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terça-feira, 28 de abril de 2015

O OUTEIRO

Da  minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no universo... 
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer 
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
(Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos") 


Quase meio século atrás. O lugar do Outeiro era tal assim, sem precisar de nome de ruas nem código postal, para tal bastava a tia Augusta "brasileira" que se encarregava de entregar e receber as parcas cartas redigidas por boca e de boca ouvidas, ela que corria o povo, mas que ali morava com o irmão António e a irmã Clementina e os filhos desta.
Para mim (suspeito por ter nascido ao fundo da ladeira, junto ao ribeiro dos Moncões), sem dúvida o local mais lindo e airoso de Forninhos.
Olhando em frente e a direito, por cima de lameiros, arretos, vinhas e matas, lá estava a Matela que nos tapava a vista para a serra da Estrela, mas que no inverno dava a novidade da vinda da neve por a receber primeiro que nós.
Para a direita, as terras da Moradia, perdendo a vista as terras de Castendo que eram olhadas como pronúncio do tempo para o dia seguinte, conforme o céu estivesse, não fossem as nuvens mostrar a "cabra esfolada" ou o vermelho do pôr do sol, ditar o calor e as vacas terem de ser jungidas madrugada ainda noite. Mesmo por cima dos olivais, sentia-se a proximidade do cemitério e via-se o sitio do Lugar, encimado pela igreja matriz e a cada badalada dos sinos, parecia que as telhas velhas do casario do Outeiro, se rachavam. Torcendo o pescoço para a esquerda, a vista alcançava desde o Picão, o caminho dos Cuvos e a serra de S. Pedro, a caminho dos Valagotes.
Estas duas fotos, representam a comunidade genuína desse tempo em que as mulheres encostadas nestas paredes, catavam os piolhos aos garotos, punham a conversa em dia e ao anoitecer vinham de cântaro na cabeça e cantarinha no braço de água da fonte para a janta.
Por aqui, entre a casa da tia Eduarda, da tia Olivia e da Micas e mesmo da minha avó Ana, havia uma eira na qual se malhava centeio e trigo, assim como o milho que juntamente com o feijão ali ficavam a secar e guardados toda a noite. Aos domingos, depois de um tempo na taberna, os homens ali faziam companhia às mulheres, nas novidades e saboreando um ou outro copo do vizinho, antevendo que o dia seguinte seria de "pica o boi". Duro, como sempre, pois não havia tempo para "rónhonhó" ou ficar na preguiça.
Aquele carro foi uma novidade e colocou o nosso "território" em alvoroço, Acho que era do tio Manuel Guerra e que o tio Elísio levou nas férias. Tirando o carro do Antoninho Bernardo, de algum caixeiro viajante e os carros de aluguer da Guarda Republicana, pouco se via. Não contando com a do médico, a Renault 4 que por norma ficava atolada na estrada da Matela.
Se fosse falar na alegria da garotada que ali reinava e que tinha de ser arrastada para a cama no fresco do verão, quantas vezes presos pelas orelhas, ficava aqui toda a noite...
Digam se o Outeiro não tem magia?  

Fotos: Henrique Lopes.

43 comentários:

  1. Um belo retrato do Portugal profundo e atrasado mas com uma certa magia.
    Um belo texto, gostei deste mergulho no passado.
    Uma abraço e continuação de uma boa semana.

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    1. Boa tarde Sr. Francisco. Permita assim pelo nome simples, igual ao do meu avo paterno e ao meu, a quem no gozo chamavam Xico, a ambos, ele nao gostava muito pois dizia que Xico era o diabo...
      Gosto de mergulhar nas memorias, porventura para alguns criticos, um desiredato, para mim e por tal me bato, faz parte do nosso geneses, simples mas cultural. Registos simples para os vindouros, ou melhor, rstos que desaparecem no fumo da lenha verde que teimava em arder, por vezes molhada, sem haver a outra.
      Um abraco para si e sabe (a muitos) mergulhar na velhice e na infancia.

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    2. Franciscos,
      A vida por “estas paragens” não era fácil, a nossa gente viveu tempos difíceis, mas ao mesmo tempo prósperos.
      No dia 25 de Abril comemoramos 41 anos de Abril, mas também comemoramos 40 anos de Poder Local, de eleições livres em Portugal, e as mudanças que aconteceram em Portugal, de uma forma ou de outra, são devidas a estes acontecimentos. Em Forninhos, foram os autarcas que ao longo dos anos contribuíram de forma decisiva para modificar “o rosto” da nossa freguesia, contribuindo para resolver carências básicas da população, como o abastecimento de água, rede de esgotos, electrificações domiciliárias e públicas, melhorias dos arruamentos da povoação e outras. E acho que tudo isto em boa hora aconteceu.
      Ainda assim há sempre gente que está contra o 25 de Abril, na volta preferiam que Portugal continuasse atrasado!

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  2. Lindas tuas palavras e as fotos realmente tem a magia que fala acima o Francisco.Gostei mais uma vez! abraços, chica

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    1. E sem relogios, Chica, como pode ver...
      O Ceu ditava as horas do dia e nao tinha ninguem de perguntar a quantas andava.
      Andavam felizes e bastava!
      Abraco.

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  3. Não tenham dúvidas...um OUTEIRO tem a magia de uma aldeia e de outras épocas!
    Belo texto elucidativo anexo a dois belos momentos fotográficos!
    Uma boa quarta feira!

