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segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Todos somos primos

Cá na terra, é costume dizer que somos todos primos e quando alguém o diz, nem nos passa pela cabeça pôr isso em causa, daí esta minha contribuição para provar que assim é. Recuei até ao meus trisavós paternos, Maria Antónia (Florência), e António Almeida, que pelo número de descendentes até à minha geração, é fácil concluir que estaremos quase todos unidos por laços familiares mais ou menos próximos.

Casamento Mª Antonia e Antonio Almeida

A minha trisavó Maria Antónia era filha de Manuel Fernandes Coelho (filho de Luís Coelho e Antónia da Fonseca, de Forninhos) e de Florência de Andrade  (filha de João Lopes, da Moradia e de Micaela de Andrade, de Forninhos); casou no dia 05-10-1862 com António de Almeida natural da Matança, mas baptizado em Queiriz (era filho de João de Almeida, da Matança e de Maria José, do Casal do Monte, Queiriz) e ficou conhecido por António ferreiro "velho"  pois a sua profissão era ferreiro. Eram primeiros primos e tiveram nove filhos:

1-  José Augusto de Almeida, o filho mais velho, nasceu a 16-09-1863, casou no dia 29-01-1894 com Rosa Fernandes (eram quartos primos) e tiveram 8 filhos (?):

-António, emigrou para a América, nasceu a 24-09-1893, mas o registo de baptismo indica que Rosa Fernandes era solteira e não faz referência ao pai (talvez porque nasceu fora do casamento):




-Maria dos Santos, nascida a 02-11-1894, emigrou para o Brasil
-Adelina, nascida a 05-12-1897, emigrou para a América ou Inglaterra (??)
-Etelvina, nasceu a 05-12-1897, faleceu a 17-11-1901
-Alfredo, nascido a 19-05-1900 emigrou para a América
-Palmira, nasceu a 26-07-1902, emigrou para o Brasil
-Olímpia, emigrou para o Brasil
- Etelvina, nascida a 07-07-1904, faleceu em 1957.
-Beatriz, emigrou para o Brasil

(deste ramo descenderão os filhos e netos do António, Maria dos Santos, Adelina, Alfredo, Palmira, Olímpia, Etelvina e Beatriz).

Maria,filha do Augusto ferreiro
Beatriz e Olímpia, filhas do Augusto
registo casamento da Adelina, filha do Augusto

José Augusto de Almeida enviuvou em 1918 e casou novamente com Apolónia Fernandes. Faleceu no dia 06 de Outubro de 1934.



2 - Teresa de Jesus (minha bisavó), nasceu a 15-06-1866 e casou com Eduardo Albuquerque, no dia 26-11-1899: 

Casamento de Teresa e Eduardo

Casaram tarde, ele com 37 anos e ela com 33, mas ainda tiveram 6 filhos:

- Maria dos Prazeres, nasceu a 10-11-1900 e faleceu em 03-08-1964
- António Albuquerque, nasceu a 26-04-1902 (emigrou para o Brasil)
- Rita Albuquerque, nasceu a 30-12-1904 (faleceu em 13-08-1960)
- José dos Santos Albuquerque (meu avô Cavaca), nasceu a 19-04-1906, faleceu 20-11-1973
- Ilídio Albuquerque, nasceu a 28-06-1910 e emigrou para o Brasil
- Clementina Albuquerque

(deste ramo descenderão os filhos e netos da Maria dos Prazeres, do António, Rita, Zé Cavaca, Ilidio e Clementina)

Maria dos Prazeres,filha da Teresa


Zé Cavaca e mulher + filhos: Júlia, Margarida, António, Samuel e Natália


3 - Ana de Almeida, casou com Casemiro Lopes, viúvo de Olinda de Andrade, natural da Moradia, Antas, no dia 07-01-1908 e tiveram 3 flhos:

- Augusta "brasileira, nascida a 21-01-1910, não casou nem teve filhos
- António "brasileiro", não casou nem teve filhos
- Clementina "brasileira"

(deste ramo descenderão os três filhos e netos da tia Clementina: Ana, Nazaré e António Joaquim)

Ana Almeida faleceu no Brasil.

4- Maria dos Prazeres Almeida, no dia 27-10-1907 casou com António de Figueiredo Pacheco, natural das Antas, viúvo de Maria Joaquina Travassos, e tiveram uma filha única, chamada Júlia, era a madrinha do meu avô Zé Cavaca e do Daniel "novo" e viviam na Matança.

5- António ferreiro "novo" casou com Mariana Esteves, filha de Ana Esteves e pai incógnito, no dia 14-01-1897 e tiveram 6 (?) filhos:

- Maria, nascida a 25-04-1897 e baptizada no dia 25-05-1897 em perigo de vida (faleceu?)
- Maria (dos Prazeres), nascida a 10-03-1898 e baptizada no dia 17-04-1898
- Ana, nasceu a 25-12-1898 e foi baptizada no dia 18-01-1899
-António ferreiro, nascido a 01-09-1900, baptizado a 08-09-1900
- José Augusto (Zé ferreiro), nascido a 12-11-1903 e baptizado a 17-12-1903
- Adelino ferreiro, nascido a 23-10-1907 e baptizado a 25-12-1907

(deste ramo descenderão os filhos e netos dos cinco?).


