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segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Caía neve, se Deus a dava

Só para lembrar como eram rigorosos os invernos no planalto beirão, cá está ela, a neve, mais uma vez.

Forninhos, Janeiro de 1971

"Caía neve, se Deus a dava, em rala, em grandes flocos, às mancheias, assim à tola, como grão lançado a um campo por semeador arrenegado ou pouco experiente de mão.
(...)
Não era desta neve que doba mansa do céu e parece, bailando, o esflorar das pereiras na Primavera; era a neve ladroa - como para aí lhe chamam - a neve das moscas brancas que voltejam, giram, rodopiam, vêm de trás, de diante, de baixo, dos lados, metem-se por todas as fisgas e grelhas à busca do coiro vivo em que ferrar.
Soprava-lhes o nordeste, o grande bufador, e era vê-las de asas ligeiras, enchendo o céu, a voar umas atrás das outras, ora muito juntas, ora desenrodilhadas, num vira sem fim."

Aquilino Ribeiro, O Malhadinhas, IX.

sábado, 7 de janeiro de 2023

Crisma

Passados que são os dias das chamadas Festas de Natal e Ano Novo, voltamos à actividade normal do BlogDosForninhenses, que é a de recordar, em textos ou em imagens, o passado, a História, estórias e memórias da nossa terra e das suas gentes.



A imagem acima mostra o ambiente da cerimónia religiosa do Crisma, que era um acontecimento de grande importância na pacatez social das nossas aldeias, ansiosamente aguardado pelos jovens adolescentes, carinhosamente preparado por párocos e catequistas, atentamente acompanhado pelos pais e pelos padrinhos. 
E lá estavam o Carlos Lopes e o tio Almeida ao lado dos seus afilhados, o Luís e o João, respectivamente, para estes receberem o Espírito Santo, através do Sacramento da Crisma ou da Confirmação.
Outras pessoas atrás também são fáceis de reconhecer.
Este dia de festa chegou à nossa aldeia passados 20 anos e nos preparativos para tão ansiada visita, ouvia-se "o Senhor Bispo já cá não vem há 20 anos" "Há muita gente por crismar"; fizeram um longo tapete de verdura na rua que dá acesso à Igreja Matriz, um arco enfeitado com folhagens e na parte superior inscrição a dar as boas vindas ao pastor diocesano Dom José Pedro da Silva, natural da Ilha de São Jorge, Açores e eleito bispo de Viseu desde 13 de Fevereiro de 1965 e até ser aceite a sua resignação, a 14 de Setembro de 1988, por ter ultrapassado os 70 anos de idade.
Tudo correu bem e eu fui crismada neste dia. Foi o padre Flor, Pároco de Forninhos que me preparou.
Bem-haja!