Iniciamos hoje um novo espaço neste blogue dedicado às nossas cantigas populares. E para primeiro destaque escolhemos uma que antigamente se cantava assim:
Já te dei meu coração
ai coisa que eu dar não podia
Já te dei a melhor prenda
ai que no meu peito havia
Refrão:
Toma lá dá cá
Dá cá toma lá
O meu coração
Arrecada-o lá
Em 1992 existia em Forninhos um grupo de música popular, mas que rapidamente se extinguiu. Quem agora vai cantar as nossas cantigas?
Preservar as cantigas com as partituras é preservar o patrimônio da humanidade. Sugiro que deixem essas cantigas catalogadas, com as devidas partituras registradas, como sendo do cancioneiro popular, em uma biblioteca para que os musicistas do futuro possam consultar essa obra. Acompanharei as canções. Um abraço, Yayá.
ResponderEliminarCom o envelhecimento e com os fluxos migratórios verificados nas últimas décadas do século passado, Forninhos perdeu capital humano para trabalhar as terras. E, era sobretudo nos trabalhos do campo que as gentes desta terra costumavam cantar as nossas cantigas, mas hoje basta olhar para os campos que tanto produziram no passado, votados ao abandono, para entender porque se perdeu, em parte, o hábito de cantar.
ResponderEliminarForninhos teve, em tempos, ranchos folclóricos, grupo de teatro amador, grupo de música popular…que cantavam as nossas cantigas, tudo isto, numa altura em que o dinheiro não abundava. O dinheiro continua a não abundar, mas hoje este aspecto da cultura popular nem sequer está a ser explorado.
No Rancho Folclórico de Forninhos, liderado pela Sra. Olívia e Sr. José Teodósio (onde participei) cantava-se assim:
Limoeiro da calçada
Já não volta a dar limões
Já lhe cortaram as guias
As guias aos corações
Refrão
Ó ai tiroliro
Ó ai tiroló
...
Esta Rua tem pedrinhas
Esta Rua pedras tem
Eu da Rua não quer´as pedras
Da Rua quero alguém
Boa tarde a todos.
ResponderEliminarHoje algumas coisas mudaram, umas para melhor outras para pior. Eu não vou discutir isso, só sei que realmente noutros tempos qualquer coisa servia para inspiração popular. Lembro-me de, quando os de forninhos se deslocavam a Dornelas jogar a bola, o povo daqui costumava cantar com muita alegria.
No domingo, á tardinha.
No campo da lameirinha.
Pus a bola a saltitar.
Grita o povo lá de fora.
Senhor está na hora.
Dornelas está a ganhar.
Chega-lhe agora.
Fazei-lhe ver.
Os de Forninhos.
Estão a perder.
Chega-lhe agora.
Fazei-lhe ver.
Os de Forninhos.
Estão a perder.
Perdoem-me os de forninhos, mas nessa altura eu era de Dornelas.
Hoje na vertente cultural Forninhos está mesmo a perder.
ResponderEliminarPresentemente nem o futebol resistiu e os jogos de futebol, entre aldeias vizinhas, era daquelas iniciativas que provocavam um intercâmbio cultural entre as populações.
Mas nem sempre foi assim, assistiu-se em tempos a muitas tardes de glória, primeiro no Terreiro da Senhora dos Verdes e depois no Campo do Picão e até nos Recreios da escola.
A escola também tinha um papel fundamental na preservação das nossas cantigas. Dançava-se e cantava-se à roda. As cantigas tradicionais faziam sempre parte das nossas brincadeiras, como esta:
Vamos seguindo ao Norte
Caminho da nossa aldeia
Elas:
Mostrando as nossas rendas
E a nossa fininha meia
Eles:
Estão bem os nossos calções
E os nossos pés delicados
Minhas costas se maneiam
Meus olhos são invejados
Hoje, principalmente, nos centros urbanos, na escola ainda ensinam muitas cantigas populares, porque como as cantigas têm ritmo e muitas rimas, são fáceis de memorizar por parte das crianças.
Mas a nossa escola fechou e os petizes aprendem os usos e costumes de outra terra; e, os nossos, não são dados a conhecer aos mais novos. Mas se calhar também não há interesse, nem vontade para inverter esta situação.
Por vezes as cantigas populares não eram duma localidade, mas podiam ser de uma região.
ResponderEliminarSabemos que, hoje os meios de comunicação trazem-nos as canções para dentro de casa, talvez por isso, as não cantemos com aquele sentimento com que se cantavam antigamente.
As cantilenas das ceifa, das malhas, das desfolhadas e sobretudo dos bailaricos em roda em que toda a gente participava cantando e bailando, mesmo sem concertina ou realejo de que só restam algumas lembranças através dos ranchos folclóricos. E mesmo isto por quanto tempo?
O bailarico da beira.
Não tem nada que saber.
É andar cum pé no ar.
Outro no chão a bater.
Anda lá para diante.
Que eu atrás de ti não vou.
Não me manda o coração.
Amar a quem me deixou.
