A Côngra, para quem não saiba ou já se não lembre, acabou de me dizer o Google, é 1) tradição cristã paroquial e dever moral e religioso do crente contribuir financeiramente para a honesta e digna sustentação do seu pároco; 2) o que os habitantes de uma freguesia pagam ao pároco para sua sustentação; 3) pensão que os párocos recebiam pelo seu sustento.
O assunto «côngra» (a palavra correcta é côngrua), significa hoje, acho eu, a contribuição anual, em dinheiro, que cada família (não só forninhense) paga para garantir a sustentabilidade da Igreja. Mas o pagamento da côngra, ao que parece, na altura que não havia moeda, era paga em géneros, então as pessoas pagavam em alqueires de centeio a sustentação do seu pároco. Era estipulado quantas medidas de alqueires cada família pagava, consoante o número de pessoas, para garantir o serviço religioso. Se a côngra não estivesse em dia, havia sanções. Em Forninhos, que eu saiba, o padre só se recusava «tirar o folar» na Páscoa, mas havia párocos que recusavam baptizar, casar, enterrar, caso a côngrua estivesse em dívida. Mas é bem que se diga que também houve em Forninhos casos/ou/casas em que por se tratar de casais «amantizados», além de não entrar Cristo na Cruz, o Sacerdote recusava baptizar e até dar a comunhão...
Agora quero também falar de outra contribuição, digo, generosidade das pessoas. O «tirar do folar» a que chamam agora «visita pascal».
O folar era/é tirado na Páscoa. Hoje é uma recolha de dinheiro, i.é, é «tirado» um envelope com euros dentro. Mas dantes era também uma recolha de géneros alimentares, como: ovos, queijo, pão-trigo, bolo de azeite e outras coisas mais, feita pelo pároco e seus colaboradores.
Além do folar e da côngrua, o padre em Forninhos tinha direito a casa (casa paroquial e que está hoje ao abandono, diga-se) e muito terreno para cultivo.
Feliz Dia para você. Tive um conhecido parente de religiosos e ele confidenciou que os religiosos recebem uma espécie de soldo mensal, moradia e vivem dentro da austeridade, vivendo pela sua paróquia ou comunidade, praticando a caridade dentro da escolha que fizeram. de acordo com a sua vocação. Um abraço, Yayá. Ps. Muito grata pela sua visita ao blog.
ResponderEliminarAqui, Yayá, muitos padres não trabalham só dentro da Igreja. Recebem um ordenado por determinado serviço religioso que prestam e que é pago pelos habitantes e ainda recebem outro vencimento pela prestação de outro serviço, por exemplo, numa escola/liceu. Mas não digo que não haja padres a praticar a caridade, digo antes que deve haver poucos.
EliminarIsso de dinheiro acontece ainda hoje. Acho que no interiro, na colônia, talvez haja a troca por colheitas, mas não acredito. Os padres estão "vivaldinos" demais,rs
ResponderEliminarQuerem a grana! beijos,chica
Na minha infância fui várias vezes com o Sr. Padre Valdemiro tirar o "FOLAR" sempre no Domingo de Páscoa; de manhã íamos aos Valagotes e ao "Mineiro"; depois almoçávamos na casa paroquial, uma bela refeição feita pela Srª Cecília; pelas l4h30 começava na povoação de Forninhos, terminando perto da meia-noite em casa do Sr. José Bernardo, pois a visita demorava muito tempo nas casas mais abastadas...Srs.Luisinho, Amaral, José Bernardo, etc.
ResponderEliminarQuem não tinha pago a congrua, normalmente não recebia a visita, o que me revoltava,pois algumas pessoas eram muito pobres. Antes da visita o padre combinava o que deveriam tirar em cada casa; o queijo era o alvo preferencial, pois era de fácil venda, mas deveria ser tirado apenas nas casas que o fabricassem. Na segunda-feira o Folar era realizado em Dornelas, pois nesse tempo o padre tinha apenas essas duas freguesias. Como os tempos mudaram. Aproveito para desejar a todos uma Boa Páscoa.