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    1. A Graca por deixa que fique perdido nas receitas das suas guloseimas e tantas coisas "naturas" que apresenta.
      Quase a imagino na eira, escolhendo o melhor milho ou feijao e depois uma simples panela de tres pes ao lume.
      Apenas trago um pequeno retabulo que nao esconde miserias, nem tal tinha de esconder por o mais digno das pessoas estar patenteado de forma simples. Era o que havia e por tal, puro!
      Era deste modo que se trabalhava, convivia e todos sabiam a vida uns dos outros sem nada esconderem.
      Mas o OITEIRO (gosto mais de assim lhe chamar), ainda por la esta, no seu encanto, com sombras de memorias e muito, muito encanto!
      Beijos.

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  4. O Outeiro, meu parque infantil, e dos da minha idade. Só aqui, eramos cinco. O Agostinho Branco, eu, a minha prima Zita, o Xico e o Luís Pego. Um sexto, podia também ser inserido, mas era mais Lameira, o nosso idade Alcides Monteiro. O que nós brincava-mos neste pequeno lugar de Forninhos. Neste local, das fotos, muito irritava-mos a Tia Micas, quer com o retirar das pedras do seu muro, quer com o comentário " Ó Micas apaga a vela" e há que dar de Frouxe, pois ela tinha sempre umas pedritas preparadas para a ocasião.
    Era o jogo do feijão, a xona, o arco com a gancha e o carrinho com rodas de pau, mas este não era para todos, só os mais velhos que nós é que tinham estas relíquias, pois nem todos conseguiam arranjar rodas de madeira para a sua construção. Na laje havia duas covas, que quando chovia, ficavam com agua, onde nós colocava-mos "carrecódoas" com feitio de barcos e nos entretínhamos a ver aquele que mais se movia.
    Na primeira foto, em frente a casa da Tia Olívia e do Tio Zé Catarino, ao fundo do lado direito, era a entrada da casa do Tio Joaquim Branco e da Tia Graça e do lado direito, a casa da Tia Micas.
    Para quem não reconhece, aqui fica o nome das personagens das fotos:
    1ª. foto-Agostinho Branco com seu cão ao colo, sua irmã Graça que tem a mão em cima do meu irmão Ismael, depois minha mãe Aida e minha prima Beta. O cão era o Lassie da minha mãe.
    2ª.foto-Graça Branca, Tia Lucinda (mãe da Isilda Grila), minha Tia Júlia Carau com minha prima Cila ao colo, Palmira Guerra, Tia Graça e seu marido Joaquim Branco, meus tios Elisio Lopes e António Carau. Em baixo-minha prima Beta, minha mãe Aida Lopes, Minha avó Emília com as mãos em cima dos ombros do Ismael, meu avô Ismael Lopes, à sua frente o meu primo Filipe e por fim o Agostinho Branco com seu cão. Penso que esta foi tirada no ano de 1974, Setembro. Nesta altura, ainda moravam os mestres, da pedra Ismael Lopes e José Lopes, da madeira José Carau e António Carau, O tratorista António Cavaca e restantes vizinhos todos agricultores. Outeiro, sítio de muito boa gente.

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    1. E a carica?
      Apanhar uma tampinha no Augusto Marques ou Ze Matela,era uma fortuna, mais ainda depois de reforcada com chumbo para pesar mais e ter mais poder de acerto no jogo.
      Claro que temos saudades desses tempos, mas recordar como se diz "e viver" e nada traz de mal, pelo contrario, afinal registos que quem um dia queira pode consultar.
      recordo a tua casa acima da minha (dos nossos pais...) e noite dentro, na ladeira em direcao a casa da minha mae, andarem aqueles "duroes" que ao por do sol, de cinto na mao, encostados no banco da taberna, corriam connosco de fivela do cinto em punho...a noite era por conta deles e ser mais velho era um posto!
      Da nossa era, ali eramos quase metade dos nascidos e por sinal os mais alegres, divertidos e malandros. Havia sempre algo que nos unia, mais nao fora, roubar a manteiga em casa da tua avo Emilia e cortar a dita em fatias e nos empaturramos de pao centeio, tudo roubado, claro.
      dali partiamos para a escola, cada qual a seu modo, de sacoila ao ombro, todos juntos! Lembras?
      Lembro de voltar, penso na segunda classe e andavam a fazer a chamine da agora casa da Isilda (1974), por tal estar ali gravada antes do incendio que a destroiu.
      Quando os nossos pais (maes, melhor dizendo), ou no rio Dao, na Eira ou nos Moncoes.
      Mas dali, daquele pequeno Oiteiro, a gente via o munso em redor, como se fossemos os donos da terra.
      Ouviamos o vento dos lados de Trancoso, o sino da Matela, os caes do povo, um lugar priveligiado dentro da freguesia, que alias, ainda agora em Agosto e neste local das fotos, os agora pais de filhos ou avos, fazem ouvir as suas gargalhadas pelo povo inteiro.
      Sem vergonha mas felicidade.
      Afinal o Outeiro, continua a ser o nosso outeiro de magia...

