Não sei se os leitores forninhenses sabem que no tempo da Guerra de 1939-45, foi descoberto um filão de
volfrâmio (minério na nossa terra), na linha de água à volta do sítio do
Picão, em Forninhos. O local ficou conhecido como o "Poço do Minério". Sem que se possa ser confirmado, o poço tinha 10/12 (?) metros de profundidade e têm referido que existe, por baixo, ainda um 2.º poço, maior.
Imaginam como se desenvolvia o
processo de recolha? A cavar, escavacar e limpar. Como na mina havia água a
correr, os “mineiros”, deixavam escorrer a terra, retendo num crivo as pedras,
das quais só guardavam as que tinham metal agarrado e, ao final da semana, era
vendido a intermediários que o transaccionavam para terceiros, de modo a que no
final o minério fosse parar às mãos de ingleses e de italianos (o metal
comprado pelos italianos era encaminhado para as grandes fábricas de armamento
existentes na Alemanha, visto que estes eram aliados dos alemães nessa guerra).
Também apareceu na nossa zona outros metais de importância naquele tempo: estanho
e berílio, mas que hoje não têm qualquer valor…
E será que ainda existe minério
no poço? Acho eu que sim, que ainda deve haver a grandes profundidades, só que se
tentarem encontrar por lá minério, hoje, não fiquem frustrados se não lhe virem
nem a cor.
Talvez também não saibam que
muitas pessoas de Forninhos (algumas ainda vivas), do poço do minério tiraram
contos e contos de réis que, como vieram assim se foram, deixando rastos de
vícios e de bebedeiras. Mas, outros livraram as suas famílias de apertos e até
de dívidas, algumas pessoas jovens puderam inclusive dar dinheiro do minério
aos seus pais e estes puderam comprar coisas importantes como uma junta de
vacas. Para os preços da época o minério era muito bem pago. Os homens ganhavam 10 a 12 escudos por dia (um euro de hoje, são 200 escudos de 2002).
Comparo o fenómeno “minério” com
o que se passou mais tarde com a emigração que, apesar de muitos traumas e
problemas, do ponto de vista do rendimento familiar foi vantajosa para muitas
famílias.
O fenómeno "Minério" passou-se há 70 anos na nossa terra, somente o apresento aos leitores do blog,
pertencendo à Geologia uma análise mais profunda. Mas sempre acrescento que o tungsténio
(volfrâmio é o nome popular para o tungsténio) é raro no mundo e que Portugal é
dos países onde ele existe.
O volfrâmio é castanho, mais para
o escuro e por vezes acompanhado de um pó também castanho. É muito duro e era
usado no fabrico de balas e de canhões.
O estanho é cinza claro, às
vezes com uns veios quase brancos; O estanho, além de anti-corrosivo é usado no
fabrico do bronze – que recobre armas expostas às intempéries (as da Marinha, por exemplo).
Puxa, que interessante isso! u não sabia de nada!
ResponderEliminarLinda aula de história por aqui! beijos,linda semana!chica
Un gran documento sobre esa Historia y esos minerales que se encontraban allí.
ResponderEliminarAbraços.
O volframio, foi um forte rendimento para o país para alguns quantos que o contrabandiavam fazendo grandes fortunas, outros houve que sentiram na pele o que vai ter esse poderio nas mãos, mas por não o saberem gerir acabaram por ficar ainda pior.
ResponderEliminarAgora de haver volframio em Forninhos isso para mim é novidade, até desconheço onde fica esse poço, ou será que já está tapado?
Olha João, quando a gente se encontar, possívelmente em Agosto, combinamos uma coisa, eu sei onde fica o poço, juntamo-nos uns quantos, vemos como este está, largamos para o fresco da ribeira de Cabreira, garrafão de 5 litros e uma bela sardinhada.
EliminarQue tal?
Um abraço.
Sim um tempo e uma historia, que foi de algum progresso para a nossa Beira! Infelizmente como bem escreveu houve muita gente que conforme ganhou o dinheiro do minerio, assim o estragou, com "mulheres" e alcool , etc!
