-escola primária mudou); por outro, a aldeia despovoou-se e, cada vez mais, tem menos crianças.
Porque para compreender o presente é preciso conhecer o passado, iniciamos o 3.º ano do blog com a publicação de mais uma foto que retrata o Forninhos de antigamente.

OBRIGADA A TODOS OS MEUS LEITORES QUE TÊM A GENTILEZA DE VISITAR FORNINHOS NESTE ESPAÇO. É COM SATISFAÇÃO QUE CONSTATO QUE ESTE BLOG ATINGIU AS 83.200 VISUALIZAÇÕES. OBRIGADA A TODOS OS QUE CONTRIBUÍRAM PARA ESTE NÚMERO!

domingo, 6 de novembro de 2011

Memórias de outros tempos: As Excursões II

Sempre houve pessoas que por sua iniciativa organizavam visitas a terras de Portugal (o estrangeiro era impossível) e era ver grupos de aldeões a visitarem geralmente o Norte do País, vestidos com o seu fato domingueiro e melhor calçado...com cestas e alcofas em palhinha onde ia o farnel que daria para toda a excursão...os homens levavam uns tantos garrafões de vinho...eram obrigatórios! Há algumas fotos destes grupos. O Post de hoje mostra precisamente um desses grupos, na década de 60, numa visita a Santa Luzia, em Viana do Castelo:

Quem são as pessoas?

E o que mudou na vida destas pessoas?

A realização de excursões hoje poderá não ter tanta importância, mas no Forninhos de antigamente era a única forma de algumas pessoas conhecer outros lugares.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

FICA PEDRA SOBRE PEDRA

Aqui fica a foto reportagem da freguesia de Forninhos, para os que não tiveram a sorte de obter a revista do Jornal Correio da Manhã, do dia 07 de Setembro de 2008, ver:


























terça-feira, 1 de novembro de 2011

Memória de um Dia Memorável

Em tempos não muito antigos, um jornalista foi à descoberta da nossa terra, conhecer a sua história e cultura (com direito a foto-reportagem). Recordamos neste Post um dia que foi certamente memorável para os habitantes que viveram esta visita:

O Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Forninhos, rodeado do tio Domingos, tio Leonel (pastores da nossa aldeia) e outros populares, concedeu uma entrevista onde deu uma visão da grandeza da nossa aldeia (não tenho a certeza, mas penso que depois foi publicada nas páginas do Jornal da Guarda).

O jornalista fala com a tia Natividade, ao tempo, a pessoa mais velha da aldeia, porque para melhor conhecer a nossa história é preciso ouvir quem ali nasceu e cresceu... que tanto têm para contar.
Como é perceptível, Forninhos esteve desde sempre na "crista da onda", simplesmente porque é uma aldeia com uma identidade própria, com passado, usos e costumes e um sem número de pequenas especificidades que lhe emprestam um carácter e encanto únicos.