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sábado, 27 de maio de 2017

O numeramento de 1527-32 e a origem de Forninhos

Na imagem, retirada das "Memórias Paroquiais" de 1758 Forninhos surge com a grafia que todos conhecemos, mas alguns séculos antes, designadamente no cadastro ou "numeramento" do Reino realizado entre 1527 e 1532, surge como "o lugar de fornos".



primeiro grande recenseamento da população portuguesa foi ordenada por D. João III (cognominado O Piedoso ou O Pio pela sua devoção religiosa) e teve início em 1527, sendo realizado sistematicamente comarca a comarca. Um escrivão percorria pessoalmente as cidades, vilas e concelhos e ouvia, sob juramento, dois homens-bons de cada lugar principal, que numeravam os chefes de família. Deveriam socorrer-se também dos livros das sisas e por fim lavravam um auto.
Este numeramento mostrou que existiam em Portugal 282.708 fogos, ou seja, uma população de pouco mais de um milhão de pessoas (1.120.000 almas). Para nós isto pouco significado tem. O que importa e do que temos certeza é que à data do numeramento, Forninhos era Fornos, encontrava-se incluída no concelho de Penaverde e tinha 22 famílias, o que equivale se calhar a cerca de 70 a 80 habitantes. Mas isto numa época em que as mudanças eram muito mais vagarosas do que hoje, significa que o lugar de fornos já existiria há bastante tempo e existia mesmo!
Lê-se também "Fornos" nas inquirições de 1258 "O concillium de Penaverde abrangia as aldeias de "Fornos et Dornelas er Casalia de Moreyra e Monasterium et Finis de Moreira et Queiriz que sunt aldeole de Penna-Verde" (Reinado de Afonso III de Portugal (1248-1279).
E vêm-lhe o nome por lá ter havido alguma "fábrica" onde se cozia cerâmica? 
Muito possivelmente.
Refere o Sr. Pe. Luís Lemos no seu Livro que foi encontrada uma protuberância rochosa no declive para as Dornas (quando o fogo de Agosto de 1995 pôs a descoberto muita coisa, mas que não eram penedos), mas grandes blocos informais de cerâmica que pela sua configuração seria ali a "fábrica". 
Ou, questionados onde moravam, as pessoas da "fábrica" responderam simplesmente "nos fornos" acabando por ser entendido como o nome do lugar?



O documento original encontra-se no Museu Britânico, pelo que transcrevemos de forma quase integral o numeramento do concelho de Penaverde transcrito e publicado pelo Pe. Luís Ferreira de Lemos (in Penaverde, sua Vila e Termo):

No comcelho de Pena Verde vivem 178 moradores, comarca de Pinhel, no qual há os lugares e moradores seguintes:
26 no lugar dos Casais que é cabeça do comcelho
26 no lugar de Moreira
30 no lugar de Queyrys
31 na quyntam dos pardieiros
1 na quyntam do vale de pero vaqueiro
3 na quyntam da topetya
2 na quyntam das aveleiras
2 na quyntam da fonte durgeyra
1 na quyntam dos feytais
22 no lugar de fornos
28 no lugar do mosteiro
35 no lugar de dornelos
que todos fazem a soma de 178.

O enumeramento visava também referenciar as delimitações territoriais de cada concelho e "Este  concelho tem de termo em comprimento duas legoas e em largura duas partes e comfromta com a vila de trancoso e com o concelho de carapito e com hos casaes do monte e com a villa daguiar e com o comcelho de gulfar e com o comcelho de penallva e com o comcelho de matança e com o comcelho dalgodres".

Notas minhas
No ano em que o concelho de Penaverde foi visitado pelo escrivão que recolhia dados para o numeramento, as quintas dos Valagotes e de Colherinhas ainda não eram povoadas, pelo menos não são referidas no dito numeramento.
Como e quando o nome original diminuiu para Forninhos?
O topónimo Forninhos só nos aparece escrito da forma actual nos primeiros registos de casamento. Avança a "monografia de Forninhos" os primeiros em 1626. Não estranho muito esta informação, pois no processo de inquisição do soldado Manuel Nunes, nascido em 1632, em Forninhos, é referido que os seus pais (Pedro Gonçalves e Maria Nunes) são naturais e moradores em Forninhos. Já o tínhamos referido aqui.
Mas...
Pelos Tribunais do Santo Ofício passou também um membro do Clero, um cura natural de Fornos de Algodres, mas morador em Santa Marinha de Forninhos, o qual foi acusado (concubinato) em 16 de Abril de 1617 e se livrou do castigo em Dezembro do mesmo ano (clique aqui para ver o documento do Arquivo Nacional da Torre do Tombo). Assim, a derivação Forninhos já surge em documento de 1617
A teoria é de que o diminuitivo surgiu para distinguir o lugar do de Fornos de Algodres, faz sentido. Mas no século XVII e não século XIX, quando por uns poucos meses a freguesia esteve incorporada no concelho D´Algodres.

