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sábado, 9 de outubro de 2021

Mais Meninos Expostos

Surpreendentemente foram mais os meninos colocados na roda. O nome "Exposto" ou "Enjeitado" aparece muitas vezes na identificação das crianças desamparadas e sem família. Foi assim durante séculos, mas é do século XIX que existem mais documentos.

Registo do Casamento de Caetano Silva: 23-11-1839

Este menino enjeitado, chamava-se Cateano da Silva e era filho de pais incógnitos. 
Como recebeu o nome de família "da Silva"?
Ainda não tenho a resposta.
Infelizmente falta coragem para criar um grupo de trabalho para se realizar um estudo mais aprofundado!
Caetano da Silva casou na Igreja de Forninhos no dia 23-11-1839 com Luísa da Fonseca, filha de Manuel Dias, da Matela, Antas e de Maria da Fonseca dos Valagotes.

Registo de Batismo de Maria Piedade - 13-09-1864

Maria do Carmo é mais um exemplo. Foi exposta na Roda de Aguiar da Beira. 
Casou com José de Almeida Esteves, filho de António Esteves de Forninhos e de Maria Almeida, da Moradia, Antas. O casal teve uma filha de nome Maria Piedade, que nasceu a 02-09-1864 e foi baptizada na Igreja de Forninhos no dia 13-09-1864.

Registo Casamento de José Mercês: 30-11-1889

José Mercês terá nascido em Forninhos no ano de 1861. 
Segundo o registo do seu casamento, de 30-11-1889, foi exposto na Matança. Tinha 28 anos e era alfaiate quando casou em Forninhos com Maria de Jesus de 24 anos, filha de José Nunes, moleiro, da Matança e Maria da Fonseca, natural de Forninhos. 
Faleceu em Maceira em 06-04-1938.
Como recebeu o nome de família "Mercês"? 
Segundo anda na tradição, o apelido "Mercês" era do seu pai biológico, um padre-cura da Silvã de Baixo que se chamava Manuel das Mercês e por isso ficou com esse nome.
O nome deste padre cura, aparece em muitos registos de baptismo com ligações a "Rosa Fernandes".
Que relação existiria entre os dois? Talvez um padre e uma criada de servir e um filho abandonado na Matança e que, por descargo de consciência, lhe terá dado o nome à hora da morte?
Registo de Batismo da Umbelina: 05-03-1866

Da mesma altura, em 05-03-1866, o padre Mercês baptizou com a licença do pároco de Forninhos, Francisco de Almeida Coelho, uma criança de nome Eubelina (Umbelina), filha de Manuel Fernandes e Maria Fernandes. Foi madrinha Rosa Fernandes, solteira.
Umbelina, uma pastora, teve no dia 13-01-1888 uma filha que se chamava Deolina (Deolinda) e foi baptizada no dia 12-04-1888. O pai era desconhecido.
Umbelina Faleceu em 16-11-1935.

Registo de Baptismo da Deolina (Deolinda): 12-01-1888

Segundo consta no registo de baptismo, o padrinho de Deolina foi o José das Mercês, alfaiate, natural de Forninhos e residente em Maceira e a madrinha foi a sua mãe Rosa Fernandes, proprietária, natural e moradora na freguesia de Forninhos.
Em 1888 Rosa Fernandesera proprietária e mãe do José das Mercês, natural de Forninhos.
José das Mercês e sua mãe, no mesmo dia 12-04-1888, também foram  os padrinhos de uma menina de nome Rosa, filha de Manuel de Almeida Pimpão, jornaleiro, de Forninhos e Rosa de Jesus, fiadeira, natural do lugar e freguesia da Silvã.

