Já aqui se falou das casinhas de Forninhos, mas entendo que não é demais voltar a falar destas relíquias do passado.
Já passei várias vezes junto desta e, possivelmente, muitos de vós também, mas nunca me dei ao cuidado de espreitar lá para dentro, agora fi-lo, a porta estava aberta e como a que a convidar-me a entrar. Entrei e não resisti a fotografar este símbolo da autêntica casinha beirã.
À entrada, uma salinha com cerca de 8m2 e um armário, possivelmente onde se guardava os queijitos e o pão, por via dos ratos.
Logo à direita, a cozinha com as paredes negras do fumo, com lareira abaixo do nível do soalho, com pilheira e sem chaminé.
Alguém dizia que no ofício de lenhador, no seu dia-a-dia, se usava um vocabulário mais rico do que o do cirurgião – todas as “coisas” tinham o seu nome. Não sei se será exagero mas é muito agradável ver que em blogues como este ainda é possível pressentir um linguajar que não escutamos no dia-a-dia e sermos confrontados com palavras e expressões antigas, que nos fazem procurar os significados e nos enriquecem.
ResponderEliminarE isto também faz parte do que vocês querem preservar. São coisas de mais valias a pendurarmos na sovina da memória.
Bem hajam por isso.
Um abraço
António
Muito bom dia a todos.
ResponderEliminarEu não serei a pessoa mais indicada para utilizar o vocabulário que se usava nesta e noutras aldeias da nossa região, embora me lembre de algum do tempo de criança e um pouco de infância por não ser residente assíduo.
Por aqui ainda se pressente realmente, o linguajar dos antigos, mas, praticamente só entre eles, e, mesmo estes já se retraem, talvez por vergonha ou porque os filhos já os chamaram a atenção que não é assim que se fala.
Por aqui usamos a expressão: as pessoas vão-se, e as coisas vão com elas.
E é verdade, as pessoas que o usavam ou ainda porventura ainda usam, estão a desaparecer sem que se faça nada para preservar o que eu chamaria: AS MEMORIAS DE UMPOVO.
Exemplo desta casinha da foto; está em ruína eminente, mas as linhas gerais, tanto de fora como do seu interior, lá estão a desafiar o tempo até que vai ceder.
Um bom fim de semana para todos que aqui nos visitam.
Boa tarde:
ResponderEliminarAté aos meus sete anos, também vivi numa casinha pequenina, a nossa electricidade eram os candeeiros de latão com petróleo, a água tinha-mos que a ir buscar em cântaros à fonte do Miguel, ou à fonte dos tanques onde hoje fazem o baile da festa, o nosso fogão era o lume com uma ou duas panelas de ferro com três pernas, onde cozia-mos o feijão ou as batatas com o bocado da carne de porco, tempos que eram difíceis, as pessoas viviam-no com alguma angustia, pois muita gente não tinham muito que comer, e as famílias eram numerosas naquela época tinham muitos filhos e os alimentos tinham que ser racionados.
Naquele tempo as pessoas davam valor ao que tinham, pois era com muito trabalho que o conseguiam, hoje poucas gente dá valor porque têm de tudo.
Eu penso que a casinha que está nas fotografias, é ao pé da casa do tio Ismael, será que estou certa?
Bom fim-de-semana.
Está certíssimo M. Jorge, esta casinha está perto da casa do tio Esmael, e ao lado está outra igual, mas esta tem a porta fechada, um destes dias vou pedir a chave ao dono e vou ver o que lá há dentro.
ResponderEliminarEsta da foto não sei a quem pertence, mas tem a porta aberta, e daqui peço desculpa aos seus proprietários por lá ter entrado e tirar fotografias.
Esta casita foi onde morou a mãe do tio Ismael, a tia Maria Castanheira. Agora acho que pertence ao tio Fernando Castanheira, assim como a do lado, de que falou.
ResponderEliminarUma que me lembro ser habitada, não há muitos anos, é uma casinha situada na Rua do Outeiro, onde viveu a mãe do tio Porfírio forra, a tia Adelina Guerra, que também ainda deve guardar relíquias do passado.
A par deste modelo havia umas de altos e baixos, isto é, o andar de cima era para habitação da família e por baixo, com lojas para animais. Na minha infância vivi numa casa destas. A cozinha tinha um janêlo, para deixar entrar a luz solar e deixar sair o fumo. O chão era soalho, mas junto à lareira o chão era de terra e esta área era varrida com uma vassoura de giesta. A sala com 1 janela era grande e, talvez por isso, também serviu de meu quarto e dos meus 2 irmãos, por cima havia uma prateleira. Os meus pais tinham quarto próprio. Pode dizer-se que era uma casa com tamanho suficiente para lá se viver.
Hoje já se não vive em casinhas destas, mas muita gente viveu neste tipo de habitação.
Boa noite, são casas como estas que nos fazem pensar em como seria a vida nessa época, uma vida que não era parca em comodidades, vida simples e sofrida, mas tinha de tudo um pouco, hoje nem damos valor ao que temos porque não passamos por aquilo que os nossos antepassados passaram(a maioria).
ResponderEliminarSim eram assim as nossas casinhas, e dificil acreditar mas nelas vieram familias por vezes numerosas.
