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sábado, 29 de julho de 2017

Ainda a tempo

Aconteceu no passado domingo, dia 23, o "dia da freguesia". Pela 1.ª vez este dia de celebração, ocorreu depois do dia 18 de Julho (apetece-me dizer que quando querem até fazem as coisas direito).
Relembrar o que comiam os trabalhadores do campo foi o mote. Destaco, assim, a mesa cheia de acepipes confeccionados pelos locais, porque de tudo o que vi foi do que mais gostei. 






Note-se que o "dia da freguesia" é dia 18 de Julho, foi "instituído" pela Junta de Freguesia há poucos anos e teve a ver com a "Santa Marinha", não teve a ver com os nossos antepassados e sua obra, e devia, mas afinal até o reconhecem, caso contrário, não se valiam do seu trabalho...!

Fotos: XicoAlmeida.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Pedras bulideiras



Não sabemos ao certo se as pedras bulideiras ou baloiçantes (havendo também outras denominações regionais) são um fenómeno natural - esculpidas pela acção da chuva, sol e ventos - ou se por cima desses elementos houve mão humana (escavando-as e limando-as para que baloicem, mas não mudem de lugar). Certo é que tendo ou não tendo o homem contribuído directamente para a sua formação, estão espalhadas um pouco por todo o país. Devem conhecer alguma, pois são relativamente frequentes no norte granítico de Portugal, destacando-se entre elas as de Alijó, Chaves, Macedo de Cavaleiros, Montalegre, Candoso (Vila Flor) e Sezures (esta última bem perto de nós, serve de suporte ao marco geodésico).




Já as "pedras bulideiras" de Forninhos não são conhecidas de ninguém, porque ninguém liga patavina, é pena. Como dizia não sei quem "ninguém explora esta riqueza, com que generosamente a natureza brindou esta linda terra.". "Tudo isto daria bom cartaz, mas já duvido se alguém é capaz...".

Fotos do meu irmão David.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Santa Marinha esculpida em granito


Fundada no dia 1 de Outubro de 1926, de acordo com os registos que existem, a Irmandade de Santa Marinha é a associação mais antiga de Forninhos. Já falamos aqui.
Como ontem, 18 de Julho de 2017, foi inaugurada a estátua de Santa Marinha, localizada no adro, do lado esquerdo de quem entra, parabenizo os seus mentores, que creio foram os três membros da Irmandade, pela iniciativa e, por não mandarem o artista Laijinhas colocar este monumento num lugar público, como inúmeras freguesias o têm feito. Os santos são para estar nas igrejas, ou para virem em procissão pelas ruas, não há necessidade de dedicar-lhes monumentos em lugares públicos!
BEM-HAJA Senhores Mordomos que agora terminaram o mandato.

sábado, 15 de julho de 2017

Telhados


Na aldeia de Forninhos a maior parte dos telhados eram cobertos por esta telha, "canudo, bica, vã, lusa, portuguesa" (não tenho a certeza do nome), pois eles vão sendo cada vez mais raros. Como as casas eram baixinhas e não havia electricidade, para permitir que houvesse mais entrada de luz, colocavam-se algumas telhas de vidro (muito mais caras) entre as telhas de barro.
Dedico, assim, estas poucas linhas a uma reminiscência que já mal se encontra e que só subsiste nalguma casa velha ainda não recuperada.

segunda-feira, 10 de julho de 2017

O Sr. Padre Albano


Certamente todos os párocos tiveram influência na vida religiosa da nossa paróquia - Santa Marinha de Forninhos, mas o Senhor Padre Albano Martins de Sousa, natural da Ranhadinhos, S. Pedro do Sul, pela sua inteligência ou santidade, terá deixado mais vincada a sua passagem pela nossa terra. 
A título de curiosidade foi quem, com o auxílio do povo, nos anos 40 do séc. 20, mandou construir um novo cemitério, dando assim cumprimento à lei que exigia acabar com os enterramentos no adro da igreja, mas sem o povo saber (segundo consta) mandou aumentá-lo. Assim que se soube, toda a gente ficou "contra" o Sr. Padre e à despedida viu bem que não o desculparam por ter tomado a decisão sem ouvir o povo.
Também foi ele que em homenagem aos povos da freguesia de Sezures e Esmolfe, pela sua presença no dia do Espírito Santo, na Senhora dos Verdes, mandou construir o cruzeiro de Nossa Senhora de Fátima e o dos Centenários com a imagem de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Portugal.
Podemos dizer que foi este sacerdote o que até ao seu tempo mais obras fez.
Tentou, no seu tempo, unir a Quinta da Ponte a Forninhos, uma vez que os seus habitantes estiverem sempre mais ligados a Forninhos (onde iam todos os domingos à missa) do que a Sezures, ficou tudo em "águas de bacalhau", mas que era um visionário, era!
Mas também teve, mais dissabores, já que no seu tempo não permitiu durante anos bailes em qualquer dia ou lugar da freguesia, ainda assim todos aqueles que com ele privaram, afirmam que o Padre Albano era um bom e santo padre, um exemplo de bondade e dedicação ao próximo.
Muito mais haveria a dizer sobre o Pe. Albano Martins de Sousa, mas por agora fica o essencial - o resto da descoberta ficará a cargo dos forninhenses.
Bem-haja Senhor Padre Albano!
Forninhos devia-lhe esta homenagem.

domingo, 2 de julho de 2017

Educar à antiga

Dantes no seio da família havia poucos afagos à vista, passar as mãos pela cara das pessoas queridas para acariciar ficava mal...havia amor, mas era um amor seco. O afecto era reflectido no facto dos pais garantirem aos seus filhos, condições de vida melhores ao já herdado dos seus pais (e para isso quantos suores e privações!), estudos...e respeito.
Vale a pena citar Aquilino Ribeiro:

minha família paterna

Eu sou de família em que as donas se assentavam em esteiras. 

Muito amor e poucos afagos. 
Nunca conheci as blandícias e a variadíssima bichinha-gata da ternura civilizada. 
Na aldeia, para acariciar, não passeiam as mãos pela cara das pessoas queridas. 
Semelhante ordem de meiguices são prerrogativas da gente urbanizada.
Para o camponês o rosto é sagrado; tabu; não se lhe toca.
Sempre assim foi, de resto, através das idades...

AQUILINO RIBEIRO (1948)
Cinco Reis de Gente, um livro sobre a memória dos primeiros anos de vida do autor até ao seminário, quando em pequeno, lhe prometeram o lugar como sacristão nas igrejas de Lisboa "...que, por modos eram cargos muito rendosos, pacíficos de todos...sem a mais pequena quebradeira de cabeça...".
Como sabem, o caminho para o seminário foi para muitos pequenos o fim da meninice, o fim da liberdade nas tardes dos dias grandes passadas pelos caminhos à lei da natureza. 
Os padres e a família achavam que podiam traçar um caminho diferente com a ida para o seminário. Se fizermos uma sondagem, quase todos, senão todos, os que foram para o seminário, recordarão que seguiam esse caminho por influência de um padre amigo da família. O meu pai, por exemplo, foi seminarista nesses moldes.