Ligações de parentesco:

→ Rosa Fernandes, era irmã de Maria Fernandes esposa de Manuel Fernandes (pais da Umbelina, afilhada do padre Mercês da Silvã).
→ Manuel Fernandes era filho de António Fernandes e Rosa Ferreira, ambos de Forninhos.
→ Rosa Fernandes e Maria Fernandes eram filhas de João Ribeiro de Forninhos e Maria Fernandes de Moreira, Pena Verde.
→ João Ribeiro e Maria Fernandes também eram os pais de Mariana Ribeiro (não herdou o nome "Fernandes") que casou em 18-01-1863, com Manuel Fernandes, que era pedreiro; vieram a ser os pais de Palmira Fernandes que casou com o  Manuel Ferreira Urbano (eram 4.ºs primos) e da Rosa Fernandes que casou com o José Augusto de Almeida (dos ferreiros), os pais da tia Etelvina Fernandes.
→ O padre Francisco de Almeida Coelho foi o padrinho de baptismo de Palmira Fernandes. A madrinha foi a Rosa Fernandes. Data do batizado: 20-06-1876.
→ O padre Manuel das Mercês foi o padrinho de baptismo da Rosa Fernandes. A madrinha também foi a Rosa Fernandes. Data do batizado: 25-01-1870.

18 comentários:

  1. Chega a ser assustador o modo promíscuo e abundante a que o/os padres se "regalavam" em determinado Lugar.
    Leiam, sei que vai custar, mas faz parte da nossa história, que afinal não tem tanta beleza, padres que entregavam os filhos ao abandono e ainda lhes beijavam as mãos as beatas, alguma prenhe por ele na altura, afinal eram donos daquilo tudo.
    Até dos sete pecados capitais...

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    1. Podes crer, só quem viaja pelos registos paroquiais da nossa terra...
      Tendo em conta a rigidez dos costumes da época, pergunto-me como é que as pessoas das aldeias, os familiares, ainda os convidavam para padrinhos, sabendo que havia estas relações com abandono dos filhos pelo meio!
      Se calhar viviam na esperança de um dia o padre/pai da(s) criança(s) os compensar, que acho que foi o que aconteceu a esta Rosa Fernandes que veio a ser proprietária e o filho "José das Mercês" seu herdeiro. Este Mercês deu origem a uma geração que depois se multiplicou e não eram pobres nenhuns. Tu sabes.
      Já dizia Aquilino que os filhos de padre são "danados para a vida", mas ele próprio era filho de padre, portanto, não podia dizer mal de si mesmo.

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  2. Subscrevo o comentário do Xico. Tantos padres que engrossaram a lista de filhos de pai incógnito.
    Abraço, saúde e bom domingo

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    1. Fora os "afilhados" de padre nascidos das solteiras e das casadas!
      Abraço, saúde e bom domingo p a Elvira também.

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  3. Olá a todos

    Eu sou filho de uma Catequista e até acho que ELA , Minha Mãe, Maria José está num lugar BOM a comandar a MINHA VIDA.....Tal a forma como me reorganizei dos meus atropelos ...

    Mas minha Mãe era " beata " ...
    Acreditava em tudo o que os Padres diziam .
    E antes de morrer em 2004 tivemos uma discussão enorme porque um Padre do Funchal dizia que eu estava a pagar , então , os erros dos meus avós e antepassados....
    E Minha Mãe , Maria acreditava nisso
    Imaginem...
    Já padecia de cancro na época .
    Há quase 20 anos .
    Eu estava mal porque me meti num negócio coma Mãe dos meus Filhos que me levou á falência em sete meses .
    Eu estava mal porque acreditava na Família . Estava mal porque na ex minha casa estavam sempre 30 / 40 á mesa a beber e comer . Em dia de aniversários . Porque eu ganhava dinheiro que até deu para pedir ao Totta muito ' guito ' sem fiador .
    Eu fazia vida de " rico" .
    Acreditava em todos .
    Colegas . Amigos e Família .
    Fazíamos . Vida de ricos . A estrutura familiar de então ...
    Dei uma Infância de luxo aos meus filhos . Enquanto me deixaram .
    Foi o lado bom da Estória .

    Nesse dia da escritura em Fevereiro de 2002 deveria ter ficado sem o braço direto .Teria sido bem melhor.
    Mas paguei tudo sozinho .
    Um frango dava para uma semana .
    Porque assaltaram - me a casa e esqueceram se do Totta .
    Dos compromissos !!!
    Vendi . Não devo um café a ninguém.

    Mas enfim....
    Para o Senhor padre do Lazareto . Ele.
    O Padre do Funchal em 2004, para ele repito , os meus problemas eram por culpa dos erros dos meus avós e antepassados.
    Anedótico .!!!!

    Os Padres a mim nunca me convenceram e acaba de morrer o MELHOR ORADOR da Igreja Católica .
    Padre Feitor Pinto. Beirão de gema. Estudioso e Apaixonado pela sua Missão .Esse sim ouvi muitas vezes.

