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quarta-feira, 28 de março de 2012

AS MERENDAS

Antigamente no Inverno, porque os dias são curtos, não havia MERENDA. Depois, chegada a hora de Verão, chegava também a hora da merenda. O acto de merendar fazia parte do dia a dia das famílias, pelo menos, há 40, 30, 20 anos atrás era assim. Está bem: ainda mais ou menos é assim, mas o termo, modo de dizer, só as pessoas mais idosas o usam, já que os mais jovens dizem "lanche" e "lanchar".


Da parte da tarde, quiséssemos ou não, era costume a família a seguir à sesta e antes de iniciar os trabalhos no campo, ainda com muito sol, comer a merenda. Aliás, a palavra merenda veio do latim memere, "merecer". Para comer algo, todos tinham de fazer por o merecer, parece. Mas o que me motivou a escrever este artigo foi a fotografia, uma amostra como há 40 anos atrás a família Carau fazia súcia, partilhava a merenda, convivia. Da esquerda para a direita o tio Zé Lopes corta o queijo com a navalha e reparem agora no colo do tio Ulisses. 
Outras iguais tenho para por aqui registar coisas nossas que um dia já foram assim, sempre com a ajuda e explicação de alguém mais velho, porque se ninguém registar as vivências e modos de dizer, hoje bem distantes e mesmo desconhecidos dos mais jovens: «bye-bye».

21 comentários:

  1. Nao estou certo de quando comecavam as merendas, mas creio que era so la para o "Espirito Santo", ja o final delas estou mais seguro era pelo S. Miguel (28 de setembro): "Pelo S. Miguel acaba-se a merenda e o farnel!"
    Gostava que alguem me aclara-se a primeira parte.

    Um abraco de amizade.

    toca a prepararem-se, para a "Pascoa", e se possivel passa-la "na terra"!

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  2. É incrível como os costumes do meu cantinho se parecem com os de Forninhos... com certeza nossos costumes vieram com nossos antepassados portugueses...isso me deixa feliz.
    E é com tristeza que vejo como as coisas estão mudando tão rapidamente, tanto aqui como aí, as pessoas estão se esquecendo ou nem tomam conhecimento de nossa hstória.
    Por isso seria tão bom se nossos conterrânios lessem mais os nossos blogs, não é?
    bjs amiga querida
    Tina 9MEU CANTINHO NA ROÇA)

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  3. Falei com duas senhoras dos seus 76 anos e 64 anos e disseram-me que é no dia 25 de Março que começam as merendas, dia da N. S. da Paixão.
    De certo que meu amigo A.Cardoso lembra-se bem que pela Santa Eufémia da Matança, na 2.ª Feira de Páscoa, era costume por lá merendar. Mas não sei se ainda há quem leve a merenda.
    Esta, não tenho a certeza, mas a ver pelo queijo da Serra e bolo de azeite é capaz de ter sido na N. Senhora da Saúde da Moradia. Isto porque naqueles tempos só havia bolos de azeite por altura da Páscoa.
    O Sr. Padre Flor, natural de Figueiró da Granja, foi quem introduziu o costume de levar pelo “Espírito Santo” a merenda para a Senhora dos Verdes e isso Forninhos tem dado continuidade, ainda bem, porque as coisas boas não têm de acabar. A merenda e a piqueta eram as refeições que todos gostavam de comer, as preferidas até!

    Parece que este ano somos alguns os que vamos passar a Páscoa “na terra” e se Deus quiser havemos de comer por lá uma boa merenda.Devido à distância é pena o meu amigo não poder cá vir, assim como outros amigos e familiares residentes nos EUA, Brasil, França, Suíça...

    Um abraço de amizade para si também.

