Já antes trouxe as memórias paroquiais. Trata-se, como já escrevi, de respostas às
perguntas dos Serviços da Monarquia orientados pelo Marquês de Pombal. O Cura
Baltazar Dias respondeu por Forninhos a 20 de Junho de 1758 a 14/15 das 60 perguntas e nota-se que, por um lado, não
levou a sério a importância das suas respostas, quer para os objetivos do
Reino, quer para benefício da "sua" terra e, por outro, nota-se que copiou as respostas de outros párocos, como o já conhecido no Dicionário Geográfico do Padre. Luiz Cardoso.
Então hoje trago aqui as perguntas, para quem
quiser seguir e conhecer o que se procurou saber da nossa terra, serra e rio e o que havia:
I
1. Em que província fica, a que bispado, comarca, termo e
freguesia pertence? R: Fica na
província da Beyra, hé Bispado de Viseu, comarqua de Linhares, termo da Villa
de Penaverde, freguesia de Santa Marinha, pertence
o mesmo povo de Forninhos.
Um apontamento:
Nesse tempo não
havia freguesias. A divisão de base da organização
territorial religiosa sempre foram as paróquias, como se sabe. Mas o padre escreve
«...pertence
o mesmo povo de Forninhos» (povo aqui significa claramente aldeia) então a localidade já se chamava Forninhos (no canto superior lê-se perfeitamente "Forninhos").
2. Se he delRey, ou de donatário, e quem o he ao
presente? R: Hé do infantado do Sereníssimo Infantado Dom
Pedro, que Deos guarde.
3. Quantos vizinhos tem [e o número das pessoas]? R: Tem esta
freguesia noventa e seis vizinhos, duzentas e trinta pessoas mayores e quarenta
menores.
4. Se está situada em campina, valle, ou monte, e que
povoações se descobrem dela, e quanto dista? R: Estamos num
vale cercados de uns montes do Nascente. (?).
5. Se tem termo seu, que lugares, ou aldeas comprehende,
como se chamam, e quantos vizinhos tem? R: É termo da
villa de Penaverde confrontando.
6. Se a paróquia está fora do lugar, ou dentro delle,
e quantos lugares, ou aldeas tem a freguesia, todos pelos seus nomes? R: A paróquia está próxima ao povo. Hé orago de
Santa Marinha, tem o Altar mor e dous colaterais.
7. Qual he o seu orago, quantos altares tem, e de que
santos, quantas naves tem; se tem irmandades, quantas, e de que santos?
Uma nota:
O padre inclui
na resposta n.º 6 a resposta à pergunta n.º 7 também. Sobre se a terra tem irmandades,
quantas, e de que santos «Nada».
8. Se o pároco é Cura, vigario, ou reytor, ou prior,
ou abbade, e de que apresentação he, e que renda tem? R: O Párocho hé
Cura, hé apresentado pelo Reytor da igreja de Nossa Senhora da Purificaçam da
Villa de Penaverde, tem de renda vinte mil réis.
9. ...
10. ...
11. ...
12. ...
13. Se tem algumas ermidas, e de que Santos, e se estão
dentro, ou fora do lugar, e a quem pertencem? R: Tem uma
Capela de Nossa Senhora dos Verdes fora do povo próximos pertence a mesma
Igreja, tem mais uma Capela de Santo António esta da quinta dos Valagotes.
14. Se acode a elas romagem, sempre, ou em alguns dias
do anno, e quaes são estes? R: São
obrigados à Capela de Nossa Senhora dos Verdes várias procissões em alguns dias
do ano principalmente nos dias Santos do Espírito Santo.
15. Quaes são os frutos da terra que os moradores
recolhem em mayor abundância? R: Os frutos
sam pam e vinho, cereja azeite e castanhas.
Um apontamento:
Quanto a mim, escreveu “cereja”.
Esta referência às cerejas, deve ser porque respondeu no tempo
delas (Junho). (?)
16. Se tem Juiz ordinário, etc., câmara, ou se está
sujeita ao governo das justiças de outra terra, e qual he esta? R: Nam. Juiz
esta sujeito ao Juiz ordinário do concelho da villa de Penaverde.
17. ...
18. ...
19. ...
20. Se tem correyo, e em que dias da semana chega e
parte; e, se o não tem, de que correyo se serve, e quanto dista da terra
onde ele chega? R: Nam temos
correyo. Servesse pelo correyo de Viseu.