De facto era muito injusto e até desumano o padre na Páscoa recusar levar Cristo na Cruz ao lares mais pobres, por falta de pagamento da côngrua, pois se na altura as pessoas não tinham sequer 5 ou 10 tostões para pagar ao barbeiro o corte de cabelo ou a barba, como é que podiam contribuir financeiramente para o sustento do pároco?
ResponderEliminarPior: cada família, consoante o número de pessoas, pagava 1, 2, 3 ou mais alqueires (caso do Sr. Amaral e outros mais abastados) para sustento do padre. É sabido que nessa época algumas famílias forninhenses tinham de pagar pelo arrendamento das terras de cultivo uma renda pré-estabelecida, que costumava ser em alqueires e muitas vezes o que se tirava das terras não chegava, ainda assim a Igreja enchia a arca e essas famílias (numerosas) ficavam com menos pão!
E concluo, que nesse tempo, quem afinal era generoso eram os habitantes da freguesia e não a Igreja e digo isto porque afinal o padre só prestava um serviço religioso, caso estivesse paga a côngrua! Além de que, o padre não devia recusar tal serviço, pois se já tinha ao seu inteiro dispôr a casa paroquial e ainda muito terreno para cultivo de tudo, que creio devia na altura garantir bem o seu modo de vida.
Excelente post!
ResponderEliminarQuer no conteúdo, quer nos comentários.
Era básicamente o tempo do feudalismo, aonde, ao contrário dos ensinamentos da Igreja e o que nos ensinavam na catequese, o pobre devia continuar pobre, para haver subalternos que se curvassem e dignificassem os ricos.
Hoje, 15.30 horas, inicia-se na Capela Cistina, a primeira votação para eleger o novo Sumo Pontífice.
Que venha iluminado, sem Multibanco para pagarmos os nossos pecados.
Como aqui se referiu, a falta , ou incorreção da fé, já se pode pagar em Euros.
Pelo menos, já não se abarbatam com o melhor queijo da casa e o melhor folar.
Jõao Albuquerque,
Também eu tive o "privilégio" de tirar o Folar, com um padre, Não Valdemiro (que me batizou), mas padre Virgílio (Grilo).
Foi a primeira vez na minha vida que vi opulência e as diferenças de classe.
Almoçamos em casa do Sr. Amaral.
Devia ter entrado no Seminário de Gouveia na altura e andava com o padre e tocava a campainha.
Fiquei atrapalhado com tanto copo de tamanhos diferentes, tantos garfos e facas. Tanto guardanapo. As mãos transpiravam, mas o padre sorria... habituado que estava a encher a barriga dos nossos pais da fé que nos alimenta.
Aprendi depressa, que os ricos e os armados em tal, fossem comendo e acertei o passo.
Foi talvez a Páscoa mais marcante e dolorosa da minha vida.
Ou talvez não!
Em miúdo, um Sr. chamado Samuel Cavaca, que muito estimo, ofereceu-me um cachorrinho. Tinha eu 7 anos!
No sábado enfeitamos o páteo com rosmaninho, para receber no dia de Páscoa, a visita do Senhor.
Só que nessa noite, disse-me o Tio Esmael, dois lobos vieram e levaram-me o cachorro.
Era dia de Páscoa.
Obrigado por aturarem os meus devaneios e Feliz Páscoa a todos.
Los Privilegios de la Iglesia eran excesivos en épocas más antiguas, atendiendo a las necesidades y penurias que pasaba el Pueblo llano.
ResponderEliminarAbrazos.
Tempos em que apenas tinhamos olhas para a fé.
ResponderEliminarSem ver os podres que a igreja escondia, na sua ganância de usurpação.
Mas era bonito, ouvir a campainha tocar e de repente aparecia o sacristão, o padre e os homens do cesto, beijava-se a Cruz e cá fora no páteo, cheirava a salpório e rosmaninho.
O sacristão, muito vermelho, trazia atrás da orelha, um ramo de alecrim, parece que estou a vê-lo...
O "tirar do folar" faz parte da tradição, da Páscoa e de Forninhos, e penso que todos sabemos no que consiste. Mas pergunto: Já a sua origem é de simples explicação?
ResponderEliminarE a história da "côngra/côngrua", que acompanha a vida toda dos forninhenses. Será que todos sabiam o porquê e a definição?