ResponderEliminarAinda na decada de 70, conheci e me fiz amigo, de um senhor do Rancozinho, que nas poucas horas de alguma sobriedade, me contou as suas estorias!
Que tristeza, apareceu morto num barracao, na pior miseria!
Mas tambem como bem disse, foi sucesso para muito boa gente, com algum mais sentido comum e, desses tive uma familia, de primos meus; construiram uma bela casa e iniciaram um negocio de algum sucesso, para alem decomprarem boas terras!
Voces neste "blog", fazem um excelente servico de divulgacao, parabens novamente e, um grande abraco.
Al.
EliminarEsta forninhense só pode dizer-lhe:
- Muito bem-haja!
- Também a sua participação é valorosa para a nossa memória local...recente ou não!
- Bem-haja uma vez mais.
" O volfrâmio foi para as populações do Norte, o que o maná foi para os Israelitas através do deserto faraónico." (Aquilino Ribeiro in Volfrâmio).
ResponderEliminarAfinal Forninhos nem sempre foi um lugar exclusivamente rural, também teve a primeira industrialização, a procura de minério o que juntando á sua antiguidade e arqueologia, tornam a sua história mais rica.
Pelo que a Paula (parabéns por este tema)aqui conta, deduzo que a sua exploração na nossa terra, tenha sido apenas na altura da segunda guerra mundial e este minério era fundamental para o fabrico de armas e munições, com vista ao seu endurecimento e resistência, mas no Norte do país já era explorado na primeira guerra mundial, caso das minas da Panasqueira e da Borralha.
A sua exploração em Forninhos deve ter sido sob a alçada de alguma companhia mineira, atendendo a que o monopólio pertencia á Companhia Mineira do Norte de Portugal, pertença dos alemães e da Companhia Portuguesa de Minas, pertença dos ingleses.
A mina do Picão, e digo mina apesar de lhe chamarmos Poço do Picão, porque o poço era necessário ser feito para dali se abrirem as galerias que iam em busca do filão que poderia estar na horizontal ou na vertical (o que dificultava a sua exploração). Como consta que existe por baixo outro poço, deduzo que este filão fosse na horizontal e possívelmente haverá ainda outros.
De facto isto foi quase uma dádiva divina para os que se tornaram mineiros, pois ganhavam ao dia o dobro de um trabalhador rural que ganhava entre 5 a 7 escudos na época.
De referir que em 1942, o volfrâmio estava cotado oficialmente ao preço de 150 escudos o quilo.
No mercado livre, vendia-se a 500 escudos, chegando no pico do conflito mundial a transacionar-se a 1000 escudos.
Conta-se que havia homens que fumavam notas enroladas como sinal de abundância e mais esbanjamentos de toda a espécie.
As fortunas efémeras assim criadas, terminaram com o fim da guerra e voltou-se á pacatez do amargo pão de cada dia.
Sim. Ouvi mesmo dizer que o metal era recolhido nas “minas do Picão”, por uma companhia (empresa) de recolha, que era quem dava trabalho a quem contratava. Algum era limpo na mina e também no ribeiro dos Moncões. De seguida, era separado em sacos para depois seguir para o seu destino: as grandes fábricas de armamento (sobretudo canhões, espingardas e balas) existentes na Inglaterra e na Alemanha.
ResponderEliminarRecordo que a II Guerra se prolonga de 39 a 45, mas em Forninhos (e nas aldeias vizinhas) esta história aconteceu nos 5 anos que medeiam entre 1938 e 1944, segundo o maior número de informações.
Procurem saber mais...
Boa tarde.
Para quem se questiona para o que servia o volfrâmio, o seu altíssimo valor e o tanto dinheiro que os mineiros recebiam, como acontecia em Forninhos, aqui fica apenas um excerto, não obstante longo,(por as minhas desculpas)retirado de "História Maximus", que faz o enquadramento político de Portugal e o ouro nazi.
