Hoje é a festa da "Senhora da Saúde" na Moradia, uma aldeia vizinha de Forninhos, cuja população interage e se identifica com o nosso povo, em termos civis e religiosos. E no próximo domingo, dia 3 de Maio, é dia do povo de Forninhos ir em procissão de ladaínhas: a rezar e pedir que N.S. dos Verdes e todos os santos e santas livrem as culturas da desgraça das pragas. Este "voto" ou promessa foi instituído aquando de uma praga de gafanhotos devastou os campos da região.
Pus-me a pensar em como os católicos recorrem aos santos tantas vezes e como a Igreja Católica Romana arranjou santos para todos os fins; então encontrei na «net» uma passagem engraçadíssima que Aquilino Ribeiro, um escritor que adoro, descreveu na sua obra "Portugueses das sete partidas", que por entender que se enquadra neste assunto vos dou a conhecer:
Pus-me a pensar em como os católicos recorrem aos santos tantas vezes e como a Igreja Católica Romana arranjou santos para todos os fins; então encontrei na «net» uma passagem engraçadíssima que Aquilino Ribeiro, um escritor que adoro, descreveu na sua obra "Portugueses das sete partidas", que por entender que se enquadra neste assunto vos dou a conhecer:
"Pelo combate que o campo das ciências aplicadas, em particular, davam à superstição e à medicina sobrenatural - como aposição de relíquias e de ferros santos, intercessão de bem aventurados, a cada um competindo determinada zona anatómica ou espécie zoológica, assim a Cabeça Santa para a raiva, S. Fiacre para as almorreimas, Santa Luzia e Santa Flamínia, ambas concorrentes, para os achaques dos olhos, Santa Apolónia para a dor de dentes, S. Francisco de Paula a bem da sucessão masculina e ainda contra a estiagem, S. Marino para a sarna, Santa Tecla para as queimaduras, Santa Rita para todos os impossíveis do corpo e da alma, reservando-se Santo Antão o privilégios de guardar os porcos ao chambaril, Santa Marta de esconjurar o pulgão e o filoxera das vinhas, S. Pedro Gonçalves a lagarta das hortas e até S. Paulo Mártir de preservar as searas e favais do granizo e das trovoadas - concitavam contra si todos os agentes de rotina e de conservação.".
Fonte: http://ruadajudiaria.com/?p=153
Para ilustrar publico a foto de Santa Rita, que se encontra na igreja da minha terra natal, mas que até 1998 esteve na nossa capela: Capela da Senhora dos Verdes. É conhecida por Santa Rita ou Margarida de Cássia, viveu no Séc. XV, tendo morrido em 1457. Tendo perdido os filhos e o marido, fez-se monja agostiniana no Convento de Cássia (Itália), donde lhe vem o nome. Apresenta-se vestida com hábito de freira. Conta-se que o nosso rei D. João V terá sido curado de um problema na vista graças à sua intercessão.
Que legal! Gostei da partilha engraçada e gosto de ver essas festas nas cidades do interiro.E haja santo pra tanta festa! rs beijos,tuuuuudo de bom,chica
ResponderEliminarChica,
EliminarHoje já não são precisos santos para fazer uma festa, basta haver políticos, pena é não haver um santo que nos livre deles!
Bjos**
Conhecia um pouco a vida de Santa Rita de Cássia.
ResponderEliminarAprendi mais um pouco dos usos e costumes do nosso Portugal interior.
Beijinhos.
Gosto muito da imagem de Santa Rita e sua história de vida, se é verídica ou lenda...não sei...o que sei é que pessoas precisam acreditar em alguma coisa para de certo modo se sentirem bem com elas próprias.
EliminarBeijinhos.
Faz hoje precisamente um ano que vim directo da Festa da Senhora da Saude na linda aldeia da Moradia, apanhar o comboio em Fornos de Algodres para regressar a Lisboa. Nem deu para provar as boas e afamadas bifanas. Pelo menos e o mais importante, foi o cumprir da promessa (cada qual guarda para si). A minha surtiu efeito e se nao foi por milagre, parece. Acho que foi, pelo menos melhor que a da Santa Eufemia que nao me tirou o cravo antigo que tenho na mao direita...
