S. Pedro sempre foi uma referência, principalmente para Forninhos, pelo seu valor histórico, marcas do passado, contos e lendas imaginadas.
A sua importância vê-se agora reconhecida ao ser também integrado no projecto de investigação acerca das comunidades rurais alto medievais, que a Fundação Calouste Gulbenkian distingue com o seu financiamento e que, segundo sei, o seu estudo arqueológico deverá ter início no final do próximo mês de Junho. Porquê daquele local ter sido escolhido? Possivelmente, pela sua localização geo-estratégica.
Motivo de estudo será pois todo aquele núcleo aonde se inseria a antiga capela de S. Pedro de Verona e o antigo cemitério, infelizmente vandalizado ao longo dos tempos e do qual restam apenas alguns pedaços de urnas de granito à volta do que terá sido o antigo templo deste lugar.
Sepultura (Urna) em pedra |
Cabeceira de Urna |
A escassos metros do local da antiga capela, que se situava em terrenos baldios, encontra-se o Castro, em propriedade particular, curiosamente pertença da minha família, que o meu pai herdou dos meus avós e estes dos seus, estando a sua demarcação ou "extrema", como se dizia, atestada numa cruz gravada num calhau, na fronteira que delimita as freguesias de Forninhos e Penaverde. Sobre os limites entre estas freguesias muita tinta correu pelas respectivas juntas de paróquia e pelo Município. Havia alguma crispação entre os povos, chegando-se muitas vezes a ameaças e à concretização destas. Conta-se até que foi uma luta entre estas freguesias que pôs termo à festa de S. Pedro e o templo caiu.
Mais...
Quando S. Pedro era um oceano de campos de centeio, segundo os mais antigos, até o interior do Castro era semeado deste mesmo cereal. As ruínas eram das "casinhas dos mouros" e chamavam "o povo da mourama" aos seus habitantes, que acabaram por ser forçados a abandonar o local, segundo a lenda, pelos Cristãos que habitavam Forninhos.
Quando S. Pedro era um oceano de campos de centeio, segundo os mais antigos, até o interior do Castro era semeado deste mesmo cereal. As ruínas eram das "casinhas dos mouros" e chamavam "o povo da mourama" aos seus habitantes, que acabaram por ser forçados a abandonar o local, segundo a lenda, pelos Cristãos que habitavam Forninhos.
Cruz que delimita Forninhos e Penaverde |
Haverá com certeza em S. Pedro muito para descobrir, investigar e analisar, desde os modos de vida dos povos que por cá habitaram aos hábitos e costumes da época...
P.S: Agradeço a imagem da cruz gravada num calhau ao David e as outras três ao meu primo Jorge Almeida.
P.S: Agradeço a imagem da cruz gravada num calhau ao David e as outras três ao meu primo Jorge Almeida.
Adorei o "post" e sublinho a expressão "...e chamavam "o povo da mourama" aos seus habitantes...
ResponderEliminarFui à "net" e inseri a palavra escrita em bom português e para "mourana" aparece:
1. Terra de muçulmanos.
2. Os mouros.
Sinónimo Geral: MOIRAMA.
Muito bom Xico esta achega linguística.
Esta "achega" ao termo mourama não é fruto de qualquer pesquisa mas sim um termo que ainda este ano ouvi em Forninhos, sinal de que muita coisa ainda deverá perdurar.
ResponderEliminarAfinal nós forninhenses temos o sangue cruzado com várias entidades, desde os celtas a visigodos, até aos romanos e mouros que nos foram modelando ao longo dos séculos, através desse lugar chamado S. Pedro.
Mas acho que triunfou o sangue Lusitano!
Eu havia entendido.
ResponderEliminarSão designações da nossa terra que quando recolhidas da boca das pessoas têm melhor sabor!
Por isso, no "post - Manhã de Primavera na Serra" referia que os de Forninhos sempre designaram os montes situados nos limites desta nossa freguesia como "São Pedro". Se falarem com alguns locais, eles dizem que a Gralheira situa-se nos limites da freguesia de Penaverde. Mas ainda bem que referes a "extrema", pode ser que certa gente se lembre de uma outra contenda que teve a ver com a posse do Castro, designado de "Castro da Gralheira" e que Forninhos pretendia designar como "Castro de S. Pedro".
Recordam-se?
Há fontes que ainda hoje designam "Castro da Gralheira" - o que não é verdade!