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  5. Eu já uma vez o disse: mesmo não tendo aqui vivido, o bairro do Outeiro faz parte de mim e como diria o Malato “já fui aqui muito feliz”. Tenho na minha mente boas lembranças desta gente sociável do Outeiro.
    Em frente à casa da minha tia Júlia e António Carau havia um muro em pedra e as pessoas quando ali passavam já cansadas, sentavam-se para descansar e conversar. Esse muro também servia para nós crianças brincarmos “às vendas/tabernas”, vendíamos arroz, massa, açúcar e até copos de vinho! Em frente à casa do meu tio António Cavaca havia umas oliveiras e um dia numa delas, com uma corda e tábua, fizemos um baloiço/balancé. Na lage (que já não existe) lembro-me de brincar com as "bonecas" de erva de semente. Dos barquitos de corcódea só me lembro vê-los na Lameira, numa valeta com água e segui-los com os olhos até ao café do Sr. Virgílio.
    Bons tempos, de momentos, sons, brincadeiras, pessoas, que nunca se podem esquecer, daí que me revolta quando hoje se referem ao Outeiro como o bairro da "Cova da Moura"!
    Uma opinião que vale o que vale, mas pergunto: o que se pode esperar de alguém que pensa isto do Outeiro?
    Enfim...
    Gostei muito de ver estas duas fotografias do tempo de antigamente que quase parecem ter sido tiradas na "Idade Média"! Bem-hajas Henrique. No meio desta baralhada toda que Forninhos se tornou, onde diariamente florescem parasitas, sabe bem ver e ler sobre esta gente do Outeiro, divertida, simples e muito trabalhadora.

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    1. Esqueci-me de dizer que tenho fotos minhas, tiradas no Outeiro, ao colo da minha mãe (era eu bebé) e num triciclo meu, com os meus primos Victor Cavaca e Guida e ainda de mão dada com as minhas primas Maria e Rosa. Tinha talvez pouco mais de 1 ano de idade. Foram tiradas entre a casa dos avós do Xico (tia Ana Saraiva e Francisco Ferreiro) e avós do Henrique (tia Prazeres e Zé Carau).

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  6. O Henrique "puxa" para isto , por memorias mais marcantes, o idade foi trazendo em familia,coisas novas de Vieira de Leiria, terra de pescadores, para aqui.
    jamais alguem diria que numa terra do interior, habituada a galinhas, porcos e ovelhas, se algum dia se veria pendurado num estendal, carapaus,como se de ceroulas se tratasse. mas ali coravam ao sol, imaginem, numa aldeia serrana e coisa estranha, a ponto de ser "batizada" de Cova da Moura, por um negro de alma, menos limpo que os genuinos, enfim...falta de discernimnto, melhor, educacao que lhe nao deram!
    E se o Oiteiro fosse a Cova da Moira, qual o mal, incomodaria a sua sensibilidade tao refinada, e porque motivo?
    Cada lugar tem a grandeza do modo como nos sentimos e estamos bem, mas "um bicabornato de sodio" tem de conhecer a roupa que pretende mudar de cor
    e o mundus operandi, senao fica igual e machucado num sitio de Forninhos em que se "despejavam" desvarios...
    O Outeiro, queiram ou nao, soneguem, tem aquilo que falta infelizmente a outros locais, porventura por tido gente nascida que lutou mais que qualquer lugar, pela suq dignidade, social, trabalhadora, amiga e transparente e sem nunca por tal, ter necessidade de ter uma casa ao publico, uma taberna!
    Sabem porque?
    Cada casa, era uma porta fidalga aberta a um amigo, sem interesse.
    Tal como porventura algumas casas modestas da Cova da Moira, as terao dscrantadas.
    O Oiteiro vive de modo proprio, sem necessidade de esmola, mas de peito feito e orgulhoso, tal como sempre foi.
    Simples, bonito e invejado!!!


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  7. Quando visito uma aldeia do interior profundo sinto sempre magia...
    Gosto delas pouco modernizadas.
    Mais um belíssimo "retalho" do nosso Portugal profundo.

    <beijinhos.

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    1. Numa pedra, num silvado, vem sempre o rosto de alguem que de uma determinada forma nos marcou. Fosse por medos ou cortesia.
      E no emaranhado vem sempre uma estoria colada...que consola!
      Beijo.

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  8. Excelente as fotos e o texto....
    Cumprimentos

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  9. Excelente as fotos e o texto....
    Cumprimentos

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  10. Excelente as fotos e o texto....
    Cumprimentos

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    1. Vi as tuas fotos
      Nao precisas de e elogios, soberbas...

