Na altura que éramos uma
aldeia populosa neste balcão do outeiro era comum as pessoas se sentarem para conversar
com a tia Felisbela, uma pessoa com uma larga dose de simpatia. Na minha infância
e adolescência sentei-me muitas vezes nestas e noutras escadas de pedra, mas a
lei da vida faz com que as pessoas que fizeram parte da nossa infância partam e
com elas fechou-se a porta da casa de morada de muitas famílias e ainda desapareceram os
pontos de encontro, onde muitas gerações passaram o tempo a conversar, a dar uns pontos em
meias, a fazer malha com duas agulhas ou a fazer renda. Recordo ainda que havia
em todas as casas o regador e ao lado os amigos dele: o cântaro e o jarro. O
regador era um utensílio muito usado para regar saindo-lhe a água por um cano
lateral onde era colocado no fim do cano um crivo, ou, 'uma mãozinha' como lhe chamavam, para regar os
canteiros das couves, alfaces e o cebolo.
Água leva o regadinho
Água leva o regador
Enquanto rega e não rega
Vou falar ao meu amor
Este blog tem por fim também ser um contributo para o não esquecimento de pessoas, lugares e ‘coisas nossas’ que fazem parte da nossa história local.
Foto: Cortesia de Margarida 'Cavaca'.
Foto: Cortesia de Margarida 'Cavaca'.
Cá estamos nós com mais uma bonita foto a da Srª Felibela; Na sua modesta casa, com escadaria feita em pedra granitica e sempre bem florida, não é aqui o caso. è sempre bom recordar estas pessoas. Pouca convivência tive com a Srª, mas bem a conhecia, era bem simpática e dada a conersa. Pelo pouco que sei era uma Senhora de poucas saídas, mas sempre com bom coração.
ResponderEliminarSim, em alguns balcões, escadas abaixo, havia vasos com todo o tipo de flores. Presumo que a ti´Felisbela só tinha uns vasos/canecos em frente à porta porque acusava dificuldades para se locomover. Mas era uma pessoa com quem convivi bastante e digo-vos que, para a época, tinha um espírito muito aberto. E, porque a ti´Felisbela pouco saía à rua era costume as pessoas da aldeia daqueles tempos rurais, sobretudo vizinhas, ir até este balcão para fazer-lhe companhia, conversar, conviver. Tempos passados!
EliminarÀ noite as pessoas também se juntavam para “apanhar a fresca”. Outro balcão do oiteiro que merece recordar é o das ti´brasileiras. Mas há mais…muitos mais!
Como eram os tempos, na altura de regar os canteiros, de cebolo, couve e alface, este era o utêncilio mais usado, devido á sua "maozinha" as coisas eram regadas e com a água sem grande pressão, para assim não danificar as novidades.
ResponderEliminarEstes eram feitos em chapa na Matela pelo Senhor Vasco, latoeiro, tambem me recordo deste Senhor; hoje em dia as coisa se modificaram, estes regadores são feitos de plástico, partem e deitam-se fora, os outros, lá estava o latoeiro para arranjar qualquer buraquinho que aparecesse.
O regador era um utensílio indispensável. Com a mãozinha regava-se também a palha para os bincelhos. O regador até servia para regar o piso do baile nalguns dias de festa!
ResponderEliminarOlá Fátima , tem graça que ma minha terra também se cantava a mesma quadra ...Havia , igualmente o hábito de nas noites de verão as pessoas se sentarem ás portas das casas conversando e "apanhando o fresco ": Recordações ...saudades....
ResponderEliminarBj.
Tenho muitas e boas recordações da tia Felisbela, do tio Saraiva e desta casa, pois passei alguns anos da minha infância nesta casa, como a minha irmã Bela vivia nesta casa com os padrinhos, ela ainda se vê um pouco na fotografia, eu dormia lá com a minha irmã,
ResponderEliminarAinda reguei alguns vasos com este regador, principalmente um canteiro que se encontra por detrás das escadas, onde se semeava salsa, e penso que também lá tinha uma roseira, não tenho bem a certeza se tinha ou não a roseira, tenho uma ideia que esse canteiro tinha lá mais alguma coisa sem ser a salsa.
A roseira parece-me que se vê na imagem (por trás da ti Felisbela), mas acho que já lá não está e se bem recordo o canteiro tbm tinha hortelã.
EliminarSao imagem como estas que nos fás recordar o passado ,também tive ocasião de de me sentar algumas vezes nas escadas dessa senhora , mas onde parávamos mais era no balcão das ti brasileiras estava sempre cheio ,de tarde e de noite .Nada e como antigamente pois cada vez a menos pessoas .
ResponderEliminarDo que havia antigamente tudo se foi!
