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sábado, 14 de abril de 2012

Memórias de 1959 - Inauguração da Luz Eléctrica

A inauguração da luz eléctrica foi uma data de um facto muito importante e fundamental para o desenvolvimento da nossa terra, na época e no futuro (hoje) e custa-me muito ver que a data e o facto não interessou nada para a história de Forninhos, enquanto freguesia.


Por ocasião da inauguração da luz eléctrica, creio que em 19 de Julho de 1959, veio a Forninhos o Governador Civil, coisa que naquela altura era algo digno de nota...e os forninhenses não fizeram a coisa por menos e receberam “com toda a pompa e circunstância” o Sr. Governador e outros ilustres. É disso amostra esta fotografia, tirada ao tempo no Jardim da Casa da Sra. D. Olímpia (Casa do Sr. Amaral).
Nesse ano de 1959, as mudanças e alterações na nossa terra foram gigantescas, diria. Inaugurou-se ainda em Forninhos o edifício da escola primária e em 1959 também a Capela de Nossa Senhora dos Verdes foi restaurada, com decorações de talha e pintura. À época houve ainda o roubo dos anjos Serafins, que a nossa gente apelidou de “Serafinzinhos” (dois castiçais) e que muito incomodou os naturais de Forninhos.

Nota: Nos Valagotes, localidade pertencente à freguesia de Forninhos, a luz eléctrica foi inaugurada apenas no ano de 1982.

13 comentários:

  1. Segundo o Calendário Perpétuo de 1901 a 1999 que guardo, o dia 19 de Julho de 1959 foi um DOMINGO.

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  2. Boa noite, com a chegada da electricidade tudo mudou. Quando comecei a ir a Forninhos, à muito que a electricidade fazia parte do quatidiano dos Forninhenses (25 anos)ou seja ainda eu não era nascido, nesta foto não reconheço ninguém nem conheço niguém que os consiga reconhecer, mas a chegada da electricidade a uma terra deve gerar um sentimento igual em todo o lado, pois comigo foi assim com a chegada da electricidade à minha casa e ao bairro onde morava na altura.
    Antes da chegada da electricidade a minha casa, primeiro foi iluminada por um candeeiro a petroleo e depois por petromaxe a gaz o que já dava uma boa iluminação, mas com a chegada da electricidade toda a casa ganhou uma nova vida, quase que não a reconhciamos de iluminada que estava, até a própria rua ganhou uma outra vida, penso que em Forninhos não foi diferente. A vida ganhou um outro sentido, chegou a televisão e outras comodidades que a electricidade pode proporcionar.

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  3. Quando eu era pequena em Forninhos já havia luz eléctrica nas ruas, mas muita gente ainda não tinha electricidade em casa. Eu, por exemplo, nasci muito depois de 1959 e ainda apanhei os candeeiros de petróleo, mas é verdade que com a chegada da luz tudo se modificou. Portanto, vale a pena trazer aqui este facto histórico de que muitos habitantes/residentes lembram e consideram o facto mais marcante para desenvolver a freguesia.

    Na foto vê-se o meu tio, Sr. José Matela; o Sr. Almeida; o meu avô Cavaca; o tio Alfredo farrió; a servir, de avental, a tia Olívia e a tia Margarida; o rapaz lá atrás parece que é o Fernando do tio Herodes (hoje, marido da Sra. Luzia); o Governador Civil e outros ilustres. Nesses tempos longínquos, como vinha o Governador Civil para inaugurar a luz eléctrica fizeram e serviram um almoço no Jardim da Casa da Sra. D. Olímpia (a cozinheira foi a Sra. Luz, do tio Serafim) e veio "a música". Era assim que se dizia em Forninhos.

    Em conversas recentes, porque o ouviam aos antigos, contaram-me que para os que em 1959 estavam nas campas, o facto mais importante para a freguesia, foi a partilha das terras entre a nossa freguesia e a de Penaverde, as demarcações/limites. Isto para aí um Século antes!

    Na aldeia rural o que significou essa partilha? Os baldios como se estruturaram por aqui?
    Na aldeia de 1959 o que significou a luz eléctrica?

    Pena que estas questões nada interessem para a história presente de Forninhos, enquanto freguesia, claro!

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  4. Que história bonita, a luz elétrica é importante a todas as pessoas. Um abraço, Yayá.

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  5. A nossa história só é linda porque nós aqui lhe damos valor, mas tenho perfeita noção que Forninhos não tem uma história rica. Temos o castro e vestígios castrejos de há dois mil anos o que pode significar que o actual povoado da nossa aldeia teve origem aqui, assim como o topónimo; temos a “leitura” de uma arquitectura habitacional popular, modesta, mas ao mesmo tempo, marcante; tradições, do pouco que há, sobressai a procissão de ladainhas para cumprir o Voto à Senhora dos Verdes, em especial, por ser uma tradição com alguns séculos e a principal das aldeias circunvizinhas. E não estou a ver mais nada que verdadeiramente se destaque de outras aldeias beirãs.
    Quanto a costumes e hábitos dos forninhenses: a reviravolta nos modos de viver da 1.ª metade do Século XX aconteceu, sem dúvida, a partir da década de 60 e o quadro da luz eléctrica trouxe uma forte mudança, principalmente na nossa qualidade de vida, na época e no futuro (hoje).