ResponderEliminarSubindo do Centro do pais para o Norte e falando do que guardo na memoria, havia uma "irmandade" de Santas e Santos das quais as aldeias se socorriam no desespero de mitigar as suas tristezas, dores e maleitas.
Uns diziam que tinham de ir a bruxa, outros por serem mais "fidalgos' e com medo de dizerem que era consultar a vidente, simplesmente sussurravam ir visitar a Santinha. O pagamento era igual, independentemente da consulta e categoria da analista (por norma mulheres). Cada qual dava o que a alma e coracao ditasse.
Mas,
A gente querendo, apenas acredita no que quer e por tal muitas vezes pensava e penso que por nao nos querermos questionar, fugimos de nos proprios e de coisas reais, como estas dos Santos e Beatos. desde os primordios da Igreja catolica, a maioria de Santos e papas tem origem italiana, mas outros existem, portugal teve um Papa, Joao XXl e muitos Santos e Beatos que por extensivo, se tornaria monotono enumerar.
Pessoalmente tenho um grande, enorme carinho por um Santo, JOAO PAULO Xll. A Ele me agarro na simplicidade de um sorriso, recordando as duas vezes em que fisicamente o vi em Portugal. Aquela magia que rondava o sorriso de Cristo e por tal jamais esquecerei
O mesmo que contra opinioes que davam a Alexandrina de Balazar como "bruxa" ao duvidarem que pela sua entrega a Deus, testemunho de santidade e imolacao mistica, a partir de 1942, deixou de se alimentar, vivendo exclusivamente da eucaristia.
Morreu jovem, com 25 anos e curiosamente num dia 25 (de Abril de 2004), foi elevada as honras dos altares por este Santo, como Beata Alexandrina de Balazar.
Santa Eufémia é protectora das doenças da pele e diz o povo que é das santinhas mais milagrosas; é comovente ver nos seus dias tantos devotos em volta da capela e ‘montes’ de flores, principalmente cravos ao redor do seu andor.
EliminarNão se sabe quantos milagres já fez, mas com certeza muitos, pois as pessoas continuam a prometer e dizem ter sido atendidas, tens de ter paciência e muita fé e serás atendido. Se não fores, há um remédio bom na farmácia para os "cravos" da pele ;-)
Um belo artigo e realmente este país estava cheio de Santos para todas as maleitas, com o avanço da medicina e da ciência perderam protagonismo.
ResponderEliminarUm abraço e boa semana.
Hoje não, mas se calhar no passado o aparecimento destes santos fez com que a medicina no nosso país não evoluísse. Estou a falar de há muitos séculos atrás, claro.
EliminarAbç e boa semana tb.
Bom dia, as festas populares são fantásticas, tem a virtude de unir o povo num bom convívio.
ResponderEliminarExiste Santos(a) de todas as cores, para tudo e mais alguma de todas, são os efeitos faz da influencia católica.
AG
Exactamente, não há terra ou povoação que não tenha uma festa e, pelo menos, por um dia colocam de lado as divergências e todos convivem.
EliminarQuanto ao 2.ª parágrafo, penso que é isso mesmo que o escritor Aquilino Ribeiro quis transmitir.
É bem curioso...o culto aos santos e santas!
ResponderEliminarCada um com a sua história...mas a Fé...é assim mesmo...e as pessoas movem-se por ela!
Boa semana!!!
É, a fé e religiosidade existem desde que o homem pensa e apesar das diferenças e divergências entre povos, as pessoas movem-se por ela!
EliminarBoa semana tb.
Oi Paula...
ResponderEliminarSempre dos Céus vêm milagres e providências...
Gostei do seu post!
Um abraço e boa semana...
Pelo seu comentário se vê que não são os santos da terra que fazem milagres!