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  4. Eu acho que lêem Tina, não sei se é para ter conhecimento da nossa história ou se é somente para bisbilhotar e roubar as nossas ideias e conteúdos e depois são eles que ficam com os louvores, mas se fosse ao contrário se calhar não gostavam!
    Já pensei, pensei, em “privatizar” o blog, mas depois concluo que por causa de uns (mal intencionados) não devem pagar outros. Fazer o quê??? Quando se perde a vergonha, nunca mais se encontra e como não a têm continuam por aqui a vegetar. Repito: Fazer o quê??? Eu continuarei a registar as nossas coisas porque tanta tradição não se pode perder.
    Esqueci-me de dizer que a nossa freguesia há um Parque de Merendas, situado no alto da N. Senhora de Fátima, nos Valagotes, onde foram feitos recentemente alguns melhoramentos, tem um miradouro e um parque infantil. Quem fôr passar a Páscoa à nossa aldeia suba até lá, faça a primeira merenda do ano e aprecie uma das mais bonitas paisagens que Forninhos tem.

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  5. Boa noite, hoje os tempos são outros até as horas são ajustadas de acordo com a época do ano, ainda agora foi mudada a hora, nos tempos dos nossos pais e avós isso não acontecia, como o periodo de trabalho em muitos senão em todos era de sol a sol, como o dia no verão tem mais horas entre o nascer e o pôr do sol, é lógico que se criassem as merendas para que conseguisse chegar ao fim da jorna com alguma força, este é o meu ver, pode ser que alguém diga o porquê de só nesta época acontecer este fenómeno.

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  6. Boa noite . Esta foto faz me lembrar os tempos em que se ia para as festas em grupo cada qual com a sua merenda , muitas iam cobertas com toalhas de linho . Assim as pessoas conviviam umas com as outras , isso sao momentos que nunca esquecem .Mas quando as merendas começavam ou acabavam isso nao sabia . Uma boa Páscoa e bons bolos de azeite para quem gosta .

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  7. É um costume que se acabou por aqui também. A merenda era chamada de lanche da tarde, geralmente servido por volta das três horas da tarde. Não se saia com o sol forte sobre a cabeça. Haviam bolos e queijos, mas os exercícios eram mais penosos. Gostei de ler e lembrar. Um abraço, Yayá.

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  8. Registar é viver e recordar, não é mesmo Yayá?
    Esta refeição, a merenda, dependia da época do ano (ou do calendário rural se o quiserem), altura do horário de Verão, em que há mais horas de sol e se trabalhava mais (despegava-se já noite) daí que havendo mais trabalho na época do Verão, as refeições aumentavam. Enquanto no horário de Inverno, e hoje como sabes João ainda é assim em Forninhos, as pessoas vão para a cama cedo e jantam (ceiam) há hora que no Verão comem a merenda.
    Desde que tenho consciência das coisas, sempre me lembro haver horário de Verão e horário de Inverno, mas a ideia de publicar “AS MERENDAS” por esta altura foi exactamente porque mudava agora a hora, aliás a minha ideia até era publicá-lo no dia que publiquei o post das matracas (23.03.2012), mas já para não me roubarem o conteúdo, como é useiro e vezeiro, fi-lo só depois do dia 25 de Março. Assim, ficaram pela “peregrinação de N. Sra. de Fátima” e não houve referência à época oficial das merendas! «O tempo é o melhor professor da vida».

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  9. Manuela, bem-haja pela lembrança das toalhas das cestas das merendas das festas que ainda também participei.
    As merendas das festas eram as melhores, tinham bons condutos: queijo, chouriça, presunto, bacalhau albardado, frango frito, bolos e bolas de carne.
    Ah! mas eu gostava muito das merendas caseiras, com omeletes de bacalhau ou só com salsa e cebola, azeitonas, batatas albardadas, sardinha frita em molho escabeche, pão centeio. Hábitos alimentares de outro tempo que nada têm a ver com os de hoje.

    Beijo

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  10. Sempre gostei e gosto de comer a merenda ao ar livre.
    Quando era garota a minha mãe levava a cesta da merenda para comermos no campo, a merenda podia ter os melhores condutos, mas eu preferia sempre uma fatia de pão com azeitonas, que ainda hoje adoro comer pão saloio com azeitonas, comíamos a merenda sempre à sombra de uma arvore, era tão bom sentir aquele ar puro do campo, que ainda hoje tenho essa recordação.
    Quando vou à terra em Agosto com as minhas irmãs, fazemos uma merenda e vamos come-la no parque das merendas, é muito bom passar lá uma tarde de um dia de Verão.