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  11. Outeiro-Cova da Moura, não posso mentir e nem sei mentir, por isso digo que soube hoje quem foi o mentor desta comparação. Tenho pena, acreditei bastante nesta pessoa mas com o passar do tempo, em mim, só decepções atrás de decepções. Lamento pelo seus pais de quem tenho bastante consideração.
    Para esta pessoa, menciono os casais que habitavam no Outeiro, quando tinha 5/6anos, 1961-62, isto começando pelos Olivais em direção à Eira: Casa do Pipinho, Zé Grilo, Tio António Herodes, Ismael Lopes, Zé Catrino, Joaquim Branco, Tia Micas, José Cardoso, Tio Moca (onde mora António Cavaca), Clementina Brasileira e família, José Carau, António Grilo, Familia Guerrilha, Familia Rebelo, Tia Augusta Saraiva e sua mãe, Tia Eduarda, Luis Catrino, Alfredo Saraiva, Tio Ismael, Tia Filisbela , Tio Domingos, Tia Ana Catrina, António Pego, Tia Laura e marido, Familia Pina, Tio Elisio e Tia Clementina, Tio Zé Cavaca e Tia Maria Coelha, Pais Da Luzia, Familia Graixa e Maria Pêga. Ainda me lembra de duas velhotas que não me recorda o nome delas, uma morava na casa em frente à Tia Laura que julgo pertencer aos Enginos e a outra na casa, quase em frente ao Tio Ismael. Peço perdão pelas alcunhas e se me esqueci de alguém. Mais de metade, das pessoas importantes, na altura, moravam aqui.
    Hoje, infelizmente só, António Cavaca e esposa, Isilda e Filha, Tia Agostinha e filha Céu, Tia Augusta, mãe do Xico, Ana Brasileira, Minha mãe e meu irmão Ismael, António Lopes e Lurdes, Tio Ismael e Tia Maria, Samuel Cavaca e Tia Ema, pais da Paula e por fim, Luis Coelho, esposa e filhos (esta casa tenho dúvida que faça parte do Outeiro).
    Neste Lugar, só o Ismael Lopes, o António Lopes, a Lurdes, a Céu e filha da Isilda é que poderemos considera-los jovens porque o resto é terceira idade ou a caminho dela e agora pergunto; aquém se referia o mentor da comparação, a toda a gente ou a duas, três pessoas? Cuspir para o ar, pode cair-nos em cima ou o tiro pode sair pela culatra. No Outeiro, nunca houve nem há, Seitas, Maçonaria nem covis de cobras onde se fazem assembleias dos grupinhos a cortar na casaca de boa gente. Nunca houve, nem há cafés, tascas onde ao fim de almoço se acertam as linhas do que se há-de fazer, nem carraças que andam sempre encostados a quem está na Junta. Se existe um lugar em Forninhos que se pode comparar á Cova da Moura (da Amadora), que lugar se pode comparar, onde moram aqueles que orientam o Centro, aqueles que vão aos Baldios buscarem pinheiros que caíram ao chão sem autorização, aqueles que compram terreno agrícola para um bem público, a mais de cem euros o metro e depois vendem a quatro euros o metro, terreno florestal a um particular. Que lugar poderíamos comparar onde esta gente mora? Bósnia? Nicarágua? Ou seria Argentina!!! Em todo o lado há gente boa e menos boa. A Cova da Moura é um Bairro problemático mas tem gente boa.
    O touro pega-se pelos cornos.
    Agora para ti Xico, lembras-te do que fazíamos ao corpo dos carrinhos de linhas, uns sulcos nas abas, metia-mos um elástico no buraco, um palito lateral, dávamos corda e víamos o que eles conseguiam subir. Dos "moinhos" (rodas) que se fazia com junco e colocava-mos nos regos dos lameiros onde nos entretinha-mos vê-los a rodar. Da ladeira que passa pela tua porta onde nós descíamos com os carrinhos e que quando nevava arranjava-mos sempre qualquer coisa para fazermos "sku". Já me estou a alongar. Fiquem bem e VIVA O OUTERO, não tem jardins na rua nem luz moderna mas tem GENTE BOA.

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    1. Dormir faz bem e aviva a memória e durante a noite, lembrei-me de três casas que não foram mencionadas. Uma, por trás da casa da Tia Felisbela, entre os irmãos Pegos que julgo morar lá família Beleza. Outra a casa da Tia Raquel com seus filhos Agostinho e Ilídio, falecido no ultramar e ao lado Tio Zé Coelho e a Tia Ana com seus filhos. Nos dias de hoje, só a Tio Zé Coelho e a Tia Ana é que são moradores. Também tenho dúvidas se estas últimas duas casas fazem parte do Outeiro, não quero inventar nada. Correção reposta. Lá mais para a frente, farei um comentário sobre trabalhos ao ar livre no Outeiro. Fiquem bem.

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  12. OLÁ
    Belas fotos e um ótimo texto.

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    1. Obrigado.
      Sempre bem vindo, quem vier por bem.
      como dizem as minhas gentes, a porta esta encostada, basta empurrar e entrar, sem precisar de bater...

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  13. Comparo o meu bairro a um jardim. Bonito, airoso e alegre.
    Tem vistas e vidas vividas. Tem historia e estorias. Muitas!
    Uns "Ametistas" tentaram na sofreguidao, tal catalogar de Cova da Moura, os mesmos que ainda por la andam a cheirar...
    Os mesmos que levaram aos ceus a Lage dos Cordeiros, como Bairro da Paz.
    Tambem poderia dizer que o bairro destes mostrengos, bem podia ser apelidado por Bairro Alto, tal a abundancia de "fruta" na epoca, mas nao digo por mal poder parecer, mas adiante...O Oiteiro.
    Bonito e airoso, repito, mas como as mais lindas flores, sofreu e muito tem sofrido.
    Um destino de desgracas e porventura por tal, as suas gentes sao diferentes, Nao viram a cara a um "bom dia", aguentam o mal dizer e riem, tanto da felicidade como da desgraca, nao da alheia, mas da deles proprios.
    Enumero por cortesia e respeito para com a gente do meu bairro que mesmo assim "toca a vida para a frente", os seus amargos...separados por poucas centenas de metros, dos dos outros.
    A casa da isilda. Um incendio destrui completamente a casa do seu pai, sr. Antonio Grilo e ali morreu queimado.
    Acima, quase encostada, a casa do Ulisses. Morre ele numa queda, a seguir o seu jovem filho Miguel (grande Miguelao...) e de seguida a esposa, tia Arminda. Todos de seguida!
    Pouco ao lado, uma moradia bonita de emigrantes, familiares do Henrique que quase nem a chegaram a gozar, morreram de acidente no caminho, vindos de Franca.
    Frente a casa da Isilda, fora do tempo (acho que deus pecou...), O Ze Antonio, partiu. Custa acreditar, mas ao lado e separada pelo caminho, a casa aonde o tio Antonio Pego morreu, dizem que por causa da braseira acesa.
    Junta a casa da minha mae, partiu a mulher do sr. Diogo. Andava triste, pudera e uns dias antes de visita a aldeia, bebi um copo na sua adega. Soube que tinha partido tambem. Alguem o esperava no ceu.
    mas antes deles e outros ali habitarem, esta casa era do tio Luis pego, que no velorio se levantou do caixao e ficou, ate que pela terceira foi enterrado.
    Um pouco ao lado, do Ribeiro para a Eira, um dos filhos da tia Raquel, o Ilidio, morto na malfada guerra do ultramar.
    Qual a razao por o Oiteiro continuar uma familia unida, florido e com um sorriso nos labios???