21. Quanto dista da cidade capital do Bispado, e quanto
de Lisboa, capital do Reyno? R: Dista da cidade de Viseu capital do Bispado
cinco léguas. E da Corte de Lisboa cinquenta duas. (??)
Um
apontamento:
Entendi que o padre diz que de Forninhos a Lisboa são cerca de «sessenta legoas» e a Viseu «cinco legoas» (1 légua =
5Km) ou estava mal informado ou faziam naquele tempo um caminho diferente para Viseu. (?)
22. ...
23. ...
24 ....
25. ...
26. Se padeceu alguma ruína ao terramoto de 1755, e em
quê, e se está já reparada? R: Nam padeceu
ruínas no terramoto de 1755.
E encerrava o inquérito com a recomendação
27. E tudo o mais que houver digno de memória, de que não faça menção o presente interrogatório.
Era uma forma de suscitar a descrição de outras particularidades da freguesia. R: Aos mais
interrogatórios não tenho que dizer…
Vinte de Junho
de mil setecentos e cinquenta e oito.
Pe. Cura
Baltazar Dia
Uma nota:
À
pergunta n.º 22 sobre se esta terra tem alguns privilégios, antiguidades,
ou outras cousas dignas de memória, o padre não responde.
II
O que se
procura saber desta serra he o seguinte:
1…
2…
Ao que se
procura saber da Serra “Se há na serra minas de metais, ou canteiras de pedra,
ou de outros materiais de estimação?” “Se há na serra alguns mosteiros, igrejas
de romagem, ou imagens milagrosas? «Nada».
Sobre o Rio
desta terra “Como se chama, assim o rio, como o sítio onde nasce?” "Se tem pontes de cantaria, ou de pao, quantas, e em que sitio?" “Se tem
moinhos, lagares de azeite, pizoens, noras, ou outro alguns engenho?” «Nada».
Nota Pessoal:
Eu não sou historiadora, nem tenho conhecimentos de paleografia, pelo que fiz a transcrição das "memórias paroquiais" por semelhança e a seguir passo a passo as perguntas, mas reparem que coloco algumas interrogações. Outras poderão ser colocadas por aqueles que se interessarem por estas coisas. Já agora digo-vos que quando se tem curiosidade e vontade de escrever a nossa verdadeira história descobrimos documentos, vestígios, provas, indícios e muitas coisas da tradição.
Para as pesquisas sobre famílias, acontecimentos e datas dos séculos dezoito e dezenove, aqui no Brasil, alguns pesquisadores procuram as igrejas e através dos seus registros de batismo, casamento, etc, os fatos são esclarecidos. A sua pesquisa é histórica e mostra o potencial de conhecimento possível através desse caminho. Um abraço, Yayá.
ResponderEliminarPor cá também é através dos registos de baptismo, de casamentos e de óbitos que muitos factos da nossa história são esclarecidos.
ResponderEliminarÉ do nosso conhecimento que a nossa Igreja tem [ou devia ter] Livros de Registos, mas ainda assim há cópias dos Registos, em microfilme, no Arquivo Distrital da Guarda, pelo menos, a partir dos anos de 1634/1635, que podem esclarecer, por exemplo, quando deixamos definitivamente o “Fornos” e passamos a ser “Forninhos”, o que ainda não está muito claro. Não há que inventar nada, assim, como acredito que o Pe. Cura Baltazar Dias respondeu com verdade e respeitando o que havia ou conhecia. No entanto, penso que o Padre não tinha muitos conhecimentos sobre a paróquia que tutelava e sobre a potencialidade desta “sua” aldeia.
À pergunta “Se a paróquia está fora do lugar, ou dentro delle, e quantos lugares, ou aldeas tem a freguesia, todos pelos seus nomes?”, o padre responde que sim, mas nem sequer refere aqui a quinta dos Valagotes.
À pergunta: “Qual he o seu orago, quantos altares tem, e de que santos, quantas naves tem; se tem irmandades, quantas, e de que santos?”, o padre responde que “Hé orago de Santa Marinha, tem o Altar mor e dous colaterais.”. Sobre se a terra tem irmandades, quantas, e de que santos "nada". Por Documento de 1734, sabemos que a nossa igreja tinha pouca coisa e decerto não tinha santos, mas tanto quanto me dizem, a nossa irmandade existe desde tempos imemoriais.
