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sábado, 25 de janeiro de 2020

ERA DIA DE PASSEIO...


A senhora catequista dizia que o sítio que íamos visitar, era coisa de reis e rainhas. 
- Mas vamos mesmo ver um lugar aonde houve reis?
Era um mergulho no tempo das nossas fantasias, nós que tinhamos sido criados por vales e montes, bárbaros ao fim e ao cabo, rudes no sobreviver, a maior arma o arado, aquele que pungia a terra e semeava.
Agora o passeio,...dava que pensar, íamos ver gentes diferentes e lugares, até diziam que íamos ver o mar...
A gente tal não havia visto, e digo que nem gostei, um barulho medonho, que nem me dexava dormir na saudade dos meus pardais, aqueles à beirinha da casa.
Certo, nem sei bem como dizer, aquilo que a gente tem, sabe tão bem...
Na foto, fomos meninos a conhecer o mundo vestidos por nossas mães que nos costuravam na cozinha para irmos a preceito, por vezes até de madrugada, já a meia luz com os olhos cansadas do no subir das bainhas.
Cama cambada que amanhã é dia de passeio!
E assim se acomodaram, em sonhos...

-/-
Da mesma série das excursões da catequese ao Buçaco a foto foi oferecida pelo Ilídio Marques que era o pároco nessa altura.

15 comentários:

  1. Gostei deste dia maravilhoso para os meninos da catequese e catequistas, imaginado ou sonhado ao pormenor.
    Esta foto oferecida pelo Ilídio Marques serve para contrastar o Forninhos de então com o Forninhos de declínio em que vivemos nos dias de hoje.
    Prabéns!

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    1. Tempos outros, numa alquimia de o estarmos juntos na aventura e dela desfrutarmos. E erámos tantos...
      Lindos tempos em que apesar das agruras da vida, os nossos pais faziam o que podiam para tal nos passar ao lado.
      Éramos uma "canalha" feliz!

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    2. E foi assim outrora, não há tantos anos assim pois muitos de nós ainda recordamos esses tempos. Agora, dois ou três na catequese por aqui, aqueles que manhazinha apanham o autocarro para irem à escola de fora...
      Quase apetece perguntar, aonde guardam os sonhos.

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  2. Um texto maravilhoso. Não tive passeios desses não frequentei a catequese, a Igreja mais perto da minha casa, ficava a três quilómetros da minha casa, e a mãe tinha medo que fossemos atropelados, e ela que era porteira na Seca, trabalhava todos os dias não podia ir connosco.
    E nas escolas na primeira metade dos anos cinquenta, também não haviam visitas de estudo.
    Abraço e ótimo domingo

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    1. Tempos em contextos diferentes, Elvira. Feliz por um lado, menos por outro, até fui "empurrado" meia dúzia de anos para um seminário...
      Mas antes disso, tinhamos a sorte de ter na altura, a escola na aldeia. Andávamos sempre juntos na escola, catequese e momentos de lazer, do que ia sobrando para ajuadar os nossos pais na lavoura. Mas quando havia passeio, a noite era mal dormida, sonhos do desconhecido, na camioneta sento-me ao lado de quem, se calhar ainda me roubam o lugar...só por isto, já era bonito o passeio que seria longo, desde a serra até ao mar.
      Abraço.

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  3. XicoAlmeida: tu és o que está ao lado do padre!
    Deve saber bem recordar por quem viveu estes momentos, e ver-se agora aqui memoriado.

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    1. Pois estou, andava em todas...
      Posso dizer que gostei bastante dele, tinha um modo diferente de comungar com os outros, estava próximo de uma forma mais moderna, partilhando o seu modo de ver a religião mais aberta.
      Seguiu o seu caminho que ainda se cruza com o meu, de amigo chegado.
      Abraço grande!

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  4. Recordações que a memória não apaga!!! Bj

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    1. E amiga Gracinha, como se podem apagar se uma foto com cinquenta e tal anos, nos trás de volta coisas que lembramos por terem sido tão boas?
      Recordar é viver, com nostalgia, mas muita, muita alegria.
      Beijinho.

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  5. Ainda me lembra da minha primeira visita de estudo, foi a Coimbra a cidade dos estudantes.
    Um abraço e boa semana.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    O prazer dos livros

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    1. Curiosamente a minha foi ao Portugal dos Pequeninos. Um mundo de fantasia...
      Abraço!

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  6. Recordar é viver!! E adorei o Cama cambada que amanhã é dia de passeio!,frase tão comum em meus dias...abraços praianos,chica

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    1. Ainda agora certa senhora me grita, "bora" que se faz tarde.
      Mas assim era, a cama era apenas de na ansiedade se prolongar ainda mais a noite na demora do amanhecer.
      Abraço.

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  7. Boa noite Xico,
    Que texto tão belo e tão ao seu jeito.
    São recordações magníficas mesmo que "não tivesse gostado de ver o mar medonho" dado que as saudades dos pardais eram mais fortes.
    Espreitei a outra publicação e, na verdade, nesses tempos, como eram tantas as crianças.
    Hoje nas aldeias e vilas por mais desenvolvidas que sejam falta-lhes alma. Falta-lhes a alegrias das crianças que lhes davam vida, assim como o bulício característico das pessoas que trabalhavam os campos e que nas suas azáfamas cruzavam os caminhos das aldeias com os animais e suas alfaias agrícolas.
    Tenho tantas saudades desses tempos.
    Um beijinho.
    Ailime

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    1. Foram os tempos lindos que nos aprouveram em boa hora.
      Contados não é a mesma coisa, falta o sorrir e as gargalhadas, falta tnta coisa, até os medos que os havia; fazia parte!
      Saudades, agora mergulho nelas, quando posso.
      Beijinho, amiga!

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