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    1. Isto é que é história de uma aldeia chamada Forninhos, terra dos nossos antepassados, e nossa.

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    2. Ora!
      Por isso é que chamar livro a uma publicação cheia de fotos é indicativo do equívoco que existe (e continua a existir) na cabeça de certa gente sobre o que foi a terra dos nossos antepassados e é a nossa terra.

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    3. Pois...
      A historia de uma aldeia tem de ter transparencia, transmitir de modo real quem a ajudou a construir ao longo dos seculos, aqueles que procuramos em arquivos e de modo tecnico e desesperamos por falta de respostas acertivas.
      Tem muito tempo, por antiga!
      Mas nos escansos da memoria, um nome ou outro, pendura a "imagem da Santinha", comprada por devocao numa romaria ali perto.
      Coisas que se comentavam, ali ao soalheiro.
      O queijo em Aguiar estava mais barato que em Castendo, pudera era pior, mas em Fornos, a arrobava era puxada...
      Os nossos pais, pelas segundas, quartas e sextas, iam de camioneta de caixa aberta com o "vivo", quando nao a pe e canastros de produtos no ombro, por muitos quilometros.
      Correndo bem ou menos, havia o mimo de uma tangerina ou laranja, coisa rara tal como os tremocos. Tinha sido dia de feira e eles, nossos pais, faziam "prosa" em frente a esposas e filharada, no colocar o chapeu de banda, tipo marialva, encorajados pelos tintos do caminho, e quantas vezes ajudar a empurrar a camioneta na lama. E gelo.
      Este lavar de alma, era aqui despejado de modo e a preceito do estado de cada qual, no Lugar do Oiteiro.
      Igual possivelmente a tantos, mas foi sempre o nosso.
      Quem nunca dali foi, jamais ira um dia compreender a sua magia...
      Nunca lhes tiraram lendeas ou piolhos, nem umas vergastadas no rabo, nem ao deitar, tentar perceber aquelas conversas de adultos.
      Gostava que a gente escrevesse um livro da nossa terra, mas sinto que falta ainda algo para tal.
      Ela tem muita energia e tal transpor com seriedade para o papel, acarreta um credo, e eu pessoalmente acredito, que pequenos excertos de memorias, tais como o Oiteiro, a tal nos levarao.
      Bem vindo quem vier por bem com memorias, dos outros, nossas e bom proveito a quem tal tiver.
      Tomaram muitas aldeias vizinhas, terem os ecos da nossa aldeia!

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  14. Os nomes dados pelo povo aos locais e às ruas são uma parte significativa da nossa memória. Mais tarde, veio a toponímia oficial que, na maioria, felizmente, até respeitou a tradicional. A "Estrada" é que passou a "Avenida Principal", quando ainda hoje é a Estrada. Onde é que vem a procissão? - Vem na Estrada.
    Largos, eram os da Lameira, ainda hoje o principal da terra!
    Quanto às ruas, alguns tinham o nome dos moradores…Mas havia (há) topónimos arreigados: o Outeiro, o Ribeiro, a Lage dos Cordeiros, a Rua do Lugar, a Rua do Forno Grande.
    A Rua ou "Avenida" da Igreja, por exemplo, não existia, o que existia era uma caminhozito! A construção da rua da Igreja até tem uma história por detrás em que um homem de Forninhos não se importou de oferecer parte dos seus terrenos, desde que lhe oferecessem um baldio, frente à sua casa.A coisa terá sido falada e negociada, com o padre da altura e alguém da Junta, só que os novos autarcas de Forninhos desconhecem a história dos nossos antepassados e em 2010 tiveram de ser chamados à atenção, em reunião de Assembleia de Freguesia, porque plantaram árvores nesse baldio!
    Mas disto falarei um dia...
    Voltando à toponímia, haverá algum projecto em curso na Junta de Forninhos para mudar-se os nomes dos sítios, das ruas e locais?
    É que o Outeiro já o baptizaram de "Cova da Moura".
    A Lage dos Cordeiros passou a ser o "Bairro da Paz".
    O Lugar há uns anos atrás foi baptizado de "Bairro Alto".
    Temos também a "Gare do Oriente".
    Eu estou com a Elisa (Mona Lisa): gostava mais da minha aldeia menos modernizada.

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  15. Em vez de andarem a baptizar sítios como o Outeiro, deviam era preocupar-se que a gente já vai começando a faltar e não é só no Outeiro ou Ribeiro!

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    1. ARGUMENTOS E FALÁCIAS INFORMAIS
      Ocorre nos argumentos cuja conclusão já está contida nas premissas, isto é, usamos como prova aquilo que estamos a tentar provar. Exemplo:
      João: Deus Existe!
      Maria: Como é que sabes?
      João: Porque a Bíblia diz!
      Maria: E porque é que acrediats na Bíblia?
      João: Porque foi inspirada por Deus.