ResponderEliminarGostei das expressoes que se usavam, ainda ha nao muitos anos!
Um abraco de amizade.
Boa tarde a todos.
ResponderEliminarÉ verdade, hoje não damos valor ao que temos, hoje não nos contentamos com o pouco, que noutros tempos era muito.
Os da minha geração, sabemos quanto custava a vida, vida dura, vida de amargura, de tristezas e alegrias, mas sobretudo de privações.
Esta casinha, hoje é o que se vê, ninguém quereria morar nela, mas possivelmente quando foi habitada, era uma casa razoável, com salinha, com cozinha e um quarto com janela, havia outras bem piores, eu mesmo, quando criança, vivi numa bem pior.
Sim, ninguém quererá hoje morar neste tipo de casinha, mas ainda estou para saber porque é que os poderes instituídos nada fizeram para preservar a ruralidade desta freguesia.
ResponderEliminarNão houve sensibilidade para estas coisas?
É que nem eram precisos grandes investimentos, bastava recuperar e preservar aquilo que temos ainda de típico e corrigir os erros do passado.
É impossível que não se faça reflexões acerca daquilo que as forças políticas e líderes locais fizeram por Forninhos, que nunca souberam aproveitar as boas coisas e história que esta terra tem. Infelizmente as asneiras e estupidezes foram muitas e reiteradas.
As Casinhas de Forninhos ainda hoje preservam muitas histórias, acompanhadas de um linguajar já em desuso, através dos seus moradores mais antigos, talvez ainda possamos ir a tempo de recuperar algumas, avançando com um livro onde se conte a história da nossa freguesia, desde os primórdios até aos dias de hoje.
Talvez ninguém quererá hoje morar neste tipo de casinha, também assim o creio, mas imaginem que esta casinha recuperada, preservando a sua traça original, melhorando algumas coisas, como por exemplo: tapar os buracos das paredes pelo interior, criar algum conforto como aquecimento, discreto para não alterar o típico da casa beirã, e assim, não faltariam pessoas que vivem nos grandes centros urbanos, quisessem passar oito ou quinze dias no sossego reconfortante que uma destas casinhas podia proporcionar.
ResponderEliminarBoa noite .Estas casinhas de certo pequenas mas para passar umas ferias como disse o Sr.Eduardo era suficiente ,sendo bem arranjadas e com o conforto que hoje sequer.Pois ficavam casinhas bonitas ,como muitas que ainda se podem ver antigas mas modernizadas.
ResponderEliminarHá anos atrás quando já se antevia uma reorganização do território e se discutia muito a desertificação e perda de população, se quisessem fazer desta terra um destino turístico e atractivo tinham adoptado outro tipo de políticas. Recuperar o conjunto de casinhas típicas de Forninhos, com o objectivo de “preservar a ruralidade” e “atrair turistas” tinha sido um bom começo, até porque, o concelho teria muito a ganhar com estas intervenções e o turismo sairia reforçado. Assim…com políticas absurdas, medidas suicidas, o resultado é que estamos a um passo de deixar de ser freguesia. Mas infeliz e lamentavelmente em Forninhos ainda batem palmas àqueles que, devido às suas decisões, foram os grandes responsáveis por esta realidade.
ResponderEliminarSão atitudes que eu não entendo, nem nunca vou entender!
Belas casas, hoje em dia já nada desta arquitectura se pode ver, é pena, pois estas eram bastante bonitas.
ResponderEliminarReparem nas cozinhas antigas, nada tem a ver com as de hoje.
Recordações de um passado, quando ia a Forninhos e muitas vezes me esgueirava para casa do Ti Joaquim Branco, ali, sentia-me bem, uma boa fogueira e a parte da lareira abaixo do soalho e a velha pilheira, para mim que nunca tinha visto nada igual era uma maravilha.
Boa tarde a todos.
ResponderEliminarSabemos que Forninhos não pode contar com indústria extrativa ou transformadora, a agricultura está pela hora da morte como é sabido. A aposta seria realmente na área do turismo.
Esta terra tem condições ideais para a sua implantação, só é pena que as pessoas não saibam tirar proveito da beleza com que a natureza a brindou.
No caso em apreço, o abandono da agricultura deixou de ser uma potencialidade por uma razão muito simples: Forninhos perdeu capital humano para trabalhar as terras. Já no que toca ao turismo os grandes responsáveis foram os Senhores de AGB que tiveram vistas curtas e não souberam definir estratégias corajosas que pudessem fazer do seu concelho um destino turístico atractivo, só se pensaram que tínhamos apenas sol para vender! Falharam no essencial, porque vão para a Câmara como quem vai para um emprego e não para trabalhar no sentido de desenvolver as suas freguesias. Aquilo que foi o menosprezo dos Senhores de AGB por Forninhos condenou a nossa freguesia, é bem visível que gastar dinheiro em obras de circunstância não ajudaram na atractividade de pessoas!
ResponderEliminarE, atenção! É preciso lembrar que o problema não começou com a crise.
É bom que façam reflexões!
Para não falar da Serra de S. Pedro que merecia ser acarinhada, porque ali há muita história e nenhum investimento tem sido feito…turisticamente falando, claro!
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