Em post anterior que pode reler aqui, referi-me à nossa capela, mas esqueci-me do alpendre. À data em que fora erigida a capela (digamos em 1696), o alpendre não existia. E acrescento uma nota imaginária (ninguém me levará a mal por isso): depois do povo construir uma igreja maior, para poder comportar mais gente, fora desejo do mesmo povo ter uma capela maior. Tornou-se realidade esse desejo e construiu-se o alpendre em 1838, conforme data gravada.
Mas interessa-me saber se a capela é anterior a 1696.
A respeito desta matéria, uma vez mais, na obra de Forninhos, há contradições.
Sobre a edificação ou surgimento da nossa capela lê-se, pág. 130 (início): "...a edificação da capela da Senhora dos Verdes deve-se à forte devoção para com a Virgem, em virtude do milagre relacionado com a salvação das colheitas." .
Para mim, isto não faz sentido nenhum, porque a capela (sem o alpendre e talvez sem a sacristia, pois a data gravada/e agora escondida é 1809), já existia antes da praga dos gafanhotos de 1720, pois só assim se explica o voto, nenhum povo ia fazer um voto a uma capela que não existia! Uma coisa é o culto a Nossa Senhora dos Verdes, outra coisa é a capela! E, ainda para mais, porque existe a data de 1696 gravada numa pedra que remete para finais do século XVII.
No último parágrafo da página, sobre a sua arquitectura, já é referido: "...porventura edificada na transição do século XVII para o XVIII...".
Porque quem informa ou escreve tem a obrigação de estar um passo adiante dos leitores, pois para isso se prepara e investiga, sou a informar o seguinte:
Compulsados os livros de registos da Câmara Eclesiástica de Viseu, onde se registava a instituição de igrejas e capelas da diocese não há nada sobre a nossa Capela (a série correspondente aos livros da Câmara Eclesiástica principia em 1694 e vai até ao século XIX). Segundo me informaram, para o período anterior existem apenas registos esparsos, a maioria da documentação relativa a igrejas e capelas perdeu-se ou está em parte incerta e isto pode significar que a nossa capela seja de construção anterior a 1694, pois se tinha de ser concedida uma licença ninguém acredita que se instituísse a capela da Senhora dos Verdes, sem que se tivesse feito o respectivo registo no cartório da diocese com as respectivas licenças. Na realidade não eram passadas duas licenças, mas apenas uma no final do processo de instituição das capelas ou igrejas. Este (final do processo) era constituído por várias partes: pedido de 'licenciamento' da capela por parte dos instituidores do templo; avaliação das condições do templo, geralmente feita por parte do pároco da localidade onde se encontrava sediada a capela; autorização, com a respectiva licença da instituição do templo. Era assim que as coisas se passavam realmente. Foi assim que se efectivou o processo da construção da nova igreja de Forninhos em finais do século XVIII.
Mas, sobre as licenças, no parágrafo 2.º, da página 130, lê-se isto: "...para a edificação de uma capela tinha de ser concedida uma licença, a qual só era atribuída após informação do pároco sobre a decência do lugar e qual a utilidade do templo. Igual procedimento se verificava quando estava concluída a obra, na qual não se podia celebrar missa sem a concessão de uma nova licença para efectuarem a bênção do novo templo...". (sublinhado nosso).
Note-se que o referido é sobre todas as capelas públicas, pois no caso específico da Capela da Senhora dos Verdes «nada», ainda assim por que motivo os autores afirmam que eram passadas duas licenças para a edificação de uma qualquer capela?
Nota: Pela minha parte, tenho informado o pouco que sei e posso, no sentido de repôr a verdade dos factos relacionados com a minha terra, agora cabe aos outros netos de Forninhos que frequentam esta página apreciar como lhe aprouver o que se disponibiliza.
O alpendre é bem interessante!
ResponderEliminarTentar repor a verdade investigando a nível de História é de louvar!
Bj e obrigada pela partilha
Obrigada eu por me prendar com a sua opinião!
EliminarA nossa história tem andado muito mal contada e é nosso dever repor a verdade.
Bj**
Achei bem bonitinha a capela c alpendre, Paula! Vale a pena valorizar toda a sua história!!
ResponderEliminarO meu abraço carinhoso...
Como é óbvio, não conheci a capela sem o alpendre, mas realmente o alpendre é bonito como se encontra actualmente.
EliminarAbraço.
Bonita a capela e interessante o alpendre que quase parece maior que a capela.
ResponderEliminarUm abraço
A dúvida desfaz-se ao ser aberto o link, pois a capela é composta por alpendre, nave, capela-mor mais estreita e baixa e com sacristia adossada ao alçado lateral esquerdo.
EliminarAbraço.
Linda foto mostrando o alpendre e gostei da história! bjs, chica
ResponderEliminarObrigada pelas palavras deixadas.
EliminarBeijinhos.
Uma bela descrição e história desta pequena capela que a meu ver ficou beneficiada com a construção do alpendre.
