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Papas Laberças de vinha d´alhos |
Em tempo idos, as papas laberças eram uma iguaria comum na mesa do pobre e do rico, cuja origem vem da cozinha regional da Beira Alta. Era e ainda é nalguns locais, uma papa ou sopa, dependendo da sua espessura, típica do inverno, quando o frio apertava e os porcos eram desmanchados.A sua receita varia mesmo dentro da Beira, de aldeia para aldeia, mas mantém a essência tradicional.
Em Forninhos era na maioria das casas feitas do modo que passo a descrever:
Depois da carne do porco separada, parte ficava a marinar em vinha d'alhos para fazer as chouriças da carne e dos boches, juntamente com os coiros cortados à parte, e isto era importante na feitura das papas laberças. Era importante porque na panela de ferro com um pouco de água, colocavam-se alguns coiros já avinhados a cozer o tempo suficiente para libertarem o sabor na água. Depois de retirados, juntava-se couve galega migada e farinha de milho préviamente desfeita em água morna, bem mexida para não ganhar grumos, o sal e um fio de azeite.
Tudo isto mexido com colher de pau, mas falta o segredo que diferenciava as da nossa terra das outras. Era juntar uma gadanha do molho de vinha d'alhos, deixar cozer e estava feito o manjar, infelizmente já raro, sem a farinha de milho que o moleiro trazia e a quase extinção das matações.
E os coiros cozidos, assados na brasa em cima da grelha, uma fatia de pão e um copo de tinto? Uma coisa do outro mundo!
Imagino a festa que era ao comer esse prato.Linda lembrança essa de um bom tempo! abração,tudo de bom,chica
ResponderEliminarBom dia! Linda sexta-feira!
ResponderEliminarE que lindo homem tambem na cozinha.
Adoro.
Vou ler comc alma e receita e prova-la pois aprovada
ja esta.
Esse meu blog foi o primeiro de tantos que hoje administro.
E hoje e sempre
Poesia
nunca é ou será demais.
Bjins entre sonhos e delírios
Catiaho Alcantara/ Reflexo d'Alma
Acho que há coisas que acabaram mesmo em Forninhos. Como as papas laberças de vinha d´alhos. Não me lembro destas papas e tenho a certeza que nunca as comi...mas também papas e açordas não é comigo...! Já os coiros em vinha d´alhos Huuummm o modo como esse molho é obtido torna-o explosivo dentro do organismo, mas era um pitéu que sabia tão bem! Uma maravilha! Foi coisa que nunca mais provei...ainda vou provando de vez em quando chouriça dos boches.
ResponderEliminarParabéns Xico, são estas comidas do "arco-da-velha" que temos e devemos registar e estas papas recordam precisamente um tempo...passado!
Abr./Paula
Um tempo passado mas que precisa de registos para que não se perca na memória, como tem acontecido, porque até os mais idosos ainda são demasiado novos para contar estas "estórias".
ResponderEliminarNaquela semana pós-desmancha, era uma festa de sabores e abundância, começando pelas febras e acabando nos torresmos.
Enquanto havia vinha d'alhos, não faltavam papas laberças. Das autênticas,sentados num mocho, prato nos joelhos, em volta da fogueira.
Depois não tinham o mesmo sabor, era mais farinha de milho, azeite e couve migada, mas para matar a saudade, ainda se cozia um pedaço de chicha meio gorda e uma chouriça dos boches. Remediava. Vinha d'alhos era o milagreiro pelo que fazia àquelas carnes, impregnadas daquele cheiro e sabor intenso. Uma tentação, pois via o meu pai volta e meia, pôr mais um coiro na brasa e "roubar" de quando em quando um pedaço da carne para as chouriças, eu fazia o mesmo, adorava.
Não adorava era os gritos da minha mãe quandos nos apanhava: "Raios vos partam, almas do diabo que não sobra nada para as chouriças, depois queixai-vos de que fiz poucas dúzias...".
Mas era tão bom!
Xico/Paula...
ResponderEliminarTenho gostado de visitar aqui e conhecer coisas tão importantes e culturais...
As Papas Laberças são interessantes e creio que saborosas! "Uma coisa de outro mundo!"
Parabéns pelo lindo post!
Bom Final de Semana... Muita paz!
Boa tarde .Dessas papas nunca comi nem me lembra ouvir falare delas ,mas os coiros em vinha d'alhos assados na brasa coisa boa ,mas a carne das chouriças mesmo crua era boa .Esses temperos eram uma delicia .Como diz o Xico era tao bom .
ResponderEliminarJa mal me lembro das "papas labercas", mas pudera, sai da nossa Beira mais alta, quando ainda nao tinha 10 anos, mas ainda as comi!