Zé Cavaca e Zé ferreiro - primos direitos,
filhos da Teresa e do António ferreiro "novo"

6- Daniel de Almeida, conhecido por "Daniel velho" casou com  com Nazaré  Esteves (ela era tecedeira e também filha de Ana Esteves e pai incógnito) no dia 11-01-1897 e tiveram uns 8 filhos:

- Maria, faleceu com 11 meses a 20-03-1899
- António, nascido a 10-10-1900 (baptizado a 20-10-1900)
-Daniel "novo" nascido a 23-04-1902 (baptizado a 19-05-1902)
- Francisco, nasceu a 14-02-1904 (baptizado a 13-03-1904) e casou no Posto Civil de Forninhos com Alice Marques dos Santos no dia 23-06-1928
- Tibério, nascido a 02-11-1906 (baptizado a 09-12-1906
- Maria Augusta, que ficou conhecida como tia Augusta "velha", nasceu a 31-07-1909, foi baptizada a 29-08-1909, não casou nem teve filhos

(deste ramo descenderão os filhos e netos)

7 - Rosa de Almeida, nasceu a 23-10-1878, casou com Casemiro Diogo no dia 05-03-1905 teve 2 ou 3 filhos (?)

- António, nascido a 14-05-1905
- Diamantino, nascido a 31-01-1907
- Maria dos Prazeres, nascida a 18-08-1910.

(deste ramo descenderão os filhos e netos do António, Diamentino e Maria dos Prazeres)

8 - Clementina de Almeida, nasceu a 04-05-1881 e casou com Joaquim Rodrigues (Joaquim Moca), de 25 anos, natural de Forninhos, filho de Luís Rodrigues e de Emília de Jesus no dia 23 ou 28-09-1911. Este faleceu em 31-10-1966?. Ela faleceu em 10-04-1965. 
Tiveram 2 filhos que emigraram para o Brasil:

- Abílio Moca
- Rosa Moca

(deste ramo descenderão os filhos e netos)

9 - Francisco de Almeida nasceu a 17-03-1883 e viria a ser o avô do XicoAlmeida. Conhecido também por Chico ferreiro, casou com Ana dos Santos Saraiva no dia 23 de Fevereiro de 1911:

Casamento de Franscisco/Ana


Nota: Foi o único casamento registado em 1911, depois o Estado recolheu os livros paroquiais, em Forninhos foi a 01 de Abril de 1911.

Fruto deste casamentos nasceram 5 filhos:

- Augusta Saraiva, não casou nem teve filhos
- José de Almeida
- António de Almeida
- Alfredo Saraiva
- Teresa Saraiva
Francisco ferreiro, esposa e filha Augusta

(deste ramo descenderão os filhos e netos do Zé, Alfredo e da Teresa)

Franscisco Almeida faleceu no dia 05 de Março de 1969.

Nota1: Esta pesquisa está em aberto, aguardando a contribuição de quem possa ajudar a corrigir alguma informação que não esteja correcta ou a acrescentar dados e documentos que a complementem.

Nota 2: 24-10-2021, alterada a postagem após pesquisas minhas nos livros dos registos paroquiais da freguesia de Forninhos.
-/-
Agradeço o contributo de: Aurélio Fernandes Pereira, um bisneto do Augusto ferreiro; Margarida Cavaca, uma neta da Teresa de Jesus, Augusta Guerra, nora do Francisco ferreiro e Ana dos Anjos, uma neta da Ana de Almeida.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

AMAR UMA VIDA INTEIRA

Comecei a namorar, tinha catorze anos...


Assim começa o relato desta minha amiga, que casou  neste dia do ido ano de 1961.
Por detrás ficam quase dois anos de luta, para ela, Joana e o Alfredo.
Andava na altura a aprender a costurar com a Bragança, filha do tio Carlos e mais conhecida por professora Mariana, mas as bocas do povo, tal como ainda hoje que continuam sem telhas de vidro (casa honrada tinha pelo menos uma...), teve que partir, neste caso para Lisboa.
Ficou em casada da tia Rosária juntamente com o seu irmao João e cujo tio tinha uma boa colocação.
"Aguentei cerca de mês e meio no ir aprendendo costura, mas voltei, tinha de voltar; estava farta de escrever todos os dia uma carta, tal como ele, não fazia sentido e fosse o que Deus quisesse."
As cartas na terra, não tinham selo, eram levadas pelo Júlio Grilo a cada um de nós e as minhas escondia por detrás de um quadro dependurado na sala, até que mais de um ano depois a minha mãe descobriu e ordenou: "Vão casar!"
E graças a Deus, casamos numa quinta-feira, coisa incomum neste dia de semana, mas a razão tinha a ver com a ida do irmão do noivo, o Adriano de partir no outro dia para a tropa.
Houve boda, sim senhor e como mandavam as regras, vinho a cântaros, ovelhas, arroz doce e pão-leve, fora os galos e galinhas...pela noite adentro.
E mais, perguntei, a lua de mel?
Madrugadora, às seis da matina o meu pai grita: "Vamos, temos os chícharros do tio Luís Rebelo para apanhar!
Mas, sabem, somos um casal e uma família feliz!!!
Eu sei que sim Joana e ficamos extremamente gratos por nos honrrares aqui com o teu testemunho.
Um beijo!

