Datado de 05-Jan-1917, publico aqui mais um boletim de pré-alistamento militar na Grande Guerra de um soldado de raça caucasiana (diz o campo 10), nascido em Forninhos (diz o campo 3), no dia 01 de Janeiro de 1896, chamado António Almeida.
Como do ano de 1896, não foi encontrado (por mim) o registo de batismo, que pudesse acrescentar alguma informação sobre quem eram os seus pais e avós, aos meus olhos pode ser o filho de Rosa Fernandes e do tio Augusto "ferreiro" nascido em Forninhos no ano de 1893 e assasinado nos Estados Unidos da América no dia 17 de Abril 1927 pelo David Ribeiro, filho do António Ribeiro, de Forninhos e Maria Quitéria, de Esmolfe.
O cartão do Francisco Mehr também diz que nasceu em 1890 e o registo de batismo refere que nasceu em 08-01-1889. O ano do nascimento é muitas vezes estimado e também incentivados pela propaganda do "tio Sam", crianças e jovens mentiam sobre a idade, na hora de se alistarem e as autoridades responsáveis pelo recrutamento deixavam-se "enganar".
Aproveito a ocasião para informar que com a ajuda da GenRegis, descobri que o Francisco Mehr e o nosso soldado Floriano Cardoso eram um dos cinco filhos de Maria Amália, natural do Tojal, Satão, que era a criada do Senhor António Saraiva e Senhora Rita de Jesus, de Lusinde (Senhora Ritinha).
Filhos de Maria Amália:
1- Ventura (Amália), filha de pai incógnito; veio a ser a mãe de José Saraiva Ventura (marido da tia Felisbela);
2- Duarte, filho de pai incógnito; foi padrinho de batismo do sobrinho acima identificado e o seu sobrenome era "de Mello";
3- Francisco, filho de José Caetano, de Dornelas;
4- Natividade, filha de pai incógnito, que eu ainda conheci.
5- Floriano, filho de pai incógnito, mas consta no seu boletim individual do CEP que era filho de Agostinho Cardoso.
Vamos continuar a pesquisar e quem sabe chegamos aos 8, 10, 12, 15...20 forninhenses que participaram na Primeira Grande Guerra. Se calhar toda a gente teve um familiar na guerra. Para já fica aqui mais um contributo do BlogDosForninhenses para memória e homenagem a quem tanto sofreu.
Paula,
ResponderEliminarEsta sua pesquisa, quase parece um escrito de romance policial. Fico sempre a querer saber mais.
Desconheço se algum dos meus familiares de Forninhos andou na primeira guerra. Já o meu avô materno, Manuel Rodrigues Alexandre , da Matela, andou e, por vezes, contava uma ou outra história do que por lá passou e não eram boas memórias...
Talvez ainda existam descendentes que se lembrem e possam ajudar a identificar quem foram esses soldados Forninhenses.
Um abraço
MJB
De facto a história do António Almeida que foi assassinado numa festa a tiros de pistola, como é conhecida a partir de relatos contemporânos, é digna de um romance policial!
EliminarPor momentos, pensei que pudesse tratar-se de um dos dois irmãos da minha bisavó Casimira Almeida que se chamava António e nasceu a 01-01-1897, mas a minha mãe diz que a sua avó contava que os irmãos emigraram para o Brasil e nunca ouviu que algum deles foi para a Guerra. Assim sendo quase de certeza que não é o António d´Almeida deste cartão, mas nunca se sabe...
Acho muito triste que na sua terra de origem, que também é a minha, nada se conheça sobre os combatentes da Grande Guerra. Mereciam uma homenagem, não uma mera pedra semelhante ao monumento aos combatentes do Ultramar, mas um verdadeiro memorial num lugar apto ao recolhimento.
Abraço e até breve.
Boa tarde .
ResponderEliminarMais um post notável . Detalhado.
Sobre a participação dos soldados de
FORNINHOS na I Guerra Mundial.
Curioso e interessante.
O que aconteceu a David Ribeiro pelo
assassínio do seu conterrâneo .
Em 17 Abril de 1927 ?
Pena perpétua ? Ou Pena de Morte ?
O incrível percurso de uma Aldeia
dos seus filhos .As vidas. As sortes
Os talentos . Muito interessante ..
Bom Domingo para todos
Antônio Miguel Gouveia
Não sei. As pessoas com conhecimentos da realidade fáctica não falam do acontecido, mas o David Ribeiro com certeza teve um fim triste também.
