Hoje venho trazer ao blog, algumas fotos que nos mostram a evolução dos lagares onde se fazia o vinho. As coisas mudam, as pessoas nem tanto, os processos e modo de vida vão sendo substituídos por outros mais práticos, mas as pessoas são as mesmas, embora, o modo de agir seja diferente, antes, lutava-se pela sobrevivência, hoje luta-se pelo bem-estar.
Lagareta escavada na rocha
Desde os tempos ancestrais que o homem procurou engenhos para transformar a uva em líquido, O VINHO. Esta lagareta tem um furo na parte lateral, possivelmente onde era metida uma alavanca que servia para espremer as uvas depois de pisadas.
Lagar com prensa de tronco
Mais tarde embora o método de espremedura com o tronco seja o mesmo, já se trouxe o lagar para "dentro" de casa. Este método foi utilizado até ao princípio do Século passado. Este está em museu, mas não é em Forninhos.
Lagar pessoal com prensa de rosca e caniça
Com o aparecimento de prensas com rosca, calços e caniça, tudo se torna mais fácil e menos trabalhoso. Um homem só, consegue espremer o seu bagaço, quando este é só o fabrico da sua vinha e para seu consumo.
Na nossa região, Forninhos incluído, era normal ver-se em cada casa, uma boa adega, um lagar e tonéis, pipos grandes e mais pequenos, nesta altura do ano, e quando o tempo não trocava as voltas, era tudo cheio. Hoje, os grandes tonéis só ainda não foram todos para a fogueira, porque alguns dos seus donos têm pena, mas lá estão ao abandono, assim como o lagar e até o telhado já estão com buracos.
Mesmo assim, ainda há por aqui quem vai resistindo e lá vão fazendo uns pipitos (tanoaria), mas é uma profissão já quase em extinção.
Porque agora já apareceram as cubas de aço inox, que pela sua comodidade em arrumar e o estanque, já estão a substituir os tradicionais pipos, pipas e tonéis, e assim lá se vai mais uma tradição.
Mudam-se os tempos, as vontades e até a maneira de fazer as coisas é outra, aqui está e muito bem retratado como o tempo e o homem tem mudado essa maneira de fazer e preservar o vinho, é verdade que quase todas as casas de Forninhos têm a sua adega, algumas ao estilo antigo outras mais modernas, e outras há que combinam os dois estilos, este fim de semana vou fazer a vindima a Forninhos e na casa do saudoso António Carau ainda se pode ver o antigo e o novo, pipos em madeira já com muitos e bons anos, o lagar e os depósitos em inox.
ResponderEliminarPois verdade será dizer ainda, estas fotos bem retratam os tempos bem longiquos, desde a idade em que expremiam as uvas numa lagareta, sob a pressão humana e com possivel alavanca, até aos dias de hoje, em que a prensa das uvas se torna bem mais suave, com as novas técnologias.
ResponderEliminarSe existem as videiras na nossa regiam, terá sido porque alguém as ali plantou, só digo isto porque as videiras segundo sei são originárias da Ásia, tendo sido trazidas para Portugal.
Devido ao seu clima temperado, estas foram espalhads por todo o território.
A feitura e armazenamento do mosto em pipas ou toneis de castanho, carvalho, requer uma boa preparação, as vazilhas bem lavadas e desinfectadas.
Com as vindimas á porta, durante o mes de Setembro, não á maos a medir, é preciso lavar os lagares, recompor os toneis para que não vertam quando acolhem o vinho mosto, e como não podia deixar de ser, a prensa dos engaços, que já foram feitos em cada época da nossa historia, com as técnicas aqui representadas pelas fotos.
ResponderEliminarEsta prensa de rosca e caniça, eu ainda a conheci, mas não em Forninhos.
Que seja mais um bom ano de vinho.
Lembranças das grandes vindimas em Forninhos, fica para mais tarde.
Pode-se mudar com o tempo as formas de produção, mas a elegancia fica por conta do jeito rústico dos tonéis.
ResponderEliminarHoje em dia conta muito a praticidade de fabricação.
Uma pena isso ficar pra trás, não é?
Bjs.
Através destas fotografias temos a possibilidade de reviver a evolução da história do vinho, bem como nos ajudam a compreender melhor como viviam os nossos antepassados.
ResponderEliminarRepara-se que este lagar talhado numa rocha granítica de S. Pedro, onde pisavam as uvas para obter o vinho, foi o modelo base, pelo que é evidente que desde épocas muito remotas se cultivasse a vinha na nossa terra, certamente porque os terrenos e clima eram propícios, ainda que mais ou menos selvagem.