À pergunta “Quaes são os frutos da terra que os moradores recolhem em mayor abundância?” respondeu que os frutos são pão vinho cereja azeite e castanhas. Mas depois sobre o Rio desta terra “Como se chama, assim o rio, como o sítio onde nasce?” “Se tem moinhos, lagares de azeite, pizoens, noras, ou outro algum engenho?” "Nada".
Parece que há 250 anos não havia em Forninhos moinhos, lagares de azeite…etc.!
Este tema levar-nos-ia a estar horas e horas a debruçar-nos sobre as nossas memórias paroquiais, mas na realidade os forninhenses ligam muito pouca a história, estão muitos mais interessados em algo que lhes "encha a blusa", etc…!
"Saibam quantos este post lerem..." que os conterrâneos da Paula podem-se considerar afortunados por terem na terra alguém tão empenhado em resgatar a sua memória.
ResponderEliminarTambém não sou historiador nem paleógrafo mas consigo dizer o post de hoje implica não apenas muito trabalho mas sobretudo muita sensibilidade para estes assuntos. Tive acesso aos documentos e, apesar de não ser uma novidade completa, tive muita dificuldade em ensaiar uma transcrição digna de se ver. A Paula não apenas o fez mas fê-lo bem (pelo que sei) e com uma acuidade que permitiu, por exemplo, ter em conta fatores externos ao próprio documento (escripto em tempo de cerejas!!).
Parabéns, uma vez mais, e até já.
Obrigada António.
ResponderEliminarPor acaso deu-me muito trabalho, mas quando consegui as perguntas fiquei “colada” ao Documento. Acho que todas as freguesias deviam procurar as suas memórias dessa época. Para comparação estou agora a transcrever as de outra terra próxima, freguesia de Dornelas, pois o autor das respostas, o Cura José de Campos, refere a Serra desta terra e o rio Dam (Dão). Por outro lado, à pergunta n.º 7, respondeu: “Órago desta igreja hé o Martir S. Sebastiam, tem três altares, hum de Nossa Senhora do Rozário e outro do Menino Deus. Não tem naves, tem Irmandade do mesmo Mártir S. Sebastiam.”. O que me ocorre é que se calhar o Cura Baltazar Dias (no nosso caso) como não haveria Santos por isso não responde se tem ou não Irmandade.
Comparativamente as memórias paroquiais de Dornelas são mais interessantes que as de Forninhos, o texto refere a serra, confrontações, vizinhos, o que havia: lobos, coelhos que caçavam; sobre o rio a que chama de Dam e não é navegável diz que nasce na Barranha…refere ainda uma lagoa, salgueiros, amieiros, moinho, etc. etc., mas não cabe neste blog aprofundar as memórias de outra terra, mas se alguém de Dornelas ou Colherinhas desejar poderei falar-lhe mais em pormenor das suas Memórias.
Nao creio que Forninhos nao tivesse santos, so pelo facto do padre os nao mencionar!
EliminarDa mesma forma como esqueceu a serra e o rio Dao, tambem lhe passaram ao lado os Santos, so pode!
De facto o padre de Forninhos nao ajudou muito, mas mesmo assim ai podem ver-se algumas coisas importantes, como "Forninhos", ja era assim identificada no seculo XVIII, assim como o ja era no seculo XVI!
ResponderEliminarE embora tivesse sido Fornos na epoca medieval, e uma falacia dizer-se, que so passou a ser "Forninhos" no seculo XIX, quando por uns poucos meses esteve incorporada no concelho D'Algodres!
Bom trabalho cara amiga.
Exactamente caro amigo. O Pe. Cura deixou claro que à freguesia de Santa Marinha, pertence o mesmo povo de Forninhos. Ainda que se colocasse dúvidas quanto à caligrafia, no canto superior direito lê-se perfeitamente “Forninhos”. O que ainda não vi foi o texto original do Processo de Inquisição do Soldado Manuel Nunes, natural de Forninhos, nascido a 1632, assim como o texto do Decreto do Governo que incorpora as freguesias/paróquias do concelho de Penna-Verde extinto no concelho de Algodres.