Muito interessante, Xico!
ResponderEliminarbeijo
Gostei muito,Xico.Como sempre aprendemos aqui! abração,chica
ResponderEliminarPara todos:
ResponderEliminarTêm sido bastantes e muito valiosas as obras e acções da Junta de Freguesia de Forninhos. Num tempo em que se conhecem as dificuldades financeiras, acho que mais temos de valorizar isso.
Merece especial referência as limpezas feitas no lugar de S. Pedro e das sondagens e outros trabalhos arqueológicos em curso para valorização deste local que faz com que acreditemos num futuro melhor para Forninhos.
Boa continuação...
Xico...
ResponderEliminarGosto daqui porque sempre encontro novidades interessantes... É muito bom saber de lugares como S. Pedro/costumes, curiosidades e detalhes culturais... Sempre aprendo quando venho e valorizo demais a história, as origens/raízes de um povo ou região...
Muita paz... Um abraço
Bom dia.
ResponderEliminarÉ por demais evidente que Forninhos tem muita riqueza, traduzida nos seus campos férteis, mas sobretudo nas suas gentes que quando querem mostram a sua faceta corajosa, em todos os aspectos, como outrora mostraram com o escorraçar dos mouros do lugar de S. Pedro e impuseram as suas regras, definiram os seus destinos.
Aqui, em S. Pedro deverá ter começado o rumo da nossa terra o que tornou este local mítico, respeitado e adorado, penso que por todos pois não fica indiferente a ninguém.
Tanto tempo adormecido, como as mouras encantadas que sonhamos e não vemos, começa finalmente e agora a despertar da sua letargia, fruto do trabalho e respeito das pessoas que ainda querem.
Até acho que nas pesquisas a efectuar, no levantar cuidadoso de cada pedra, tal como um parto melindroso, virá mais uma história para contar e recordar.
Bom dia de trabalho.
Tanto quanto sei, Forninhos tem mais potencial arqueológico, do que a totalidade de alguns concelhos, no entanto, o que se vê escrito de Forninhos em alguns livros e até no "site" municipal de Agb é mais sobre a "Senhora dos Verdes" e isso confirma que da parte do Município nunca houve interesse em divulgar o potencial arqueológico de Forninhos, daí achar "engraçado" quando leio que este projecto desenvolvido no âmbito do Instituto de Estudos Medievais da FCSH/UNL e financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian terá o APOIO do Município de Aguiar da Beira!!!
ResponderEliminarAinda em relação ao levantar de cada pedra, de referir que é bom que não levem para Viseu ou Coimbra os achados arqueológicos, pois é sabido que tudo o que foi levado nunca mais voltou, desde machados, moedas, etc...até o Santo da Capela (S. Pedro de Verona)!
Para quando um museu em Forninhos?
Espero que os muitos aspirantes ao cargo de Presidente de Juntas e da Câmara comecem já a pensar no local para a instalação desse museu, o edifício da ex-Escola Primária seria uma excelente aposta.
Pensem nisso...
Mais um belíssimo post, como outros já publicados. Forninhos é realmente uma Terra repleta de História, mesmo não a conhecendo, com eu, ficamos maravilhados. Espero um dia visita-la. Também na minha Terra, Sarzedas de Vasco, Beira Litoral, o Santo Padroeiro é São Pedro. Já agora quero agradecer-vos o facto de terem incluído na lista dos vossos LINKs o Bloguehttp://sarzedasdovasco.blogs.sapo.pt/.
ResponderEliminarOs meus cumprimentos,
Manuel Tomaz
Obrigado pela sua participação.
EliminarInclui o link do blog da sua Sarzedas por verificar que também têm interesse em divulgar as notícias, tradições e curiosidades e em deixar um arquivo histórico. Os nossos interesses são comuns.
Venha um dia conhecer Forninhos.
Para quem pense que S. Pedro se resume a vestígios antigos, histórias e lendas, está enganado.
ResponderEliminarS. Pedro foi isto e muito mais.
Tempos houve e na nossa aldeia muita gente se recorda que tinha "muita vida", fervilhava de gente e muita relha de arado ali se gastou no lavrar da terra para a sementeira do centeio.
Cada parcela de terra valia ouro.
Dava-se o bom dia ainda de noite, com as vacas arribando o carro por aqueles perigosos carreiros e muita roda de carro se partiu.