      Posso dizer que esta gentalha fica catalogada abaixo de burros?
      Utilizam as pessoas e sua fe de de modo descarado e ainda riem dos feitos?
      Quase apetecia celebrar com dignidade e a preceito dentro deste ritual arcaico.
      Missa das onze (quando havia) e almoco no Centro.
      Remanso para o cafe, no Bairro da Paz.
      Cortar na casaca, no bairro da Cova da Moira
      Pela noitinha, Bairro Alto.
      Enquanto a carreira esperava na Gare do Oriente...
      O que a gente ria no Oiteiro!

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  16. Lendo prosas desta qualidade, qualquer dia vou orgulhar-me da minha aldeia, nao obstante as penedias que a envolvem. Passei perto de Forninhos em agosto; se a historia se repetir, pode acontecer que que dê por là uma volta. Bom fim de semana; Um abraço a todos os leitores.

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    1. Pessoalmente adoro as penedias, Sr. Antonio.
      Talvez por criado rodeado por elas, entre courelas, lameiros, vinhas e pinhais, num vale a que deram o nome de Forninhos.
      Onde fui e quando vou, a felicidade fica no estender da mao, da do vizinho, de um miscaro apanhado na mata, de um tralhao no custilo.
      Melhor, num sorriso, num petisco e porque nao, numa grande bebedeira na adega do vizinho.
      Vindo, caro e senhor amigo (permita a ousadia por sincera), sera bem recebido, pois quem gosta das suas terras, somente pode ser gente de bem!
      Um abraco.

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  17. Bom dia Oiteiro.

    Nao tens respeito nem jeito
    No modo de apoquentar
    Por mal?
    Nao sei, pois logo de madrugada
    Espantada a passarada
    Nao bastando a da noite
    Entre o mocho e a coruja
    Malditos...
    Ficai calados seus diabos
    Inde para outros lados
    Insonias, porventura
    Local de tanta amargura
    E beleza
    Com certeza
    Tres pedras lembro e recomendo
    Do lado de fora
    Claro, de outrora
    Se bem me lembro
    De pedra crua
    Que a sombra da tilia banhava
    A casa da tia Eduarda
    Anoitecia e o tempo demorava
    Dali a casa quase nada
    Estava a beira da mao
    Ou do grito do marido
    Aonde esta o feijao
    Mas por detras
    Ja nem sei se sou capaz
    De tal coisa descrever
    Mas sinto
    Juro que nao minto
    O cheirinhos das camelias
    Tao belas
    Que sem pretensao a useiro
    As guardo no meu cantino
    La no Lugar do Oiteiro
    (inedito xicoalmeida2015)

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  18. Uma grande entrada essa do Alberto Caeiro, e como se não bastasse surge também o seu poema, a jeito de comentário.
    O Outeiro parece ser de facto, e de acordo com as suas palavras, um lugar lindo. E sem grandes novidades a não ser as das pequenas coisas, que num sítio tão pequeno, até poderiam adquirir grande dimensão; a novidade de quem iria casar, quem morreu, ou quem se zangou com os vizinhos ou família.
    Imagino que o aparecimento de um carro daqueles, naquela altura, deveria ter sido uma autêntica "bomba"!...:-)
    Eu acredito plenamente na magia do Outeiro, ainda mais quando observada pelos seus olhos através deste maravilhoso texto.
    Para além do texto, e das fotos, ler os comentários é uma verdadeira maravilha, com todas as achegas tão importantes e tão fundamentadas para que melhor se fique a conhecer o local.
    Bem hajam todos os que fazem deste blog um sítio especial. A Paula e o Xico, especialmente, mas todos os que participam de uma forma ou de outra para enaltecer as memórias do país que somos.
    xx

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    1. Às vezes pensamos que os temas porque muito virados para Forninhos pouco vão interessar aos outros "co-bloggers", mas sabe Laura, temos muitos leitores forninhenses e é também para esses que escrevemos a nossa história e os informamos do que se vai passando, pelo meio as decisões negativas da Junta de Freguesia e a má gestão dum Centro de Dia. Nada que os surpreenda, pois o povo descobriu ao longo de séculos que aqueles que vêm de baixo e um dia podem ter algum poder, em geral abusam e estragam tudo.
      Mas não é por isso que aqui trago este comentário/resposta, é porque a linha por nós seguida, causa mossa às pessoas que se tinham como os mentores de todos os projectos credíveis, mas que no fundo são os parasitas e carraças de Forninhos (e d ' O Forninhenses, já que algumas dessas carraças passam os dias a vasculhar as nossas publicações para depois as publicarem "à maneira deles" no "facebook", deve ser para parecerem originais!).
      Neste dia de comemoração mundial do dia do trabalhador, deviam reflectir a sério sobre a dignidade do trabalho/contra o enriquecimento ilícito.
      Mas este blog, requer que se tenha pachorra e muita calma e esperar pelos 'post's' certos! Post´s que até os fazemos bem e se digo isto é porque o prova o contador ao lado, são milhares de páginas lidas!
      O Outeiro é um lugar muito bonito e tem a sua magia; se o chamam hoje de "Cova da Moura", não é por culpa de quem lá vive ou viveu, é de quem o baptizou, que é tão ignorante que usa o dinheiro público para promover a ignorância e a incultura.
      Obrigada Laura, gosto muito dos seus comentários.
      Bom feriado.