Esta noite lá na minha aldeia
ResponderEliminartudo dormia só eu namorava
Doba, dobadeira, doba,
Não m' erices a meada!
O novelo ainda está pequeno
inda cabe numa mão fechada
Doba, dobadeira, doba,
Não m' erices a meada!
Tu és cravo e eu sou rosa
Qual de nós valerá mais
Os cravos pelas janelas
As rosas pelos quintais.
Em Forninhos cantava-se muito esta cantiga popular, mas esta é uma cantiga regional, só que cada região a canta ao seu género.
No Minho cantam “ não m´enguices” a meada.
Na Beira cantam “não m ´erices” a meada.
A beleza simples das quadras populares levou-me a fazer este post, e embora já um pouco sem ordem, ainda temos memória das cantigas populares, mas com o passar do tempo, se não as deixarmos transcritas bem sabemos que vão desaparecer.
Olá boa noite, isto não é um calar destes cantares tradicionais das terras que aos poucos se vão despovoando e que os mais antigos vão partindo deste mundo, enquanto passava os olhos por este post, a minha mulher começou a trautear as cantigas que antigamente se cantavam, e como já anteriormente referi estes usos eram usados durante as malhas, ceifas e outras actividades em que se reunião para desempenhar uma tarefa e esse era o seu meio de distracção, hoje quando se reúnem na celebração de um baptizado ou casamento ou uma outra reunião de carácter festivo, ainda alguns se juntam e entoam algumas cantigas de antigamente, é pena porque alguns ainda mostram uma boa voz para se poder continuar a perpetuar essas cantigas, será que não há condições para se preservar este tesouro?
ResponderEliminarEntão, amigo J.SEGURO, onde estão essas cantigas que sua mulher trautiava?
ResponderEliminarOra faz favor de as transcrever aqui, que me parecem jenuinas.
ficamos á espera.
É costume dizer-se que "Quem canta seus males espanta".
ResponderEliminarAs cantigas da nossa terra, embalavam os recém-nascidos, faziam parte das brincadeiras das crianças, dos trabalhos agrícolas dos adultos, eram cantadas nas excursões, divulgadas na escola e até na Igreja, que foi também um centro dinamizador em termos de oferta cultural, mas temos de concordar que nessa altura (anos 50, 60, 70 e 80) Forninhos tinha muita gente e as pessoas é que são a verdadeira riqueza de uma terra.
Antigamente era usual os beirões deslocarem-se ao Alentejo para a ceifa, os chamados "ratinhos", onde muita gente forninhense também participou, a minha avó Coelha foi uma dessas pessoas. Inspirada nessa deslocação surgiu esta cantiga bem popular:
Ó prima vamos pa ceifa
Ó prima vamos ceifar
Foi nas ceifas que eu ganhei
Um lenço para me limpar
Um lenço para me limpar
E uma saia encarnada
Ó prima vamos pa ceifa
Que aqui não se ganha nada
Aqui não se ganha nada
Aqui não se ganha o pão
Foi nas ceifas que eu ganhei
A roda do meu baião
A roda do meu baião
É como a roda de um carro
Quando entro na cozinha
faço abanar o sobrado.
Bom dia.
ResponderEliminarPeço desculpa por só agora, aqui me encontrar, mas o tempo não dá para tudo o que gente quer.
As cantigas populares de antigamente e que toda a gente cantarolava, essas devem ser imensas, pois que noutros tempos ouvia a minha mão cantar.
Resineiro é engraçado,
é engraçado e tem mulher,
eu hei-de ir à terra dele,
quantas as vezes que quiser.
.......
Em primeiro lugar quero cumprimentar todos os que estão longe e que não esquecem esta terra, pois sei que diariamente várias pessoas naturais de Forninhos e residentes nos EUA, Alemanha, França, Suíça, Bélgica entram neste blog e partem sem nada dizer. Será porque receiam os erros de português? Têm dificuldade em se exprimirem?
ResponderEliminarPonham os olhos na Natália, que nos escreve dos EUA (Rhode Island), que nos presenteia com tão boas recordações. Pelo que, aqui vai mais uma cantiga popular, que se cantava muito nas excursões, transcrita pela Contribuidora Natália Cavaca:
Cigano lindo cigano
Cigano lindo meu bem
La vai o cigano preso
Sem roubar nada a ninguem
Sem roubar nada a ninguem
Sem roubar coisa nenhuma
Foi por achar uma corda
Na ponta tinha uma mula
Na ponta tinha uma mula
E a mula puxava o trem
La vai o cigano preso
Sem roubar nada a ninguem.
Olá, boa tarde, mais uma vez.
ResponderEliminarè verdade auap, tabém penso como tu, e tenho a certeza que muitos dos nosso emigrantes veem o Blog com orgulho de serem Forninhenses, mas depois querem escrever, mas como já não estão habituados á escrta portuguesa, abstém-se se coment.
È pena, pois que todos reconhecemos, que para alguns já não é facil escrever....nem para mim...
Mas cá vou indo!
Bem, um até mais ver.