Ainda tem uma flora deslumbrante, mas também já foi muito rica em fauna.
Lembro apenas alguns: lobos, raposas, gato bravo, coelhos, lebres, muita espécie de cobras, milhafres, corvos, gaios, pombo bravo, rolas, etc.
Falo nisto porquê?
No estudo que vai ser efectuado, parece-me que apenas é direcionado para a vertente da arqueologia.
Este estudo insere-se no Projecto "EICAM - Estudo Interdisciplinar sobre Comunidades Alto Medievais - séculos V a XI" e o objecto deste projecto diz, cito "... pretende desenvolver um estudo crítico de vários marcadores da actividade humana (bióquimicos, botânicos, faunísticos, arqueológicos, documentais e antropológicos).
Será que o espírito deste projecto se vai ficar pela arqueologia quando é muito mais abrangente?
Tipo " tomem lá um rebuçado e agora caladinhos "?
Isto não é um favor que estão a fazer a Forninhos, mas sim porque finalmente descobriram ou melhor tiveram a coragem de reconhecer o enorme potencial que Forninhos tem em várias àreas, a tal ponto que pode preencher todos os "marcadores", respeitar a dignidade dos forninhenses, não se cingindo apenas quase à exclusividade de Penaverde e Carapito, como consta nas monografias.
FORNINHOS EXIGE RESPEITO!
Forninhos quer que se guarde cultura, histórias, tradições e gente com visão que não deixe apodrecer escolas como acontece ao que as poderia rechear, como alfaias, utensílios domésticos, tanta e tanta coisa... que os vindouros e actuais poderiam observar.
Só é cego quem não quer ver.
A ver vamos como diz o cego!
ResponderEliminarNa verdade, estamos perante um local único, onde os montes que o envolvem oferecem giestas, urgueiras, sargaços, fetos, rosmaninhos, salpor, etc. etc.
Da fauna, pelo que fica dito, seria interessante verificar quais os animais que ainda existem ou resistem!
Das aves, sabias que se dizia que quantos có-ró-có-cós a codorniz der em Maio, tantos grãos de centeio vinha a ter a espiga? Isto quando S. Pedro era um oceano de campos de centeio, claro!
Ainda sobre o povo da mourama resta-nos uma lenda e os vestígios das casinhas. Mas que gente viveu ali?
ResponderEliminarTendo em conta, que estas sepulturas podem ser de pessoas que ali moravam, pode ser que ainda encontrem ossadas desse povo.
Um bom fim de semana.
Pode ser que a população local possa indicar o caminho às pesquisas. Um abraço, Yayá.
ResponderEliminarSeria o lógico Yayá, mas era preciso que os locais fossem informados!
EliminarJá no começo do ano escrevia sobre o assunto "informar" já que sou a favor de que "o sol quando nasce é para todos" (Post-Forninhos e o Turismo – Reflexões e Sugestões).
Os locais em vez de ficar em casa devem ir para lá, pois até pode ser o caso de encontrarem algum objecto de raro valor arqueológico e assim evitam que vá para longe.
No passado muita coisa podia ter ficado entre nós se as pessoas de Forninhos estivessem presentes. Agora pertencem a outros!
Um abraço e bom fim de semana.
Xico,
ResponderEliminarAs preciosas histórias de Forninhos são inúmeras, e cada uma mais interessante que a outra. Isso ficará eternizado aqui nesse blog, ou de alguma outra forma mais moderna que aparecer no futuro.
Muito curioso o que você abordou nesse post.
Um lindo final de semana! Abraços
Excelentes fotografias de valioso Património arqueológico....
ResponderEliminarCumprimentos
Muito boa tarde.
ResponderEliminarA minha opinião quanto ao estudo que vai ser levado a cabo na serra, seja ao abrigo de A ou B, o importante é que, finalmente e pela primeira vez se vai olhar para a história desta serra.
De certeza que não vão lá encontrar e levar tesouros, os verdadeiros tesouros que lá estão, são os históricos/culturais de varias épocas, e estes ninguém os leva, ficam a enriquecer Forninhos pela divulgação do seu nome, e este sim, é um grande tesouro.
Devemos remar todos no mesmo sentido, não podemos nem devemos querer deitar abaixo e sim congratularmo-nos com esta iniciativa que demorou, mas parece que finalmente se vai realizar.
