Seguidores

sexta-feira, 30 de março de 2018

Uma Santa e Feliz Páscoa 2018


Através da imagem do Cristo Rei -Lisboa- sempre de braços abertos para abraçar a Vida de todos nós, desejamos a todos os que nos visitam, através deste espaço, uma Santa e Feliz Páscoa 2018.

sexta-feira, 23 de março de 2018

O bens da igreja de Forninhos

A lei da Separação do Estado e da Igreja, publicada a 20 de Abril de 1911, determinou o inventário de todos os bens da Igreja.
Para se comparar o que hoje existe e o que existia em 1911, reproduzimos aqui o original desse inventário realizado em Forninhos no dia 22 de Agosto de 1911 aonde se encontravam presentes o secretário de finanças do concelho, José Augusto de Carvalho e os cidadãos José Vital de Matos e António Bernardo, o primeiro na qualidade de administrador do concelho de Aguiar da Beira e o segundo na qualidade de Presidente de Junta da Paróchia de Forninhos. 
A saber:



Uma igreja matriz, contendo três altares denominados: Altar Mor - Altar da Senhora das Dores e Altar da Senhora do Rosário, bem como tem uma torre ou torrão, uma casa altos e baixos denominada de casa de residência paroquial.
No altar mor a imagem de Santa Marinha, aos lados Santo António, S.Sebastião e ao fundo um crucifixo de madeira dourada - seis castiçais da mesma madeira dourada.
No altar da Senhora das Dores há ao alto uma imagem da mesma Senhora, aos lados o Menino Jesus e S.Pedro, ao fundo um crucifixo de madeira já velho e dois castiçais de metal amarelo.
No altar da Senhora do Rosário, há ao alto uma imagem da mesma Senhora e aos lados o S.Paulo e outra imagem pequena da Senhora do Rosário, ao fundo um crucifixo de madeira já velho e dois castiçais de metal amarelo.
Na torre há dois sinos. No corpo da igreja há dois tocheiros grandes - uma lampada de metal amarelo - uma caldeirinha para água benta - quatro lanternas de latão, uma cruz processional de metal amarelo -um turibulo do mesmo metal - uma naveta do mesmo metal. Ao fundo da igreja está a pia baptismal.
Na sacristia há um armário comoda com dois gavetões para guarda dos paramentos - há três missais.


Paramentos

Duas umbelas de seda branca, uma nova e outra já velha - um baldaquino de madeira rameado a encarnado -um pálio de veludo encarnado - um pano de cobrir a estante -um frontal de veludo preto- um frontal de damasco branco e encarnado -um veo d'hombros branco rameado de damasco - uma capa de asperges de côr verde - uma dita branca - cinco abas -uma casula de renda branca toda rameada -uma casula de veludo preta com galão amarelo -uma dita de damasco encarnado -uma dita de renda branca - uma dita de damasco rosa -uma dita de damasco encarnada -uma dita de damasco verde -duas dalmáticas roxas, com acabamentos verdes - duas ditas de renda branca rameadas -as respectivas estolas e manípulos para todos estes paramentos.

Objectos de prata

Uma custódia, um relicário pequeno - um cálice com a parte interior dourada. 
E não havendo mais que inventariar nesta igreja passaram à Capela de Nossa Senhora dos Verdes que é composta por três altares denominados: Altar da Senhora dos Verdes, com imagem da mesma Senhora - Altar de Santa Rita com uma imagem da mesma Santa e Altar de S.Matias, com imagem do mesmo Santo, tendo cada altar dois castiçais de metal amarelo e um crucifixo de madeira. Tem duas casulas -uma de renda branca  e uma encarnada - uma aba e as estolas e manípulos respectivos.
Em seguida passaram à Capela de Santo Amaro em Valagotes.
Altar com a imagem de Santo Amaro- um crucifixo de madeira já velho e dois castiçais de metal amarelo. 
→ Curiosidade, ou talvez não, voltamos a encontrar num documento do século XX a menção à capela e imagem de Santo Amaro nos Valagotes e não há sequer referência à imagem de Santo António, que no século XVIII era orago da capela.
E não havendo outros bens a inventariar se concluiu este auto, ficando pois tudo entregue ao presidente da junta da paróquia que assinou com os representantes do Concelho e Secretário das Finanças.
O pároco de Forninhos não assistiu ao despojamento dos bens, pelo menos, nesse dia 22 de Agosto de 1911.
Terá aproveitado para tirar uns dias de férias em Agosto?





+ou- 30 anos depois, em 1942, foi feito novo arrolamento ao inventário, pois tinham esquecido os seguintes bens da igreja:
- Uma terra centieira e olival, sita no lugar do Ervedal, denominada "Serrado do Senhor".
-Uma tapada com sete oliveiras sita no "Lugar"
- Uma sorte de terra centieira,com quatro oliveiras,sita no "Lugar"







Datado também de 20 de Dezembro de 1942, ainda foram acrescentados outros bens que haviam ficado de fora do arrolamento inicial:
-Uma casa da Fábrica, junto à igreja paroquial.
- O adro da Capela de Nossa Senhora dos Verdes.


