(o inverno à porta)
Os cheiros são um activador das memórias e dos lugares. Não sei explicar, mas há cheiros que marcam para toda a vida. Por exemplo, o cheiro da chuva na terra seca. Lembro-me também quando me deitava nos lençóis de flanela lavados com sabão azul e branco, no inverno, que ao entrar na cama eram frios como gelo, mas passados 5 minutos a sensação era tão boa, hum! e que cheirinho! Outro cheiro que guardo é o que vinha da arca onde se guardava o pão (centeio) e o milho.
E o cheiro daquele preparado da comida para «o vivo» a ferver ao lume numa grande panela de ferro? Era o cheiro do «cozido». Levava nabos, couves, batatas, abóbora e farelo. O cheiro da palheira também era um cheiro forte, marcante, que não era de todo desagradável...cheirava a palha, feno e trambolhos.
Sem esquecer o cheirinho especial da fogueira e da chouriça «dos boches» (a palavra certa será bofes) assada nas brasas.
Então vamos aos cheiros...porque tenho a certeza que a nossa aldeia deixou-nos intensos cheiros e recordações.
Boa noite a todos.
ResponderEliminarOra aqui temos nós um post para nos lembrar uma das maiores, senão a maior riqueza desta terra.
Os cheiros são tantos e variados que vão desde o interior da cama, passando pela cozinha e loja onde se guardavam os cereais na arca como nos diz aluap.
A salgadeira com o seu cheirinho agradável a carne salgada, a chouriça assada na brasa, a morcela na tampa da panela de ferro deitava cá um cheirinho! Que transvazava para fora de casa, deixando agua na boca de quem passava.
Era e ainda é assim, o aldeão conhece as coisas pelo cheiro, mesmo que estas quase não cheirem, o aldeão experiente até o próprio tempo cheira.
Boa noite.
ResponderEliminarPois os cheiros da nossa terra, são sempre os melhores, desde o deitar ao levantar...e mesmo quando se dorme ou estamos prestes a adormecer, todos os aromas nós sentimos.
É bom reviver esse passado, que eu enquanto não adormecia, tinha que aturar os cheiros que vinham da loja, uns agradáveis outros menos agradáveis, claro está, porque nesse tempo, não se pode esquecer que alguns de nós tínhamos os animais domésticos logo por baixo de nós.
Fora isso, eram bons e maravilhosos tempos, não esquecendo que estamos a breves momentos das matanças do porco.
O sabor daquelas morcelas.
Ora então boa noite, é verdade Paula o cheiro também faz parte dessa tua terra, cada terra tem o seu cheiro, o próprio mato como a erva empresta o seu aroma nas várias épocas do ano. Que saudades tenho do tempo em que a tua tia Júlia ainda por cá andava, tinha sempre na salgadeira o presunto e na panela umas chouriças, lombo e costeletas assim como os belos torresmos, todo bem conservado em banha e óleo, quando era cozinhado o seu aroma fazia crescer água na boca de quem passava à porta, como diz o amigo Ed santos o povo até pelo cheiro conhece a época do ano. Até a neve tem o seu cheiro torna tudo mais doce e silencioso.
ResponderEliminarUm abraço deste amigo
João Seguro.
Cheiros, perfumes, aromas, odores:
ResponderEliminarLembranças dos cheiros da nossa terra, umas boas outras nem tanto, cheiros que eu nunca vou esquecer.
Os bons cheiros:
Cheiro da terra lavrada, quando o meu avô Cavaca acabava de a lavrar.
O perfume do meu ramo, no dia de ramos com, alecrim, louro, oliveira etc.
O aroma das couves acabadas de cortar, para comer com feijões, para o caldo verde ou para dar de comida às galinhas.
O cheirinho dos míscaros acabados de apanhar, com um aroma a terra molhada.
Aquele cheirinho da carne temperada, para fazerem as chouriças, tinha um aroma que fazia criar água na boca.
Cheiros de que eu não gostava e nem gosto:
O odor do estrume acabado de tirar das lojas dos animais.
O cheiro do poleiro.
O odor das tripas do porco quando as iam lavar ao ribeiro.
O cheiro das morcelas, ainda hoje quando vou ao talho, e aquele cheiro vem ao meu nariz, eu tenho que ir para o outro canto do talho.
Alem destes cheiros há muitos mais mas, fico-me por aqui.
Bom fim-de-semana.
Bom dia para todos.
ResponderEliminarTantos cheiros, tantos aromas variados ao longo do ano nesta terra que não é possível aqui descrevê-los todos.
Agora vou só lembrar um que despertou atenção no comentário de M. Jorge; os míscaros, estes pequenos cogumelos, que outrora foi alimento dos pobres, hoje são bem pagos, estamos no tempo deles e são vendidos no mercado de Penalva, Sátão e Viseu, entre 20 e 30 euros o kg.