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Escanar o milho

Era um rancho de gentes, num céu aberto por aí fora... 


Setembro o milho amadurece, primeiro o temporão das terras secas, o branco, nas terras de centeeiro, que alternava ano a ano com o semear do centeio para quem tal queria ou não tivesse outro remédio.
Para lá das misturas de farinha do pão, tinha por si só o milagre das papas do ralão e as papas doces de leite e açúcar.
Chegando meados de Setembro, era o forte da colheita do milho de regadio, forte e majestoso com várias espigas, como que dizendo que crutas cortadas para o gado e junto à última espiga, os haviam tornado mais valentes.
Na véspera e entre amigos, o dono combinava com eles irem cortar o seu milho na Ribeira e claro ao amanhecer, sem cerimónias, afinal eram os mais chegados e por tal no desdejum, uns figos secos e aguardente, o resto ficaria para a piqueta lá por volta das dez da matina.
No caso do meu pai, o tio Armando Coelho, Carlos Bragança e tio Zé Cavaca. Gentes chegadas...
Outros houveram, mas eram pagos ao dia, bebidos e não comidos...
Chiava o carro das vacas, carregadinho até ao Carvalho da Cruz, depois seria a direito, mas havia volta não volta que encostar nas sombras para o descanso e beber.
Enfim chegados, na outrora lage agora coberta de alcatrão (bem haja a ignorância), era descarregada a carga e outras que viriam a seguir pelo mesmo caminho.
Ao anoitecer ja se adivinhava a azáfama como sendo dia festivo, desciam a ladeira em direção ao ribeiro dos moncões, com acomódos pelos ombros que a noite prometia alguma frescura, coisa natural.
A promessa não seria vã. Quem vinha para trabalhar, ansiava pelas brincadeiras que depois viriam, os caretos com mantas pela cabeça, cobiçavam as raparigas, a coberto daquela capuchinha e por vezes, muitas, o toque do realejo e mais forte o da concertina. No fim uma pequena arrelia, a maçaroca de milho preto, foi uma aldrabice, foi roubada tal como ele vencedor queria um beijo.
Mas as escanadas não ficavam por aqui, iam pelos campos abaixo para quem não tinha eiras.
Pela Gândara e Romeiros e eram feitas nos campos à luz de candeeiros a petróleo cantando pela noite dentro, cantando de todo o lado.
Uma paródia!  

Foto de Maria Fernanda Sousa.

sábado, 1 de setembro de 2018

Pátios

Hoje dedico estas poucas linhas aos pátios, uma zona descoberta situada no exterior das  casas de habitação.
Porquê e para quê os pátios nas nossas casas?
Coloco assim a questão porque os pátios são muito diferentes de terra para terra. 
Os pátios da minha terra são extensões das casas, por norma murados e pertencentes a uma só casa, às vezes a duas, não são pátios de rua como são os da toponímia de Lisboa; os pátios lisboetas são "um conjunto de habitações modestas dispostas à volta de um recinto descoberto comum". 




A casa do lavrador era norma ter defronte um logradouro, que em certos lugares se chama quintã, mas que usualmente dá pelo nome de pátio.
Hoje há poucos, dantes eram às dezenas!
Nos pátios que tinham uma latada, sós ou acompanhadas, debaixo da sua sombra arrepenava-se o grão, os chícharos e os feijões, ao sol secavam os figos, a seguir às vindimas nalguns faziam aguardente, no inverno era lá que se matava e limpava o porco, no pátio as galinhas e os seus pintainhos deambulavam o dia inteiro...ali as crianças aprendiam a dar os primeiros passos e a total liberdade nas brincadeiras.
No pátio ainda podia existir um coberto, onde se guardava a lenha e se resguardava o carro das vacas.
Hoje já não é assim, em poucas décadas tudo mudou, nas construções modernas já não querem pátio algum e com as reconstruções - há excepções (poucas) - também fizeram questão de acabar com os pátios e é assim que vai desaparecendo tudo o que outrora tão útil foi. Ganhou-se muito na comodidade interior, mas perdeu-se no aspecto exterior da habitação aldeã, nas ajudas mútuas, nos convívios...