ResponderEliminarE so pela explicacao, fiquei com desejo de as voltar a comer.
Bem haja amiga e parabens, esta sempre a surpreender-nos.
Um abraco ainda virtual.
Amigo Al Cadoso,
EliminarSão coisas tão do passado que ou nunca ouvimos falar ou mal nos lembramos.
Á sua volta giravam coisas tão boas, como os coiros assados e as chouriças, da carne ou dos boches.
Para lhe "fazer inveja", apenas lhe digo que agora vou lanchar uma bela farinheira vinda de Forninhos.
Grande abraço.
A minha distracao, queira desculpar amigo Xico, os parabens maiores sao para voce, por este artigo!
ResponderEliminarUm abraco tambem virtual, ainda!
Eu não sabia lidar com a farinha de milho para fazer o pirão, que aí se chamam papas, mas é bastante saboroso. Agora sei. Um abraço, Yayá.
ResponderEliminarPs. O comentário retirado é semelhante a este, mas continha erros gramaticais.
Nascida e criada até aos 13 anos em Forninhos, mas nunca comi nem ouvi falar das papas de Laberças de vinha d´alhos até hoje.
ResponderEliminarGostava muito de comer coiros de vinha d´alhos assados na brasa com pão e chouriça dos boches, mas já há muitos anos que não como coiros assados nem chouriças dos boches, ao ler estes comentários fiquei com muitas saudades daquele tempo, que os coiros e as chouriças não me saem da cabeça.
Ainda bem que este blog foi buscar esta receita ao fundo da arca!
ResponderEliminarNa sociedade de hoje se, se registasse as "estórias" deste povo, o pessoal mais cosmopolita se calhar dizia ser impossível, mas muita gente que hoje vive em Forninhos, viveu em casas pequeninas, onde dormiam muitas vezes pais e filhos na mesma cama, uns virado para a cabeceira e outros para os pés; tinham direito às batatas, mas com pouco azeite. No meio da mesa encontrava-se um prato onde o azeite flutuava no cimo da água e molhavam as rodelas das batatas no azeite, só de um lado, para poupar o azeite; até uma sardinha dava para 2!! Papas laberças e caldos de farinha até fartar!
Na cozinha rural pobre, a alimentação era na base da batata, do feijão e da couve galega (berças).
Contundente, energético y delicioso Plato de época.
ResponderEliminarAquí, en Asturias, era el Pote Asturiano y en Galicia, el Caldo Gallego.
Muy buen y sabroso documento.
Abraços.
Se as papas laberças já cabem na lembrança de poucas pessoas, pelo menos além de ficar o registo, tiveram o privilégio de trazer os coiros em vinha d'alhos á ribalta.
ResponderEliminarPara uns a parte do porco mais pobre, comida assim. era das mais saborosas. Que delícia!
Talvez pela saudade, ainda hoje quando vou ver a bola na Luz, é imperdível a sandes do belo coirato. Não há bola sem a bela sandocha.
E, é bem verdade, tempos difíceis em que até em algumas casas, a sardinha grande era revezada "hoje ficas com a parte do rabo,na próxima com a cabeça".
As batatas, lares havia em que eram comidas estremes e sem conduto, ou seja, sem azeite e acompanhamento.
Mas, parecia tudo saber melhor. Porqê?
Até as batatas fritas com ovos estrelados parece que eram melhores do que as de hoje!
EliminarXico e Paula,
ResponderEliminarMuitas vezes, nossas lembranças têm cheiro e paladar.
Ao ler esse post, apesar de nunca ter comido papas Laberças, só de ver a imagem e ler a sua descrição, já posso imaginar como devem ser saborosas. E isso me fez lembrar tantas comidas maravilhosas, que hoje já não se fazem mais. Tudo tem que ser rápido e prático. Só que a modernidade, em minha opinião, muitas vezes, tira o carinho e o amor na hora do preparo.
Quando meu avô matava porco, era dividido com amigos e familiares. Quase nada sobrava. O importante era a grandeza do momento e da partilha. Coisa rara nos dias de hoje.
Acho que também vivo de lembranças boas. E é Isso que me move.
Um lindo e abençoado Domingo!
Nunca tinha ouvido falar nas PAPAS LABEÇAS , mas pelo que estou a aperceber naoeranada mais que um aproveitar, das partes menos nobres do animal, agora os filhos coiros mais que conhecidos como couratos quando assados numa sande, como bem diz amigo Chico ,numa ida ao futebol ou a uma feira vacinados em vinha de alhos, são uma verdadeira delicia.
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