ResponderEliminarQuanto à Serra vi com pormenor as “Memórias de Dornelas” e apesar da leitura do documento não ser completamente evidente, o que o Padre diz é que serra não pode ser intitulada desse nome (Serra), mas há uns montes vizinhos à freguesia, onde colhem milho e centeio, não há caça grossa senão em abundância coelhos e lobos. Não têm os ditos montes mais nada digno de memória. Diz.
Ainda que o senhor Baltazar Dias tenha saltado a serra [e o rio] temos de ter em conta que as demarcações/limites entre Forninhos e Penaverde se estruturaram um Século depois (1859). Pelo que se calhar por esse motivo respeitante à serra nada é respondido.
Quanto ao rio Dão o Cura José de Campos diz que tem princípio na quinta da Barranha e dista de Dornelas 1 legoa, descreve por onde corre ao pormenor, etc…etc…e o que se nota é que estava uns furos à frente do Cura Baltazar Dias.
Na questão da Irmandade e dos Santos, não sei se o senhor não se confundiu com a pergunta n.º 6. Até nisto está uns furos atrás do colega, Pe. José de Campos,que ao que não tem de dizer escreve «Ao 5 nada» , por exemplo!
Já estava no destino da paróquia de Santa Marinha os Padres não se interessarem e aprofundarem em questões de história.
Bem haja pelo sempre bom e rico contributo e ainda pelo elogio ao meu trabalho.
Um abraço para si.
Quanto ao texto do decreto de 6 de Novembro de 1836, que extinguiu muitissimos concelhos entre os quais: Matanca, Penaverde, Figueiro da Granja, Infias, Fornos de Algodres e Casal do Monte e os incluiu no concelho de Algodres, nunca consegui esse decreto, o que tenho e a copia do que transferiu a cabeca do concelho de Algodres, para a vila de Fornos de Algodres e retirou a este concelho, as freguesias de Penaverde, Dornelas e Forninhos e as incoprporou no concelho de Aguiar da Beira da comarca de Trancoso!
EliminarTambem tenho as informacoes, de um processo em que o padre de Santa Marinha de Forninhos, que era natural de Fornos de Algodres, foi processado e perdoado no seculo XVII, portanto ja nessa altura esta povoacao era Forninhos.
Caso queira posso enviar-lhe a copia do decreto e, a informacao o processo desse padre, que voce pode procurar na Torre do Tombo.
Um abraco.
Definitivamente Forninhos já assim era identificado no Séc. XVII e creio que já tinha naquele tempo Irmandade com o título de Santa Marinha.Por favor, então, envie-me tudo quando puder.
EliminarOutra coisa interessante nestas respostas são as distâncias. O padre Baltazar Dias e o Padre José de Campos referem que são 25 quilómetros, 5 léguas nesse tempo, das suas paróquias a Viseu. O Padre Caetano Álvares de Campos, diz que são 6 léguas de Penaverde a Viseu. Que caminho fariam naquele tempo para serem só 5 e 6 léguas?
Possivelmente já resolveram esta questão, mas mais vale uma achega, que um silêncio.
EliminarNo Cadastro da População do Reino (1527) o lugar de Fornos (Forninhos) pertencia ao Concelho de Penaverde.
Quanto ao Decreto de 6 de Novembro de 1836; Dornelas, Forninhos, Penaverde, e Queiriz faziam parte do extinto concelho de Penaverde, e foram incorporados no concelho de Algodres.
Sou um felizardo, que tem a cópia do Decreto enviado para a Administração Geral do Distrito do Porto. Bem como o livro de João Tello de Magalhães Collaço.
Um abraço, e disponham de que admira quem dedica a vida procurando, e disponibilizando a história da sua terra natal
O livro que eu tenho “A História A Terra E As Gentes” tem estas respostas do Padre-cura Baltazar Dias sobre Forninhos, como também tem as respostas das outras Freguesias do Concelho de Aguiar da Beira. É pena o Padre não ter dito nada sobre o nosso rio e a nossa serra, como fez o Padre-cura José Campos sobre Dornelas que referiu o rio que passa em Dornelas é o Dão, não sei porque é que o Cura de Forninhos não referiu o rio Dão em Forninhos nem referiu a nossa serra.