Pode ser que através do projecto "Forninhos terra dos nossos avós" fiquemos a saber mais sobre as tradições deste lugar de Forninhos que, quanto mim, tem muito por "esmiuçar".
cpts.
Vai-se indagando.
ResponderEliminarFalamos de coisas seculares, dos avós dos nossos avós, em que até o simples tocar da hóstia, no céu da boca, era pecado.
A Congrã era uma obrigação, para o pobre e para o rico.
Os pecados não eram redimidos pela via espiritual, mas sim de modo material.
Haveria, em súmula, assim tantos pecados?
Talvez a dureza do trabalho árduo do dia-a dia, já em si bastasse para a penitência.
Chegada a Páscoa, a melhor toalha estava na mesa, o melhor vinho, o melhor que a casa tinha, era exposto.
Por vezes estas oferendas, nem sequer eram tocadas.
E o agricultor, ficava sentido, mas tinha cumprido a sua obrigação, já tinham levado o queijo e o bolo de azeite.
Para onde não sei.
Se o Sr. padre fosse visionista, teria arranjado um dia de "arrematações", sem pagar e, aí alguém teria um dia mais saboroso!
Coisas minhas...
Mas a Páscoa, sempre marcou o tempo de mudança, seguido o Natal e o beijar os pés frios do Menino, da penitência e frio da Quaresma, eis que os corações aquecem, não no beijo do Menino, mas na Cruz da sua Ressureição.
E vem junto com a primavera, os cheiros do alecrim, a beleza das camélias, o chilrrar das andorinhas, e meu Deus, a beleza das orgueiras, as primeiras púticas, o explendor das mimosas.
A sobremesa das amêndoas.
Todos tinhamos padrinhos e madrinhas.
Tive eu o privilégio de um vizinho, já velhinho, que sem ser meu padrinho, era sagrado na Páscoa, dar-me um pacote de amêndoas.
Daí a minha homenagem a esse SENHOR nesta Páscoa.
Chamava-se Zé Carau e continua no meu coração.
XicoAlmeida
A côngrua era uma obrigação mesmo, sobretudo não era voluntária, porque era estipulado quantas medidas (ou um montante) cada família pagava.
ResponderEliminarHoje é diferente, em Forninhos, o pagamento já é voluntário, mas há padres que sugerem o pagamento de 1 dia de salário.
Mas acerca dos "pecados" serem redimidos por via material havia outros pagamentos. O pagamento da "bula".
Segundo as leis da Igreja Católica não se "pode" comer carne às sextas-feiras, mas quem pagasse a "bula" já podia comer, tirando as sexta-feiras da quaresma.
Quanto ao "tirar o folar", os padres hoje chamam-lhe antes "visita pascal", pois bem sabem que se tiram alguma coisa não é "o folar". Quem quiser inserir na "net" a palavra verá que folar significa:
"Bolo ou pão cozido, cujos ingredientes variam de região para região."
"Bolo ou presente que os padrinhos dão aos afilhados ou os paroquianos ao pároco, pela Páscoa."
"Direito paroquial de receber esse bolo ou esse presente."
Boa tarde, ainda bem que esses usos acabaram, pelo menos agora o modo de ofertar seja diferente, como sempre a IGREJA caminha ao lados dos mais fortes, esquecendo que são os menos favorecidos que enchem as igrejas e que dela trata, era uma autentica maneira de assaltar os mais pobres, ou "pagavas" ou deixavas de ser cristão, deixando de ter todos os paramentos que a igreja pode oferecer ao seu rebanho, será que por pagar já posso pecar comendo carne? a quem é que o padre paga para comer carne nesses dias?
ResponderEliminarÉ a velha história "FAZ O QUE TE DIGO, MAS NÃO FAÇAS O QUE EU FAÇO", por isso tenho o respeitado essas datas, mas se comer carne é por esquecimento, mas não é por isso que não me sinto pecar.
É parecido com uma coisa de que não atrevo a falar neste caso escrever.
Uma boa e Santa Páscoa a todos os amigos e colaboradores deste Blog, não esquecendo os FORNINHENSES.
ResponderEliminarOlha João, o meu desejo, é que o novo Papa, que mostrou ser uma pessoa humilde e simples, transfigure a Igreja.