ResponderEliminarUm abraço e continuação de uma boa semana.
Andarilhar
A história não é estática, só que devido à sua antiguidade, exteriormente está um bocado descaracterizada (não falo do alpendre, claro!).
EliminarAbr./con. boa semana tbm.
Gosto de ver a ver com o alpendre.
ResponderEliminarPenso que pouca gente se importa com as verdadeiras datas históricas do nosso património.Somos um povo com uma maioria acomodada.
Adorei ler o teu relato sobre a história da capela.
As fotos estão belíssimas.
Beijinhos.
O povo de Forninhos então...acomoda-se demasiado, Lisa!
EliminarA religião contribuiu e contribui para a formação de homens de bem, honrados, dignos, mas sinceramente não sei o que se passa com este povo de Forninhos, que ainda por cima se diz católico!
Um dia (espero) chegaremos à sua licença e, assim, à data da sua edificação, se é de construção anterior a 1694 ou se de 1696, mas com toda a certeza, a sua edificação não se deve "à forte devoção para com a Virgem, em virtude do milagre relacionado com a salvação das colheitas".
Obrigada pelo comentário.
Beijinhos e bom fim de semana.
Esta "pequena" Capela, carrega com ela parte da nossa história, num recuo secular de pesquisa que procura esclarecer o seu aparecimento temporal e pessoalmente estranho que este imóvel classificado de interesse público nacional e fruto das análises efectuadas para o elevar a este raro estatuto, não tenham conseguido apurar a sua data de nascimento...
ResponderEliminarPorventura como canonizar alguém sem comprovar o milagre para o efeito!
Se a capela actual remonta a 1696, era disso testemunho evidente (pena que os "inteligentes" tal data tenham tapado) tal data lavrada na sua parede exterior.
Se o alpendre vem da sua origem duvido, porventura algo acoplado que depois do "milagre", resguardasse os devotos mas das eventuais alterações, recordo aquele chão esverdeado de material sanitário.
Deixo apenas uma simples chamada de atenção:
Reparem no valioso quadro do Ex-Voto de Nossa Senhora dos Verdes e vejam que a procissão vai em direcção à capela.
Ora se o milagre aconteceu em 1720, como aparece a outra data anterior cinzelada na parede?
Insondáveis os caminhos do Senhor...
O melhor texto da obra de Forninhos, a terra dos nossos avós, para mim, até é o que refere o quadro do milagre, a referência à procissão (ainda assim tem um grande erro, pois é afirmado que a procissão parte do centro da aldeia em direcção à ermida)!!!
EliminarO resto... não passa de um álbum de fotografias com legendas que enganam os leitores!
Sequer compreendo a referência às licenças de edificação de capelas se os autores não souberam dizer aos netos desta terra qual o ano do nascimento da capela da terra dos seus avós, que foi um dos monumentos mais simbólicos da região, não pela sua arquitectura ou beleza, mas pela sua história ou lenda!
A obra afinal era sobre Forninhos ou não?
A data do milagre é uma pista, mas se existe a data de 1696 gravada numa pedra (a tal que a maioria concordou esconder), é por isso que eu não compreendo nada do que leio na página 130!
Além disso, no direito canónico, decretos tridentinos e constituições sinodais do bispado, refere-se apenas a licença no final do processo e os autores da obra de Forninhos referem duas licenças. Pergunto eu: baseados em quê? Fonte?
A capela possuí um grande alpendre desde o século XIX e igualmente isso lhes passou ao lado e não entendo também...mesmo aquele piso de mosaicos verdes colocado em 1989 faz parte da nossa história!
Só sei que falta de rigor desta gente pela história de Forninhos encontra-se ainda hoje envolvida numa densa cortina de mistério!
Só mais uma achega:
EliminarO começo da lenda da Nossa Senhora dos Verdes conta que uns caminhantes detiveram-se para matar a sede numa fonte e enquanto bebiam repararam numa bonita imagem de Nossa Senhora, como colocada ali ao lado. Acordaram em procurar a Igreja da povoação para a deixar, pois de lá devia ser. (quer dizer que já existia na povoação a igreja).
Segundo um relatório diocesano (Arquivo Distrital de Viseu, Avulsos, cx.6, doc. 2, fl. 11) a igreja de Forninhos já existia em 1675. (na minha óptica a igreja de Forninhos - não a actual - é de construção anterior à Capela).
Mas se nos fiarmos no que escreveu o autor/ou/autores a igreja de Forninhos remonta a 1731 e a capela a 1720!
Só contradições.
.....
ResponderEliminarNos meus primeiros passeios por Forninhos fazia-me confusão como se saía por um lado e chegavamos por outro.
A estrada de Aguiar conduzia-nos por Dornelas e a estrada dos Valagotes faziam-nos chegar pela Senhora dos Verdes.
Precisei de um grande sentido de orientação para perceber, perdi-me mais vezes que na minha ilha.