EliminarCom o tempo ninguém se lembrará do caso. Como já não lembram dos nomes dos naturais de Forninhos que participaram na I Guerra Mundial.
Boa semana.
Um abraço.
Sou levado a pensar sobre as rivalidades no estrangeiro entre os filhos da mesma terra ....
EliminarQuando emigram os portugueses
são e foram todos amigos ? Não ! Jamais .
Um dia tive o prazer de falar
com um "Gouveia "ex emigrante
na África do Sul ...
Meu conterrâneo . Com 2 Mini-Mercados na minha terra .
Disse - me ele que a pior raça na África do Sul são os madeirenses.
Há poucos anos soubesse de portugueses vivendo no Canadá
em condições precárias . Operários da Construção civil
liderados por patrões/ chefes
portugueses. Isto é assustador
para mim que recordo a morte
de meu avô João de Gouveia ( sozinho )em Valência,depois
dos pulmões não resistirem ao
gás nas minas dos holandeses
em Curaçao .
Ganhou uma fortuna. Mas morreu
Ingratidão.
Uns e outros fazem a nossa História por pelo Mundo.
Abraço
AMG
Boa tarde:- Mas nesse tempo já haviam filhos de pais incógnitos? Mas não eram as raparigas guardas pelas mães até ao dia do casamento?
ResponderEliminarE eu a pensar que só atualmente é que haviam dessas coisas...
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Um domingo feliz … Abraço.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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😁
EliminarTambém as pessoas nasciam e morriam sem sair da sua terra como ouvia dizer! No entanto, no Séc. XVIII e XIX pelo que temos visto nos registos de batismo e casamento aqui publicados, havia muitas pessoas que iam casar fora e havia também muitas que casavam cá com pessoas de fora.
Mas eu cresci convencida que as mulheres de Forninhos não tinham filhos de pais incógnitos e que apesar da viuvez de muitos anos, não voltavam a casar. Santa Inocência.
Boa semana...Abraço.
É importante guardar as memórias.
ResponderEliminarAntigamente existiam muitos filhos de pais incógnitos. O meu pai era, embora toda a gente na terra soubesse quem era o pai, até porque diziam as pessoas em surdina, que ele era a cara chapada do pai. Mas como o pai era o senhor da terra, onde a minha avó trabalhava, homem rico e influente, ninguém se atrevia em dizê-lo em voz alta.
Abraço, saúde e uma boa semana
Em Forninhos também há casos iguais.
EliminarMas penso que todos temos na família um filho de pai incógnito e mãe solteira. Eu tive um trisavô. Infelizmente já é tarde para se conhecer qual a origem do seu pai.
Boa semana, abraço e saúde.
Memórias de tempo passados.
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Que nem os mais velhos se lembram, Isa!
EliminarBoa semana.
Boa tarde Paula,
ResponderEliminarMais um importante contributo para preservar a memória dos Forninhenses!
A pouco e pouco a história vai-se construindo com a sua preciosa ajuda.
Beijinhos e boa semana.
Ailime
Ailime
Pois, apesar de a muito custo, continuamos a ver aqui coisas antigas publicadas. É pena que não haja mais gente a colaborar (e alguns tenham ficado pelo caminho), mas é o que temos. Também para dizerem que não é nada fácil encontrar escritos relacionados com esta aldeia, mais vale continuarem ausentes.
EliminarBeijinhos e boa semana.
Um breve comentário e solidário com o da D. Elvira Carvalho.
ResponderEliminarSer filho de pai incógnito, não se perdeu no tempo, apenas as circusntâncias o ocultavam por uma questão de desonra, depois o tempo foi deixando que a surdina das pessoas fossem matando os medos, quiçá por os filhos perguntarem pelos pais, ricos e abusadores, tal como hoje a igreja, se tivesse de pagar o valor parental dos acometimentos destes padres, valha-nos Deus.
Muitos ao Deus-dará, outros acolhidos e porventura outros tantos, arregimentados para a maldita guerra, sem carta de recomendação e mesmo assim, bem sofridos pela vida, mas a América era logo ali, na ponta das suas miragens e eram muitos nos barcos por entre familiares e amigos ou pelo menos conhecidos e com eles lembranças e vinganças.
Daí existirem tantas imprecisões quanto à filiação e data de nascimento, ainda mais quando viviam longe das suas aldeias e das suas famílias...
EliminarPara mim, parece quase milagre como os registos dos batismos, daquele tempo, contém informação sobre o dia do nascimento e quem eram os seus pais e avós, etc...