Seguidores

sábado, 20 de janeiro de 2018

Dia do "mártele" (mártir) S. Sebastião

Hoje é dia 20 de Janeiro, dia dum santo muito venerado por toda a região das Beiras: São Sebastião, o "mártele" como outrora se dizia. 
Nas povoações da "Terra de Penaverde" que hoje pertencem ao concelho de Aguiar da Beira, aparece como patrono da Igreja e orago da povoação de Dornelas; em Penaverde, lugar do Mosteiro, mais propriamente na Feira, existe uma pequena capela em que este santo se venera; também na Igreja de Forninhos se encontra num altar uma pequena imagem deste santo cravado de flechas, que é costume ir na procissão em honra de Nossa Senhora dos Verdes, no dia 15 de Agosto.

Mártir S. Sebastião - 15/Ago/2017

São Sebastião foi um soldado romano, dos primeiros tempos do cristianismo. Devido a ter assumido a fé de Cristo, foi martirizado cravado, de flechas. Apesar de representado assim, ele não morreu naquela altura, pois dado como morto foi atirado ao rio, sendo daí retirado por Santa Irene. Ao fim de restabelecido (curado) apresentou-se ao Imperador dizendo-lhe que estava vivo e este mandou-o espancar até à morte.
É considerado em muitos sítios por patrono dos soldados e em muitas festividades em sua honra é usual o seu andor ser levado pelos soldados naturais da localidade festiva. Até em muitos lugares as festas em sua honra eram organizadas pelos mancebos, ou seja, pelos jovens com idade de irem à inspecção para o serviço militar.
Na "Terra de Penaverde" creio que a festa tem um significado diferente, pois São Sebastião é também conhecido por intervir favoravelmente na presença de pestes e epidemias e numa população rural onde o porco era fundamental para a alimentação das famílias, antes que surgisse alguma doença que levasse à morte do bacorito as pessoas prometiam ao santo que lhe ofereciam uma chouriça ou uma peça do porco (cabeça,chispes, etc.) se ele não adoecesse, que eram leiloados no adro da igreja.
Nesta quadra dedicada a S. Sebastião ainda se realizam pelas nossas terras leilões dos produtos oferecidos.
Era, e creio que ainda é isso que acontece na aldeia de Dornelas,vizinha de Forninhos.
Em Penaverde o Santo Mártir apenas no dia 20 de Janeiro tinha missa de festa em sua honra. Outrora também uma procissão de ladainhas, conforme diz o Pe. Luís Lemos in Penaverde, Sua Vila e Termo, pág. 175.
Mas acho que Sr. Pe. Lemos esqueceu-se de dizer que desde o Séc. XIX também se celebra dignamente com uma feira muito famosa, a Feira dos Vinte e de todo o lado o pessoal vinha a pé para um grande dia de festa.
Eu sempre ouvi falar da Feira dos Vinte, a minha família paterna e materna sempre se  lhe referiu como um dos grandes momentos do ano e onde quase todos os forninhenses acorriam. Iam a pé, pelo caminho de São Pedro.
São coisas que não se esquecem e fazem com que sempre me lembre da Feira dos Vinte, a 20 de Janeiro!
Boa Feira/Festa!

15 comentários:

  1. Em Miranda do Corvo ... meu concelho também se comemora!bj

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Acho que que um pouco por toda a província das Beiras se celebra com várias iniciativas profanas ou religiosas o dia de S. Sebastitão. bj,bom domingo!

      Eliminar
  2. Desconhecia por completo. Apesar de ter estado na missa ontem, o padre não referiu S. Sebastião e é santo que não é visto nos altares da minha zona.
    Abraço e bom domingo

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Além de São Sebastião, no dia 20 de Janeiro a igreja católica celebra também o dia de São Fabião, um santo papa da igreja católica, talvez o tenha referido...?
      Em Forninhos é possível vê-lo no altar-mor e todos anos sai na procissão em honra de N. Senhora dos Verdes, dia 15 de Agosto. Nos anos 80 era dos andores mais bem conseguidos (para mim).
      Hoje, à distância, percebo a admiração dos nossos antepassados por este santo mártir patrono das pestes da fome e da guerra.
      Abr./bom domingo tb.

      Eliminar
  3. Bom domingo, Paula.
    Gostei de saber do mártir S. Sebastião e da Feira dos Vinte. Lembranças bonitas.
    Um gostoso abraço...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Mesmo a construção da Capela de São Sebastião tem uma interessante história, mas é história de Penaverde que o Sr. Pe. natural dessa terra muito bem divulgou.
      Um abraço, bom domingo.

      Eliminar
  4. Não sabia que era dia de São Sebastião um santo que me impressionava bastante quando era miúdo por estar cravejado de setas.
    Um abraço e bom Domingo.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    Livros-Autografados

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O ícone é singular.
      Na nossa procissão do 15 de Agosto, o andor era muito bem conseguido, um jovem cravado de setas representava este santo mártir e a caracterização fica mesmo muito boa!
      Hoje é o que se vê...
      Bom domingo, abraço.