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    2. Boa tarde Laura.
      Permita...
      O Outeiro nao parece ser um um lugar lindo. Sempre foi e por tal indesmentivel!
      Era o que falta, uma coisa assim, o meu Oiteiro parecido com...
      Claro que brinco um pouco com as suas palavras que felizmente me acultam e muito bem sabe o quanto prezo os seus maravilhosos escritos. Cada qual a seu modo, tenta trazer algo acrescido e pessoalmente gosto muito de prosa e poesia, mas gostava de tal transpor para a minha aldeia, sendo que ela e tal como tantas do interior, deixam de enviar o modo genuino do seu linguajar, dos seus costumes. Ate o pao ficou diferente, vem de carrinha e nao nas sacas das mulas, derreadas de farinha.
      O mundo mudou, tal como o Outeiro. Encolheu, porventura por as casas novas que enterraram as velhas, aquelas quase do tempo dos moiros, serem com mais metros, alargaram e sobem ao ceu.
      Quase comparo o Outeiro a uma fotografia a preto e branco e hoje uma a cores.
      O Chao o mesmo, as pessoas com tracos rasgados de duas geracoes, o chiar dos carros pelo barulho dos travoes.
      Confusoes...
      Estes "dois tristes", odiados, tentam conjuntamente com todos vos, preservar um bocadinho do nada, por vezes inventando mais que o necessario (ou nao...) pela magia simples de ainda agora, sentados ao frtio no balcao da Ana "brasileira", no Outeiro, claro, se ir vendo o fuo nas chamines, preparando a ceia.
      Coisas pequenas que continuam, tal como as tabernas em que o homem chegado a casa, ainda pergunta meio "carregado" o que vai ser a janta.
      E se ela pergunta"donde vens que te a dessem", havia missa cantada!
      Apenas uma achega para a Paula.
      Temos de levar a cruz.
      Nao para o Calvario, mas os campos da nossa terra, a mesma que no Domingo a vai receber, espetada na terra com ramos de alecrim e loureiro e continuar a acreditar que enquanto nos derem energia, continuaremos com coragem.
      Sem nos escondermos e desprotegidos, coisa que nao aconteceu ontem com um sujeito chamado Dias Loureiro, na nossa sede de concelho, Aguiar da Beira.
      Elogiado por um Coelho por empresario de sucesso na inauguracao de uma queijaria do ex autarca da camara.
      O tal do BPN.
      Abunda o leite e por tal havia que inaugurar mais tetas...

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  19. Neste sítio, onde se tirou as fotos, é um dos largos do Outeiro, talvez o principal. Principal porque era aqui que as mulheres vinham, ao Domingo à tarde, remendar as roupas da família, fazer camisolas de lã e até crochê. Chamavam elas o Soalheiro, lugar onde estão os rolos de pinho. Também aqui, final do Verão se descarregava os carros de milho para descanar e descamisar. A laje era logo ali, lado esquerdo da casa da 1.ª foto. Participei em bastantes e era uma alegria quando se encontrava uma espiga preta. Também me lembra de dormir uma noite com meus pais nesta laje para guardar o milho. Nunca compreendi bem o porquê, porque em frente era a casa de meus avós paternos. Entre paredes de casas, não são mais que vinte metros, talvez nessa altura, já existisse amigos do alheio. Muito se cantava aqui, quer nas escamisadas, quer na malha do milho, mais nas escamisadas, não só por participar mais gente vizinha e amiga mas por ser um trabalho onde se estava sentado. Geralmente vinha sempre gente amiga que dava para fazer um circulo em volta do monte do milho, além de trabalho era também uma alegria para todos, coisa que se fazia, geralmente á noitinha.
    Agora a viatura, uma alegria, andei bastante nela e diz-me muita coisa.
    Opel Record Olympia, conhecido como Opel Bandeirinhas, isto porque tinha por cima das rodas traseiras, nos guarda lamas, um conjunto de duas bandeiras metálicas cruzadas. Uma limusine, das primeiras que se viram em Forninhos. Propriedade do Manuel Guerra, que por norma emprestava a meu Tio Elisio Lopes, seu cunhado, em Setembro para ir de férias para a aldeia.
    Era o carro da família e não resisto em contar uma história numa viagem que fizemos de Lisboa ao Porto. Antes do inicio destas viagens longas, fazia-se uma pequena revisão á viatura que na geral era os travões, e o óleo do motor, mas o carro, de vez em quando, a marcha atrás não entrava e para se conseguir, era necessário abrir o capot e com um cabo de vassoura ajudar a empurrar o veio da caixa. Pelo caminho, nada de problema, mas quando chegamos ao Porto, sempre que era necessário estacionar, há que abrir o capot, cabo da vassoura na mão do Henrique e Elisio na manete das mudanças e juntamente a engrenar a marcha atrás e as pessoas a olharem para mim. Caso para dizer, muita gente foi feliz nesta viatura e diria mais, se este carro falasse!!!
    E os passeios que se fizeram em grupo de três, quatro viaturas. Uma vez fomos passar num fim de semana, Lisboa, Vieira de Leiria, Figueira da Foz e Tomar. Dormimos no pinhal de Leiria logo à saída da Vieira, quatro casais três viaturas e para aí dez crianças, eu incluído, isto 75/76. Tinha-mos que evitar os posto da PVT para fugir á multa excesso de passageiros. Tempos difíceis, mas muito alegres, e muito convívio, tenho saudades.
    Só por curiosidade, de Lisboa a Forninhos, cerca de seis a oito horas de viagem, tudo dependia de quem enjoasse nas curvas de Penacova.