A imagem com um certo “romantismo” e que hoje já não se vê, mas que preservo na minha memória, é o carro das vacas com as dornas de uvas de regresso ao lagar, já dentro da povoação/casa, onde depois se iria processar o trabalho para fazer o vinho. As pipas e pipos, nesta altura de vindimas, já estavam preparadas para receber o mosto que iria escorrer dos lagares.
Tempos que já lá vão…já não se vê os pipos e pipas nas ruas; já se não vê o carpinteiro/tanoeiro a consertar os pipos…
De todos os lagares da localidade, o mais importante foi sem dúvida o pertencente ao Sr. Amaral, localizado no Largo da Lameira.
ResponderEliminarBoa tarde.
ResponderEliminarVelhas recordações, dos tempos em que muitos jovens, outros tambem mais velhos, íam para a jorna, vindima do Sennhor Amaral, aquelas grandes vinhas, que todos conheceram, e de onde saíam dornas e mais dornas de uvas já meio calcadas, quando cheias eram transportadas para os grandes lagares, como já foram mencionados, bem no centro da nossa lameira.
Havia e penso que ainda lá estão, dois enormes lagares,com as suas prensas.
Tempo esse, que para além de se trabalhar, também era um dia bastante divertido, só quando chovia é que a malta já não gostava muito.
Quando o mosto fervia e se encontrava pronto para envasilhar, claro está que os enormes toneis e cuvas de cimento, que se encontravam na área da adega, já estavam prontos.
ResponderEliminarPara isso, estes eram bem lavados por dentro com o esforço de uns jovens que teriam de entrar dentro dessas vazilhas e esfrega-las muito bem, o pior da história é que uma vez no seu interior, apanhava-se com todo aquele cheiro intenso que emanava no interior.
Abraço.
Muito boa noite a todos.
ResponderEliminarPor agora, vou comentar sobre a 1ª foto.
Como aluap diz, estes lagares escavados na rocha, pode ter sido o modelo base para o fabrico de vinho. Os arqueólogos descobriram numa montanha da arménia, um lagar com cerca de seis mil e cem anos.
As três lagaretas da nossa serra, podem não ter milhares de anos, mas de certeza que terão alguns séculos, e quem sabe? Até milhares. Ainda não foram investigadas, o que sabemos é, que nesta localidade já se produz vinho há muito, muito tempo e que ainda há bem pouco tempo, e como diz serip, as uvas eram transportadas em dornas (pipos com adoelas direitas, mais largas no fundo e estreitas no cimo.
Paula,
ResponderEliminarTudo está se modernizando, mas o mais lindo é o antigo, o velho. Eu não consigo deixar de comparar a beleza desses barris de madeira com esses modernos, e na minha opinião, os antigos são muito mais bonitos.
Sei que é preciso evoluir e mudar, mas é preciso manter viva as lembranças.
Beijos
Os tempos hoje são outros, Lucinha, e está fora de questão o uso dos métodos antigos, simplesmente acho que a história da nossa terra pode ser perpetuada sem que se tenha de destruir o passado. O progresso pode e deve avançar, mas em nome do progresso já se destruiu, descaracterizou e desapareceu muito património popular. Aliás, nem sei como os lagarinhos/lagaretas não estão no jardim de particulares!!!??
ResponderEliminarSegundo consta antes dos lagares com prensa de tronco, utilizaram-se os escavados na rocha. Este de S. Pedro é muito perfeito, muito semelhante ao lagar de pedra de forma quadrangular que persistiu até aos nossos dias. Presume-se com muitas probabilidades de acerto que, antes do homem trazer o lagar para dentro de sua casa, este fosse de utilização comum. Até quando terá funcionado este lagarinho?
ResponderEliminarDepois, à semelhança dos fornos, nem todos podiam ter um lagar, pelo que era muito comum o empréstimo do lagar a familiares e vizinhos, situação que ainda sucede nos dias de hoje (acho).
Geralmente os lagares também eram um local onde a rapaziada se juntava, não só para pisar as uvas, mas também para conviver. Quando se tirava o vinho juntava-se a família e amigos para ajudar a deitá-lo no vasilhame, e eram medidos os almudes, quantidade obtida, pelo que uma vez mais se verifica que a entreajuda sempre teve um papel fundamental nas actividades agrícolas do meio rural forninhense.