A partida e chegada , óbvio , era sempre pela Estrada de Fornos, pela Matela e Matança ...( ? )
Mas a grande referência era a Senhora dos Verdes . Lugar mítico para os Forninhenses , como vocês aqui dão destaque , e bem . Lugar isolado ,de reflexão,a que poucos ,sobretudo , visitantes , dão grande importância histórica !
A Capela estava sempre fechada . Apenas lá entrei uma vez em
dia de Festa , nas mais de vinte vezes que fui a Forninhos !!
Abr
MG
Ainda bem que evidencia essa realidade!
EliminarNão bastam as festas da terra, feitas a trouxe-mouxe para entreter. É preciso ir mais longe...
No passado, para a região, esta capela foi um importante ponto de turismo religioso centrado na figura da Nossa Senhora dos Verdes e isso sequer é mencionado na obra de Forninhos!
Inacreditável, não é?
E, escrevo "para a região", porque há um forninhense com quase cem anos que vive em Viseu, que ainda diz que foi a Senhora dos Verdes que deu a conhecer Forninhos para além de Forninhos!
Um Padre no Século XVIII também se referiu à Capela e às várias procissões que ali vinham em alguns dias do ano!
Apesar de não existirem certezas quanto ao ano do seu nascimento, partindo do ex-voto fazia todo o sentido fomentar o turismo religioso em torno da figura de Nossa Senhora dos Verdes, mas quem representa a Igreja, prefere nos tempos que correm, com a ajuda do orçamento da Junta de Freguesia, fazer do santuário um parque de merendas!
Houve um tempo que não era permitido na área da Capela fazer festas profanas e bailes em festas religiosas, por determinação religiosa, embora digam que isso era mais coisa de Bispos do que da própria Igreja Católica, no entanto, hoje é que se vê e sabe!
Nem oito, nem oitenta, é certo, mas a área da periferia da Capela merecia mais respeito!
Lamentável, o porquê de se tapar as datas gravadas nas pedras da Capela. Sobre isto já deixei o meu parecer em publicações anteriores, criticado também por um dos historiadores do livro. Santuário ou parque de merendas? Pelo menos uma festa de comes e bebes de motares já eu vi, maior preferência do que o parque da N. Sra de Fátima, porquê? Talvez para dar uso ao célebre Chafariz!!! Povo culto, este! As Carrinhas do Centro de Dia de Forninhos têm inscrito na carroceria, Nossa Senhora dos Verdes nos proteja, eu acho, e peço, que ilumine estas mentes retrogradas, sem pensares que só estragam o que está bem só para se evidenciarem.
ResponderEliminarDaqui por uns largos anos, quando o reboco da Capela começar a apodrecer e mostrar as datas e inscrições, o que dirá a gente de então? Vão pesquisar e concluir a burrice que se fez.
Porque não se reconhecer o erro e tentar rectificá-lo?
Dar o braço a torcer, custa muito, para alguns.
Nossa Senhora Dos Verdes, iluminai estas vedetas de Forninhos.
Em Forninhos, Henrique, só quando se discutir os erros sem medos, deixando de lado os caciques partidários e as ‘palas’ que obstruem o raciocínio a muita boa gente da nossa terra, é possível aceitar os erros e não falo apenas dos erros da capela, falo principalmente dos inseridos na monografia, porque esses ainda são os que mais custam aceitar e rectificar. Repara que nem se dignaram a elaborar uma errata!
EliminarAbr/cont. de boa semana.
Um lugar com história...
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
E eu gosto muito de história...
EliminarUm abraço.
Boa tarde Paula,
ResponderEliminarO alpendre veio na minha opinião valorizar o espaço no sentido de resguardar os fieis das intempéries.
Sobre a verdadeira da data da construção da capela é importante que seja conhecida a data em que a mesma foi construída e assim fique registada para a posteridade.
Beijinhos e boa semana.
Ailime
Sem a licença, não é fácil determinar com precisão a data em que foi construída. É possível fazer uma ideia de que época se trata a partir das suas características arquitectónicas, mas este edifício é uma manta de retalhos de vários períodos, que vão do século XVII ao século XXI.
EliminarTambém na minha óptica o alpendre surge - depois do milagre de 1720 - para abrigar nos dias de festa maior número de peregrinos.
Beijinhos.
Lindíssimo!!!
ResponderEliminarBjbj Lisette
Obrigada.
EliminarBjo.
O que eu opino é que sabendo onde se encontra essa data, não custava muito partir aí o reboco e fazer um acabamento deixando a data destapada!
ResponderEliminarUm abraço a todos!
Sim, é uma boa ideia. O problema é que só se faz aquilo que "eles" querem, sequer aceitam opiniões diferentes!
EliminarO dia que um cacique aceitar a nossa opinião, vamos ao sino tocar uma entrada!
Taparam-na, por isso, não a vão destapar, porque isso é assumirem que erraram.
O mesmo se passa com a fantástica obra de Forninhos. Até hoje só foi assumido um erro (e foi só por um "deles") - foi o da carqueja - que toda a gente sabe que não existe em parte alguma da nossa terra!
Um abraço.