Pelo São João ceifava-se o pão, o serôdio e o temporão. Para as ceifas era chamada muita gente, e no dia marcado as pessoas apareciam munidas de seitoura e, claro, protecção para o sol.
A seguir à ceifa era preciso acarrejar os fachos de pão, isto é, transportar os molhos de centeio para a lage, para ser debulhado. Alguns montes possuíam as próprias lages, mas muito cereal era transportado para as lages comunitárias da povoação e aí o centeio era malhado com o mangual, para soltar o grão.
A palha retirada servia para encher as enxergas, para fazer bincelhos, para baraçar as cebolas e para muita coisa mais...
Fotos: Cortesia serip413
Uma Boa Tarde a todos.
ResponderEliminarTempos houve em que após as ceifas do centeio ou Trigo, apanhando o Sol que escaldava, se malhava este cereal com o velho mangual. Retirar da palha o tão desejado grão, que iria servir mais tarde, depois de moído e para obtenção da farinha, para fazer o nosso pão de cada Dia, pão esse que diziam as pessoas, que tinha um óptimo sabor; Pois, outra coisa não se poderia esperar, já que atendendo ao esforço que se tinha para a sua feitura.
Nesta altura já existiam as máquinas para a malha deste cereal, mas como demonstram as fotos, ainda se procedia á malha manual, por alguns!
Taréfas, que se executavam sempre na hora de maior calor, pois aí, as espigas encontravam-se bem secas e ásperas, hora certa para se lhe bater com o mangual, e era ver os pequenos graos a saltar em todas as direcções.
Ésta eira ou lage, já não é o que era, já se não vê o milho,a erva, o centeio ao Sol, os tempos mudam, nada é como antes.
Obrigado.
Aquilo que antes era importante, hoje está fora de moda. Longe vão os tempos em que as ceifas eram um concerto de cantorias, que os ceifeiros e ceifeiras entoavam, enquanto com a seitoura serrilhada cortavam o máximo de espigas que podiam apertar com a mão que ficava livre e de cantoria em cantoria se alegrava o dia. Disto ainda eu me lembro bem e, como bem dizes serip, nesta altura as malhas de centeio e trigo já eram feitas com a máquina malhadeira. Em algumas lages até metiam a malhadeira ao serviço durante x semanas, mas algumas famílias ainda soltavam o tão desejado grão manualmente, com o mangual.
ResponderEliminarÉ muito bom aqui recordar homens como o tio Zé Cardoso que fizeram parte do passado e que contribuíram em parte no desenvolvimento de Forninhos. Bem-haja pelas fotos, fotografias como estas são um estímulo para que continue a querer manter viva a memória colectiva e avivar a dos mais novos e desta forma todos ficaremos mais conhecedores de quem somos.
Boa Tarde, todos estes tipos de trabalho desapareceram, já não me lembro da ultima vez que visse alguem a malhar o pão, é o reflexo da introdução das máquinas no quatidiano, hoje só para mostrar como era feito uma malha é que se faz uma pequena amostra de como era feito, quando cheguei a essa bonita terra há 25 anos vi como as pessoas tiravam o proveito dessas lages, porque na minha terra era construido uma eira com esse propósito, ainda recordo ter pegado num mangual a malhar, era um trabalho arduo para quem o tinha de fazer diariamente.
ResponderEliminarNoa tempos em que as máquinas ainda eram uma miragem, todo o trabalho era realizado à força dos braços, mas não era por isso que era menos alegre, pelo contrário era nesses dias que se juntavam todos nessa tarefa, e durante isso alguns cantavam, outros contavam as suas aventuras, eram mais unidos, com a chegada das máquinas isso foi desaparecendo, hoje um homem faz quase tudo isso sózinho.
ResponderEliminarOlá!
ResponderEliminarNão sei se diga bom dia ou boa noite.
Coma acima se mencionou, e muito bem, hoje já se pode dar a volta á nossa Aldeia, nesta época do Ano, que não se veem quaisquer malhas de centeio; tive a oportunidade de verificar que nem uma palha desse cereal vi a amadurecer, hoje já ninguém ou quase, o semeia.
Tempos houve em que se juntavam vários Homens, uns de um lado outros do outro e que pareciam um só, o bater dos manguais, todos em sintonia, e ali estavam todo santo dia; Tarefa que durava vários dias.
Claro, é, com uma boa pinga, sempre á mão.
Hoje, como diz o Seguro, um homem faz quase tudo sózinho! mas onde estão as ceáras, na nossa terra?
Prazer em contar com vocês.
Que fato interessante. Lá na fazenda de meu avô, eles contavam coisas parecidas, mas eu não me lembro o nome que eles davam.
ResponderEliminarHoje em dia, tudo mudou. Não sei se você conhece.
Aqui tem uma máquina que racha a lenha. Risos
Lá na roça, onde moram meus tios e meu pai, ainda se racha lenha com o machado.
Aqui, é só colocar a lenha e apertar um botão, ela é elétrica.
Hoje mesmo eu cortei muita lenha..kkkkkk Nem me cansei. Risos
Tenha um lindo dia.
Beijos
Muito boa tarde a todos
ResponderEliminarQue boa descrição nos faz aqui serip quando diz: juntavam-se vários homens, uns de lado outros do outro que pareciam um só.
Sim, formavam-se dois grupos, um defronte do outro, podiam ser os elementos que quisessem, só que, convinha ter alguma experiencia para que, ao levantar o mangual, não bater com o pirto na testa do companheiro do lado, normalmente ninguém queria ficar do lado direito.