      Eliminar
  5. Mais um bom momento de divulgação e Cultura ..
    Abr
    MG

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Acho, sem falsas modéstias, o mesmo. Cumprimos (todos os que aqui escrevem, informam e cedem fotos e documentos) os objectivos traçados.
      Abr/cont.boa semana.

      Eliminar
  6. Mesmo que os séculos se apaguem, jamais iremos ter o discernimento entre o que é religioso e o pagão.
    Afinal este santo, foi dentro do descrito no texto e por tais motivos públicos, elevado aos altares.
    Desde miúdo, até hoje e aquando vou à missa na minha terra, a figura que mais me prende a atenção nos altares, é esta figura singular trespassada por setas, mas ainda nas minhas pesquisas vi ou li, que poderiam ser o testemunho de Jesus, trespassado pelas lanças dos seus esbirros.
    A gente agarra-se aos ditos seculares, ladainhas sem conta pois tantos são os santos, sendo este um de esperança pelas virtudes de salvar e proteger os animais.
    Respeito a devoção que por tal nutrem as pessoas do Mosteiro na sua bela capela, tal como as gentes de Dornelas que o celebram em festividade e alegria, enfim, "Ele" calha bem a ambas as localidades e seus propósitos.
    De Forninhos e não sabendo bem os seus propósitos, Ele é figura presente nas procissões e sempre bem enfeitado.
    Seja por ser levado por militares em homenagem ao seu passado guerreiro, por milagres com o "vivo" que deram mote a arrematações, nem sei bem, mas certo é que comemorado!
    (Mas e para mim, a Nossa Senhora dos Verdes).
    Adorei o post, Paula.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Xico, o sagrado e o profano sempre conviveram lado a lado, sem atropelos. Já na antiga Roma a procissão começava no capitólio, atravessava o fórum e terminava no circo, onde tinham lugar os jogos, uma arena de entretenimento.
      Hoje o percurso da procissão é escolhido pelo povo e remonta à tradição e à memória. E é esse povo que "transporta" os santos que entende, numa manifestação de fé.
      Se calhar S. Sebastião acompanha Nossa Senhora dos Verdes durante a procissão no seu dia de festa, sinal de reconhecimento pelo bom ano agrícola ou pela proteção dos animais.
      Mas tanto quanto sei, em Forninhos, as “arrematação de ofertas” eram a favor do Santíssimo ou da Senhora dos Verdes e não do "mártele".
      Eu pelo menos tento encontrar uma justificação para todos esses santos que acompanham a Nossa Senhora dos Verdes e eu que já fui contra, hoje tenho pena que o Santo Antonio e S. José não vão à festa, porque se é dia festa, então é para todos!
      Não estou a ser sarcástica. A sério, reconheço agora que a procissão só com um andor ficava probrezinha.
      Só o homem tem a capacidade de fazer, errar, reflectir e melhorar!
      Reconhecer o erro é uma virtude; é um ato de sensatez(acho eu).

      Eliminar
  7. Boa noite Paula,
    Cada terra tinha o seu santo padroeiro ou que mais venerava. Na minha aldeia é a Nossa Senhora das Dores que também se festeja a quinze de Agosto.
    Na Beiras interior e Alta essas festividades eram tomadas mais a sério! Basta que na minha terra existe também uma igreja protestante construída no inicio da década de sessenta do século passado
    Mas há que manter bem viva a lembrança dessas factos para memória futura.
    Beijinhos e boa semana.
    Ailime

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Na minha terra nem sei, se no passado longínquo houve outra religião que não a católica, mas uma coisa eu sei sempre fomos um povo de ir à Igreja, nem todas as pessoas iam à missa, sempre havia alguns (homens, principalmente) que não iam, mas a maioria religiosamente ia. Hoje vão menos, mas também pudera, cada vez há menos pessoas nas nossas aldeias, como é que hão-de encher-se as igrejas?
      Essa é que é a maior tristeza Ailime, ver as nossas aldeias lindas, mas sem quase ninguém!
      Beijinhos, boa semana tb.

      Eliminar
  8. Oi querida, participei de festividade de São Sebastião onde a representação pagã com o símbolo fálico, achou guarida no tronco onde o soldado romano foi amarrado e flechado. Assim o mastro de São Sebastião é enfeitado de flores, adorado e acariciado pelas mulheres, pedindo fertilidade para ser em seguida erguido e cravado na terra e afixado, içam a bandeira do Santo. Linda tradição em Praia de Armação, Penha, SC. Grande abraço. Laerte.

    ResponderEliminar

Não guardes só para ti a tua opinião. Partilha-a com todos.