Como M. Jorge diz; da terra onde se extraem, sai um cheiro característico e inconfundível para quem conhece a “arte” de apanhar míscaros, mas se falarmos no cheiro emanado da cozinha onde estão a ser confecionados! Aí, ultrapassa mesmo o imaginário daqueles que não conhecem esta iguaria.
O cheiro dos míscaros é um cheiro marcante que não é fácil descrever, mas fica na “imagem da semana” os míscaros com terra, para cada um sentir e imaginar o cheirinho.
ResponderEliminarHá outro cheiro que guardo: o do soalho das casas depois de esfregado com sabão amarelo. Por mais detergentes e desinfectantes que haja, aquela mistura de água, sabão e madeira molhada, era um odor inesquecivelmente bom. As mulheres de joelhos e escova na mão esfregavam com força todo o soalho, mas acho que era daquelas tarefas que as deixava exaustas e ao mesmo tempo satisfeitas por poderem usufruir daquele cheirinho e limpeza únicos.
Dou comigo a recordar também o cheirinho do café de cevada que tomava ao pequeno almoço e o cheiro doce a maçãs quando entrava no sótão da casa da minha avó materna.
Por ora, é tudo…mas há mais cheiros bons da aldeia no meu “arquivo” que passado tantos anos ainda os consigo sentir.E há cheiros maus, mas que na altura os sentia piores que hoje. A lavoura assim obrigava.
Boa tarde,pois é os miscaros têm cà um cheirinho quando saiem da terra,mas quando estão no tacho guisadinhos com frango claro,esse cheiro então ai meu DEUS.Bom como estamos perto das matações,quero aqui lembrar o cheiro daquela sopa que eu adoro e que a minha mãe faz super bem,a sopa da matação,para não falar daquele petisco que se começa a preparar por volta das 11h,penso que jà descubriram qual é,isto foram cheirinhos que sempe passaram pela casa dos meus pais e que ficam sempre na minha memoria!!!
ResponderEliminarpois, pois David, e aquele cheirinho das febras na brasa no dia da desmancha? esse entao! supera todos os da mataçao.
ResponderEliminarTenho gravado na minha memória o cheiro de uma roseira junto à casa do tio Daniel Ferreira, que deitava para o caminho e onde passei muitas vezes na minha infância e adolescência. Ainda hoje quando passo nesse sítio sei exactamente a que cheirava e leva-me de volta ao passado.
ResponderEliminarLigado às roseiras há outras que me deliciavam, mas era a roseira do tio Daniel que me fazia sempre parar alguns momentos e desfrutar daquele perfume e...ficou memorizado.
Boa noite para todos.
ResponderEliminarCheiros e mais cheiros, eles são tantos nestas terras que é difícil menciona-los todos. Agora queria falar dos menos agradáveis: os estrumes que utilizavam para fertilizar as terras, mesmo estes, fizeram parte dos cheiros das aldeias, principalmente quando se tinha de “conviver” com ele por baixo do soalho da casa onde se vivia, mas sobretudo, quando se tirava das lojas e carregava nos carros de bois ou cangalhas dos burros para acartar para as terras.
Claro que ninguém gosta do cheiro do estrume, sobretudo do; com licença o porco, ou do burro salvo seja, assim como o das galinhas, mas se perguntarem às gentes do campo se o cheiro do estrume das ovelhas ou das vacas é desagradável, podem ter uma surpresa na resposta, este estrume não tem um cheiro que nos faça tapar o nariz, talvez por ser de animais ruminantes.
Por esse tempo os animais ficavam praticamente dentro das casas, nas lojas. O cheiro das lojas das vacas era um cheiro característico da casa e isso não queria dizer que a casa não fosse asseada. É um cheiro que nem sei explicar bem, porque quem nos estiver a ler só pensa que um estábulo deve cheirar “mal”, mas a mistura da bosta com a palha seca, o feno, o bafo quente das vacas, a baba a cair, davam aquele odor especial e fazia parte do ambiente. A isto tudo junta-se a mistura dos produtos da terra que se dá ao “vivo”: abóbora, batatas, maçãs e até marmelos. Há cheiros piores! Exemplo: o cheiro geral de uma aldeia que não tinha saneamento. A água canalizada só chegou à nossa aldeia em 60 e tal e a construção de fossas, creio, que só chegou nos anos 70. E só muito depois chegaram os esgotos (e ainda hoje não chegaram para todos!). Se calhar, este era o pior cheiro, mas era assim.
ResponderEliminarSo de ler este artigo, vieram-me ao nariz todos esses cheirinhos, que tambem vivi ate aos meus dez anos!
ResponderEliminarQue saudades.