    O outro padre em quem confiei as minhas CONFISSÕES era o Carmelita do Funchal , Joaquim . Que morreu novo há muitos anos .Na Igreja do Carmo.
    Desde 2004, nunca mais me confessei
    confesso- me a Deus . E prático o Bem todos os dias . Fugindo dos Maus e dos que se Odeiam a si próprios ..
    Aliás , na minha vida comercial tropecei em dois padres . Ainda no activo na Madeira . Eles, modernos e
    evoluídos assumem- se como pecadores e falam do pecado e da tentação como
    eu falo de Super Bock ou do Benfica São pessoas ricas .
    Material e pedagogicamente .

    Deus me Livre !!!
    Ao ler estes v/ BELOS apontamentos.
    Ao ver as notícias da pedofilia na Igreja Francesa .
    Enfim, fico perplexo
    E Deus me perdoe .Mas vivo com uma senhora, neta de Sobral Pichorro que nem o filho colocou na catequese . Nem Crisma .Nem 1 Comunhão . É um jovem equilibrado .
    Bom aluno . Amigo e super integrado
    em todas as frentes.
    A Fé não se ganha conquista - se.
    Educa- se . Os maiores traidores da
    minha vida , um deles vocês bem conhecem ia á missa todos os Domingos .

    Para quê ..?

    Nada mais se vai saber .
    Sobre o passado .
    A Igreja e o Poder não Deixam .

    Obrigado Paula e Xico pela reflexão .
    Bom Domingo

    Abraço aos Forninheses de Bem

    Antônio Miguel Gouveia

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  4. Esqueci - me

    Para que minha Querida MÃE não fique zangada comigo ,partilho o seguinte
    Um dia nos anos 80 ELA interrompeu a Homilia do Alberto, em plena Capela da Boa Esperança , São Gonçalo , Funchal , porque em vésperas
    de eleições o senhor padre passava a missa a fazer propaganda ao PSD e Jardinismo de então ..

    Maria José disse da boas .
    Ao senhor Padre . Que Deus o tenha em Descanso . Já morreu há muito .
    Fica está verdade .
    Maria José acreditava nos padres .
    Certo !! Mas defendia a separação de
    Poderes . Que nunca existiu .

    Abraço
    AMG

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    1. O Poder&Religião são um casamento perigoso!
      Conheço um padre que também passa a vida a fazer propaganda ao PSD. Um nojo, coloca-se ao serviço de interesses temporais, em detrimento dos espirituais.
      Os padres não são nenhuns santos, alguns fazem coisas bárbaras, como abandonar filhos.
      Antes de fazer este post falei com várias pessoas e o que se conclui é que as pessoas daquela época compreendiam a "situação" dos padres que não queriam abandonar a batina.
      Já essa crença dos problemas são por culpa dos erros dos antepassados acho que vem daquela lenda das manchas da lua. Não sei se conhece.
      Há muitos anos atrás, um homem andava a trabalhar ao Domingo, dia santo de guarda. Andava a cortar silvas, em vez de descansar. Certo dia Deus encontrou-o com um molho de silvas às costas e perguntou-lhe porque trabalhava ao Domingo que era dia do Senhor. Então ele respondeu-lhe:
      - Como ao Domingo vão todos à missa ninguém me vê.
      Passado poucos dias o homem faleceu e Deus colocou-o na lua com o molho de silvas às costas, para que todos o vissem.
      Quando olhamos para a lua e vemos manchas cinzentas, é o homenzinho que lá está a com o molho de silvas às costas.
      Mas agora já deve ter pago os pecados todos, porque nunca mais ninguém falou dele.
      Abraço.

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    2. Não conhecia ...
      Interessante ...

      O Padre Giselo Andrade , no Funchal, Paróquia do Monte na minha terra, quis assumir em 2018 as suas responsabilidades e declarou ser o pai de uma criança cuja Mãe tinha sido sua colega de Faculdade ..
      Admirado pelos paroquianos pela sua seriedade, coragem e frontalidade foi afastado para tarefas não públicas da Diocese .
      Desconheço o que faz hoje .
      Mas o celibato , na Igreja Católica é algo aterrorizador e contra natura . Tal como a ausência de mulheres a conduzir as homilias .