ResponderEliminarMaria, podes confirmar-me se o autor/autores do Livro que referes, dão resposta a todas as perguntas ou só às dos pontos: 1, 2, 3, 6 e 8, 13, 14 e 26; pois a monografia do concelho, que acho que é fiel a esse livro limitou-se a dizer que o Padre refere que Forninhos não padeceu ruína no terramoto de 1755; tem uma Capela de Nossa Senhora dos Verdes e uma de Santo António, nos Valagotes; e que são obrigados à Capela de N.S. dos Verdes várias procissões em alguns dias do ano, principalmente nos dias Santos do Espírito Santo. Sem mais…
EliminarSobre o nosso rio realmente é pena nada ter respondido.
Para já ainda não consegui ver se o Cura José de Campos faz referência a alguma ponte [Ponte da Carriça], mas li que além da referência a um moinho e lagar de azeite ainda diz que tem vários «injenhos» como são «pizoins». Pisão é uma espécie de moinho onde os tecidos [penso que de linho]eram batidos para ficarem mais maleáveis. Custa-me a crer que Forninhos em 1758 não tivesse nada disto, mas o que é certo é que o Cura B. Dias termina o questionário «Aos mais interrogatórios não tenho que dizer, isto é o que acho desta minha freguesia pertencente aos interrogadores que por ordem de sua Excelentíssima e Reverendíssima se me ordena e assim o afirmo».
Sobre a Serra concluo que em 1758 pertencia a Penaverde. Daí nada ter respondido.
Já mas «Memórias de Penaverde» o Padre Caetano Álvares de Campos diz que tem uma ermida chamada de S. Pedro dos Matos que fica junto a um outeiro, que dizem foi castelo dos mouros, e ainda conserva alguns vestígios de alicerces e porta...e se acham alicerces de casas e muitas sepulturas feitas em pedra.
«Nesta ermida costuma ir em procissão a gente desta freguesia e das anexas em dia de S. Pedro Mártir e dia da Ascensão...».
Será que me podias enviar para o meu email as respostas da freguesia de Forninhos, Dornelas e Penaverde?
ResponderEliminarGostava de ter, pelo menos, a transcrição da parte II e III de Dornelas e de Penaverde e, em especial, de Forninhos as respostas às perguntas n.ºs 15, 16, 20 e 21 da parte I.
Bj**
Obrigada Maria.
ResponderEliminarJá li a página 187 e 188 do Livro “A HISTÓRIA A TERRA E AS GENTES” e leio:
«15. Os frutos são pão, milho, trigo, azeite e castanhas».
Quanto ao milho/ou/vinho mantenho interrogação. Já quanto ao trigo acho que não está certo. O senhor, quanto a mim, escreveu antes “cereja”. Mas vejam vocês! Além de que nenhum trigo é colhido pelos lavradores de Dornelas e Penaverde naquele tempo.
Ou seja:
Dornelas:
«15. Os frutos que os moradores desta terra colhem em maior abundância é milho grosso e feijões e também centeio e azeite, vinho e também de toda a quantidade de frutas ainda que algumas poucas».
Penaverde:
«Os frutos que mais produz a terra, colhem os lavradores em maior abundância é centeio, algum milho, pouco vinho e nenhum azeite e pouca castanha e fruta».
Boa noite Paula, uma légua representa 7 Kms, por isso 6 léguas são 42Kms o que é uma distãncia muito apróximada, entre Viseu e Forninhos.
ResponderEliminarBom FDS.
Boa noite João,
ResponderEliminarA légua, antigamente sei que era variável de terra para terra, daí haver diferenças nas comarcas e concelhos e na nossa região correspondia a 5.000 metros.
Eu explico porque acho que em meados do Séc. XVIII era essa a medida do itinerário:
O Padre que assina o Documento de Penaverde refere que a Capela de S. Pedro dos Matos dista de Penaverde "quase meia légua". Para além disso, o Cura que assina o Documento de Dornelas afirma que Dornelas dista da Barranha "uma légua" e ainda diz: «...rio Dam corre de nascente para poente e vai perder o seu nome em o Mondego na Foz do Dam perto de Coimbra distante desta terra dezoito léguas...».
Mas podes estar certo.Se souberes mais sobre…diz.
Beijo e aproveita bem o Domingo.
Boa tarde para todos.
ResponderEliminarAo ver estes documentos e o que dizem, entre as perguntas e respostas daquele tempo 1758, o que prefaz 250 anos até aos dias de hoje e que nesse tempo Forninhos petenceria á Vila de Penaverde, como é dito na pergunta 1º do I capitulo.