Os achados, se é que vão aparecer, servem apenas para desvendar a história, que pode ser rica, deste lugar misterioso; mas as suas pedras, suas cavernas, suas covinhas e tudo o mais de lindo como: paisagem, flora, mansidão e paz que se sente quando passamos um pouco do nosso tempo nesta serra, ninguém leva daqui, e, mais desfrutada pode ser, quanto mais conhecida for.
Por amor de Deus Forninhenses !!!.. vamos aproveitar esta oportunidade, sem atritos sem desconfianças, sem comentários que nos levam á desunião.
Forninhos é uma aldeia pequena mas linda onde ainda, sublinho AINDA, se dá os bons-dias e as boas-noites ás pessoas, e estas, têm vaidade em mostrar e partilhar a ruralidade das suas casas, tão característico das gentes Beirãs, com os que nos visitam.
Vamos preservar estas coisas boas que são já muito raras, mas mais importantes do que quantos museus possa haver, e estão tão perto, estão mesmo dentro de nós mesmos, é tão bom e… barato.
Um abraço amigo a todos.
Muito obrigada ed santos pelo amistoso comentário.
ResponderEliminarSabemos desde o começo deste blog que sepulturas como as que vemos nestas fotos foram vandalizadas e outras dali levadas. E só depois é que as pessoas tomaram consciência que ali estavam guardados os restos mortais de um povo que, possivelmente, deu origem às lendas (que ainda se mantêm ali) e a minha opinião sempre foi que já deviam ter sido recolhidas para que possam ser musealizadas ao ar livre, como é óbvio!
O blog dos forninhenses não vive só de comentários, vive com história e…por isso procuro mantê-la “viva” o que nem sempre é fácil, porque não contamos com TODOS! Sinceramente, eu própria sinto vergonha quando vejo pessoas a continuarem sempre como até aqui, a remar só a favor do seu “clubinho”! Sabe do que estou a falar…
“À mulher de César não basta ser séria…” diziam os Romanos!
Também não pretendo perseguir a JF de Forninhos que, a meu ver tem feito um bom trabalho, mas critico a CM de Aguiar da Beira (aliás, como sempre critiquei) por desprezar o património da minha serra, que por ser vasto e valioso sempre mereceu a sua divulgação neste blog.
Vidé etiqueta “A Nossa Serra”.
E sempre fui a favor de um museu para Forninhos, mais por razões sentimentais, pois nesta terra viveram os meus avoengos.
Retribuo o abraço.
Muito boa tarde para todos
ResponderEliminarÉ verdade Paula, sei que as sepulturas que não partiram foram levadas para servirem de pias para os animais beberem, mas possivelmente estas pessoas não tinham e ainda não têm noção do que faziam, competia, isso sim, as autarquias locais protegerem tão valioso espólio. Segundo me disseram, a Junta de então alertou a C.M de Aguiar da Beira, e esta, como sempre fez, não ligou nada, mas enfim… já nos habituamos á postura desta Câmara que sempre criticastes, e eu também, pela falta de sensibilidade para a preservação do património cultural de Forninhos.
Paula, tens feito um excelente trabalho na divulgação desta terra, e agora com um excelente colaborador que é o Chico a quem eu desde já lhe endereço os meus parabéns pelo modo como escreve, onde poe em evidência o sentir do seu povo, do nosso povo Beirão, só é pena que outros de Forninhos o não façam também, mas isso não vou discutir… adiante.
Eu também já fui um defensor acérrimo de museu, mas pensando bem… Um museu para mostrar alfaias agrícolas? Os nossos objetos caseiros? Será mesmo isto que as pessoas querem ver? Eu, hoje questiono-me. Por todo lado onde se vai é isto que se vê, e nós temos tanta coisa muito mais importante, como as que mencionei no meu comentário anterior, para mostrar.
Um bom fim de semana para todos.
Mais do que mostrar alfaias agrícolas e outros objectos de trabalho, a construção de um museu no edifício onde funcionou a escola primária, seria uma oportunidade para colocar, por exemplo, à vista as fotos que fixaram momentos de antigamente e os vestígios arqueológicos que saíram do ventre desta terra, ao mesmo tempo dava-se seguimento à função para aquilo que o edifício foi criado - ensinar e transmitir a cultura da terra...
ResponderEliminarEste local podia servir para dar a conhecer a vida deste território, desde as suas origens geológicas, paleontológicas e arqueológicas, até à actualidade.