EliminarConhece o provérbio "santo da casa, não faz milagres"?
Abr/boa semana.
Que linda postagem.
ResponderEliminarOs santos... assim diz o próprio nome, que depois da canonização; prova verídica de milagres acontecidos, serão nossos fieis intercessores junto ao Pai para uma graça que tanto desejamos.
Qual Pai bondoso que não escuta os pedidos de uma mãe ou de outro filho em favor de alguém?
Amei Aluap...e aprendemos muito com estas ricas postagens!
Beijos,
Mariangela
O que seria do povo sem a sua fé, sem o santo protector?
EliminarTambém eu aprendi com o seu comentário, Mariangela! Bem-haja.
Beijos**
Quando era criança a época das festas começava com a Senhora da Saude em Fonte Arcada, vinha depois a S.ra da Lapa e finalmente a grandiosa festa da S.ra dos Remédios em Lamego. Pelo meio tínhamos na minha aldeia as festas do Senhor dos Caminhos que formas diferentes se realizavam no Domingo de Lazaro, dia de Santa Cruz e Domingo da SS. Trindade.Gosto de todos os Santos, mas neste momento aprecio muito o Papa Francisco, mesmo se ele incomoda muita gente. Com mil milhões de esfomeados, todos os esforços sao poucos. PS. De todas as festas, as melhores recordações sao de Lamego, e sem ser festa religiosa, a feira franca de S. Mateus em Viseu, talvez pelas farturas acompanhadas com vinho verde. Abraço, boa semana a todos.
ResponderEliminarEu nada tenho contra os santos e santas, mas desde que vi pela primeira vez a estátua de Sousa Martins e os ex-votos colocados em torno da sua estátua, no Campo de Santana, em Lisboa, fiquei a admirar bastante este homem que foi médico e é considerado um santo laico.
EliminarDe quando era criança gostava muito de ir ao Senhor dos Caminhos e, sem ser festa religiosa, à feira anual dos 20 (a 20 de Janeiro), no Mosteiro, Penaverde.
Um abraço
Olá
ResponderEliminarcom fé a vida segue sempre pelo melhor lado. Que saudade das festas em homenagens aos santos que protegia nossa comunidade. Em nossa casa tinha uma capelinha com uma santinha, não me lembro o nome, pois eu era devora de padre Heus. Meu pai contava todo orgulhoso que escapei da morte graças a uma promessa que ele fez ao padre Heus.
Bjos tenha uma ótima semana.
O seu pai devia acreditar nos poderes do padre Heus. Aqui (Portugal) há um santo sacerdote, conhecido em todo o país pelo nome de Padre Cruz.
EliminarFez um percurso, que todos os padres deveriam fazer. Preocupou-se com os pobres, ajudando-os como podia, não falava nem se metia em política. Hoje não se vê esta postura nos padres. Infelizmente o que mais se vê é padres a mostrarem as suas tendências políticas e a esquecerem o essencial das suas missões...
Beijos.
Belo o nome dessa aldeia; Moradia!
ResponderEliminarMuito interessante ver a importância dos Santos e Santas, cada um com a sua "especialidade" própria, numa intervenção divina para os males do corpo e da natureza, embora como disse o Mestre Aquilino Ribeiro, Santa Luzia e Santa Flamínia concorressem nos mesmos domínios, e Santa Rita tivesse ficado com "todos os impossíveis do corpo e da alma", grande incumbência, com a qual até D. João V parece ter sido agraciado.
Todos sabemos como a fé tanto ajuda a curar, mas não deixa de ser linda esta religiosidade que para muita gente ainda se mantém. A mim, esta distribuição de domínios de actuação divina, fazem-me lembrar as especialidades médicas, das quais, Santa Rita poderia ser a médica de medicina geral, que confrontada com um caso específico, enviaria para a respectiva "especialidade". O caminho faz-se caminhando, e a ciência veio introduzir novos paradigmas, que contudo, não ocupam o lugar dos santos. Tudo tem o seu lugar, até porque a ciência não tem respostas para tudo.