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  6. Muito boa tarde para todos.
    Não estou completamente de acordo contigo Paula.
    A historia de uma aldeia, pode não ser rica para os de fora, mas para as suas gentes, pode e deve ser muito rica, tudo depende do modo como as pessoas vêm a sua terra.
    As casinhas de arquitetura popular, e sobretudo muito modesta, podem transmitir-nos por visão e sentimentos o que, por vezes não se consegue ler nos livros.
    Não quero com isto dizer, que o livro agora programado da historia de Forninhos, não seja importante, é-o, e muito, mas para isso, temos de ter sempre em mente, a leitura e a visão, só assim, a historia desta terra será rica, desde os tempos longínquos que remontam ao tempo das cavernas, como nos o testemunha as cavernas da serra, como pela continuidade da época castreja até algumas décadas atrás.
    Há realmente muita história, modesta mas sentimental que as gentes de forninhos e quem gosta desta terra, como é meu caso, podem e devem preservar, quanto mais não seja, em memoria dos nossos antepassados que tiveram uma vida, que em nada se compara com a dos de hoje.

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  7. Sr. Eduardo, no momento que escrevi quis dizer comparada com a riqueza da história de outras aldeias limítrofes, como Penaverde, Carapito ou aldeias das Terras D´Algodres.
    Mas agradeço a nota, claro.
    Quando criei o blog, tinha consciência que a maior parte das pessoas não conhecia, nem valorizava a história e cultura da sua terra. Hoje seguramente não é assim. Não foi só com a inauguração da luz eléctrica que tudo mudou, com o aparecimento de um novo blog, claramente mudou e muito, a maneira como os naturais de Forninhos (e não só) vêem a sua aldeia, seu património, história, costumes e tradições. Meti-me nesta "empreitada" exactamente para dar a conhecer a nossa história.
    E de facto temos muita história modesta, popular, emocional, imaterial e territorial, que tem e deve ser preservada em memória da nossa gente antiga, mas o projecto “Livro” também tem e deve ser uma iniciativa para o futuro e para os vindouros.
    Voltando a esta fotografia, como se vê, ela não é só memórias, ela é mais história, até muito mais do que pensava.

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  8. Quando eu nasci já havia eletricidade em Forninhos nas ruas, porque em casa poucas pessoas tinham luz elétrica, assim como os meus pais, a nossa iluminação eram os candeeiros de petróleo na nossa casa antiga, só tivemos eletricidade no ano de 1973 quando nos mudamos para a casa que os meus pais construíram, depois da eletricidade em Forninhos veio a televisão, que a podíamos ver no café do Sr.º Virgílio, na venda do tio Augusto Marques e na venda do tio Zé Matela, que eu me lembro penso que mais ninguém tinha televisão, depois com o tempo as pessoas começaram a ter a sua televisão em casa

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  9. Naquela altura, poucas eram as famílias que tinham sequer uns escudos de rendimentos. Tinham batatas, couves e feijão para comer e algumas famílias nem isso!
    Nos anos 60 poucos podiam ter luz eléctrica em casa, nem havia como chegar a rede a todo o lado, creio eu. Seja como fôr, depois da inauguração da luz eléctrica, a aldeia não foi mais a mesma e as pessoas começaram a ter mais conforto e mais segurança, pelo menos, nas ruas. E nos finais dos anos 70 já havia muitas casas com luz eléctrica. A qualidade de vida das famílias não seria o que é sem a electricidade.
    Mas, lamentavelmente, com realismo, temos que de facto tanta mudança precisa à época, afinal resultou em nada.
    - Esta casa, que suponho era o melhor sítio de Forninhos para aí se fazerem festas, o seu declínio viria alguns anos a ser uma realidade;
    - O edifício da escola primária e os recreios já só guardam algumas histórias e memórias;
    - A Capela da Senhora dos Verdes que foi restaurada e suponho que respeitou as características originais do monumento (1959, é desse ano que falo), 50 anos mais tarde altera-se a sua estética.
    - Os Serafinzinhos voaram sem deixar rasto.
    Coincidência ou não, vejo que nos finais dos anos 50, fossem eles remediados, abastados ou mesmo ricos, não havia diferença no vestir. Falo por ocasião da inauguração da luz eléctrica e dos homens.
    As mulheres só serviam, se calhar, era normal e natural ser assim…
    Há uma nostalgia quando se olha para estes registos fotográficos e fico a imaginar como era viver nesta época.

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  10. Boa tarde para todos.
    Por mais que imaginem, não vão chegar a esses tempos.
    Pelo que me toca, eu assisti á inauguração em Dornelas, isto no mesmo dia de Forninhos. Dentro de minha casa nunca a vi. Quando á noite queria ler um livro, fazia-o com o candeeiro de petróleo, que apesar da sua ténue luz que fazia doer os olhos, ainda tinha de inalar o fumo negro libertado da chama que rapidamente enchia o quarto.
    Mas os jovens desses tempos viviam com mais felicidade com esses poucos, de que parece, os de hoje com muito comparado com esses tempos.