Só que eu gostaria de "ouvir" dos políticos do nosso Concelho e das pessoas ligadas à história e arqueologia, que conhecem Forninhos, se do ponto de vista turístico/empresarial S. Pedro pode vir a ser um espaço que, bem explorado, pode gerar emprego, de modo a fixar pessoas (ou não).
É que se fôr para continuar tudo na mesma... e só para cativar a malta da terra para umas caminhadas...há caminhadas em outras freguesias!
A mim custa-me a aceitar que nas Assembleias Municipais continuem a fingir que não se perdeu população nos últimos anos!
Continuação de bom domingo!
Eu admiro-te muito Paula, pelo ardor e empenho que pois na defesa da tua terra, tal como uma mãe defende o seu filho, neste caso defendes a mãe terra, tiro-te o chapéu por isso.
ResponderEliminarNão sou contra o tal museu, antes pelo contrário, mas era se houvesse um plano mais abrangente.
Abordas bem o tema mas eu pergunto? Quem a que olha para esta terra, bem no centro da Beira Alta, ainda com alguns usos e costumes sustentados pelos mais velhos e que os mais novos não querem nem podem preservar devido ao modo de vida que se tem alterado nas últimas décadas? Só mesmo com apoios, mas estes não chegam, e se chega alguma coisa, não se pode incluir em projetos para o futuro, são poucos e mal encaminhados, porque a cegueira dos nossos governantes não consegue ver para além da biqueira dos seus sapatos e dos amigos. E privados só investem onde o lucro é imediato.
É pena, porque esta terra tem tudo para se tornar uma aldeia turística de excelência; a serra onde possivelmente está a origem de Fornos/Forninhos, até ás casinhas rústicas da aldeia atual.
Ainda há dois dias assisti á tosquia das ovelhas dos irmãos Belarmino e Ricardo, um “evento” natural, só diferente dos antigos, nas máquinas elétricas e tesouras.
Uma pessoa que estava presente e conhecedora na área do turismo, estava impressionado com o que viu, e disse-me que havia muitos turistas que pagavam bem para ver aquilo. Isto é só um exemplo.
Continuação de resto de bom domingo
De facto mantenho está página vivíssima por Forninhos! Mas como forninhense, Sr. Eduardo, do que tenho mais saudades é da união que se manifestava quando lá vivi. E tenho pena que os jovens locais não sigam o exemplo das gerações anteriores!
ResponderEliminarA malta nova, como diz, não aprecia isto e, por isso, cada geração segue novos caminhos, sem perceber que são esses que nos levam para fora…
Honra seja feita ao Belarmino e Ricardo. O futuro destas terras, está aqui, no povo que trabalha duramente dia após dias e não nas elites políticas parasitárias.
Mas concentremos a atenção em S. Pedro. O que existirá em Forninhos de mais simbólico da sua história do que “Castelo”?
O “Castelo” é parte integrante da paisagem forninhense e este estudo servirá, pelo menos, para que os mais novos, e até os mais velhos, compreendam a história de uma das terras mais antigas do nosso concelho. Não é por acaso que a maioria não conhece que o homem pré-histórico habitou o antigo povoado de S. Pedro, que o Castro terá sido utilizado pelos Celtas, Lusitanos e Romanos e que por S. Pedro (Forninhos) passaram vias romanas.
O Sr. Eduardo foi quem melhor aqui divulgou esta serra. Muito bem-haja e um grande abraço.
Muito boa tarde.
ResponderEliminarVou entrar por último neste post, onde houve alguns trocadilhos entre mim e Paula, onde houve também um pouco do muito que há em Forninhos.
Deu para ver que houve aqui troca de algumas palavras que podem parecer “azedas”, mas não são, podem crer. É um pouco de Forninhos com suas virtudes e seus defeitos, mas, as virtudes são de todos e os defeitos não são de quem os tem, mas sim de quem os vê.
Já agora gostaria de deixar aqui um apelo ás gentes de Forninhos que moram fora e deixaram a vida ativa; voltem, venham passar o resto de vida que nos resta á vossa/nossa terra onde a qualidade de vida para nós não tem comparação a qualquer outro lugar, seja lá onde for.
Um abraço amigo para todos que nos acompanham neste convívio virtual.
Boa tarde.
