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quinta-feira, 30 de maio de 2013

MEU QUERIDO S. PEDRO

S. Pedro sempre foi uma referência, principalmente para Forninhos, pelo seu valor histórico, marcas do passado, contos e lendas imaginadas. 
A sua importância vê-se agora reconhecida ao ser também integrado no projecto de investigação acerca das comunidades rurais alto medievais, que a Fundação Calouste Gulbenkian distingue com o seu financiamento e que, segundo sei, o seu estudo arqueológico deverá ter início no final do próximo mês de Junho. Porquê daquele local ter sido escolhido? Possivelmente, pela sua localização geo-estratégica.


Motivo de estudo será pois todo aquele núcleo aonde se inseria a antiga capela de S. Pedro de Verona e o antigo cemitério, infelizmente vandalizado ao longo dos tempos e do qual restam apenas alguns pedaços de urnas de granito à volta do que terá sido o antigo templo deste lugar.

Sepultura (Urna) em pedra
Cabeceira de Urna
A escassos metros do local da antiga capela, que se situava em terrenos baldios, encontra-se o Castro, em propriedade particular, curiosamente pertença da minha família, que o meu pai herdou dos meus avós e estes dos seus, estando a sua demarcação ou "extrema", como se dizia, atestada numa cruz gravada num calhau, na fronteira que delimita as freguesias de Forninhos e Penaverde. Sobre os limites entre estas freguesias muita tinta correu pelas respectivas juntas de paróquia e pelo Município. Havia alguma crispação entre os povos, chegando-se muitas vezes a ameaças e à concretização destas. Conta-se até que foi uma luta entre estas freguesias que pôs termo à festa de S. Pedro e o templo caiu.
Mais...
Quando S. Pedro era um oceano de campos de centeio, segundo os mais antigos, até o interior do Castro era semeado deste mesmo cereal. As ruínas eram das "casinhas dos mouros" e chamavam "o povo da mourama" aos seus habitantes, que acabaram por ser forçados a abandonar o local, segundo a lenda, pelos Cristãos que habitavam Forninhos.

Cruz que delimita Forninhos e Penaverde
Haverá com certeza em S. Pedro muito para descobrir, investigar e analisar, desde os modos de vida dos povos que por cá habitaram aos hábitos e costumes da época...

P.S: Agradeço a imagem da cruz gravada num calhau ao David e as outras três ao meu primo Jorge Almeida.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Registos do "Voto" de 2013!



Foi a minha primeira vez presente, no "voto" do Espírito Santo, que se realiza a centenas de anos, na capela de Nossa Senhora dos Verdes em Forninhos.
Adorei ver, que ainda mais em dia de semana, (segunda-feira) muita gente se congregou a conservar a tradição e a rogar a "Senhora", protecção para os campos e colheitas.
A minha "terra de Algodres" com as suas paroquias, também fazia este "voto" a Forninhos, mas creio que o terá deixado de fazer, por voltas da implantação da republica, ou ate já aquando das revolucoes liberais!

Quero deixar o meu agradecimento ao excelente acolhimento, por parte dos meus amigos forninhenses e pedir-lhes que continuem a cumprir esta tradição em dia próprio, pois quem tem fé arranja sempre tempo para cá vir!
Aqui vos deixo um pequeno registo, feito na minha passagem pela "Senhora dos Verdes".

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Manhã de Primavera na Serra

Serra de São Pedro ou Serra da Gralheira? Qual é o nome desta serra?
Há pois da minha parte esta dúvida, porque na obra do Pe. Luís Lemos, de Penaverde, vejo muitas vezes escrito "Serra da Gralheira", mas eu sempre ouvi na minha terra chamar a este monte "Serra de São Pedro". Vamos então defender o nome da nossa terra e ver alguns momentos de uma manhã de Primavera que se podem ver da serra ou a caminho dela, que nunca são iguais por mais que se repitam as estações.

de qualquer ponto é bela a nossa serra

as pútigas brindam-nos com este despertar florido e cor exuberante

e as giestas debruçadas para os caminhos,

 desfloram-se das últimas pétalas em lágrimas (saudades de Maio)

enquanto o sol de Junho

vai secar as pétalas de oiro

malmequeres

urgueiras e de miríades de flores sem nome

as pedras baloiçantes, essas, contam histórias para além da memória.

Imagens: David
Texto: aluap

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Festa do Espírito Santo, Ano de 2013

Hoje divulgamos a festa do Divino Espírito Santo do ano 2013 que se realizou com e empenho da aldeia de Forninhos e devotos de outras aldeias que aqui vieram para pedir a Nossa Senhora dos Verdes que os campos e a agricultura produzam e as colheitas sejam boas. É uma tradição antiga. O Padre Baltazar Dias no Século XVIII já se lhe referia “São obrigados à Capela de Nossa Senhora dos Verdes várias procissões em alguns dias do ano principalmente nos dias Santos do Espírito Santo.".


