EliminarEntretanto, de lá para cá, alargaram-se e melhoraram-se os caminhos/ruas, colocaram-se postes de iluminação, fizeram-se obras de saneamento, construiu-se uma rotunda, etc. etc. e enquanto a aldeia ficava bonitinha e arranjadinha, a cada 10 anos o número de habitantes descia!
O essencial duma terra acho que são as pessoas e não as obras, nem os edifícios. Por falta de trabalho muitos de nós saímos, é verdade, mas migração e emigração sempre houve (o tio Saraiva creio que foi para a América ainda antes de 1950) e em 1960 tinha Forninhos perto de 500 habitantes e em 1981 perto de 400. Em 2011 esse número foi reduzido a metade.
Olá boa noite, desta senhora não me lembro, pois quando comecei a ir a Forninhos já ela tinha partido para terras do tio Sam (América), mas sei que é madrinha da Rosa e Bela Carau, nesse tempo também onde é que tinham outro lugar para se juntarem sem ser as escadas da casa, como quase todas têm escadas era sempre esse o local preferido para o fazer pois não era preciso bancos, os degraus esses mesmos os substituíam, esta escada ainda hoje se mantem, só já não tem a mesma vida de outrora, mas esse é um fado comum a todas as outras, no balcão das primas brasileiras, esse ainda continua activo, pois quando lá estou ainda vejo que continuam a reunir para colocar a conversa em dia, é como a casa do Luís que em tempos foi da Srª Adélia, também essas escadas serviram para esse fim, agora como já se encontram modificadas, foi colocado um banco em pedra que serve para o mesmo fim, esse jugar tem um lugar privilegiado pois é um lugar de passagem em plena rua principal de Forninhos.
ResponderEliminarAs escadas da casa do Luís (antes eram da tia Adélia) julgo que eram e são as principais. Ainda hoje é no Largo da Lameira que se sentam várias pessoas para conversar e passar o tempo. Só lá está um banco (novo) que dantes não estava, de resto estão lá as mesmas escadas e os bancos ‘do tio Augusto Marques'. Mas havia (há) outras escadas (balcão) da Lameira e do Lugar, mas como os moradores faleceram começaram a ficar vazios, o balcão da minha avó Jesus, o do ti ´Armando Castanheira, por exemplo.
EliminarÉ preciso que se perceba que no século passado as mulheres tinham sempre que fazer e só se sentavam no balcão nos ‘intervalos’ do campo. Quando as ocupações obrigatórias deixavam algum tempo ‘livre’ eram então passados num balcão. Ainda assim o tempo era passado a remendar roupa, a fazer malha e tudo o mais. Ao Domingo é que era diferente. Juntavam-se num qualquer balcão, nas fontes ou nos bancos do 'ti Augusto Marques' para conviver. Se calhar devido a essa convivência no século passado as amizades duplicavam. Já as amizades por conveniência está visto que só serviram para dividir.
Vou aprendendo sempre, Paula. Também eu utilizei-me desses regadores quando criança. Lembro-me, como anotou serip413, das emendas que se faziam quando os furos começavam a aparecer.
ResponderEliminarGrande abraço.
Gilson.
Conheço o regador de jardins, que ainda hoje é usado para molhar plantas e floreiras; gostei das lembranças afetivas, importantes na vida de todos nós. Um abraço, Yayá.
ResponderEliminarNesse tempo os utensílios de rega geralmente eram de lata: os regadores, a vasilha do cabaço, os baldes ou caldeiros dos picanços, os canecos das noras. Os modos de rega mudaram e devido ao aparecimento do plástico e os utensílios de latoaria transformaram-se em objectos de decoração das gerações mais novas. Eu própria tenho um jarro, de lata, que só o uso para esse fim.
ResponderEliminarHoje pouco se vê, mas na minha meninice (já havia torneiras dentro das habitações) era costume buscar água ao chafariz com o regador para regar as flores e plantas. Lembro-me bem carregar alguns regadores para a tia Adélia. Era divertido :))) E nós (crianças) ajudávamos tbm as mulheres, como a tia Augusta ‘do Adriano” e tia Raquel, a levar os cântaros e regadores de água do chafariz da Lameira para suas casas. Aprendíamos em casa, na escola e na catequese a ajudar o próximo.
Bons tempos :))))
chegou o dia de eu participar no blogger, dos forninhenses, eu fui criada com, essa senhora, que era a minha madrinha.essa menina que esta,a entrada da porta,sou eu, como disse a minha irma maria george.estou nos estados unidos, a 38 anos e o meu nome e felisbela,mas claro tudo me chama bela.eu usei este regador, muitas vezes,para regar os canteiros que a minha madrinha tinha num terreno, que se chamava o porto.noa a um dia que eu, nao pensse en fornihos, e me lembre da minha familia.agora quero dar os parabens, a minha prima paula,que e uma grande mulher? saudades bella
ResponderEliminarOlá Bela. Eu é que tenho a sorte, de através deste blog, falar com pessoas que no seu coração trazem uma aldeia pequenina, da qual sentem falta da gente boa, da paisagem, do pão, da fruta, das excursões, das fogueiras de rosmaninho misturadas com salpor, dos jogos de futebol nas tardes de Domingo, etc. etc. e, principalmente, da amizade que sempre uniu todos. Estou muito feliz por deixares de ser uma leitora passiva e com certeza todos os forninhenses que se abeiram deste espaço também estão. Do porto 'da ti´Felisbela' tb eu tenho muitas recordações (e tb do porto 'da ti ´Arminda'). Brinquei algumas vezes na lage que lá havia com 'as bonecas' ou 'pinoucos'; varri algum milho etc. Hoje está lá a casa da Ana dos Anjos. A paisagem do porto mudou.
