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terça-feira, 6 de setembro de 2011

A Escanada

É Setembro. Os milhos, já maduros, estão à espera da escanada. Com a escanada chega ao fim o ano agrícola. O trabalho de escanar o milho, pode dizer-se, que já foi um trabalho fácil de executar e do agrado de todos, pelo convívio e divertimento.


Geralmente a escanada era feita por um grande grupo de pessoas, à noite, aproveitando-se as grandes noites de luar. À volta de um grande monte de milho cortado, com cantigas, milho-rei (espiga preta), risos, beijos e abraços, retirava-se a espiga do milho para um balde, cesto ou canastro,


Secagem do milho

para depois secarem na lage/eira em grandes manchas amarelas esbatidas ao sol descorado de fim de estação. As canas, trambolhos, que ficavam, eram aproveitadas para servirem de alimentação ao gado.
É também agora o tempo das vindimas.

18 comentários:

  1. Aprendo com você. Um abraço, Yayá.

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  2. O milho depois de maduro era transportado para as lages e ali escanado. As famílias e vizinhos ajudavam-se mutuamente e ao som de lindas cantigas, historias e ditados passava-se o serão. Quando aparecia a comadre ( a espiga vermelha ), tinha que se dar um beijo ao pessoal. No final o dono da escanada oferecia um ciote ao pessoal que tinha tomado parte na escanada.

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  3. Obrigada Yayá pelas suas palavras.
    Há em mim um gosto e necessidade de preservar o que a vida em Forninhos me deixou presenciar e procuro a cada Post dar a conhecer a terra onde as primeiras páginas da minha vida foram escritas.
    Abraço

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  4. Não irei repetir o que já foi dito, mas posso dizer que foi bom recordar as escanadas, principalmente a alegria de encontrar uma espiga “preta”; no fim, a pequena ceia (ceiote), com aqueles pitéus, sardinha frita, bacalhau, batatas, tudo albardado, pão centeio, omoletes com cebola e salsa, etc. Era um tempo interessante e este tipo de trabalho propiciava um estreitar de amizade e confraternização, porque era um tempo em que havia alegria, convivência, camaradagem…espírito comunitário e não partidário.
    Preservo na minha memória tempos passados, tempos de grande confiança e honestidade, onde a palavra era ponto de honra e esta bastava. Nas últimas décadas tudo se alterou para pior. As coisas boas que esta terra tinha perderam-se, mas "O Novo Blog dos Forninhenses" continuará a mostrar a história que muitos não viveram…mas que podem aqui revisitar e, quem sabe, ajude a reflectir que Forninhos construímos e que Forninhos queremos continuar a construir.

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  5. È verdade que a escana do milho foi sempre um trabalho feito com muita alegria i com muita gentes .Pois es bom ver fotos que nos fas recordar os tempos passados .

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  6. Ok. muito bem, mais uma nova contribuínte.
    Em apreço, reforço as palavras da nossa colaboradora " manuela", que mesmo distante, não esqueçe as sua origens, Forninhos, tempos houve que esta, muito contribuíu, para o bem desta terra; como já se pôde verificar em fotos mais antigas. Um bem haja, pela contribuição.

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  7. Gentes, que bom seria estar entre nós, hoje, mas o tempo assim não o quis.
    Pessoas boas, é verdade; que trabalhavam com alegria, umas o quotidiano outras em tempo de férias!
    Mas vamos ao que nos trouxe, as escanadas e debulhas do milho.
    Foi, em tempos, tempos esses ainda moçoilo, que me recordo de toda a comunidade de Forninhos, trazer para junto de suas casas, as carradas de milho, e, ali, ao serão, retiravam-se as espigas de milho; espigas para o canastro, trombolho/camisas, para o outro, e era assim durante horas, os donos, amigos e vizinhos, todos ajudavam á festa da escamisada.
    Como não há uma sem três, quando o milho era em pouca quantidade, a familia dava conta do recado.

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  8. Mas, ainda assim, era com agrado que nestes serões, se juntavam todos, e com alegria se ía escanando o milho, ao som vivo e ao vivo de umas quantas canções ou cançonetas, que os nossos mais antigos entoavam.
    Com isto, bom relembrar que á espera de encontrar a tal espiga, estavam todos, os mais jovens, para assim, repousar um pouco e dar um abraço ou beijo em toda a "roda".
    No final! como já foi dito, havia sempre uma pequena lembrança.

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  9. Olá Nela,
    Sê bem-vinda a este espaço de coisas…pessoas…histórias que nós e outros tivemos o “direito” de viver na nossa terra.
    Bem-Haja por teres aceite o convite para contribuíres na promoção e divulgação de Forninhos.
    Beijo
    Paula

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  10. Boa noite.
    È bom verificar que mais um novo membro se encontra entre nós.
    Boas e outras menos boas recordações, esta Senhora terá para nos contar; o tempo o dirá, quando melhor se ambientar. Boas recordações e dizeres ela terá para contar sobre escanadas, os amigos, entre outras coisas.
    Bem hajas.