Um post muito bonito, Paula!
Boa semana.
xx
Esta povoação - Moradia - tem como padroeira da sua capela a Senhora da Saúde que é festejada duas vezes no ano, em Abril e em Setembro, quer dizer, agora é em Agosto porque devido ao despovoamento e como são os migrantes e emigrantes que ainda trazem alguma vida às nossas aldeias, a festa de Setembro passou para o mês de Agosto.
EliminarAgora a Laura fez-me sorrir ao imaginar Santa Rita a encaminhar o D. João V para um "glaumoca" com Santa Luzia ou Santa Flamínia!
(não faço ideia donde veio o problema de visão).
Fez um comentário muito bom, como já é hábito, obrigada Laura.
Boa semana/Bj**
Engraçado que o povo se lembre dos santos quando está aflito. Minha avó sempre dizia que só se lembram de Santa Bárbara quando faz trovoada.
ResponderEliminarUm abraço e uma boa semana
Conheço perfeitamente essa expressão, a minha mãe ainda hoje costuma dizê-la.
EliminarBoa semana tb.
Abraço.
Na literatura popular da Beira encontramos como característica bastante
ResponderEliminarcomum, a Mitologia apoiada na religião dando, no entanto, aso a que se conjugue
amiúde com o pagão. O milagre atribuído ao Santo da devoção tem de continuar a ser
comemorado, recorrendo-se muitas vezes a ancestrais rituais pagãos.
O povo da Beira é mesmo assim, fervoroso nas horas de aflição, crente em
deuses e Demónios, Bruxas e Lobisomens. Combate o trovão com Santa Barbara e
personaliza um Santo como defensor de cada malefício por que é atingido.
Dado que surge muitas vezes a necessidade de um milagre, acredita em
bruxas, acedentes e maus olhados, mas é ao mesmo tempo devoto acérrimo do Santo
da sua devoção. Aliás o santuário de cada localidade é o local onde uma ou mais
vezes por ano o povo faz a sua “catarsis” colectiva, “banhando-se” em rituais pagãos
com um pano de fundo religioso, ganhando assim forças para as provações que a vida
lhe reserva nos tempos mais próximos. As crendices aqui tocam o limiar dos extremos
que coabitam inseparados e insolúveis.
A literatura popular portuguesa é feita de pequenas pepitas de identidade que
embora rareando nos aparecem no leito dos nossos rios. A literatura popular da Beira
é uma árvore plantada em tempos imemoriais, cujos frutos do mesmo ramo podem ser
o Sagrado e o Profano misturado num suco comum.
Apresenta-se-nos como um símbolo de identidade regional e nacional, como
uma procura constante de valores que são tão nossos que nós os desconhecemos. É
algo que precisa de se cumprir em cada um de nós.
Será um serão passado à lareira numa noite de Inverno. O ambiente reflecte
desde logo outros tempos em que ao fim de um dia de trabalho as várias gerações se
sentavam à lareira em redor do fogo unificador. Era aí que se transmitia a genuína
cultura popular. Outros tempos em que não existia a luz eléctrica ou os modernos
meios de comunicação como elementos difusores de cultura e de população.
www.rvj.pt/outrem/conteudos/Contos
Boa tarde Paula, muito interessante saber das graças atribuídas a tantos santos!
ResponderEliminarO povo é sabedor destas e outras coisas!
Fez-me lembrar nossa Senhora que sendo uma se desdobra em tantas!
Também tenho os meus santos predilectos,))!
Beijinhos,
Ailime
É verdade, Ailime, N.Senhora só há uma, mas desdobra-se em muitas!
EliminarEm Forninhos, por exemplo, é venerada com o título de Senhora dos Verdes, mas há pessoas que ainda não entenderam tal. Acham que Maria, mãe de Jesus, é uma; N. Senhora dos Verdes, é outra Senhora; depois ainda há N.S. de Fátima...
Beijinhos.