Foram testemunhas presentes António de Almeida de Araujo, solteiro, maior e Artur Manuel Gomes da Silva, casado, ambos comerciantes e residentes na vila de Aguiar da Beira. → Causa-me perplexidade não serem testemunhas presentes cidadãos residentes em Forninhos!
Também assinou com os referidos o Chefe da Secção de Finanças e o Pároco da freguesia de Forninhos,o Sr. Pe. Albano Martins de Sousa.


Fonte: site do arquivo digital das Finanças.
Com a ajuda de um neto de Forninhos, João Nunes.
Obrigada João.

domingo, 18 de março de 2018

Ditos do Povo

Somente para avivar a memória. Que diziam os nossos pais e avós do mês e do tempo quaresmal que vivemos?


De Março:

"Se entre Março e Abril
o cuco não voltar
ou ele está morto
ou o mundo vai acabar"

"Março, marçagão
De manhã inverno
E à tarde verão"

Este ano, quem dera. Este Março é mais Fevereiro "rego cheio".




Da época pascal:

"Ramos molhados, anos abençoados"

Mas a mulher que se previna:

"Na semana dos Ramos
Lava os teus panos
Que na da Paixão
Lavarás ou não"

E pronto...

"Lázaro, Ramos e na Páscoa estamos", desde pequenos que ouvimos também este dito, bem mais longo porque popularmente existe um nome, para cada uma das semanas da quaresma ou para os seis domingos que antecedem o domingo de Páscoa: Ana, Magana, Rebeca, Susana, Lázaro, Ramos e na Páscoa estamos. 


Mas já agora, uma lenga-lenga:

"Domingo de Rebeca
armei uma rela
Domingo de Lázaro
apanhei um pássaro
Domingo de Ramos
o depenamos
Domingo de Páscoa
o papamos".

quinta-feira, 8 de março de 2018

APITO FINAL.

Houve um dia em que tivemos um terreno para de tal fazer um campo de futebol...


Éramos muitos os pequenotes que jogávamos à bola no Largo da Lameira. os mesmos que na altura do recreio na escola se desafiavam num Lameira contra o Lugar e que por norma, acabava à bulha.
Coitada da professora para nos manter em sentido na lição, pior as reguadas de castigo, sempre nos mesmos. Afinal os coitados éramos nós.
Aqueles que já haviam ido às sortes para a tropa, eram homens e apenas eles podiam jogar pela nossa terra na outras circundantes, volta e meia num domingo, pois os jogos não tinham calendário, era mais para acertar desaforos nem que fosse por uma palavra mal dada na terra vizinha ou roubar a namorada de outrem no arraial e  ficava o desaforo.
Os outros mais velhos, gajos que iam para o ultramar, não gostavam de ser gozados por receberem os jogos da bola  no adro da Senhora dos Verdes com ciprestes pelo meio.
Mas era o que havia, sendo que pelas redondezas, a coisa pouco era diferente.
E a gente, os putos, fomos crescendo com o correr dos anos, mas de uma forma rápida, por vezes dura, por termos a notícia de que um da nossa equipa, havia morrido na guerra; era verdade.
Até que chegou um dia de Abril (já lá vão quarenta e tais anos).
Tal como os gajos do ultramar, também havíamos ido às sortes e os apurados ficavam à espera do que viria a seguir.
Era domingo, recordo como se hoje fosse. 
Antes e durante tempos, a gente vinha falando num modo de arremedeio para não sermos gozados por nao ter onde jogar e, naquele dia, depois da missa, olhamos uns para os outros e dissemos: É hoje!
Certo é que uma cambada de gajos novos, entraram nos domínios do sr. Amaral e verdade seja dita, depois de nos ouvir, cedeu o terreno do Picão para o nosso campo da bola.
Houve a correria da aldeia para festejar e foguetes pelo ar, mandados pelo tio Zé Carau.
E nada mais até agora...
Sabem, eu que participei nesta demanda, lamento sinceramente os devaneios de quem não teve e jamais terá, a capacidade do sentir de uma aldeia e tal reconhecer.
Sinto-me filho desta terra, mas jamais de um deus menor que a entrega ao ostracismo.
Um campo vazio do muito que poderia ter.

quinta-feira, 1 de março de 2018

AINDA POR AQUI HÁ PASTORES...



Toda a vida fui pastor
Toda a vida guardei gado
Tenho uma nódoa no peito 
De me encostar ao cajado 


Mais que uma festa, uma homenagem a estas gentes que labutam e por tal têm de enfrentar medos, aqueles que a sorte tantas vezes madrasta, lhes tolhe os sonhos. 
A chuva que não vem, os fogos constantes de agora, o frio que num repente traz  os lobos esfaimados a rondar as suas corriças, os lameiros transformados em terra ressequida de gafanhotos...
Coçam a cabeça ao deitar (quase ao tempo de madrugar), sem saberem o amanhã...
A festa não tem a cobertura televisiva de meia dúzia de horas, mas e acreditem, tem a autenticidade das nossas gentes no modo mais natural e genuíno de se expressarem e conviverem.
Tal como os produtos que mostram e os abraços que se dão, afinal quase todos se conhecem.
Apareça com um abraço!