ResponderEliminarBela, muito obrigada pelo teu primeiro comentário e um agradecimento a todos pelas informações e comentários diariamente feitos.
Um grande abraço para ti e claro cumprimentos a todos os contribuidores e bloguistas amigos do 'novo blog' que nasceu para manter vivas, com brio, as tradições, o património, a história e lendas e todas as nossas coisas ‘que um dia já foram assim’, bem como levar Forninhos aos que por vários motivos andavam mais afastados e esse objectivo conseguimos.
Tambem eu me lembro da tia Felisbela,sempre bem disposta como pode mostrar a foto,quando a minha mãe me,dizia para eu lhe ir levar uma alface ou outra coisa,mas é a alface que eu tenho em memoria,lol e a verdade é que nunca vinha de casa desta mulher com as mãos abanar dava sempre qualquer coisa, quando vi a esta foto,lembreime de tanta coisa e de tanta gente,ali naquele outeiro,era naquelas escadas e não so,que se passava a maior partes das coisas.
ResponderEliminarDavid, eram tempos que as pessoas eram muito solidárias. Hoje, pelo que sei, ainda há quem goste de dividir umas alfaces, umas couves 'de cortar', uns morangos, um bolo de azeite, com quem não tem, mas as pessoas também mudaram e hoje é tudo ‘rico’. Mas a nossa maior riqueza é a nossa consciência!
ResponderEliminarA tia Belisbela também foi a minha madrinha do baptismo e o filho Ernesto Saraiva. Como a nossa familiar era grande ela tinha muitos afilhados. Ela morreu aqui nos estados unidos aos 86 anos. Como já disseram as escadas ou balcooes como lhe chamávamos era o ponto de noticias e não só porque foi no balcão do tia Adelia que aprendi a fazer croché com a Lurdes Rita, Darcilia e Mabilia. Quanto ao regador já disseram que servia para muita coisa mas ainda vou acrescentar umas mais também borrifávamos a roupa quando estava a corar e ia sempre acompanhar o garafao para as ceifas , todos bebiam pelo cano nesse tempo nao havia microbios nem tinham nojo uns dos outros.Parabéns a Bella por colaborar no blog, não tenham receio de escrever mesmo com erros e pontuacoes mal postas mas os nossos estudos foram poucos.
ResponderEliminarPaula,
ResponderEliminarLendo sobre a Dona Felisbela, que me parece ter sido um portuguesa muito querida e simpática,pela foto; veio em minhas lembranças tantas coisas boas de um passado, que não está tão longe assim.
As coisas estão mudando muito, e para pior. Já não se tem mais essa inocência de sentar nas escadas e calçadas, conversar com os amigos vizinhos, reparar no regador etc.
Mesmo sem conhecer as pessoas e coisas de Forninhos; seu blog me transporta para lembranças maravilhosas de lugares e pessoas que passaram por minha vida.
Beijos
Há duas décadas esse ainda era um cenário habitual nos balcões à sombra e mesmo no Inverno à soalheira, raparigas a fazer crohet e camisolas, rendas e bordados para o enxoval. Eu também aprendi com a Isabel Coelho à porta da tia Adélia e no balcão da tia Ludovina a fazer renda.
ResponderEliminarDo que já não me lembrava há 20 anos era que o regador servia para borrifar a roupa a corar! Hoje não passa de uma memória, mas na poça da Eira as mulheres lavavam a roupa e nas margens deixavam a corar as peças brancas que borrifavam com o regador. Para que a nossa história local seja engrandecida é só preciso que cada forninhense, embora longe, na América, Alemanhã, Brasil, França, Suíça, se lembre de enviar uma foto ou se lembre de contar um episódio vivido. Esta foto da tia Felisbela, por exemplo, ajudou-nos a perceber que temos todos boas lembranças dos tempos do antigamente, que não estão tão longe assim, como diz a Lucinha.
Obrigada a todos os que colaboram com o 'novo blog'.
Alguém sabe do paradeiro do Olindo Dias Baptista que morou em Queluz/Monte-Abraao
ResponderEliminarVive no Porto ou Gaia e vai muitas vezes a Forninhos.
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