ResponderEliminarEste blog ainda é das poucas coisas a manter a alma e espírito forninhense vivo, de forma desinteressada e abnegada, mas com uma paixão imensa no sentido de fazer renascer e manter viva a nossa história.
O oxigénio e força que lhe dão a coragem da continuação, advém de tantos colaboradores e dos milhares que o visitam e lhe guardam respeito, de todas as partes do mundo e que aqui revêm infâncias e histórias ou de forma presencial ou virtual, para os quais vai um sentido obriqado por nos darem a certeza de se continuar a trilhar o caminho traçado: a partilha!
Este post aqui editado, poderia ser direccionado para o contar de histórias mais ou menos romanceadas e floridas, embora reais, pois o local de S. Pedro a isso se apresta, mais que qualquer lugar: as sementeiras, o rapinar os ovos dos pombos bravos, ovelhas que os lobos roubam, os caçadores furtivos que apanhavam a caça com "lapas", e tantas outras histórias ainda na memória de gentes vivas,
Mas não, com a mesma seriedade questionou-se e questiona o que aí vem, no eventual reconhecimento público, fruto de estudo já público, a realizar.
Devemos o partilhar das novidades desta nova fase da história de S. Pedro ao respeito pelos leitores e na coerência da filosofia destas páginas, por muitas vezes olhada com desprezo por incómodo da falta de coragem de quem em surdina, menospreza este trabalho, por incapacidade mental ou medos de exposição.
Aqui a palavra de ordem, como dizia a Paula: "para a frente é que é caminho". E digo eu: Doa a quem doer!
Claro que em relação ao estudo a ser realizado naquele cantinho da Serra, não se deve criar à sua volta grande expectativa, até porque Forninhos, já muitas vezes sentiu na pele o estigma da desilusão espelhado no tanto incumprimento de promessas, desdém de uma Câmara Municipal à qual poucos forninhenses não terão grande orgulho em pertencer, salvos os mesmos interessados de sempre, pois se esta se arvoara em mãe, a Forninhos sempre tratou como filho bastardo que apenas pretensamente pensam que também é família, quando se monta o palanque, comes e bebes e campanhas eleitorais.
Não deixa saudades se um dia o cordão umbilical se partir.
A Paula e o Sr. Eduardo Santos, ao qual daqui agradeço o apreço por mim manifestado sobre esta colaboração que tanto prazer me dá, abordam de novo a feitura de um Museu em Forninhos. Eu continuo a seu favor quer pelos motivos atrás já invocados e como se isso não bastasse, por uma questão de vigilância do património material que ao longo dos anos tem sido saqueado e que não se quer ou deve repetir.
Se a maioria da população desconhece, por falta de informação o estudo a acontecer na serra, seus motivos e objectivos (ainda não percebo o porquê), como poderão saber as suas conclusões e já pré-conclusões traduzidas em achados arqueológicos que pelos vistos andam em viagem; esperemos que o bilhete fosse de ida e volta.
Forninhos não deve continuar desinteressado e bacoco, que por vezes se calhar também por alguma inocência, é motivo de chacota!
Mais vale ser uma ovelha tresmalhada, mas ser séria e respeitadora a continuar a "amochar" no rebanho,
Um abraço.
Reavivando o "post":
ResponderEliminarOs blogues existem mesmo para estimular discussões e mexer/despertar consciências. Só que a gente de Forninhos prefere estar atenta ao desenrolar da acção, do que dar a sua opinião...
Não há aqui palavras azedas, nem creio que haja aqui críticas, mas sim uma forma saudável de falar do assunto, afinal estamos em democracia e por mais "podre" que ela seja, ainda temos meios para discutir assuntos deste teor!
Eu, já o disse muitas vezes, não sinto que tenha que estar de lado algum, seja sobre que assunto fôr, apenas tenho as minhas opiniões, dou-as a quem as quiser ler para que possam ser tidas em consideração, ser consideradas um contributo válido, se assim o entenderem. Como não estou "por dentro" do objectivo deste estudo, apenas alertei para que a população local não deixe daqui levar o que quer que seja. Mas nem está em causa em levarem daqui "tesouros", está em causa é que tudo o que foi levado, não voltou.
Eis a prova disso mesmo:
Nas proximidades da aldeia abandonada de S. Pedro, no vale em direcção ao Alto dos Valagotes foi encontrado um machado plano do calcolítico/bronze inicial e uma moeda romana (isto foi informado pela Jf Forninhos no ano 2011) e que se saiba não voltaram à terra a que pertencem - Forninhos!