      Por isso a proliferação de Novas Igrejas e a ausência de crença e fidelidade nas POLITICAS da SANTA SÉ.

      O que não quer dizer que nas outras Igrejas , o dinheiro , o poder , o sexo e a corrupção não sejam palavra de ordem .

      Mas a HISTÓRIA deixa rasgos de
      Tristeza , pânico e vergonha
      entre os Católicos Apostólicos
      Romanos .

      Em memória de Sua Exa Feitor Pinto, no Campo Grande, Lisboa assisti há uns anos no início
      de uma missa a uma curiosa troca de " segredo "ao ouvido
      da Digníssima D Maria Barroso
      na primeira fila .
      Riram -se...Brincadeira ou não
      o Poder e a Igreja estavam ali
      bem representados .

      Louvo também o Padre Borga.
      Numa recente entrevista ao Daniel Oliveira no "Alta Definição" da SIC .
      Falou abertamente dos graves
      problemas dentro da Igreja .
      Da podridão e das mazelas que ficam para a vida ...

      Ao menos neste aspecto com a Liberdade de Abril , vamos sentido a corrente Modena e progressista a dar cabo dos velhos do Restelo .
      Muitos lançaram crianças para
      a lotaria da Vida ...

      Aqueles que depois do batismo de uma criança diziam que agora : " já é filhos e Deus "
      E antes da água batismal ?
      Era filho de quem?
      Enfim ..


      Abraço
      AMG

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  5. Um excelente trabalho de investigação e aqui havia matéria para mais um dos famosos romances do Eça de Queiroz.
    Um abraço e bom Domingo.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    Livros-Autografados

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    1. "O Crime do Padre Mercês".
      Um abraço.
      Bom domingo.

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  6. Parabéns por mais um excelente trabalho de pesquisa. A história de Forninhos revela-se com episódios de mistério, que nos desperta a curiosidade e nos faz querer saber mais e mais..

    Este, mexe-nos com as entranhas, faz-nos pensar em como seria a vida desses meninos expostos como crianças e como adultos

    Os expostos ou enjeitados, não o foram apenas na roda onde os colocaram à nascença, fosse por motivos de miséria ou de vergonha, mas expostos para toda a vida, perante eles e a sociedade. Regeitados pelos progenitores, condenados a viver sem saberem quem eram e de onde vinham.

    Como enjeitados foram, também, aqueles a quem foi negado o nome do pai, por serem concebidos fora de um casamento legal.

    E aqui entra a admiração por aquelas mães guerreiras que tiveram e criaram os seus filhos, enfrentando o preconceito, apesar de saberem que na certidão de nascimento constaria a fatídica frase que as condenava a elas e ao seu filho ou filha: Filho/a de pai incógnito, ainda que toda a gente soubesse quem era o pai.

    Um abraço com o desejo que o seu entusiasmo não esmoreca e nos continue a presentear com mais revelações sobre as histórias de Forninhos, mesmo que pense que para alguns, não é um trabalho relevante
    MJB

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    1. Espero desvendar mais alguns mistérios. E se a publicação dos meus artigos contribuir para compôr um retrato mais verdadeiro desta aldeia, então já valeu o esforço.
      Numa consulta que também fiz no livro de óbitos, é referido demasiadas vezes "pobríssima" "Deixou X filhos", mais uma razão para admirarmos aquelas mulheres-mães que mesmo pobríssimas não abandonaram os seus filhos até morrerem.
      O nosso passado longínquo continua na penumbra. Este artigo é apenas mais uma achega.
      Um abraço de amizade.

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  7. Muito interessante, cheguei um pouco mais longe na minha árvore genealógica. Em relação a minha tataravó Mariana, fiquei surpreso com o sobrenome Ribeiro, pois consta na certidão de óbito de minha bisavó Rosa o nome Mariana Dias.
    Um abraço a todos.

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    1. Olá Aurélio,
      No registo da Deolina (filha da Umbelina) também consta "Mariana Dias", fiadeira, clique no doc. para ler. Mas nos registo de outros filhos da Umbelima (Maria da Graça, Francisco, Maria Augusta e Patrocinia, que consultei) já consta "Mariana Ribeiro".
      No registo de casamento dos seus tataravós (18-01-1863) consta "Mariana Fernandes".
      No casamento de um outro filho do casal (o José Maria Ribeiro) nem consta Mariana, mas "MARIA Dias" (28-09-1878).
      Abraço.

