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terça-feira, 30 de março de 2021

Até Ranchos chegou a haver


Chegou a haver na década de 1980 dois Ranchos Folclóricos (havia como que duas aldeias, mais ou menos isso). Pena foi que não tivessem continuidade, mas para recordar um pouco da história do "meu" rancho, deixamos aqui esta imagem, com um agradecimento especial à Jéssica de Melo, EUA. 
Impossível falar aqui da emoção que senti ao receber/ver este retrato.
A tia Olívia e o Sr. José Teodósio, tanto quanto me lembro, apoiados por um grupo de amigos forninhenses, eram os líderes e ensaiadores: ensaiavam na sua garagem umas danças populares e umas cantigas. 
Depois, íamos às festas, às feiras e romarias dançar muito e bem sempre e, no fim, fazia-se uma colecta para arranjar dinheiro. Foi assim que conseguimos alguns instrumentos populares: bombo,  pandeiretas, castanholas, ferrinhos...os lenços folclore e o tecido para as saias, que foram confecionadas pelas mãos das nossas mães. Bem-hajam todas.
Uma vez, em Julho, fomos dançar e cantar para o Sr. Presidente da Câmara de Aguiar da Beira, Joaquim Lacerda. Será que a foto é desse dia? 
GRANDE RECORDAÇÃO!!

domingo, 21 de março de 2021

O vento que é um pincha no crivo

Para saudar a Primavera, o Dia da Árvore e o Dia da Poesia, escolhi mais um "cheirinho" da literatura de Aquilino Ribeiro, desta vez do romance "A Casa Grande de Ramarigães", que descreve o nascimento da floresta, o pulmão do mundo! 
"O vento, que é um pincha-no-crivo, devasso e curioso penetrou na camarata, bufou, deu um abanão. O estarim parecia deserto. Não senhor, alguém dormia meio encurvado, cabeça para fora no seu decúbito, que se agitou molemente. Volveu a soprar. Buliu-lhe a veste, deu mesmo um estalido em sua tela semi-rígida e imobilizou-se. Outro sopro. Desta vez o pinhão, como um pretinho da Guiné de tanga a esvoaçar, liberou-se da cela e pulou no espaço. Que pára-quedista!
Precipitado tão de alto do pinheiro solitário, balouçou-se um instante e ensaiou um voo oblíquo. A meio caminho volteou, rodopiou, viu as nuvens ao largo, a terra em baixo e, saracoteando a fralda, desceu em espiral. Poisou em cima duma fraga, ligeiro como um tira-olhos. Mas novo pé-de-vento atirou com ele para a banda, quase de escantilhão, e a aleta, tomando-se de imprevisto fôlego, arrebatou-o para mais longe. Foi cair numa mancheia de terra, removida de fresco pelos roçadores do mato, e ali permaneceu à espera que pancada de água ou calcanhar de homem o mergulhasse no solo, dado que um pombo bravo o não avistasse e engolisse.
(...)

Do pinhão, que um pé-de-vento arrancou ao dormitório da pinha-mãe, e da bolota, que a ave deixou cair no solo, repetido o acto mil vezes, gerou-se a floresta. Acudiram os pássaros, os insectos, os roedores de toda a ordem a povoá-la. No seu solo abrigado e gordo nasceram as ervas, cuja semente boia nos céus ou espera à tez dos pousios a vez de germinar. De permeio desabrocharam cardos, que são a flor da amargura, e a abrótea, a diabelha, o esfondílio, flores humildes, por isso mesmo troféus de vitória. Vieram os lobos, os javalis, os zagais com os gados, a infinita criação rusticana. Faltava o senhor, meio fidalgo, meio patriarca, à moda do tempo."

AQUILINO RIBEIRO, A Casa Grande de Romarigães, I"

Que a Primavera traga esperança para todos de um bom Verão.

sexta-feira, 12 de março de 2021

No Balcão


Não havia rua ou lugar da aldeia em que não houvesse uma casa com estas escadarias de pedra a que chamavamos de balcões...e ranchos de miudagem. 
Nestes balcões, no Verão era comum as pessoas sentarem-se para apanharem a fresca. Eram também ponto de encontro da mocidade que depois de mais um dia de escola e do trigueirar nos campos, ainda tinham genica para calcorrear as ruas e tantos jogos jogar nas quentes tardes de verão...depois e se ainda me recordo, no meio das picardias próprias da idade, ainda vinham cantorias cantadas ao desaforo, por vezes até invulgares...
Uma vez e moço novo, andava eu no seminário de Gouveia e lá na orquestra, tocava bandolim.
Nas férias de Carnaval, trouxe o instrumento para a aldeia e na Quarta-feira de Cinzas, deu-nos para a maluqueira no Lugar do Outeiro.
Coisa para os mais chegados, quase os mesmos de sempre no balcão das Brasileiras que se juntavam pela tardinha, e puxo do bandolim, dança a Nazaré e a Zita e outros que se foram juntando.
Caíu mal no povo por ser quaresma e o padre ralhou na missa do domingo seguinte. 
Ainda não havia a televisão e a rádio quem a tinha eram poucos. 
Bem-haja a Jessica de Melo pela fotoConfesso que me perco nos rostos, mas jamais no sentimento destas reuniões de carinhos.

terça-feira, 2 de março de 2021

O loureiro



Este ano os loureiros já estão floridos, no Domingo de Ramos não estarão tão bonitos!
Os dias maiores também estão a aquecer.