O grande problema é que vai havendo cada vez menos gente interessada na "coisa pública" e somos mesmo consideramos pelos habitantes de freguesias vizinhas como um povo bacoco!
Meu querido S. Pedro!
ResponderEliminarTenho um fascíno muito especial por este local, rude, mas recheado de encantos e que tantas memórias me traz.
Já de pequenito para ali ia com o meu falecido pai, lavrar a terra para a sementeiro do centeio. Iamos ainda noite, pela fresca para evitar que as vacas fossem mordidas pelos moscardos e se enfurecessem.
O meu pai à frente das vacas com a aguilhada ao ombro e eu sentado nas traseiras do carro, agarrado a um fugueiro, não fosse ser cuspido por algum solavanco que o caminho tortuoso proporcionava.
A minha tarefa era andar em frente dos animais, segurando a corda pois a "Amarela" não estava feita ao rego e era teimosa. Lembro que uma vez se espantou e as duas disparam, arrastando o arado terra adentro.
Quando o calor começava a apertar, a manhã estava terminada. Era ir para o pinhal, pôr o gado à sombra com um bocado de feno e atirar-nos ao farnel.
Depois havia mais de meia dúzia de horas pela frente, sem nada para fazer, a não ser dormir uma sesta.
Era assim para nós e também para o Tio Elísio que com o filho, Zé Clementina ali andavam na sementeira.
Era nessa altura que subia à Cadeira do Rei e sinta-me dono do mundo, um mundo tão grande que a vista não conseguia abarcar na totalidade.
Nas urnas de pedra, imaginava os mouros com a cimitarra à cintura. No Castro brincava com as telhas fragmentadas e subia ao pinheiro a espreitar o ninho de pombo bravo. Já tinha ovos!
A maldade era ir de mansinho fazer a ronda aos custilos do Zé Clementina.
Quase sempre tinha algumas rolas que "dividia" com ele, melhor roubava e agora já sabe.
Mas, ardilosamente, deixava algumas penas para ele pensar que a rola tinha escapado.
Por tudo isto e muito mais agradeço ao meu querido S. Pedro.
É sempre muito gratificante receber de ti um comentário destes, como bem sabes, enriquece ainda mais este blog.
ResponderEliminarEu, quando ía para os Cuvos, o que mais imaginava era a linda moura encantada! Ela estava escondida num penedo, perto de uma fonte de água. Enfeitada de ouro e outros luxos – di-lo o povo – só sai uma vez no ano, na noite de São João.
O nosso querido S. Pedro é mesmo um lugar mágico. Hoje, o que mais gosto de imaginar são as formas dos penedos, a maioria a lembrar formas humanizadas.
Eu é que fico agradecido por aqui poder contar memórias, infelizmente poucas, pois como muitos, poucos anos vivi em Forninhos, mas passei a infância que é a que traz mais doces recordações.
ResponderEliminarS. Pedro tinha, há anos atrás entre outras actividades a ceifa do feno. Trabalho para homens de barba rija em que o suor encharcava o corpo.
Era um trabalho comunitário em que "...hoje vens à minha ceifa, p'ra semana vou à tua".
E lá iam pelo cedo, sempre a subir as ladeiras, boina espanhola na cabeça e gadanha ao ombro. Na mão o garrafão do vinho e no bolso um maço de Kentuckys ou Provisórios, para no descanso fumar o cigarrito.
Um pouco atrás as mulheres, canastra da janta à cabeça e a piqueta encafuada dentro da cesta, pendurada no braço.
Frente ao campo de feno, os homens lado a lado, benziam-se e começavam a ceifa.
À cintura, preso no cinto estava o corno de vaca, com água, onde guardavam a pedra de aguçar que volta e meia usavam, pois o terreno irregular e pedroso ia deixando rombuda a gadanha.
Atrás as mulheres, cantarolavam na apanha em braçadas daquela erva verde que meticulosamente estendiam para secar e mais tarde seria transformada em molhos de feno.
Por volta das dez, estendia-se a toalha na sombra dos penedos ou pinheiros e lá navegava a piqueta, não toda pois na fartura ainda sobrava para a merenda.
Digam lá que este sítio não é encantado?
Por isso as mouras o escolheram!