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sábado, 25 de março de 2023

Ditados da Páscoa

É diversificado o adagiário português onde é utilizada a palavra "Páscoa", mas somente os usados na nossa terra, pela boca de quem ainda se vai lembrando:



-  Entrudo borralhudo, Páscoa na praça.

-  Do Carnaval à Páscoa sete semanas são.

-  Da Páscoa à Ascenção, quarenta dias vão.

-  Lázaro, Ramos e na Páscoa estamos.

-  Páscoa em Março, muita fome ou grande mortaço.

 Ainda bem que este ano é em Abril e se foge a estes pronúncios calamitosos.

domingo, 12 de março de 2023

Malhas que o Império tece

Os soldados forninhenses estiveram presentes na História de Portugal desde os seus primórdios: nas Guerras Luso-Holandesas que se seguiram à Restauração da Nossa Nação em 1640, temos um caso invulgar e rico, de um soldado forninhense, Manuel Nunes, que teria ido naquele tempo combater para o Império; nos Livros Mestres ou de Matrícula que foram criados em 1763 e vigoraram até 1908 temos o registo de bastantes militares de Forninhos que possivelmente ainda lutaram contra os invasores franceses. Só para exemplificar: 
No Livro n.º 8 do Regimento de Infantaria 23 (Almeida), de 1808, existe o registo dos soldados Manuel Fernandes (d.n. 1787), filho de Rosa Fernandes, e José Cateano (d.n. 1790), filho de Ana (Manhada); Luís Esteves (d.n. 1786), filho de João Esteves também consta daquele Livro.

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Em França e em África 8 ou 9 homens forninhenses, participaram na primeira Guerra Mundial. O soldado servente n.º 360, Floriano Cardoso, filho de Agostinho Cardoso e de Maria Amália foi mobilizado para França e o António Marques, filho de António da Fonseca Marques e de Maria da Fonseca, soldado do Regimento de Cavalaria em Viseu, também foi um dos combatentes da I Guerra.
Tivemos ainda 4 soldados de Forninhos na Índia Portuguesa: o  Zé Maria "Índio", o  Cabral, o Júlio "Grilo" e outro ainda dos Valagotes, da família Dias.
A tropa, não obstante ser uma obrigação, permitia uma oportunidade de aculturação e de contato com as realidades mais evoluídas da sociedade, a ponto de, para a maior parte dos jovens, ser relevante e muito nítida a diferença, para melhor, entre o "antes" e o "depois" do serviço militar. Lembro aqui o meu tio, António "Carau" (António dos Santos Andrade), soldado N.º 83, do 3.º Esquadrão do Regimento de Cavalaria N.º 7, tinha 21 anos quando esta foto foi tirada em Lisboa, Belém, no dia 5 de Abril de 1948.

António Andrade (meu tio)

Depois veio a Guerra do Ultramar, que  fez da geração do meu pai, que esteve lá quase 26 meses, na zona da Guiné, uma geração de ex-combatentes.
Em várias frentes, participaram muitos rapazes da nossa terra, nos anos mais doces e pujantes das suas vidas, sendo que quatro tombaram em combate:
Carlos Vaz de Matos, soldado pára-quedista, mobilizado pelo Regimento de Caçadores Pára-Quedistas para servir a Zona de Cabo Verde e Guiné, tombou em combate em 13 de Julho de 1970, ao serviço de Portugal; tinha 22 anos de idade e está sepultado no cemitério da Freguesia de Forninhos.
Daniel de Almeida Esteves, Soldado Atirador, mobilizado pelo Regimento de Infantaria 1, para servir a região militar de Angola, tombou em combate no dia 22 de Agosto de 1961, ao serviço de Portugal; tinha 22 anos de idade e está sepultado no cemitério da Freguesia de Forninhos.
Ilídio Castanheira Coelho, Soldado de Cavalaria, mobilizado pelo Regimento de Cavalaria 4, para servir a região militar de Moçambique, tombou em combate no dia 26 de Maio de 1974, ao serviço de Portugal; tinha 21 anos de idade e está sepultado no cemitério da Freguesia de Forninhos.
Viriato Baptista, Alferes Miliciano de Infantaria, mobilizado pelo Regimento de  Infantaria 5, para servir a região militar de Moçambique, tombou em combate em 18 de Setembro de 1972, ao serviço de Portugal e está sepultado no cemitério da Freguesia de Forninhos.
"Malhas que o império tece", como disse Fernando Pessoa.

Viriato Baptista

Entretanto, o serviço militar obrigatório foi abolido em Portugal em 2004 e os forninhenses mais novos dificilmente saberão como ele foi importante para as gerações passadas, pois a inspeção fazia parte das poucas ocasiões de farra na vida dos nossos patrícios em tempos passados, que ali tinham a praticamente única forma de libertação. Quem nunca ouviu contar histórias de noites de boémia, onde não havia limites? 

domingo, 5 de março de 2023

Momento Infantil

Depois do sucesso dos telegramas postais ilustrados dos CTT no Natal (BF), em 1936 inventaram-se o envio de impressos similares pela Páscoa (PAX). Circularam até 1972, com frases pré-definidas ou de texto livre e modos de envio, a partir dos postos dos Correios ou diretos do remetente ao destinatário (diretos e autógrafos).
Aqui fica um Telegrama-Autógrafo-PAX (de 1940), pintado com guache, que representa um momento infantil onde, do lado esquerdo, junto de uma árvore quatro crianças brincam.


Mais ao centro estão representadas duas crianças de costas e uma delas está com uma flor na mão esquerda. No lado direito da figura, em segundo plano é visível uma igreja. 
Devagar, a Natureza mostra-nos que a Primavera e a Páscoa estão a chegar...
Caros e raros, os telegramas podem ser encontrados em feiras de colecionismo especializado. Este encontrei-o no Arquivo da Fundação Portuguesa das Comunicações e é da artista Laura Costa.