Um abraco de muita amizade.
Só lhe digo amigo Cardoso, modernamente não há cheiro que possa apagar as reminiscências da nossa infância.
ResponderEliminarEm todos os escritos que tenho visto de vários escritores, vêem a manutenção dos animais por baixo do soalho das casas beirãs, como coisa desagradável, e podem dizer com alguma razão, que era desagradável e anti-higiénico, hoje então! Nem pensar em tal hábito. Mas nunca ouvi, que também podia haver algumas vantagens, por exemplo: as vacas ou ovelhas por baixo do soalho, tornava a casa mais quente no inverno, compensava a friúra própria das paredes de granito.
ResponderEliminarNem tudo é mau na vida. E os antigos lá teriam as suas razões, razões que a razão de hoje desconhece e não compreendem.
Quem é da minha idade relembra muito bem que era normal nesses tempos, não tão distantes, os animais ficarem por baixo do soalho e o odor que se sentia, mas apesar disso tudo, com frio ou mesmo com chuva, nas casas e nas ruas, havia outra alegria, outros barulhos, havia muitas crianças, havia o cheiro a azeite quente onde as mães fritavam as filhós e as fritas, havia o cheirinho do pão cozido no forno…havia o cheiro a bedum quando os matadores matavam as cabras, principalmente nas vésperas das festas de Forninhos, que cheirava mal, claro, mas também fazia parte do cheiro da festa.
ResponderEliminarBoa noite:
ResponderEliminarAqui deixo mais uns cheiros característicos da nossa aldeia.
Na Páscoa, aquele cheirinho a bolos de azeite, a pão-de-ló e outros doces, eu estava sempre desejosa que chegassem os dias de festa, não só pelos cheiros mas também pelos sabores, era uma delícia, aqui também faço estes doces mas, os da nossa terra têm outro sabor, por serem cozinhados num forno de lenha.
E no mês de Junho na altura das fogueirinhas, o perfume que ficava nas nossas ruas a rosmaninho, São João e a salpor toda a gente, saltava a fogueira para ficarem cheirosos.
Um cheiro de que eu não gostava e nem gosto, é o cheiro da borra do vinho, quando lavavam os pipos e deitavam aqueles restos nas ruas é um cheiro que eu nem gosto de me lembrar.
Boa noite.
ResponderEliminarE para iniciar, volto a lembrar, que esse cheiros sempre foram naturais; pois quém não tinha os seus animais por baixo do soalho?
Estes seriam poucos, mas como alguém diz, este costume possivelmente podesse ter algum significado.
Enquanto os animais na loja dormiam e bafegavam, era calor que se subrepunha, á casa de habitação, e assim se tornava mais quente nos dias de grande Inverno, entre grandes paredes de pedra; penso cá para mim, que seria um aconchego.
Mas como cada um tem as suas ideias, estes mais modernos, outros que nada sabem, para cada um o bom seria viver esse passado; só para ver como era.
Agora e mais uma vez vamos ao que de mais agradável se nos torna, o cheirinho a miscaros, pois caros amigos cada vez se pode afirmar mais e mais, que estes cogumelos dados pela terra, se tornam mais escassos.
ResponderEliminarEm tempos, poucas eram as pessoas que os procuravam, apanhavam-se em grandes quantidades e em pouco tempo, hoje á uma grande procura, veem de todos os lados.
Bem ainda consegui prova-los.
Pelo que tenho sabido a principal razão pela escassez da espécie é porque a maioria os apanha precocemente e de forma desenfreada escavaca a terra e já nem procuram as gretas! E não são só os de fora! Há uns anos atrás, isto era impensável, mas pelos vistos hoje vale tudo, mesmo destruir a floresta!
ResponderEliminarPara resolver definitivamente esta situação é urgente regulamentar a apanha e comercialização, senão daqui a uns tempos resta-nos mesmo só o cheirinho bom deste petisco campestre!
Boa noite.
ResponderEliminarOllha, seria muito pedir uma legislação para este teu Comentário, mas se fosse possivel, seria uma grande mais valia para todos.
Por habito gosto de ir apanhar miscaros, ali para a zona da Senhora dos Verdes, pois existem ali dois ou três pinhais em que a rebentação deste maravilhosos cogumelos são uma ambundância, mas como dizes, chega-se ali, e o que se verifica? um pinhal completamente cavado; em vez disso, se as pessoas apenas procurassem as "gretas" e aí sim extraía-se o cogumelo, não danificava em nada a nossa floresta.
No Forninhos onde vivi até 1989 todos íamos aos míscaros, com um pau afiado numa das pontas, via-se a terra gretada e era só espetar o pico e lá saía o míscaro inteiro, hoje pelo que me é dado a saber vão de sacho, pelo que imagino que vão sachar a eito as matas/pinhais e nem sequer procuram as gretas!