Nota:
Este ano escolhi imagens das procissões que vieram com sentido de contribuir para uma tradição que se vai impondo no tempo e da missa campal; da geração mais velha que bem se lembram desta romaria e de quem um dia fará saber desta festa que faz parte da cultura dos seus avós e bisavós…não faltando aquela do frango assado e das tradicionais concertinas que dão sempre um cariz de tradição a esta festa e romaria.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Forninhos: "O nosso S. Matias"

Os Atos dos Apóstolos referem que São Matias foi eleito pelos Apóstolos, mediante sorteio, para substituir o traidor Judas, após a Ascensão de Jesus Cristo e antes da vinda do Espírito Santo. Da vida anterior do Apóstolo, do lugar da sua origem, pouco se sabe, nem se morreu mártir ou de morte natural. 
São Matias era comemorado no dia 24 de Fevereiro, mas actualmente a sua comemoração litúrgica ocorre no dia 14 de Maio.

nicho formado por volutas e concheados

E, do "nosso" S. Matias, já ouviram falar?
Como alguns de vós sabereis, a imagem ficava no nicho da Capela da Senhora dos Verdes (da foto que se publica). Dizem-nos hoje que "desapareceu" há muitos anos, mas ninguém fala deste roubo! O que não admira, pois há nesta terra medo de falar, por umas razões ou por outras, de roubos de objectos religiosos, de imagens de santos da devoção do povo e até de pedras trabalhadas...enfim...mas histórias de roubos creio que as há em toda a parte. Umas são reais, outras são "lendas". Se o leitor quiser contar algum caso...força!
O São Matias da nossa aldeia. Pois bem, parece que tinha uma machadinha numa mão e na outra mão um livro. Recentemente a Comissão de Festas da Senhora dos Verdes, em exercício, "encomendou" ao Laginhas, da Ponte do Abade, a imagem do Santo, em pedra ançã, pelo que, ficam aqui três imagens que "roubei" da net e este registo, para  quem é de Forninhos ajudar a Comissão a encontrar a imagem mais parecida  com a do "nosso" S. Matias:




Obrigada!

sábado, 11 de maio de 2013

O ferro de passar a ferro


Este modelo era mesmo assim que se chamava: "ferro de passar a ferro". Em ferro (portanto, pesado), com pegas em madeira para levantamento da tampa que assenta no corpo, onde para aquecê-lo colocavam dentro as brasas que retiravam do lume e, assim, ficava pronto para passar a roupa a ferro. Tem orifícios para permitir a entrada e saída de ar quando estavam a passar e, acho eu, manter por mais tempo as brasas acesas.
Como curiosidades, na altura em que não havia "dinheiro no bolso", para acender o lume as pessoas pediam brasas a quem tinha já a lareira acesa - aos vizinhos - e era prática corrente, aos Domingos, pedir emprestado o ferro à vizinha para passar a roupa.
O carvão feito de troncos e raízes de urgueiras também servia para aquecer estes ferros e para na forja aguçar diversas ferramentas. O carvão vegetal era feito numa vala funda com a lenha de urgueiras que se incendiava. Quando chegasse à condição de carvão, abafava-se com terra e no dia seguinte era retirado. Falo do carvão de propósito, para que também falem da Etelvina de Forninhos, uma figura emblemática que se dedicava a esta actividade.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Amigos de outros tempos!


Penso que para os forninhenses não é difícil reconhecer os homens desta fotografia. Sobre ela apenas sabemos que retrata um grupo de amigos da aldeia de Forninhos. Eu, se não tivesse reparado na garrafa, à primeira olhadela, diria que foi tirada à porta da nossa Igreja
Mas digam lá quem são...e em que época e local acham que foi tirada esta foto? 
Esta memória também serve para nos lembrar como a vida é curta.

«Estes senhores de Forninhos estão tão fotogénicos e aperaltados que nenhum merece ficar no anonimato.
Vamos lá então identificá-los por ordem, da esquerda para a direita:
Tio Joaquim Melo, Tio Maximiano do Afonso, Tio Porfírio (Fôrra), Tio Armando, Tio Zé Maria (Índio) e Tio Abel Peleira.

...»
XicoAlmeida, a 10.05.2013.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Hortas

Nas hortas e quintais de Forninhos já temos:

batatas crescidas,
favas,
alhos,
ervilhas e alfaces,
morangueiros,
as macieiras em flor
e videiras a brotar.
Somente para elucidação de alguns leitores que porventura desconheçam: Forninhos é terra fértil. Produz milho, feijão, batata, vinho, azeite etc... nos terrenos vulgarmente designados por 'Olivais', 'Gândara', 'Cabreira', 'Picão', 'Santa Maria', 'Estracada', 'Cerca', 'Androas', etc etc. onde o agricultor ainda hoje levanta muros, pesquisa águas, planta videiras e árvores...procurando assim valorizar as propriedades.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Pesos e Medidas

Como se media a bebida, os líquidos? Para a compra e venda do vinho, tanto quanto sei, era medido em almudes (cântaros). Por exemplo, no concelho de Aguiar da Beira: um almude (30 litros) e um cântaro metade disso (15 litros); e depois, havia as medidas de 1 litro, 1/2 litro, 1/4 litro e 1/8 litro. Mas nas tabernas e feiras falava-se de um quartilho ou meio quartilho de vinho. Estas medidas eram regulamentadas e uma vez por ano eram presentes às autoridades municipais para serem aferidas e seladas com um selo próprio (de estanho), como as da fotografia:

panóplia de medidas pequeninas

O funil e a cantarinha também levavam o mesmo selo.
E os sólidos como se pesavam? 
As medidas usadas para medir o centeio - o nosso pão -, milho, batata, castanha, queijo, e de que me lembro melhor, são:
- um alqueire de pão (13 quilos aproximadamente).
- uma arroba de batata: 15 quilos, que ainda hoje se fala.
Outra medida, o quarteirão (25 sardinhas ou chicharros).

Alqueire

Hoje, toda a gente para comprar ou vender já usa o quilo e o litro, mas vocês leitores terão decerto lembrança de outros indicadores de peso e de medida que hoje já não usamos e, por tal, espero contar com a vossa recolha, que sendo pessoal melhor ainda.