ResponderEliminar"Portugal foi o segundo país da Europa que mais
ouro recebeu dos nazis (a Suiça é o primeiro).
Portugal foi de longe um dos países europeus que mais lucraram com a Segunda Guerra Mundial, enquanto a Europa cometia suicídio em campos de batalha e de concentração, Portugal passou os anos negros da Segunda Guerra Mundial numa paz extremamente lucrativa para si.
Em 1942 a máquina de guerra alemã estava já dependente de forma quase total do volfrâmio que Portugal e a Espanha vendiam a Hitler. Aliás, parece estranho de se dizer, mas o apoio material de Salazar e Franco a Hitler foi em grande parte a razão pela qual os alemães aguentaram a guerra durante tanto tempo. Portugal podia ser um país neutro em termos bélicos, mas na prática, Portugal estava a “encher a barriga” a Hitler com volfrâmio essencial para que o exército nazi pudesse continuar a marchar pela Europa fora, em troca, o ditador Nazi recompensava Salazar com toneladas de ouro que passaram a encher os cofres do Estado português.
Portugal foi um país que de facto enriqueceu muitíssimo com a Segunda Guerra Mundial, porém, houve obstáculos pelo caminho, Hitler tentou enganar Salazar pagando inicialmente o volfrâmio com dinheiro vivo falsificado, apesar da vigarice de Hitler, não tardou que o Banco de Portugal informasse Salazar no final de 1941 de que o dinheiro pago pela Alemanha a Portugal era na sua maioria dinheiro falso e por isso mesmo inútil. Salazar como era de esperar, não perdoou a Hitler e passou a exigir sem excepção que a partir daí todos os pagamentos da Alemanha Nazi a Portugal passassem a ser feitos em ouro.
Os aliados sabiam já perfeitamente nos finais de 1942, que o ouro utilizado por Hitler para pagar a Salazar era na sua larga maioria ouro pilhado aos bancos centrais dos países ocupados pelos nazis. Em meados de 1944, os aliados concluíram também que Hitler estava a usar ouro retirado aos judeus enviados para campos de concentração para pagar a Salazar.
Portugal era um país neutro: lidava com todos. Por isso, esses minérios (mesmo o recolhido em Forninhos) davam voltas e mais voltas por essa Europa fora, mas iam sempre parar às fábricas alemãs e inglesas. Ou seja, afinal, acabámos por ajudar uns e outros nesta barricada que foi a II Guerra.
EliminarSim nao esquecamos, que embora o regime de Salazar pudesse ter mais simpatias como regime de Hitler, o nosso governo usou muito bem a sua neutralidade, para de certa forma nao so enriquecer, como tambem para nao so pagar alguma divida que ainda tinha, e ao mesmo tempo emprestar dinheiro pricipalmente a Inglaterra.
EliminarNao esquecamos tambem que se viveram em Portugal, nessa altura carencias alimentares e rateio de muitos productos agricolas, porque tudo tinha que ser contabilizado e era comprado pelo governo, que unicamente deixava uma pequena parte aos seus productores. A razao de tudo isto, nao era a falta de alimentos em Portugal, mas era porque os alimentos eram depois vendidos aos ingleses, porque estando eles directamente afectados pela guerra, tinham a sua agricultura em frangalhos!
Salazar deitem-lhe todas as culpas que quizerem, mas ele sim era um verdadeiro ministro das financas, com quem muito teriam que aprender os actuais!
No final da II Guerra, Portugal estava tao bem financeiramente, que ao contrario do que tinha acontecido nos anos 10, 20 e 30 do seculo XX, em que os ingleses eram nossos credores, na decada de 40 e 50 eram nossos devedores!
Um abraco de amizade forninhense.
Oi, gente!
ResponderEliminarSempre aprendo coisas boas quando venho por aqui... Gostei de saber dos minérios, não conhecia o volfrâmio...
Muita paz, alegria e saúde...