ResponderEliminarMas, no caso de Forninhos, duma coisa tenho a certeza: as pessoas que assistem às assembleias de Domingo têm mais medo, do que coragem e fé! Aceitam a sustentabilidade do pároco, porque se assim não fôr, ficam sem qualquer serviço religioso. Mas acho bem que o padre tenha um ordenado. Não acho justo é o que se paga extra-ordenado.
Por que é que se paga um ordenado ao padre e temos ainda de pagar-lhe pela realização de uma procissão à Sr.ª dos Verdes?
E abstenho-me de falar do pagamento de outros serviços religiosos e das ligações com o poder local, porque não quero alimentar polémicas...
O problema da Igreja está na própria Igreja, que somos todos nós. Nós somos tão Igreja como o é um padre! Por isso, é necessário recusarmos o autoritarismo do padre ou do bispo, e isso, só será ultrapassado com uma reforma profunda e mudança de mentalidades. Acho eu.
Côngrua – sustento da família paroquial.
ResponderEliminarForninhos sempre teve casa paroquial, a que se dava o nome de “a residência”, constituída por um passal, onde se cultivava de tudo um pouco para sustento da família paroquial. E a côngrua foi instituída, como base principal de sustento do Clero.
Quando vivi em casa dos meus pais, sei que pagavam a côngrua em alqueires (ou medidas). A Comissão Fabriqueira da Igreja atribuía uma determinada quantia a cada família ou lar e era, mais alta, ou, mais baixa, conforme as posses e bens que cada família aparentava possuir, daí vinha muitas vezes o descontentamento e discórdia quando as avaliações eram injustas.
Era paga durante a quaresma e, tal como diz a Paula, o valor que era calculado em alqueires, hoje, no Século XXI, porém é paga em dinheiro vivo e os párocos das freguesias normalmente dão aulas e auferem vencimentos para lá das práticas religiosas. Um pároco deve ter um ordenado digno e não viver apenas à custa dos seus paroquianos, como em tempos passados, em que o pároco da minha geração, Senhor Padre Albano, que o conheci a deslocar-se de bicicleta de Forninhos a Dornelas para as celebrações.
Também como diz o meu primo João, havia um rigor em Forninhos para quem não pagasse a côngrua – era excluído da visita pascal – e aqui não podia deixar de me referir a um caso triste e real, em que a família de Eduardo Craveiro e Guilhermina Pêgo, que por desacordo não pagaram a côngrua e, por isso, foi privada da visita. Tinham dois filhos, Marcília e Lúcio, e nessa noite a filha Marcília faleceu. O povo de Forninhos ficou chocado e tanto o povo como o Eduardo Craveiro tomaram o facto como castigo. O Eduardo Craveiro consternado caiu em si, pediu desculpa ao pároco de então e acabou por pagar a côngrua.
A Marcília era minha afilhada do crisma, tinha-lhe dado as amêndoas na véspera e nunca me posso esquecer da forma como tudo isto na altura aconteceu.
Continuação de uma Santa Quaresma e que o dinheiro chegue não só para a côngrua, mas também para as amêndoas e folar dos afilhados.
Margarida Albuquerque
Adoro ler vc.
ResponderEliminarBjs, querida.
Com este meio de comunicação ao dispôr, é possível divulgar além fronteiras, a nossa história, património, cultura ou tradições e a nossa Gente. E é isso que tenho procurado fazer, Rose, escrevendo da forma como melhor sei e tendo sempre presente a gente boa que conheci na terra onde nasci e cresci e lembrando as muitas coisas boas que por lá vivi. É aqui que eu recordo os meus tempos de infância e quando escrevo sobre o passado é que noto, cada vez mais, que retrato um povo que já não existe!
ResponderEliminarÀ minha tia Margarida Albuquerque, só lhe quero dar os meus parabéns por mais um excelente comentário. Fica aqui uma história relacionada com o tema deste post, que eu não conhecia, mas que é bom ficar a conhecer, pois faz parte do passado de Forninhos, um passado que não está assim tão distante!
Se o leitor tiver alguma outra, partilhe-a, se faz favor. Não custa nada!
