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quarta-feira, 29 de março de 2017

Quando atiram pedras aos mortos...

Que os seus se ergam em honra da sua memória!


Nesta foto muito antiga, os meus avós paternos, 
Ana e Francisco e a minha tia Augusta.


Nas fotos recentes, quase tudo continua igual: a janela à nossa direita, era o quarto dos avós, e por detrás do corredor um quarto de visitas.
A outra janela era a da sala, sendo que ao fundo ficava o quarto da tia Augusta.
Descendo uns degraus, a ampla cozinha com forno embutido ao lado da lareira.
A zona de convívio... 


Partiram todos, mas ao lado o marmeleiro dos vizinhos, continua medrado e o portão que guarda a porta da entrada, ainda vigoroso, como que desafiando o tempo e seus fantasmas.


Quantas dornas de cachos se tombaram aqui, nos medos de as vacas se espantarem na portada deste lagar, um dos melhores de Forninhos, e daí vir uma desgraça que nunca felizmente aconteceu, mas sustos não faltaram... era a vida...
Trabalhos que entre estes e tantos, esta casa dos meus avós, muita gente ajudou.
Agora atiram pedras e a casa tem de vir abaixo por ser uma ameaça à saúde pública...!
Quem dera o Forninhos de outrora, sem "cunhas" para interesses pessoais, pois vendo bem, quantas casas na freguesia estão muito piores que esta...tomaram muitos tal ter. Em tempos de barriga cheia, esquecem os tempos de uma malga dada por caridade, mas um apelo à Câmara  de Aguiar da Beira:
Em tempo de eleições, nesta freguesia e todo o município, tenham a coragem de tomarem a mesma metodologia no que concerne e sem preconceitos à obrigação de as casas em menor estado de conservação,  de os potenciais herdeiros arcarem com as responsabilidades, pois as requalificações também constam na Constituição Portuguesa por parte das autarquias.
Tal não sendo, iremos continuar a penar entre dois mundos...um de uns e outros dos outros!

sábado, 25 de março de 2017

Projectos dos nossos dias

Em muitas aldeias do nosso país ouvem-se pessoas que se queixam dos problemas causados pelos projectos de melhoramentos sem harmonizar o passado com o presente, nem o antigo com o moderno. Projectos mal elaborados que poucos melhoramentos trazem às aldeias despovoadas, à região onde foram elaborados e que acabam sempre por enriquecer uns e criar problemas às populações.
Não há aldeia que não se queixe de um ou mais problemas...

Futuro Parque Infantil (um dos...)
Eleições autárquicas 2005 (Projecto do Lugar)
Em Forninhos muita gente se queixa duma rotunda que foi feita há alguns anos. A rotunda do Lugar deve ser uma obra única, pois não creio que no país haja outra igual. Mudaram um fontanário antigo para o meio da rotunda com um poste por trás e com quatro passadeiras a convergirem para o centro. É no mínimo original.
Ah! E uma paragem a que chamamos "gare do oriente", que foi feita só para inglês ver, já que não abriga nem acolhe ninguém!

Eleições autárquicas 2013 (Projecto da Lameira)
Acima do Lugar  encontra-se a Lameira, com postes de electricidade novos e o piso refeito a novo; aqui não há uma rotunda, há um triângulo??? (mal ajardinado), com uma espécie de bancos a circundá-lo. Apesar destes trabalhos, por vezes (e muitas) a quem circula por ali acima tem provocado alguns sustos. 
Começou a obra em Julho/2013, em vésperas de eleições autárquicas; e o que é certo é que os trabalhos ainda estão inacabados, pelo menos o parque infantil que dá uma péssima imagem (vide foto).
Já agora e uma vez que os trabalhos ainda estão em curso (ou deviam estar), como praticamente não há crianças, façam antes um parque sénior e não acabem sem tirar a cobertura da fonte da Lameira também! 
Também foi em 2013 que o projecto "Forninhos, a terra dos nossos avós" viu a luz do dia e quem tem olhos para ver (e ler) vê uma obra muito mal elaborada, cheia de erros, mas claro para os responsáveis desse projecto são apenas falsos erros e tudo está muito bem sem razões para queixas. Um orgulho!

Eleições de 2009
Vem a novela do projecto do Santuário de Nossa Senhora dos Verdes. Um projecto mégalomeno que acabou com uma capela rebocada e um recinto verde cheio de pedra granito. Que alguém explique o que tanta pedra ali faz. 
Outros melhoramentos seriam talvez mais necessários...
Não é do desconhecimento de ninguém também o projecto parque de lazer nos terrenos da Freguesia de Forninhos, no Barreiro, que incluía algumas infraestruturas de lazer e até a possibilidade de uma praia fluvial. O projecto apresentado em 2009 foi aprovado em Assembleia de Freguesia, mas até hoje «nada». Ficou na gaveta, porque não havia dinheiro...!

Eleições de 2001
Projecto "Parque das Merendas". Começado no ano 2000 no "Alto dos Valagotes" o Parque de Merendas "Nossa Senhora de Fátima" é hoje um local de lazer, para crianças, jovens e adultos de qualquer idade. Inserido no meio da natureza tem um miradouro, obstáculos naturais, um parque infantil, telheiro com churrasqueira, Wc, etc...
Ficaria mais completo se fizessem ali um mini campo de futebol, ainda assim dizem que é dos melhores parques das redondezas!?!
Mas a ânsia de querer fazer...leva as pessoas que têm o poder decisão, como são os políticos que ocupam os lugares nas autarquias, a querer mais projectos! 