Abraços
Um grande post, uma grande aula de hist+oria e mineralogia Xico.
ResponderEliminarLembro-me de os homens da aldeia partirem para as "minas" mas na altura desconhecia .
Abraço grande
O poço do minério também era um local de feitiço, um local de encanto, uma atracção visual que chamava a nossa atenção quando andávamos na escola em Forninhos, como se fosse uma espécie de chamamento acima do real.
ResponderEliminarEra dia de futebol, íamos para lá. Olhávamos cá de cima o tal buraco fundo que os mais velhos diziam ter 50 metros e, por vezes, 100 metros de profundidade! Presentemente, dizem-me que o “poço do minério” só teria uns 7 ou 8 metros, mas naquela altura quem é que se atrevia a quebrar tal encanto?
É pena, mas na minha infância, nunca houve ninguém que me contasse sobre o volfrâmio e outros metais de valor naquele tempo.
Os portugueses que cá conheço, chegaram ao Brasil por volta do ano de 1.700 e não sei da vossa história. Aprendo a história moderna com o que vocês escrevem. Grata pelos comentários relativos à minha postagem. Um abraço, Yayá.
ResponderEliminarO poço do Picão era um local de encontro, um autêntico centro de dia para a garotada, juntamente com o Poço dos Caniços e a Poça da Eira.
ResponderEliminarEngraçado, parece que tinhamos a atração pelos poços, mas este como diz a Paula era especial, tinha um encanto diferente.
Para ali fugiamos, vindos da escola na procura das pedras com verdete, de brilho intenso e a mais bonita era motivo de inveja e tanta vez por sua causa andamos á bulha uns com os outros. Quem mais desse ficava com o troféu.
Atiravamos pedras e mais pedras para dentro do poço e ficávamos á espera que batessem no fundo para calcular a profundidade e de facto era fundo e escuro. E feio, tão feio que quando nos portavamos mal, as nossas mães ralhavam connosco e diziam: "diabo de garoto que ainda atiro contigo para o Poço do Picão".
Passar aqui é aprender sempre mais! Legal! Obrigada Xico pelos carinhos também! chica
ResponderEliminarDepois do minério vendido aos intermediários, a trajectória era: separadoras, comboio, Inglaterra ou Itália.
ResponderEliminarEm Forninhos, que eu conheça, não chegaram a construir uma separadora ou um forno para aquecer e separar o minério.
Agora é assim:
Para melhor nos conhecermos temos de gostar da nossa história. Eu cresci sem ler um único livro sobre a minha terra. Presentemente, com o contributo de meia dúzia de pessoas, já está escrita e publicada online (para todos), a história, estórias e memórias de Forninhos em:
http://onovoblogdosforninhenses.blogspot.pt/. Por tal, um grande bem-haja aos que participam nas nossas iniciativas e que connosco têm colaborado.
Este tema dos minérios tem maior importância do que poderá parecer á primeira vista.
ResponderEliminarOs "empatas" que aqui se deslocam apenas para ler e nada contribuir dirão que lá estão aquela meia dúzia de parvos agora a falar do minério, como se percebessem alguma coisa daquilo. E não percebemos, mas parvos são aqueles que não querem aprender e não pretendem perceber as coisas.
Forninhos é uma terra muito antiga, por onde passaram romanos e mouros e da qual se tenta de modo não fácil fazer a sua fotografia e registo, pois além do seu encanto natural e fertilidade dos seus campos, teve e poderá ainda ter outras riquezas, tal como no caso dos minérios e aí voltamos ao Poço do Minério, com o seu apogeu durante a segunda guerra mundial e declínio com o fim da mesma.
Não terá sido uma exploração de somenos importância dado ter ficado referenciado, de tal modo que há cerca de cinquenta anos atrás houve prospeção de minério, presumivelmente urânio, nalguns locais, nomeadamente no Picão e nas Corgas, já com maquinaria para o efeito.