Normalmente, numa malha a sério, usava-se uma cantilena, que agora não me lembro da letra, que servia de comando para movimentar o grupo, para dar ânimo e pedir vinho sempre que se achava a altura certa.
Eu sou testemunho vivo desses tempos, só que, ainda não participava porque me não queriam no grupo, adivinha-se o porquê.
“A eito…Eh para a frente pessoal”.
ResponderEliminarEra, mais ou menos isto, que o patrão dizia quando começava a ceifa. E lá começava uma cantiga…mais nos outros, que em mim, as minhas lembranças de infância também estão povoadas de imagens das ceifas e malhas e dos terrenos que produziam centeio.
Os mais velhos devem recordar-se das ceifas do tio Zé Cavaca, meu avô paterno. O meu avô era um lavrador que semeava muito centeio, principalmente nos campos dos Romeiros. Para a ceifa do meu avô eram chamados ranchos de gente. A família era grande, mas também os amigos eram muitos. Depois o meu avô pagava o “favor” com o trabalho das vacas. Era uma troca.
E à noite, no regresso a casa, contam-me as pessoas que se juntava muita gente ao pé da casa do meu avô só para ouvirem as cantorias:
Ó Senhora nossa ama
Ponha a candeia na sala
Venha ver a sua gente
Que vem da sua seara
Viva o Nosso patrão de hoje
Que em tudo é cavalheiro
No comer e no beber
Até no dar do dinheiro
Ainda nos vai bastando a memória dos mais velhos, os ranchos folclóricos e os cortejos etnográficos, para mostrar para que serve a seitoura, o mangual ou aquele outro utensílio e assim manter vivas as ceifas, as malhas na lage, as roupas, as cantigas…qualquer dia nem isso.
Boa tarde, tempos que não voltam mais, hoje estes trabalhos são feitos com maquinas, e os manguais estão expostos em exposições.
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A verdade é que já não há campos de centeio por cá, mas nem sempre foi assim, antigamente o centeio era a base de sustento das famílias forninhenses.
ResponderEliminarVê-se nestas fotografias que depois das ceifas, se acarrejava os molhos para as lages e fazia-se a malha com o mangual (em algumas lages com máquinas malhadeiras). Actualmente também as lages já nada têm a ver com as malhas, nem desempenham as tarefas de outrora, sendo o seu nome somente designação local.
Com o abandono da agricultura e com tantas “modernices” qualquer dia o homem não vai precisar de cereal para fazer pão.
Ja quase tudo foi dito como se faziam as ceifas na nossa terra. Depois de ler os comentarios nao posso deixar de dizer como se fazia na nossa casa. Combinava-se o dia, os familiares e amigos logo de manha la estavam eles com os seus chapeus de palha , as seitoiras , nao faltando o garrafao e o regador para a agua. Bebiam a agua pelo cano do regador.
ResponderEliminarMatavam o bicho com queijo, farinheira,pao, azeitonas e um calice de aguardente para quem gostava.
La iam todos para a ceifa, andavam la todo o dia e as vezes nao se acabava. As cozinheiras depois do comer estar pronto, levavam as cestas e os canastros a cabeca com as migas de alho, batatas com bacalhau, feijao com carne de porco, arroz doce e filhoses.
O garafao e a agua estavam metidos dentro de uma poca de agua para nao aquecer.
La andavam todo o dia,fazia sempre muito calor, mas sempre cantando e diziam coisas engracadas para animar a malta.
A noite cansados juntavam-se a porta do dono para comerem a ceia, entao cantavam umas quadras que a Paula ja pos algumas aqui, vao as restantes:
O senhora nossa ama
Ponha a candeia na mesa
Que a quero apagar
Com dois beijos a Francesa.
O sopeira floreira que
Que levas no teu cabaz
Levo cravos levo rosas
Para dar ao meu rapaz.
Quando fui ao corredor
Nao foi pra ver as paredes
Foi par aver os teus olhos
Que os vejo raras vezes.
As vezes a ceifa calhava no dia de Sao Joao, la estava a fogueira para a saltarem. Era assim a vida dos lavradores.Enchiam-se as arcas de centeio para termos pao todo o ano, era bastante escuro mas era o melhor para a saude.
Beijos
Natalia
Madrinha,
ResponderEliminarQue bom partilhares esta informação aqui, pois muitos haverá que não o sabiam.
Nas conversas ainda hoje vem à baila o saboroso pão de centeio que as famílias coziam e que, como bem dizes, tão bem fazia à saúde. As coisas já não são o que eram. O pão passou a ser o pão de Carapito, de Dornelas ou outro.
Por nós, aqui, tudo faremos para que as memórias vivam hoje para desta forma sentirmos melhor a nossa história comum.
Bjs/Paula
Madrinha, e quando vinham da ceifa do avô, pela estrada acima até à Lameira, com as seitouras ao ombro e cantavam TODOS:
ResponderEliminarCravo roxo em Coimbra
Rosa branca ao luar
Amanhã por esta hora
Hei-de estar a namorar
Hei-de estar a namorar
O cravo mais a rosa
Ó lua da meia-noite
Não venhas tão vagarosa
Não venhas tão vagarosa
Não venhas tão ao serão
Estes rapazes d´agora
Querem escuro e luar não
Para regar aquela rosa
Vem a água de Coimbra
Amanhã por esta hora
Já a rosa está mais linda.
Não admira que as pessoas saíssem de suas casas par ver este rancho de gente a cantar, até à casa do dono da ceifa.
Para terminar, o meu avô Cavaca era o lavrador que tinha o rolheiro maior. Seguido do tio Bartolomeu e tio Zé Carau.