ResponderEliminarPois: de facto, como é possível que as boas práticas sobre o modo de recolher os míscaros tenham desaparecido?
Esta apanha desenfreada está a colocar em risco a existência dos míscaros. Portugal para resolver esta triste realidade devia fazer o que Itália já fez, regulamentar a apanha. E o nosso concelho devia fazer o que muitos outros concelhos já fazem há anos, inclusive o de Fornos de Algodres, que através de passeios micológicos dão a conhecer a floresta e flora, incluindo a identificação das diversas espécies de cogumelos, divulgam as boas práticas sobre o modo de os apanhar, com cesto/a de vime para a semente cair e dar continuidade à espécie.
Finalmente, outro cheiro de um sítio da minha infância: o ambiente odórico da Venda da minha avó Jesus. Aquela mistura dos cominhos, colorau, pimenta russa, que se vendia em cartuchos e a tripa seca que era vendida à meada…o cheiro era tão inebriante que hoje ainda dou comigo a sentir o cheiro daquela Venda.
Muito boa dia a todos.
ResponderEliminarTambém sou de opinião que a apanha dos míscaros devia ser regulamentada, é pena que o não seja, e também é pena que a câmara municipal não promova este tipo de eventos para que os recursos naturais da região sejam preservados.
No meu primeiro comentário deste post disse: os cheiros é uma das maiores riquezas, senão a maior desta terra.
E, claro, quero justificar este meu comentário.
Como todos sabemos, por aqui não há daqueles complexos industriais que deitam fumo para o ar, por aqui, ainda não há muitos carros a largar oxido de carbono, temos espaço muito aberto com arvoredo abundante, há um cheiro a natureza na aldeia, principalmente quando saímos dela em qualquer direcção notamos o cheiro intenso do pinheiro bravo, e se formos em direçao á serra, onde a originalidade natural do ambiente não transformado e a variedade de plantas e arbustos, então sim, aqui há uma mistura de cheiros que nos confundem, é o do rosmaninho, do salpor, do S. João, das urzes, das giestas, dos fenos, dos sargaços, do próprio musgo dos rochedos, enfim, é um sem numero de cheiros a juntar ás maravilhosas paisagens e á calma que se sente nestes lugares, que as pessoas que frequentam só as praias, onde só cheira o mar, precisavam descobrir.
boa tarde. E verdade que quando se entrava nas vendas de antigamente havia um cheiro muito particular ,estava todo misturado assim vinha o cheiro dos cominhos , das tripas e muitas coisas .Agora tudo isso so na nossa memória .Ja foram ditos tantos cheirinhos que nao vale a pena repetir mas uns que gosto muito e dos cominhos da nassa terra ,porque os que compro aqui nem cheiro nem gosto tem como os nossos .
ResponderEliminarO cheiro a cominhos…traz-me sempre a lembrança da Venda da minha avó, da sopa da matação, da matação, em geral.
ResponderEliminarO cheiro do musgo, do pinheiro bravo e até da lenha da lareira com cheiro a resina, por exemplo, são cheiros que relembram o Presépio e o Cepo, o Natal na nossa aldeia.
Por se viver numa grande cidade é que melhor apreciamos, a meu ver, as riquezas que a aldeia contém e se sente o cheiro da natureza mais forte.
Apesar da poluição da cidade, há cheiros que provavelmente, a mim, me vão acompanhar durante toda a minha vida: o cheiro da castanha assada nas ruas. O cheiro do mar também é um cheiro inesquecivelmente bom.
É verdade...tambem me recordo de muitas coisas quando sinto alguns cheiros...o da palha de pinheiro crepitando no fogo do fogão à lenha, o cheirinho do franguinho sendo preparado na grande panela de ferro,pelas mãos calejadas de minha vozinha, e outros tantos...como nos fazem voltar ao passado, chego até a me emocionar.
ResponderEliminarbjs
Tina (MEU CANTINHO NA ROÇA)
Paula,
ResponderEliminarAcho interessante a forma que suas publicações me tocam e me fazem viajar nos meus pensamentos e lembranças.
Não conheço forninhos, e talvez nunca vai conhecer, mas vivo e aprendo cada dia mais sobre um linda aldeia muito distante.
Cheiro me trás muitas lembranças.
Eu fiz amizade com uma brasileira há pouco tempo, que me convidou pra ir na casa dela.
Ao entrar, senti o cheiro de casa brasileira, da limpeza, do cafézinho coado na hora. Sei lá, parecia o cheiro da infância.Rs
Obrigada pelo seu carinho de sempre. Se eu demorar a vir lhe visitar, não se preocupe, pois amigas como você, estão no meu coração.
Beijos