Eventualmente os resultados poderão ter ditado que não compensava financeiramente a sua exploração, mas tudo tem a sua razoabilidade e no caso deste minério e do volfrâmio tem um mercado sui géneris e volátil, que depende muito da situação de conflitos armados e reposição de novas reservas.
Uma coisa é certa, Forninhos já deu minério e nada nos garante que não volte a dar!
Xico:
EliminarO que dizes faz-me lembrar aquela expressão atribuída aos portugueses nessa época, que eu modifico: "os forninhenses não sabem a riqueza com que atiram às cabras".
A minha mãe contou-me uma história passada comigo e com os mineiros, da qual sou franco, por mais que tente não consigo lembrar com clareza, tenho apenas uma vaga ideia.
ResponderEliminarDizia ela que um dia andava mais o meu pai a regar no lameiro de Cabreira e eu fui armar os custilos aos tralhões por aqueles arretos acima.
Já ao findar do dia fui ter com eles ao lameiro com um custilo dos grandes na mão e a minha mãe perguntou-me aonde o tinha arranjado e onde estavam os quatro ou cinco tralhões já depenados ao que lhe respondi que tinha dado os pássaros aos mineiros do Picão em troca do custilo.
Obrigou-me a desfazer o negócio, sob pena de uma surra se aparecesse em casa sem eles.
Parece que tive sorte pois os mineiros ainda os não tinham comido.
Ao abordarmos o tema dos minérios, não sei porquê, veio-me á lembrança de ter ouvido falar de se fazer carvão em Forninhos.
ResponderEliminarTalvez por haver o carvão mineral mas este carvão é vegetal, feito com lenha em fornos improvizados nos montes e com lenha á base de torgas, moitas e carrascos.
Ouvi que havia na nossa terra quem disso fizese vida e fazia fumegar a serra de São Pedro.
Temos de ver, pois tanta coisa anda esquecida...
Bom 25 de Abril para todos.
Nao admira que fizesse carvao vegetal em Forninhos, de facto era uma actividade a que algumas pessoas se dedicavam, principalmente nas serras que eram baldias, como a vossa e, como o "nosso" Monte do Crasto!
EliminarO carvao era fundamentalmente feito, dos troncos das urgueiras, (urses) de que as nossas serras eram abundantes!
Ainda em crianca,(fins dos anos 50, e principios de 60) conheci pessoas que a essa actividade se dedicavam na minha aldeia de Vila Cha!
Pois, também ainda há pessoas de Forninhos que se lembram da Etelvina, que era quem fazia o carvão (feito de urgueiras) na Serra e na Fraga.
EliminarAbraço.
Bom 25 de Abril.
Excelente post....
ResponderEliminarCumprimentos
Como gostei da sua visita, lá no meu blog.
ResponderEliminarBem vindo.
Beijo.
isa.
Volfrâmio também conhecido por minério.
ResponderEliminarEm Forninhos o volfrâmio foi explorado no lugar do Picão, quando eu ainda era muito pequena.
Quem aderiu a esta exploração, lembro-me que foram os homens que trabalhavam na arte de pedreiro. Estes dirigiam-se diariamente com enxadas, pás, picaretas, picos, agulhas de ferro e sacos, para o Picão.
Os homens trabalhavam na mina e as mulheres deles iam para o ribeiro fazer a limpeza nuns crivos dentro da água.
O volfrâmio dava muito dinheiro e nessa altura as famílias que o explorava, viveram à grande e à larga, como se a mina donde vinha o dinheiro nunca “secasse”, mas “secou”. Acabou e como não souberam poupar, voltaram à amarga vida que tinham antes, escassa de bens e de dinheiro.
Os que tinham jeito para troçar e fazer crítica à forma como os “mineiros” geriam o dinheiro, cantavam:
Vou p´ra o volfrâmio
Para o sítio do Picão
Quem quiser ganhar dinheiro
Vai trabalhar para o filão.
Olha o minério
O minério sai em linha
Com o dinheiro do minério
Vou comprar uma carmucina.