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  11. Dizia o povo que as merendas começavam a 25 de Marco e acabavam a 8 de Setembro ate me parece certo os dias são maiores e trabalhava-se ate o sol se por por isso antes da ceia comia-se no campo a merenda. Também se dizia com as merendas vinha o pássaro que tinha o nome de cuco. Nos perguntavamos-lhe cuco ramalheiro quantos anos nos das de solteiro ele cantava cuco, cuco, cuco quantas vezes ele dizia cuco nos contávamos e se eles dava muitos diziamos filho da mãe ainda tão anos por casar e acreditávamos mesmo nisso . A 8 de Setembro os dias já são mais pequenos e as colheitas já estavam quase feitas já não precisavam da merenda, ate se cantava assim ;

    O Senhora do castelo

    Não te volto a rezar

    Porque me tiraste a merenda

    E duas horas ao jantar

    Isto queria dizer que eram as horas da cesta que dormiam depois do jantar.

    A todos os Forninhenses espalhados pelos cantos do mundo quero informar-vos que ontem morreu o nosso querido

    JORGE PINA residente aqui nos U.S.A. aos 51 anos de idade , filho de Adriano e Augusta Costa Pina, viveu de rapazote na rua do ribeiro. Que todos rezem pela sua alma e que descanse em paz. Deixou uma filha e um filho. A toda a família o meus sentimentos

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  12. Nesta fotografia recordo Grandes amigos, gente boa que Deus levou: o tio Zé Carau, o tio Zé Lopes, o tio António Carau, a tia Júlia, o tio Ulisses e a tia Arminda e o seu filho Miguel (Miguelão), que morreu ainda muito novo.
    No mês passado, publiquei aqui uma outra fotografia para recordar o Nel e estava lá também o Jorge. É difícil acreditar que Deus leve gente tão boa e gente tão nova, num dia o Nel, no outro o Jorge.
    Tenho bem presente o Jorge um rapaz simples que jogava muito bem à bola, parece que eras tão bom nas futeboladas, como eras a andar “ao” arco. Quem viveu em Forninhos sabe que fomos vizinhos e amigos e um dia eu sei que estaremos juntos novamente Jorge. Paz à tua alma…que descanses em Paz.

    Para a família os meus sentidos pêsames.
    Paula Albuquerque

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  13. Boa noite. Ja la vao mais de trinta anos que nao vi o Jorge mas recordo me bem dele ,pois nos éramos da mesma idade . Para a sua família os meus sentimentos . Manuela Pires

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  14. Obrigada pelo elogio sobre as fotos das formigas...vou tentando ser boa fotógrafa...rsrsrsrsr
    Interessante sua postagem, pois se merendar for merecer...eu mereço ir lanchar, aliás, merendar.
    Por aqui é o horário em que as escolas fazem o lanche com as crianças.
    Bjs Paulinha(carinho).

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  15. Bom dia.
    É com algum pesar que tive conhecimento do falecimento de um bom amigo, O Jorge Pina, com quém tive algum convivio e boas brincadeiras nos nossos tempos de estudante. Os mais sinceros pêsames para toda a familia.
    ainda bem que este Blog existe, assim muitas noticias, umas boas outras menos boas, como esta, vam-nos dando conhecimento do que vai acontecendo; isto tambem graças aos que estão longe de nós em distância.