A Igreja de Forninhos nem aqui é mencionada, não estava ainda construída? ou foi por não fazer parte do Povoado de Penaverde, digo isto porque num dos pontos fala-se de uma Capela, a Senhora dos Verdes, e fora do povoado " Penaverde".
Na minha modesta opinião, quando se fala em distâncias temos que ver que os caminhos de hoje tanto para Viseu ou Capital não serão os mesmos de antes, estes eram percorridos mais em linha recta a pé ou a cavalo, daí a dificuldade do Sr Cura em informar as verdadeiras distâncias.
Outra das perguntas que foi feita, se na terra existiam lagares, moinhos, ou outros engenhos?
Não poderei dizer se na altura os moinhos e lagares que existiram em Forninhos já existiam ou não, mas caso existissem o "Cura" não os mencionou, Porquê?
Este é um grande trabalho, estás de parabens Paula.
À pergunta n.º 6 «Se a paróquia está fora do lugar, ou dentro delle» o padre respondeu que a paróquia está próxima ao povo. Hé orago de Santa Marinha, tem o Altar mor e dois colaterais.». Paróquia era a Igreja Matriz e a padroeira era Santa Marinha.
ResponderEliminarComo já antes tbm escrevi em 1734 já Forninhos tinha uma pequena Igreja, o texto refere «He cousa pouca não convem estar ali igreja pode ir a Ornelas, ou a Matança – Dandose algua cousa pelos currãres, mas não a Ornelas por serem Abbas anexas a Pena Verde.». Consta que esta Igreja do Documento de 1734 foi construída no ano de 1731.
Assim,
Em 1758 havia em Forninhos uma igreja matriz e duas capelas, Senhora dos Verdes fora do povo posta e de Santo António na quinta dos Valagotes. Havia ainda na Serra uma capela, de S. Pedro, onde o povo de Santa Marinha de Forninhos fazia algumas romagens por ano, mas em termos religiosos esta ermida e terras eram de Penaverde. Sobre os limites entre a nossa freguesia e a de Pena Verde, muita tinta correu. Dizem. Até se conta que foi por causa dos limites/demarcações que Capela devotada a São Pedro de Matos, ou, São Pedro de Verona, foi destruída.
Quanto às distâncias: bom raciocínio amigo Pires. Esta era calculada em linha recta, por tal a distância não corresponde à real. Outro facto é que Forninhos há 250 anos não tinha correio e servia-se do correio de Viseu que dista cinco léguas de Forninhos.
Geograficamente o padre responde que Forninhos está situado num vale cercado de uns montes de nascente, mas depois nada é respondido sobre esses montes (serra), o que se cria neles e o que se caça. Sobre o rio, idem, logo não responde como se chama o rio, como não responde se havia na época, no rio da nossa terra alguma ponte, algum moinho, lagar de azeite, nora ou outro engenho. Mas responde no 1.º grupo quais os frutos em maior abundância que os moradores recolhem.
Já o Cura José de Campos diz que freguesia de Dornelas o rio tem duas pontes, uma de pedra e outra de pau. E o Padre Caetano Álvares de Campos diz que Penaverde não tem rio, mas uma pequena ribeira que tem uma ponte de pau chamada de Ponte de Almeida, tem alguns moínhos…
De facto, há padre e padres!
Cara amiga, caros leitores; nem por sombras quero afirmar seja o que for, mas sendo de Forninhos e desconhecendo muita da sua história, não posso afirmar qualquer das perguntas e respostas feitas á tantos anos, mas de uma coisa tenho certeza, que em Forninhos passa um rio, que como já foi divulgado, este rio nasce na Barranha; segundo tem uma ponte construída em pedra, teve lagares de azeite e moinhos.
ResponderEliminarEsse Padre ou não vivia em Forninhos ou desconhecia os bens que ali existiam; melhor, cada um procura dar o melhor ao que lhe convém.
Frutos/árvores, acredito que hovesse bastantes, se não vejamos:
As casas de Forninhos e arredores, nos seus primordios, poderei dizer todas?, a sua construção é feita de pedra e
madeira, castanho; Para tal era preciso haver na terra ou nas próximidades bastantes Castanheiros.
Terá sido este factor construção e abate que terá levado á extinção destas árvores.
