Seguidores

domingo, 26 de fevereiro de 2023

Rainha de Sabá

Camélias que "colhi" em Forninhos, de cameleiras com muitos anos, outras, plantadas em anos recentes. A Primavera anuncia-se e já há outras plantas floridas ou enfolhadas: trevo, alecrim, narcisos amarelos, lírios roxos, mas a camélia ainda é a rainha do mês de Fevereiro e oferece-nos, citando Aquilino, "as mais sedutoras iluminuras".








Dizia Aquilino, na sua Geografia Sentimental, 1951, que "elas realizam o milagre de tornar suportáveis e até amenos dias soturnos como os domingos a instilar ora chuva, ora sol, ora bruma, intencionalmente inglesados..."

Bom domingo

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Reminiscências

Imagina-te na tua terra e sobe em pensamento ao alto do Castelo, contemplando o espetáculo maravilhoso lá do alto:


Ver os Cubos e Cabrancinhos
A Mata e a Barroqueira
Onde os corvos fazem ninhos,
A selvagem Farrangeira
O Castelo dos Mouros,
Onde se escondem tesouros!

A Dubinha e o Castinçal,
Os Moncões e Chão-do-Vale,
A Ribeira e a Meada, 
Mais acima, dois galopes,
Ficam os Valagotes,
Onde Forninhos acaba!

Na Pardamaia as vinhas,
No Porto as oliveiras
Lembram-me as andorinhas,
Sempre alegres e fagueiras!

Ao longe, na imensidão
Oh tanta recordação
De um inesquecível verão:
É o nosso rio Dão!
Afoga nas tuas águas,
Ó rio, as minhas mágoas!

E ali tão perto
Rodeado de penedos
Um segredo!
Está São Pedro!

Venero nestas montanhas,
Duras, agrestes e sós,
Vidas pobres e estranhas,
A memória dos meus avós!

Lembro com carinho
Este meu berço: Forninhos!
Castelos de oiro em criança!
Os meus tempos de menino,
Em que toda a minha infância
Era sonhos e esperança!

À tardinha, ao sol pôr,
Volto com mais amor,
De novo à minha terra.
Pelo toque das Trindades,
É maior a saudade,
Desce a noite lá da Serra.

Ó feliz recordação,
Que o meu coração encerra!!!
Mas o que é afinal?
A saudade?
Sim, é verdade!
Mais: um amor sem igual
Por Forninhos, minha Terra!

Estás longe, estás perto?
Não interessa.
Há alegria ou festa?
Não importa.
Tua alma chora?
Talvez, como morta
Mas uma coisa é certa:
Vai em pensamento,
Por esses montes, vales fora,
Pergunta ao sol e ao vento,
SE HÁ LÁ TERRA COMO ESTA?!!?


Poema escrito por Ilídio Guerra Marques, em Julho de 1967, Forninhos.
A foto é de João Albuquerque, tirada no Castelo, no dia 11 de Setembro de 1961.
Bem-Hajam por mais esta partilha que nos restitui uma memória colectiva.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Festa e Convívio

Divulgamos hoje, quinta-feira das comadres, a 1.ª festa e convívio do ano 2023, que no passado acontecia no final da missa a favor do Santíssimo, no adro da Igreja. Caíram em desuso tais arrematações, mas dada a preocupação, sobretudo financeira, da Irmandade de Santa Marinha de Forninhos, foi reavivada a tradição no Carnaval de 2010 e todos os anos, por esta altura, as divulgamos como sinal de continuação...


Este ano não são só arrematações, há animação com concertinas e porque não reviver neste dia os casamentos noturnos do Entrudo, agora às claras no Largo da Lameira?
Dois "atores" masculinos podiam subir ao palco improvisado e com o funil ou com a ajuda técnica da ampliação sonora, estabeleciam entre si o discurso antigo:

- Ó camarada!
Responde o outro:
- Olá companheiro!
- Há aqui uma rapariga boa para se casar...
- Quem é ela?
- É fulana (menciona-se o nome)
- Quem é que lhe havemos de dar?
- Damos-lhe fulano (menciona-se o nome)
- E que prenda lhe havemos de dar?
- Damos-lhe uma chouriça...

Bom apetite e bom convívio...
Viva a Irmandade!!

sábado, 4 de fevereiro de 2023

Recordando o Pe. Horácio

"Naquele Entrudo, como era de lei, a rapaziada andou a casar as donzelas pelas portas das quintãs e dos serões e encruzilhadas das ruas"A descrição que Aquilino Ribeiro faz dos "casamentos" do Entrudo, também aconteciam em Forninhos. 
Já contei aqui uma história, passada nos anos 70, mas hoje recuo ao ano de 1941, por altura do "ciclone", 15 de Fevereiro, quando uma rapaziada atrevida, Luís Matela, Zé da Helena e o José dos Santos (pai da Sabina), na paródia foram para a porta da casa paroquial fazer o "casamento" das irmãs do Sr. Pe. Horácio que com ele viviam. Não aceitando a bem a graçola e de pistola em punho, aos tiros, foi até à Lameira à procura dos "salafrários". 
Tudo não passava de uma brincadeira, mas "amor com amor se paga" e a rapaziada não quis deixar passar o episódio em vão, assim, ainda nessa noite colocaram um rolo de pinheiro em frente à porta principal da residência esperando que, ao sair pela manhã, o Padre Horácio tropeçasse e caísse. 
Teve sorte porque uma das suas irmãs saiu pela porta da cozinha e viu o tronco encostado à porta.
Depois disso, o Padre Horácio Martins de Sousa foi paroquiar a freguesia da Matança e foi notícia que durante a noite vinha a pé até Forninhos para dormir com a Senhora Dona Olimpia. 
Da Matança foi para a freguesia de Midões "mas lá endireitaram-no!".

Pe. Horácio Martins de Sousa

Veio para Forninhos o seu irmão, o Senhor Padre Albano Martins de Sousa, que viveu à maneira e ao jeito de Jesus Cristo.
Diz o povo que era o oposto do irmão. O Padre Horácio era muito mau, o Padre Albano era um homem muito bom, um santo.

Fonte: Augusta Guerra.