Eleições de 2017
Este ano é ano de eleições e como não podia deixar de ser surge um novo projecto para Forninhos, que pouco difere do de 1999 e 2013, pois tem previstas iguais estruturas de lazer e apoio às famílias, desde os mais pequenos aos séniores. Inclui um parque infantil (já vamos para o 5,º parque infantil), equipamentos de geriatria, campos de jogos, zona de merendas, telheiro com churrasqueira.
Mas pergunto eu:
Se já há tudo isto, é preciso fazer tudo igual dentro do povoado, porquê, para quê e para quem?
Deve ser promessa eleitoral ou então é porque há dinheiro em abundância, pois se para tal até compraram terrenos a particulares!!, mas se o há de algum lado veio e a concretizar-se tudo (o que eu duvido), não me admirava nada ver lá o que em Forninhos já virou moda, ou seja, uma placa benemérita, porque "Contributos são bem vindos"!

quinta-feira, 23 de março de 2017

QUE SAUDADES DAS MORUGENS...

"Parecem agriões ao microscópio, mas tão saborosos e tenros.
Apenas existem no estado selvagem.
Quando o tempo assume o seu ar primaveril e as aguas cristalinas dos ribeiros, se escoam pelas bordas dos lameiros, parecem ervas daninhas a medrar, mas tão preciosas...
Bem lavadinhas em agua corrente e temperadas, a acompanhar com uns peixinhos do rio Dão e um naco de broa, escoa-se uma pipa de tinto!".

(assim comentei aqui meia dúzia de anos atrás...)


Nós, gentes da aldeia, somos um tolos quando lembrámos uma coisa e ficamos a cismar ,num misto de ternura e vergonha das agruras da vida. Ai se a vida era boa e saudável nesses tempos!! Agora e de quem de tais ainda se lembra "parece mal" dizerem que comeram isto que vos trago, como se fossem miseráveis famintos de outrora...
Nada disso, agora iguarias pagas a peso de ouro, tal como as azedas, baldroegas e agrião selvagem, num mundo "moderno" que lambe a "beiça" regalados pelo que era deitado ao "vivo".
A foto faz-me percorrer caminhos quase do antanho. Traz com ela, o ribeiro dos Moncões, a ribeira de Cabreira e por tantos lugares, os Carregais. Lados em que houvesse água corrente das poças, os regos eram salpicados pelas morugens. Nas Andrôas, as repesas eram fartas em agrião, pequeno de folha, mas o mais saboroso. Bastava arregaçar as calças na água fria apesar do sol e apanhar os mais apetecíveis. Curioso era o silêncio quebrado pelo nosso chapinhar, o salto das rãs e a passarada louca em fazer os ninhos. 
Tempo depois e tratada, a salada era a rainha da mesa, fosse ela de carne ou peixe.

quinta-feira, 16 de março de 2017

Ali por Março ou Abril...

Nos últimos dias estive a reler umas páginas do livro Penaverde, sua Vila e Termo, do Pe. Luís Ferreira de Lemos e encontrei um trecho que sublinhei 'há muito'...e que hoje trago aqui. Espero que apreciem:
"Ali por Março ou Abril, consoante, começa a faina agrícola. Pouco a pouco, o manto verde que a terra foi cobrindo depois dos 'codos do inverno', agora marchetado de boinas, malmequeres e miríades de flores sem nome, começa a virar-se do avesso, para albergar, no seio criador, as primeiras sementes das batatas temporãs".


Foto de Forninhos, do albúm de memórias de Luís Pires, filho da ti Ilda e ti Zé Cardoso.

quinta-feira, 9 de março de 2017

A festa do pastor na Feira Nova

Trazem as ovelhas mais dotadas para o concurso, engalanadas a preceito, tal como eles ainda carregam nos ombros a antiga manta ou samarra e nas mãos o eterno cajado e a boina ou chapéu enterrados na cabeça...



Faltam apenas três dias para esta festa familiar ser convivida a preceito, longe dos holofotes televisivos, mas no pouco que ainda vai sobrevivendo no seu modo ancestral em que os prémios são simbólicos - tal como as inscrições - mas haverá muito queijo autêntico para quem quiser comprar e convívio, enquanto a barriga e as gargantas puderem, à moda das nossas gentes.
É de facto a festa do pastor, no modo genuíno como aqui se apresentam com os seus rebanhos...
Que seja uma bela Festa!

sábado, 4 de março de 2017

As cores da aldeia

Depois dos sons da aldeia que ficaram até hoje e dos cheiros, vou agora recordar as cores de Forninhos para aí nos anos 70 e 80.
Havia cores bonitas por todos os lados. 
Alguns exemplos:
- O verde dos campos de erva e dos nabais; dos pinheiros e da folhagem das oliveiras.
- O branco da neve e da geada e das giestas brancas (no tempo delas), da escola, da igreja, da capela e das poucas casas caiadas, pois a maioria das habitações tinham o granito à mostra.
- O amarelo das mimosas que existiam na Eira e no Passal; das flores das giestas (as maias) e também do milho nas lages e o amarelo dos fenos e centeio secos da Primavera/Verão. 

mimosas em flor

Mas havia mais cores:
- As miríades flores do campo: brancas, amarelas, azuis e rosa.
- O violeta dos rosmaninhos.
- O avermelhado das vinhas no Outono
- A cor dos frutos maduros das cerejeiras, macieiras, figueiras, videiras, oliveiras...
- O próprio arco-íris em dias de sol e de pouca chuva.

P.S: Agradeço reconhecidamente a fotografia à amiga Gracinha do blogue: 
https://crocheteandomomentos.blogspot.pt/