Com certeza que o rio que corre na freguesia de Dornelas é o que corre na freguesia de Forninhos, mas a ideia que fico é que o Pe. Cura Baltazar Dias não tinha muitos conhecimentos ou então falhou mesmo a tinta. De outro modo, teria respondido no dia 20 de Junho de 1758 às perguntas sobre o rio desta terra (Dão), se as suas margens eram cultivadas e se tem muito arvoredo de fruto ou silvestre como freixos, amieiros, caniceiros, salgueiros, etc.; se tem vários engenhos, como são pizões, moinhos, lagares de azeite; se cria peixes (bogas, bordalos e barbos); se tem pontes de cantaria ou de pau, etc., etc., etc…
ResponderEliminarSabemos que na zona do nosso rio/e/ribeira houve moinhos e lagares de azeite, mas esses moinhos e lagares por nós conhecidos certamente existiram depois da data de 1758, assim como a ponte da carriça. O que não quer dizer, atenção, que há 250 anos Forninhos não tivesse lagar de azeite e alguns moinhos e uma ponte de pedra ou de pau!
Eu se descobrir algo mais que ache que vale a pena partilhar convosco, já sabem que o farei, sem qualquer objectivo que não seja de conhecermos melhor a nossa terra.
Para já, sabemos que nesta freguesia, em meados do Séc. XVIII, houve em abundância castanhas, logo abundância de castanheiros. Mas esses centenários castanheiros foram demolidos (doença?). Não sei. Agora reparem que o Marquês não manda os párocos dizer o que sabiam sobre a construção/habitações dos lugares. E… os historiadores do Séc. XX que elaboraram a monografia e uma espécie de monografia do concelho (AGB) também esqueceram este património, portanto que os historiadores do Séc. XXI possam dedicar um capítulo à nossa arquitectura modesta.
Uma nota final:
É bom ver que se interessam cada vez mais pela nossa história e tradições. Mto Obrigada caros amigos.
Eis que uma das questões vai continuar em pé.
ResponderEliminarUm rio não se faz de um dia para o outro nem o seu leito desviado, mais o Rio Dão que passa em Forninhos poucas seriam as possibilidades de lhe mudarem o seu curso. Agora falta saber se á 250 anos a Ponte da Carriça já era ou não construída; Não tenho certezas mas possivelmente a data de construção esteja gravada numa das pedras, será que alguém que ali esteja a tempo inteiro nos possa informar?
Boa tarde
ResponderEliminarAo que me estou a aperceber, parece que os documentos e história de Forninhos pouco interessa.
Será que muitos Forninhenses ali residentes e outros que estão fora, mas que muitos mais anos que eu ali viveram não se lembrem de como era o antigamente?
Nada tem a dizer, ou são piores que eu e nada sabem dos tempos antigos, da história de Forninhos?
Quanto á minha pessoa, bastante agradeço a pessoas que aqui dizem um pouco do que sabem, quero saber mais e mais sobre Forninhos.
O meu bem haja.
Boa noite serip.
ResponderEliminarPor vezes, também me incomoda que uma terra que tem memórias passadas dignas de nota, os naturais não se interessem por conhecer o que foi o passado mais longínquo da sua terra. Mas sabes que mim também me ocorre que de duas umas: ou nada sabem ou sabem menos que nós ;)
O Cura esquece a Serra e sobretudo as águas do nosso rio e ribeira, que desde sempre regaram as terras da nossa freguesia e o texto também não refere a ponte ‘da carriça’ ou outra. Uma surpresa para mim, pois eu não conhecia as perguntas que o Marquês mandou fazer aos Padres de todo o país.
Voltando à construção da ponte ‘da carriça’ não tenho (ainda) resposta. Mas um dia dedico umas linhas a essa ponte e se calhar a outras que se estruturaram mais tarde.
Por fim, e tal qual já uma vez aqui escrevi, espero que cada vez mais tomes este espaço como teu e o dignifiques com a tua palavra, comentários e amizade.
Um abraço forninhense.
Boa tarde; ao tempo das memórias paroquiais um dos itinerários de Viseu para Trancoso passava por Forninho (Havia outro).
ResponderEliminarDe Viseu a Povilde uma légua e meia; a Roriz +1; a Esmolse +1; a Sezures +1; a Forninho +1.