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  11. Outros tempos... e que tempos... ainda participei algumas vezes, à noite, com a minha avó Coelha na escanada do milho do Sr. Amaral, creio que era a maior. Outra lembrança que guardo, são as escanadas do Outeiro junto à casa da tia Felisbela, parece que ainda estou a ouvir as vozes da minha avó e da minha tia júlia e a acompanhar o dia-a-dia de quando eram vivas.
    Mesmo em criança ajudava a despejar os baldes/cestos de espigas, ou a segurar as sacas de serapilheira, para serem transportadas para a lage para mais tarde serem malhadas. Também ajudei estender os bincelhos e a fazer “faxos” de trambolhos, uma cana para um lado, outra para o outro. Também era um trabalho fácil.
    Como tudo era tão genuíno, chaves nas portas, ajudas nas ceifas, escanadas em conjunto, fornos comunitários, etc. etc., isto sim era uma comunidade.

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  12. Boa tarde a todos.
    A seguir às ceifas e malhas do centeio logo vinha a colheita do milho. Sempre assim foi até algumas décadas atrás, hoje, pouco centeio há, mas milho ainda há muito nas nossas aldeias, embora, já muito pouco o utilizam para fabrico do seu pão, apesar de o milho ser o cereal mais utilizado. Hoje os padeiros trazem o pão as povoações já pronto a comer.
    Quanto às escanadas, embora ainda haja bastante milho, mas aqueles grupos que se juntavam á noite em redor de um grande monte cantando e que no final saía sempre um realejo (gaita de beiços) do bolso de um dos participantes para se formar o bailarico, já pouco ou nada disso se vê, cada um escana o seu, por vezes ainda nos lameiros com as canas em pé.
    Como os tempos mudam…
    A espiga preta aparecia sempre, e, normalmente aparecia aos rapazes. Quantas vezes essa espiga ia bem escondida no bolso!

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  13. Boa tarde.
    Pois ás vezes, alguns moçoilos mais espertos, assim faziam, e quase sempre, eram os mesmos a encontrar a dita espiga, que lhes dava o "direito" de abraçar ou simplesmente dar um beijinho!

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  14. Nas escanadas da "família Albuquerque", quem mais encontrava a espiga “preta” era a minha mãe, também era ela quem mais escanava e valendo-se disso dizia-nos que se queríamos encontrar a espiga preta tínhamos de ser mais desembaraçados ("finória")...mas era mesmo assim, cada vez que aparecia uma espiga preta era uma grande alegria, mas se apareciam outras espigas, de formas diferentes, ou, com grãos de cor diferente, ficávamos contentes na mesma.
    Em menos quantidade, havia também o milho branco, com o qual faziam pão de milho branco. Mas antigamente não havia também um milho mais miúdo, chamado milho paínço?

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  15. Boa tarde, os bons velhos costumes com tempo vão acabando, antigamente todos esperavam por esses dias para poder estar em pleno convivio e confraternização, ponha-se a conversa em dia e alguns era nessas alturas que conseguiam um namorico, a espiga de cor era sempre a mais pretendida de todos se homem ou mulher (solteiros claro), belos serões, ainda me lembro de assistir a algumas escanadas (descamisada em algumas terras).

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  16. Boa tarde.
    Velhos e bons tempos, esses das escamizadas, deliciosos serões, que novos e menos novos, se regogizavam em ver onde havia uma escamisada/escanada, onde estavam as ditas solteiras, para aí aparecerem, mesmo que sendo apenas para levar um espiga de cor....
    passem bem.

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  17. Boa noite,tambem participei em algumas escanadas,mas nunca gostei muito dessa tarefa apesar de até ser desembaraçado,com o meu irmão faziamos aqueles aguços,paus com cerca de 15cm afiados na ponta,que era e ainda deve ser usado por muita gente,as escanadas eram feitas a maior parte das vezes à noite,ou à tardinha,na hora de carregar o milho no reboque,eu via logo onde estava a espigas ou as espigas pretas,e eram logo metidas de parte por mim claro,assim na hora da escanada ia logo para o lado onde elas estavam,eram sempre duas ou tres,isto quando era miudo claro,ao pé da casa do TONIO LOPES escanou-se ali muito milho,mas eu era mais forte na malha como està na foto,aquele milho foi todo malhado por mim e pela minha prima Cila,bons tempos LOLLLLL!!!

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  18. Há já bastante tempo que tinha estas fotografias, mas é engraçado, só hoje, pensei, que estas imagens podem respeitar a um dia que nunca esqueci. Lembram-se do Post “Vamos contar uma história”?
    “…Um dia, andava eu, os meus irmãos e a minha prima Cila lá para os lados da Estracada, quando passa o tio Alfredo “farrió” com o seu carro de bois e nós logo aproveitamos a boleia até ao povo. Trazia no carro, como era costume, molhos de comida para os animais e também alguns baldes de lata (baldes da tinta), embora não consiga precisar o tempo, penso que terá sido por altura das escanadas do milho..."
    (..)
    "Penso que a Cila e o meu irmão Luís eram os mais corajosos, mas éramos 4 crianças, entre os 5 e os 10/11 anos, máximo.".

    Creio que este episódio ocorreu no dia que foram tiradas estas fotografias.

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