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  16. Agora que a noite já vai longa, e o jantar se foi á algumas horas, sabia bem uma fatia de bolo de azeite com um bom queijo.
    Mas como não me é possivel obter, fico só com os pensamentos.
    Todos sabemos que a nossa terra sempre teve o habito ou tradição, que quando se chegava esta altura do ano, época das sementeiras, era necessário que as pessoas se alimentação melhor pois os dias eram maiores e o campo precisava de ser trabalhado, ía-se para a terra muito cedo e regressava-se a casa só próximo do meio dia, eram muitas horas de trabalho duro, daí ser preciso comer qualquer coisa, lá vinha a nossa piqueta por volta das 10H00+- e que bem sabia, da parte da tarde acontecia o mesmo, era a merenda, pois as pessoas só regressavam a casa já de noite e canssadas.
    Tambem eu gostava desses tempos, comer á sombra de uma árvore, todos á volta de uma toalha o chão como mesa, mas essas merendas sabiam mesmo bem, chouriça assada/frita, pão com azeitonas ou mesmo uma omolete, tinha sempre um sabor especial.

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  17. Fiquei com muita tristeza quando a minha madrinha anunciou aqui a notícia da morte do Jorge Pinha, pelos anos que conheci o Jorge ele era um rapaz bastante alegre e simpático, que Deus o tenha em bom lugar.
    Aqui deixo os meus sinceros sentimentos para toda a sua família.

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  18. A piqueta e a merenda feitas no campo eram refeições que todos gostávamos, eu inclusive, os que estavam a trabalhar ficavam logo mais animados assim que viam a cesta coberta. É até bom aqui recordar que Zeca Afonso já cantava:

    Mondadeiras do meu milho
    Mondai o meu milho bem
    Não olhais para o caminho
    Que a merenda já lá vem.

    No linguajar da nossa gente mais “antiga” ainda são usuais os termos piqueta e merenda, o que já não é usual são as saudações ou o “dar a salvação”. Quando se comia a merenda no campo os que passavam diziam:
    - Deus Nosso Senhor os ajude.
    Ao que respondiam todos:
    - Venham-nos ajudar também na nossa merenda!

    As coisas bonitas da nossa terra estão a desaparecer e a gente boa também.

    Bom Fim de Semana para quem por bem aqui vem.

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  19. As merendas,humm,ajudei a comer algumas mas claro que as que sabiam melhor eram aquelas comidas no campo,quando se fazia aquela pausa,toca a ir busacar àgua ao poço,para lavar as mãos,e do poço tambem vinha o garrafão do vinho,que estava a refrescar,depois era ali uma horinha bem passada,toca a estender a toalha,no chão ou num reboque,até as formigas ajudavam à festa,mas que bem que sabiam aqueles produtos que voces jà aqui referiram,jà me està a crescer àgua na boca,hà uma piqueta que nunca mais me esqueci,porque era comida todos os anos,hà mesma hora no mesmo sitio,era na vindima o tio ANTONIO CARAU,depois de vindimar as androas,era na cerca que se passava essa tal horinha,maravilhosa,ainda estou a ver o sitio,isto jà là vão uns anos largos,a piqueta é comida demanha e a merenda à tarde,foi assim que eu aprendi com os antigos,esta foto é uma reliquia,quando a vi,alguem me veio à memoria,pois tambem comi vàrias merendas com ele,quando ganhàvamos o dia para o tio Zé Matela e não so, era o tio Zé Cardoso,ainda estou a ver este homem a comer as tais azeitonas,que ele gostava tanto, bom fim de semana a todos.

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  20. As merendas que eu também gostava muito eram as merendas das ceifas, com aquele racho de gente, e quando cantavam aquelas cantigas tradicionais da nossa terra, o meu avô Cavaca, o meu tio António Cavaca e o meu padrinho Samuel, cantavam muito bem, as vozes deles destacavam-se ao longe.

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  21. Um abraço para os contribuidores e amigos bloguistas que comentaram “As MERENDAS” e um Grande bem-haja à Cila por partilhar connosco esta fotografia do seu album.
    Quanto às nossas cantigas e “vozes de Forninhos” Maria, é um assunto que já sugeri registar/gravar (mais que uma vez) para que as gerações futuras possam ter conhecimento da nossa cultura popular que é património nosso.
    Lanço novamente o apelo para que se preserve e salvaguarde, o quanto antes, o património imaterial que nos foi legado.

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