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  20. Há muito que tento saber de quem foi o primeiro carro da aldeia. O carro do Antoninho Bernardo não foi de certeza o primeiro que houve na freguesia. Será que o primeiríssimo pertenceu a algum dos almocreves de Forninhos (que não teve, mas que até mereceram menção na tal publicação sobre a terra dos nossos avós)?! Falando sério: o que consegui saber foi que o primeiro tractor chegou a Forninhos no ano de 1968, um Ford, azul, que era do meu tio António Cavaca à sociedade com outro tio meu, tio José Matela.
    Mas voltemos ao Outeiro das imagens. Eu embora me lembre da construção da nova casa da tia Ana e Joaquim Branco, não tenho quaisquer lembranças do Outeiro de 1974/75, por tal é que gosto muito de ver fotos antigas, umas porque fazem parte da minha memória; outras, porque ajudam-me a conhecer melhor a terra onde eu nasci.

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  21. O primeiro carro que vi em Forninhos, 1961-62, largo da Lameira, Frente á venda do Sr. José Bernardo, Opel, tinha tampões cromados nas jantes e o símbolo era uma oval dividida por uma linha preta ao meio em que as partes era uma branca e outra amarela. Lembro-me bem dele porque alguém a fechar uma das portas me entalou os dedos duma mão. O ano deve ser um destes porque em 1963 fomos para Vieira de Leiria. Lembro-me também de outro carro, este dum Sr. que me lembra de ser chamado Tio Sapateiro, Morava perto da Fonte do Lugar em frente ao Sr. Zé Vaz. Faleceu de desastre com esse carro Peugeot 403, numa aldeia perto onde hoje é a Barragem da Aguieira. Lembra-me também, quando o teu Tio António Cavaca andava a tirar a carta de trator, apanhou boleia até Coimbra na camioneta do Zé Teodósio, quando ia para a Vieira e eu ia junto. Do primeiro trator que tenho recordação é do falecido Lúcio, um David´Brown branco que vi muitas vezes com a correia a fazer trabalhar a malhadeira de centeio e de um do Sr. Amaral, um Deutz que julgo que é o que tem o Sr. Américo.
    Voltemos ao Outeiro, sabiam que neste lugar já houve uma casa com teares e que essa casa também já foi uma serralharia? Quando tear, o que me dizem é que era de duas professoras e como serralharia trabalhou lá o Sr. António Urbano(Cabral) por empréstimo de meu pai, quando este Sr. regressou do Ultramar(descolonização) e precisava de governar a vida. Também existiam duas forjas (assim se chamavam onde eram aguçados os picos e ferramentas para trabalhar a pedra) uma já faz parte de uma casa mas a maior ainda existe apesar de já não ter a bigorna, fole aéreo depois ventoinha mas casa igual ao que era antigamente. Também já teve um parque (natural) onde hoje são os tanques, com algumas oliveiras( 6/7) onde nós brincava-mos às escondidas e ao jogo com feijões.
    Outeiro terra nobre de Forninhos onde toda a gente se dá bem com todos, não como alguns sítios, onde há gente que uns não falam com os pais, outros com irmãos e cunhados e por ironia a pessoa que fez a comparação do Outeiro com Cova da Moura, faz parte de uma família destas, daí o cuspir para o ar.
    Mais a mais, Outeiro é um alto, Cova é um baixio, que comparação, que ignorância???
    Entramos no mês de Maio, mês das trovoadas, vamos ver que trovoadas vão cair, nalgumas celebridades de Forninhos.

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    1. Afinal havia na nossa aldeia duas oficinas com teares: uma no Outeiro, outra no Ribeiro!
      Já lá vão uns anitos que me referi ao cultivo do linho e cultivando-se nos terrenos de Forninhos linho só podia ser. De outro modo, não fazia sentido!
      Obrigada Henrique pelo teu interesse por estas questões que vêm de...e nos levam de regresso a um "antigamente" muito nosso. O "antigamente" das celebridades de Forninhos é outro, a ponto do Outeiro para "eles" estar a um nível inferior ao Lugar!

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  22. E pronto, por vezes acontece quando menos apetece e ao publicar, tudo desaparece. Devia ter gravado, eu sei ...
    Claro que essa gente, pouco ou nada percebem da historia de Forninhos. Nada de nada!
    Um houve que me convidou (o mesmo que agora no "face" faz convites) a sua casa na tentativa de a vender (minto, caro amigo?) e nem um copo ofereceu em dia de Espirito Santo...
    Ao Henrique digo apenas que o primeiro carro em Forninhos, foi o do senhor Antoninho da Matança, cunhado do senhor José Bernardo.
    Pegava de manivela e ainda me lembro do Zé Clementina e outros, o empurrarem da Matela para Forninhos, a ver se pegava.
    E a gente, se te lembras, olhava do Oiteiro.

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  23. Então falamos da mesma viatura, um Opel modelo que julgo ser Kapitan. Recorda-me nessa altura trazerem também um carrinho a pedais para o falecido Nelinho.

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  24. Ainda tinha esperança que o primeiro carro da nossa terra fosse anterior aos anos 60 e até um modelo mais antigo...sei lá...tipo um Ford 1928.
    Ainda bem que há quem se lembre destas coisas, pois está à vista de que hoje não há bem percepção das coisas que havia naqueles idos anos de 1961/2/3…

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  25. Queiramos ou nao, a "viatura oficial" do oiteiro era o carro das vacas!
    Tambem chiava por falta de oleo queimado no rodado, tambem se atolava nos caminhos e por vezes, aquando os animais estavam cansados por falta de combustivel, tambem ia de empourrao, sendo que o acelerador era a aguilhada.
    Tinha apenas um assento, o lastro de tabuas de pinho e a buzina, era em duplicado quando as vacas contrariadas urravam alto e bom som.
    A marca era dos mestres carpinteiros do Oiteiro!
    Um bem haja a eles.

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