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  11. Embora como disse fique a imaginar como se vivia nos anos 50 e 60, muitos de nós (eu), no entanto, sabemos que nesse tempo que podia ser melhor ou pior, mesmo sem luz eléctrica havia mais alegria e bem-estar na nossa aldeia, do que hoje. Nos anos 70 e 80 ainda era assim.
    E sei o que é ler sem luz eléctrica, porque não só ainda estudei à luz do candeeiro a petróleo, como me lembro que quando colocaram um poste e candeeiro na rua do ribeiro ir para a única janela da casa velha ler à luz de tal iluminação de rua.
    Sabemos, ainda, que em épocas mais recuadas se alumiavam as casas com azeite, como aqui já foi postado (algumas pessoas ainda se devem lembrar dessas lamparinas). Eu só lembro nalgumas casas haver suportes, em madeira, para os candeeiros a petróleo; noutras os candeeiros eram colocados onde era mais cómodo e útil, na mesa da refeição ou em cima duma cadeira.
    Já de outras habitações só nos resta a imaginação, como por exemplo, há pessoas que ainda se lembram das habitações e duma rua do antigo povoado de S. Pedro, mas eu só imagino como seria essa rua e casas, porque já nada está de pé.
    Mas aqui cumpre acrescentar uma nota muito importante. De 1959 até 1982, passaram anos e anos e por mais estranho que hoje isso me pareça, é demasiado óbvia a desigualdade entre Forninhos e Valagotes.

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  12. Como já foi dito o dia da inauguracao da luz eléctrica foi o maior acontecimento de sempre. Eu tinha 12 anos lembro-me que a festa foi feita entre o quintal da D. Olímpia ea casa do Sr. José ,havia ali umas oliveiras ai foi onde o povo se divertiu, toda a nossa gente pequenos e grande dancavamos ao toque da musica. O banquete como se vê na foto foi privado dentro do quintal só para pessoas convidadas. Muitas daquelas pessoas eram de fora a Paula já disse alguns nomes, a que esta no meio da Margarida e Oliva parece-me que e a Prazeres do tio Francisco Caetano, residente aqui na América. Naquele tempo as mulheres não foram convidadas só se vêem homens. As luzes só estavam acesas ate a meia noite, e quando havia algum problema na cabine la ficávamos dois ou três dias as escuras., só quem sabia mexer naquilo eram uns de Aguiar da Beira. Também me lembro de porem luz na minha casa foi um rapaz da Ponte que se chama Emídio Monteiro que também reside aqui. Depois compramos uma televisão foi uma alegria para os vizinhos poderem ver a novela Brasileira GABRIELA , porque antes íamos ver ao salão da igreja que ficava por baixo da casa do Sr. Padre.

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  13. Em alguns dos meus artigos, tenho falado de como foi criado o “Dia da Freguesia de Forninhos”, sem se ter em conta a história de Forninhos, enquanto freguesia. E parece-me que, o dia da inauguração da luz podia muito bem ser o dia festivo da freguesia. É que a organização do território é diferenciada no que toca, por um lado, à gestão religiosa e, por outro, à gestão do Estado: justiça, poder local, administração. Acontece que para os iluminados tudo é criar polémica, mas eu limito-me a constatar a realidade.
    19 de Julho de 1959 foi um dia muito importante para a nossa terra. Como já antes escrevi muitas pessoas lembram e consideram o facto mais marcante, de que há memória, para desenvolver a freguesia. O dia foi de festa e de divertimento, ao toque da música toda a gente dançou, grandes e pequenos. Bem haja madrinha pelas partes que lembra e conta.
    Hoje passados tantos anos, de vez em quando, se há uma trovoada ou vento forte a luz ainda falha (mais do que seria normal) e é bem claro que ninguém gosta de ficar às escuras. Aliás, quando os moradores do Bairro Eira não tinham luz nas ruas e casas pediam “Luz pa Eira”. À Eira a luz até deve ter chegado depois do ano de 1982.
    Longe vão pois os tempos em que se vivia sem luz eléctrica, frigorífico e sem televisão.
    O meu pai também conta que o Emídio da Ponte foi quem pôs a luz na casa do avô Cavaca e que as luzes das ruas só ficavam acesas até à meia-noite, pelo menos, até ao 25 de Abril era assim e eu lembro-me muitíssimo bem de algumas pessoas virem lá a casa (sua casa madrinha) ver a Grabriela e também na hora de almoço ver a Escrava Isaura.
    Agora: hoje fazer-se um banquete privado, só para alguns, caía não o Carmo e a Trindade, mas a Lameira e o Lugar!

    Nota:
    A m/ tia Margarida foi quem enviou a fotografia para o albúm de memórias do novo blog dos forninhenses. Um grande bem-haja.

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