sábado, 20 de maio de 2017

Lembrar as coisas boas

Um elemento importante na cultura dos povos é a música e as suas cantigas. Sem televisão que não havia, serviam de bálsamo aos corpos cansados de tanta labuta!
Nos ajuntamentos, cada um fala desse tempo e lembra as coisas boas de Forninhos. Do ponto de vista de uns eram as ceifas e malhas, para outros eram as concertinas, para outros ainda, eram os bailaricos ao som do realejo. Sendo assim, hoje recordo um grupo de música popular que nos anos 90 recordava e cantava as nossas cantigas, mas que rapidamente se extinguiu.


Ceifa do pão com os cânticos populares, genuínos da nossa gente...e da malha a mangual feita por grupos de homens muito bem sintonizados; as mulheres limitavam-se a juntar a palha que se afastava com as pancadas fortes dos manguais e juntar os grãos com uma vassoura rasteira, de giesta, é o que esta gente de Forninhos recorda ao recriar a ceifa e malha do pão, na 4.ª Feira Internacional da cidade da Guarda, 1990.


As conversas dos mais velhos ainda hoje giram à volta de histórias dessas épocas, de quando a rapaziada pegava no ti Carlos Melias com a sua concertina acompanhada de ferrinhos e davam a volta ao povo cantando modas que a concertina tocava. Depois vem a inevitável recordação dos sons dos foguetes a estalarem na passagem dos exames da 3.ª e 4.ª classes e também das contradanças e dos bailes no largo da Fonte da Lameira.
- Que tempos bonitos aqueles!
- Bons tempos, belas músicas de concertina, assim lembram com saudade. 
- Que saudades desses momentos de união!
- Hoje a dança é outra!
Comenta quem viveu num ambiente, sem artifícios...

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Festa do Divino Espírito Santo

É como imenso prazer e com a certeza de que vai ser uma linda festa que vos dou a conhecer o cartaz da Festa do Divino Espírito Santo:


Da Igreja Matriz rumo ao Santuário de Nossa Senhora dos Verdes:

10h15 - Saída da Procissão de Esmolfe e Sezures
10h30 - Saída da Procissão de Dornelas
10h45 - Saída da Procissão de Forninhos
11h45 - Chegada da Procissão de Penaverde.
12h00 -Missa Campal
13h30 - Almoço (piqueniques)
15h00 - Oração do Terço

Este lugar secular, continua ainda como que por milagre, a trazer as gentes dos povos vizinhos, mesmo em dia de trabalho, como os seus antepassados o faziam. Algo existe para esta devoção e os move...

A não perder a actuação do Grupo Musical "RHP" na noite de domingo, dia 4 de Junho e da "3.ª GERAÇÃO" na tarde de Segunda-Feira do Espírito Santo, dia 5 de Junho.

Que tudo corra a preceito e apareçam ... espero.

quarta-feira, 10 de maio de 2017

À SENHORA DE FÁTIMA

Quarenta anos atrás e desta forma singular e singela, Forninhos prestou a seu modo o tributo à Rainha de Portugal. Não através de Francisco, Lúcia e Jacinta, mas de Alzira, Quiel e Céu. 


Afinal estes meninos, como que transmitem a mesma paz e esperança que os videntes, num meio rural semelhante. Também eles sabiam o que era a pastorícia e o trabalho do campo, a lavoura.
A nossa pátria está engalanada, esperando sua Santidade num dos mais difíceis dias do mundo, mas de coração aberto o acolhe, tal como a Senhora no milagre do sol, abriu o coração em terras Lusitanas a mais de setenta mil almas, crentes e não crentes e os iluminou.
A nossa aldeia tem um culto muito grande a Nossa Senhora de Fátima e os seus registos são múltiplos, em azulejos, altares e outros memoriais, mas agora e sempre, o mês de Maio será sempre o de Maria, Regina!

quarta-feira, 3 de maio de 2017

E tudo o tempo levou...



Mais uma equipa do passado em pose clássica que prova que desde muito cedo realizavam encontros de futebol em localidades vizinhas. 
O equipamento era do "Os Belenenses", azul e branco com gola de atilhos; o emblema também era igual ao Clube de Belém. 
Curiosamente quando em 1983 é fundada a Associação Recreativa e Cultural de Forninhos como símbolo adoptam aquele emblema, constituído por um escudo branco, a Cruz de Cristo ao Centro e as iniciais (ARCF)  postas em preto nos quatro espaços brancos. 
Que pena hoje a Associação estar em estado de hibernação e não haver vontade para inverter a situação ou menos para os mais novos valorizarem o passado e porque é de pequenino...