Quanto à distância que no tempo era medida em léguas, tomamos como base o ano de 1751: légua de 18 ao grau = 6.172,83 (seis mil cento e setenta e dois metros e oitenta e três centímetros).
Independentemente da medida usada na região, para o caso em apreço, o que contava nos itinerários era esta medida.
Cordiais saudações
Francisco dos Santos
http://fringosa.blogspot.pt/
Bem haja caro Francisco por estas informações.
ResponderEliminarO outro itinerário de Viseu a Trancoso acho que passava pela Insua, por Esmolfe, Sezures, Boco, Quinta da Ponte, Forninhos, Penaverde, Casal do Monte, Venda do Cepo, Trancoso. Quando no itinerário se diz Forninhos-Penaverde, significa que ía pela Gralheira – S. Pedro – onde está situado um castro, que embora neolítico, tem vestígios de trabalho romano. Nunca soube as distâncias do itinerário.
E por exemplo, gostava de saber qual foi o papel de Forninhos na rede de estradas romanas.
Um abraço e visitarei ‘o fringosa’.
Esse é o mesmo itinerário que agora completo: de Forninho a Penaverde +1; a Casaes do Monte +1; à Venda do Cego +1; finalmente Trancoso +1.
ResponderEliminarEste era o itinerário que fazia o Correio entre Viseu e Trancoso.
Não sou natural dessa região, mas sou um apaixonado pelo meu país.
Estou a escrever sobre as Memórias Paroquiais de 1758 - as que os párocos enviaram - pois o suplemento v. 42 e 43, tudo indica ser de 1832 ou pouco tempo antes.
Esta a razão de por este blogue ter passado.
Bem hajam os jovens que tanto amor dedicam à sua terra.
Obrigado pela visita
Embora sem eu conhecer vestigios no terreno, de vias e referido por muitos autores que o itinerario Viseu-Egitanea, passava por por Ramirao e Infias onde se cruzada ou bifurcava com outro que suponho eu seja, o que passando por Algodres e Furtado seguia para a Matanca, e ai forcaria nas "Forcadas" para Maceira Sobral e Queirz em direcao a Trancoso.
ResponderEliminarO mais provavel e que na Matanca existisse alguma ligacao, para a Matela Forninhos e Penaverde.
De todas estas povoacoes referidas sao conhecidos estes vestigios:
Ramirao: lapide romana.
Infias: varias aras romanas, vestigios de uma "viccus" (aldeia), vestigios provaveis de umas termas e villas romanas e um "caminho velho" atualmente pavimentado se guia para Fornos!
Algodres: Ara romana, moedas e necropole "romano"/medieval.
Furtado: ara romana.
Matanca: lapide romana(actualmente coberta com argamassa) Pontes de fundacao "romana", troco de calcada provavelmente "romana" junto a ponte para a Matela.
Forcadas: vestigios de construcao.
Maceira: calcada "romana".
Sobral Pichorro: Calcada "romana"
Queiriz: Calcada "romana" e lapides romanas!
Aqui so me refiro a "terra fria" ou alto concelho, regiao onde se encontra tambem Forninhos!
Como pode ver onde eu nao tenho a certeza escrevo "romano" entre aspas, porque ate se encontrar algum miliario, estas estradas tanto podem ser romanas como medievais, os marcos miliarios e as pedras almofadadas nas pontes, e que nos dao a certeza absoluta.
Existindo o itinerario vindo de Penalva, entroncaria em algum sitio com este que refiro.
Espero ter ajudado alguma coisa.
Pelo que consegui agora apurar, o que seguia por Queiriz cruzava em Penaverde com o procedente da Insua por Esmolfe, Sezures, Boco, Quinta da Ponte, Forninhos, Penaverde …que se dirigia para Trancoso.
ResponderEliminarSegundo alguns investigadores quando se diz Forninhos, quer significar a Gralheira (como já referi). Mas quem é de Forninhos e conhece a via: Quinta da Ponte – Forninhos – Gralheira – Penaverde, imagina logo o caminho pela “estrada”. É assim que chamam a essa via (a estrada). Se lhe chamam estrada se calhar é porque passou ali alguma via importante (?).
O meu amigo ajudou e muito, mas eu quero averiguar melhor isto da “a estrada”, pois interessa-me e quero também consultar ainda algum mapa das vias existentes em Portugal nesse tempo.