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  8. Boa tarde Paula,
    Os meninos entregues à Roda, que desconhecia e que pela primeira vez vi no vosso Blogue, fez-me muita impressão.
    Assim como os falsos moralismos da Igreja, que ontem como hoje continuam.
    Um beijinho e uma boa semana.
    Ailime

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    1. Há dois anos tive o 1º contacto, no Arquivo Militar e eu não sabia que podia encontrar tantos expostos!!
      Faz impressão a miséria em que viveram os nossos antepassados e pertuba-me saber que perante isso os padres "assobiavam para o lado".
      Beijinho e boa semana.

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    2. ...
      Boa Noite

      Sem querer ferir ninguém .
      Nem falar em nomes .Eu assisti durante anos á revolta de Forninheses que simplesmente viraram as costas á sua terra porque a Miséria e traumas de infância os marcaram para sempre !!
      Fome . Pobreza .Analfabetismo.
      Alcoolismo . Crianças sem Pai.
      Noites e madrugadas de duro trabalho . Nos campos longe da Aldeia. Rebanhos e Orvalho . Violência .Mortes.Filhos para a Guerra Colonial ..
      Os anos 20/30/40 foram duros e infernais . Longos .
      Andando para trás é o que se lê . AQUI . A Igreja e a escuridão destes e daqueles caminhos ....
      Eu questionei sempre essa dor,
      esse vazio .Essa falta de AMOR á terra . Esse abandono .
      Pessoas que viveram 20/30/40 anos até morrerem sem voltarem a pisar a terra onde nasceram ....
      Acontece em todo o lado.
      Não é só em Forninhos .
      Nem apenas na Beira Alta ..

      Com o vosso BLOG desperto esse interesse apagado pelo tempo.
      Será que nada de BOM os fez regressar. Vivendo em Lisboa .
      Bastando - lhes uns trocos.
      Uma viagem de comboio. Até Fornos.
      Hoje percebo essas Almas..
      Hoje aceito esse afastamento .
      Essa revolta . Essa dor.
      Foram muitos escravizados..
      Muitas senhoras vítimas de maus tratos .....quem sabe na própria Igreja. Digo eu..
      Para esquecer foi melhor não
      voltarem ao lugar. Foi duro.
      A Ditadura,o Isolamento deixou mazelas.
      Óbvio que o oposto também é verdade .
      Os que nunca esqueceram o seu cantinho. Também os conheci.
      Felizmente .
      E partilhei os sabores e costumes que chegavam a Lisboa
      Não sou capaz de avaliar em cada uma dessas pessoas o que
      lhes aconteceu . A Dimensão da dor .Os apertos .Os desgostos.
      Já cá não estão entre nós .
      Com eles estou em Paz .
      Respeitei -os , comi e bebi
      á sua mesa . Na velhice e na
      doença visite -os...
      A minha homenagem .
      A minha vénia ...
      Viveram vidas em mágoas sem as
      terem escolhido .
      Quando se emigra para as Américas e África.Até entendo
      Mas Lisboa e Forninhos estiveram sempre ligadas por
      estradas e comboio.

      Mas apagar o passado foi mais
      importante que atravessar a
      Beira . O Mondego e subir por Penalva acima.

      Abraço

      AMG

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    3. Que bem que escreve AMG!
      Penso que todos tivemos um contato com essas pessoas do passado, pessoas que outrora abalaram de Forninhos e nunca quiseram voltar devido à miséria em que viveram e aos maus tratos que sofreram.
      Entretanto despovoamo-nos e cada vez menos possibilidade há, de ainda escutar o que foi transmitido pelos mais antigos.
      Imagino (só imagino) as estórias que haverá sobre este assunto e
      outras dum mundo rural cada vez mais esquecido!
      Esta é uma das razões pela qual escrevo...manter vivo aquilo que é tão nosso! Para os que estão longe e para os que lá vivem, conhecerem melhor a nossa história e parte das memórias mais acarinhadas de muitos de nós. Cabe a esta geração (nós) o dever de as passar às gerações vindouras.
      Abraço e bom fim de semana.

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