Para alguns os tempos são outros, a modernização da feitura dos vinhos, as grandes cooperativas que recolhem as uvas e com os seus sistemas de esmagamento, fermentação e envazilhamento do mosto automatizado;
ResponderEliminarMas como o que é antigo é bom, na nossa Aldeia ainda se produz vinho á moda mais ou menos antiga: A vindima, feita por familiares e amigo;, a pisa, idem; depois á que esperar a fermentação do vinho e aí sim, o envazilhamento.
Agora e antes de tudo, provar o vinho doce, não podia deixar de ser.
Adoro esse vinho!!!!!
Boa tarde a todos.
ResponderEliminarNestas ultimas décadas, muita coisa mudou por estas bandas, só resta mesmo a alegria das vindimas e a pisa onde ainda se canta e contam histórias. Mas os produtos para tratamento das uvas durante o seu crescimento, o transportes em dornas nos carros de bois, vasilhas e sobretudo o consuma, já não volta a ser o que era.
Enquanto que em algumas décadas atrás, todo o vinho produzido em Forninhos era cá consumido, por vezes não chegava, hoje a realidade é cruel para aqueles que o cultivam. Algumas pessoas que tratam as videiras com tanto carinho e trabalho, vêem o seu vinho ficar nas cubas por não terem a quem o vender; os novos pouco vinho bebem, os mais velhos, cada vez bebem menos, mas mesmo assim, continuam a tratar da vinha.
Oi Paula
ResponderEliminarFiquei olhando encantada cada imagem desta postagem, pena que tudo está se acabando, é certo que precisa modernizar-se, mas me dói o coração ver tanta história se acabando, ficando no esquecimento.
bjs
Tina (MEU CANTINHO NA ROÇA)
Dói mesmo o coração Tina, ver que peças antigas com valor histórico e representativas do quotidiano e das actividades profissionais de outrora, não merecem a atenção devida. Compreendo que nem todas as pessoas tenham “paixão” por aquilo que é o nosso passado, mas já não compreendo o silêncio que existe à volta da criação de um museu etnográfico, cuja criação seria um contributo para melhor compreender e dar a conhecer o que foi Forninhos no passado.
ResponderEliminarO autor do Post, ed santos, sobre o lagar com prensa de tronco, diz: “Este está em museu, mas não é em Forninhos”, quer isto dizer que Forninhos não tem um museu e eu acho que um museu em Forninhos já se justificava, para guardar o máximo de peças antigas, bem como fotografias ou outros elementos que eram presença na casa dos forninhenses de antigamente.
Eu decidi-me colocar neste espaço virtual as memórias, fotografias, sobre a minha aldeia – Forninhos, e se um dia a autarquia criar um museu e publicar a prometida monografia, ou, livro sobre a memória da minha terra, posso dizer "missão cumprida".
Boa tarde, é mesmo uma pena ter que deixar para trás, o que em tempos tanto valor e prestimo foi depositado, um barril, dorna, pipa seja lá a peça que for, mas o tempo não se compadece e a evolução continua, hoje as que agora se usam são muito mais práticas e faceis de tratar, as de madeira nem toda a gente as sabe tratar, tem que se ter muito trabalho e paciência, mas é um trabalho digno de se ver e até aprender, pois essas velhas peças emprestam uma beleza sem igual a qualquer adega que se preze.
ResponderEliminarBoa tarde a todos.
ResponderEliminarE como estamos em tempo de vindimas, nunca é demais falar do manuseamento das uvas até que chegue o precioso líquido às nossas mesas, trata-se do processo químico mais antigo do mundo.
Pois é, amigo J.SEGURO. a evolução continua, e o vasilhame de madeira foi substituído, no entanto, sou de opinião que, em aldeias como a de Forninhos, podia e devia preservar-se algumas destas peças como testemunho para que as gerações vindouras possam ter uma ideia do que era esta atividade num passado ainda não muito longínquo.
SÓ A TITULO DE CURIOSIDADE:
Esta pipa em primeiro plano da 4ª foto, levava a módica quantidade de cinco mil e seiscentos litros de vinho.
Boa tarde.
ResponderEliminarPois, como esta e se calhar ainda maiores, alguns anos atrás, em Forninhos, só no armazém do Senhor Amaral, era o único sitio onde pode ver toneis de grande capacidade.
Será que ainda existem alguns? ou já foram todos destruídos!
Eram um bom exemplo para um dia recordar.