Já sabem que a freguesia é composta por duas povoações: Forninhos e Valagotes e que a povoação mais habitada da freguesia, que é Forninhos, divide-se em dois lugares: Lameira e Lugar. Já aqui abordámos esta matéria em textos anteriores, mas somos "obrigados" a voltar a ela, na sequência do artigo de João Nunes no n.º 18 da Revista de História da Sociedade e da Cultura, em que "é possível entrever uma realidade que tem sido pouco estudada e por isso, ou talvez por isso, objecto de generalizações e simplificações que acabam por ser redutoras da realidade".
É sobre os espaços populacionais em meados do século XIX que falaremos hoje, "sendo o Lugar e a Lameira os mais densamente habitados...Lages e Outeiro eram igualmente espaços habitacionais, a despeito de serem habitados por um número inferior de habitantes quando comparados com os restantes".
É sobre os espaços populacionais em meados do século XIX que falaremos hoje, "sendo o Lugar e a Lameira os mais densamente habitados...Lages e Outeiro eram igualmente espaços habitacionais, a despeito de serem habitados por um número inferior de habitantes quando comparados com os restantes".
"Entre 1675 e 1864 a população duplicou (à entrada do último quartel do século XVII, contavam-se apenas 215 pessoas, sendo que em 1864 já eram 451 habitantes).
Em inícios da década de 1860, o grosso da população ativa de Forninhos, vivia da prática agrícola: 70% dos individuos eram jornaleiros, lavradores, seareiros ou proprietários. Os restantes, cerca de 1/3 dedicavam-se a diversos ofícios profissões.
Os lavradores eram, maioritariamente, do género masculino e oriundos de famílias de lavradores.
O trabalho à jorna era exercitado, quer por homens, quer por mulheres. Também a categoria proprietários acabava por ser indistinta no que se refere ao género. José Fernandes de Figueiredo e Escolástica Moreira, que habitavam na Lameira, eram considerados proprietários.
Quanto aos ofícios alguns eram desempenhados por homens, caso dos carpinteiros, ferreiros, sapateiros ou alfaiates, sendo os ofícios ligados à fiação (fiadeiras e tecedeiras) ou à costura desempenhados exclusivamente por mulheres.
Algumas actividades eram desempenhadas indistintivamente por homens e mulheres, caso dos seareiros, moleiros e taberneiros. Por exemplo, num registo de batismo de 1862 refere-se que a Madrinha era Maria de Albuquerque, taberneira.
→ Refira-se que as tabernas da localidade eram locais sombrios e pouco higiénicos.
O maior etnógrafo e antropólogo português, Leite de Vasconcelos, que percorreu o país de uma ponta à outra, em 1896, descreve a "casa da venda" de Forninhos, como uma "escura espelunca onde ninguém veria nada". Era constituída pela venda e por uma "quintã pegada à casa, recinto descoberto correspondente exactamente aos páteos ou pátios da Extremadura" (Vasconcelos 1927: 132).
Os grupos sociais
→ Refira-se que as tabernas da localidade eram locais sombrios e pouco higiénicos.
O maior etnógrafo e antropólogo português, Leite de Vasconcelos, que percorreu o país de uma ponta à outra, em 1896, descreve a "casa da venda" de Forninhos, como uma "escura espelunca onde ninguém veria nada". Era constituída pela venda e por uma "quintã pegada à casa, recinto descoberto correspondente exactamente aos páteos ou pátios da Extremadura" (Vasconcelos 1927: 132).
Os grupos sociais
Os grupos sociais estavam distribuídos pelos espaços habitacionais de forma particular.
No Lugar: vivia um número considerável de jornaleiros (em treze indivíduos que habitavam este núcleo populacional, nove eram jornaleiros).
Na Lameira: estavam sediados, regra geral, as famílias de proprietários e lavradores (num grupo constituídos por seis pessoas que viviam no local, quatro pertenciam a estas categorias).
→ Curiosamente ainda hoje é possível entrever a distribuição dos grupos sociais pela dimensão das casas tradicionais na localidade. As de maior dimensão estão sobretudo concentradas na Lameira, sendo as habitações do Lugar mais pobres.
Os proprietários estavam na cúspide da hierarquia. A forma como eram tratados, com particular deferência, espelha a importância que detinham no seio da comunidade. A utilização do epíteto "dona" estava reservada ao género feminimo desta categoria. Em inícios da década de 1860, a proprieária Escolástica Moreira era tratada desta forma (ADG, Paróquia de Forninhos, Baptismos, II-A-1.2 Cx 8, fl. 33v-34).
No Lugar: vivia um número considerável de jornaleiros (em treze indivíduos que habitavam este núcleo populacional, nove eram jornaleiros).
Na Lameira: estavam sediados, regra geral, as famílias de proprietários e lavradores (num grupo constituídos por seis pessoas que viviam no local, quatro pertenciam a estas categorias).
→ Curiosamente ainda hoje é possível entrever a distribuição dos grupos sociais pela dimensão das casas tradicionais na localidade. As de maior dimensão estão sobretudo concentradas na Lameira, sendo as habitações do Lugar mais pobres.
Os proprietários estavam na cúspide da hierarquia. A forma como eram tratados, com particular deferência, espelha a importância que detinham no seio da comunidade. A utilização do epíteto "dona" estava reservada ao género feminimo desta categoria. Em inícios da década de 1860, a proprieária Escolástica Moreira era tratada desta forma (ADG, Paróquia de Forninhos, Baptismos, II-A-1.2 Cx 8, fl. 33v-34).
Os lavradores e os seareiros ocupavam os lugares intermédios da sociedade local. Pertenciam a diversas famílias, por exemplo, Marques, Almeida, Cardoso. O património que detinham era constituído por imóveis e propriedades fundiárias.
Os jornaleiros ocupavam os patamares inferiores da sociedade. Tratava-se de gente muito pobre. Sinal revelador de pobreza e marginalização social era o facto de as mães solteiras serem, por norma, jornaleiras. Dos cinco casos que foi possivel contabilizar, entre 1860 e 1862, quatro eram jornaleiras, sendo uma tecedeira.
Uma nota muito pessoal
Aqui ficam os nossos parabéns por este maravilhoso artigo. A Publicação assume uma abordagem distinta relativamente às monografias locais, pois explana com profundidade as diferentes dimensões que marcaram a vida da freguesia: social, religiosa, cultural e etnográfica. É muito bom ler nomes de lugares, de pessoas e famílias que contribuiram decisivamente para a história de Forninhos.
Aqui ficam os nossos parabéns por este maravilhoso artigo. A Publicação assume uma abordagem distinta relativamente às monografias locais, pois explana com profundidade as diferentes dimensões que marcaram a vida da freguesia: social, religiosa, cultural e etnográfica. É muito bom ler nomes de lugares, de pessoas e famílias que contribuiram decisivamente para a história de Forninhos.