Vou p´ró minério
E deixa falar quem fala
Com o dinheiro do minério
Vou comprar uma samarra.
Muitos Parabéns Paula por te lembrares do Poço do Minério.
Viva o volfrâmio e que o 25 de Abril esteja sempre vivo.
Margarida Albuquerque.
A recordação que a minha tia nos trouxe hoje, levou-me, neste feriado com muito sol, a pensar que antes de o novo blog abordar esta temática muitas gerações de forninhenses não imaginavam sequer de que Forninhos desempenhou, à sua dimensão, um papel interessante na recolha do volfrâmio.
ResponderEliminarQue bom era que aqueles que viveram as coisas da história sem o sentirem e do modo como os livros o registam nos contassem como foi…como era a cor dos metais encontrados na nossa terra, por exemplo.
Outro exemplo: outros versos, a satirizar, a forma como o grupo de “mineristas” gozavam a vida.
Já tinha ouvido falar no poco do minerio ,mas nada me lembra da sua historia nem sequer sabia onde se encontrava . Com estes bonitos comentários fico a saber a historia do poco do minerio . Tenho aqui aprendido muito sobre Forninhos .Bonito trabalho Paula .
ResponderEliminarÉ assim, Manuela.
EliminarUm bocadinho daqui, outro dali e vamos conhecendo coisas antigas e aprendendo uns com os outros.
Bom fim de semana
Abraço daqui para ti. .
Merci Manuela pelas tuas palavras e também por não desistires de estar por aqui.
EliminarBeijinhosss e boa noite*
Ouvia-se comentar
ResponderEliminarEm anos idos atrás
Daquilo que vou falar
Vamos ver se sou capaz
Lá no Poço do Picão
Havia quem disputasse
Mais minério do filão
E mais dinheiro ganhasse
Os Belezas e os Guinários
Em disputa desabrida
Quase ficaram sanguinários
Por querer ganhar a corrida
A picareta fumegava
De encontro ao vil metal
Era ver quem mais achava
Ninguém queria ficar mal
Dizem que os Belezas ganharam
Por serem mais numerosos
Os Guinários não se ficaram
E tornaram-se ardilosos
O minério nos canastros
Havia que o lavar
No ribeiro dos Moncões
Mesmo que fosse de rastos
Por mais mulheres eles terem
Vingam-se assim os Guinários
Era prós Belezas verem
Não eram nenhuns otários
Se uns mais depressa colhiam
Outros mais rápido lavavam
E no fim todos sorriam
Pois no mesmo trabalhavam
E à noite na taberna
Entre dois jarros de vinho
Esqueciam a caverna
Nem sabiam o que era o tino
Era fartar vilanagem
Nem que gastassem metade
Vai mais um copo de vinho
E ala, que se faz tarde
Foi assim que ouvi dizer
Nisso quero acreditar
Era bom podido ver
E mais coisas vos contar.
Vim conhecer as histórias de Forninhos, por indicação de uma seguidora. Li apenas essa primeira lição (não conhecia o minério volfrânio) e já senti que hei de voltar para ler matérias anteriores.
ResponderEliminarVim lendo alguns comentários. Adorei, essa trova acima.
Um abraço,
da Lúcia
Obrigada Lúcia por ter vindo. Há histórias de Forninhos que os forninhenses nem sequer conhecerão...só por isso já vale a pena aqui divulgá-las e quem se interessar procura saber mais...
ResponderEliminarTambém adorei a trova. Nas tabernas ouvia-se estas "cantilenas". Parabéns Xico.
Xico e Paula,
ResponderEliminarCada vez que venho aqui, aprendo mais.
Que história interessante vocês abordaram.
Interessante como algumas pessoas sabiam aproveitar as oportunidades, como aqueles que ajudaram suas famílias. Outros, optaram por gastar com coisas que não trazem retorno.
Gostei muito das trovas, e dos comentários de todos, que enriqueceu ainda mais o assunto do post.
Um lindo final de semana pra vocês! Abraços.