Paula,
ResponderEliminarOs comentários são o complemento de um post. E, nesse caso, como enriqueceu o assunto. Não costumo ler todos os comentários nos outros blogs, mas aqui, eu gosto de ler para aprender mais sobre o seu povo.
Eu desconhecia esse tipo de procedimento, e aprendi muito aqui.
Obrigada pelo seu lindo comentário lá no blog. Como escrevi acima, eles enriquecem o tema.
Um lindo final de semana! Abraços
Como você mesma disse, os comentários são o complemento de um post e enriquecem o assunto, por isso no final do post temos o espaço aberto a diálogos relacionados com os temas e quem nos vai trazendo "memórias" e partilha informação, é porque sabe que o novo blog nasceu para divulgar e manter viva a memória desta terra e suas gentes.
ResponderEliminarA colaboração, activa/ou/passiva, cabe a todos nós filhos e amigos de Forninhos!
Obrigada Lucinha pela presença assídua e bom fs.
No meu tempo, havia mais alegria e prazer no Domingo de Ramos, do que própriamente no Dia de Páscoa.
ResponderEliminarEram os ramos engalanados com flores, fruta e rebuçados, um autêntico concurso que enchia a criançada de ansiedade e alegria.
E muito orgulho,quer para os pais, avós e padrinhos.
Na páscoa era diferente, a alegria da Ressureição, no enfeitar das ruas e páteos e o beijar da Cruz.
Ouvia-se " a paz reine nesta casa..." e ficava-se na ansiedade de ver o que neste anos seria "arrebanhado" da mesa.
Quase sempre o que de melhor tinha e que na venda mais lucro produzia.
Tempos de autêntica manipulação em que para se ter fé e não ter medo da justiça divina, tinha de se pagar.
E bem, face à pobreza da maioria das pessoas.
Plenamente de acordo que os padres tenham dignidade de vida, não obstante terem abraçado um caminho de pobreza, sacrífico em prol dos mais necessitados, mas...
O que acontecia e ainda vai acontecendo, é que o mais pobre, cada dia mais pobre, paga ao estado, á Igreja, a tudo e a todos e o padre recebe de tudo e de todos.
Esquecem os votos que assumiram.
E assim se vai perdendo a fé!
Já Aquilino Ribeiro dizia:
ResponderEliminar"O dia de Páscoa era uma malhada para os padres.
Chegavam a criar-lhes mofo nas arcas os pães-de-ló".
E no seu livro "Teras do Demo", espreitando o jantar dos padres e acólitos depois da canseira da visita pascal:
"Comiam-lhe à tripa forra carniça refogada, cozida, assada, de porco, de vaca, de chibato, carniça para todos os paladares. O arroz estava de se trocar por um prato dele a imortalidade, o cabrito, rechinado no espeto e picadinho de sal, até fazia cócegas no céu da boca."
E eu pergunto, então os outros, os que os mananciavam através da dura labuta dos campos?
Pobres coitados!
Afinal nada mudou, já se paga com envelopes, mas qualquer dia, à semelhança das multas de trânsito, ainda veremos em vez do homem do cesto, o homem do multibanco.
Queres dizer, em vez do homem que leva o saco (ou mala) para recolher os envelopes... pois os homens dos cestos que recolhiam os bolos de azeite, os queijos, os ovos, os pão de ló ou pão leve já passaram à história.
ResponderEliminarÉ certo que a visita pascal ainda é o momento alto da Quadra da Páscoa, mas o “tirar o folar” perdeu todo o encanto há muito...
Sabes que em Forninhos acontece muitas vezes, em vez de ir o padre vai um seminarista "tirar o folar"? Acho que antigamente isto não acontecia, mas agora vale tudo...
Um padre ainda tem muita influência na vida de uma paróquia como Forninhos, é quem baptiza, perdoa, abençoa o amor, acompanha os defuntos à última morada, celebra a santa missa por vivos e defuntos...mas veja-se o que são hoje as confissões, a bênção dos ramos; a celebração da missa da Ceia do Senhor na Quinta-Feira Santa e o dia seguinte da Paixão do Senhor (Sexta-Feira Santa); e o Sábado da Aleluia? Chegou-se, pasme-se, ao cúmulo do padre não celebrar na nossa paróquia a Vigília Pascal e os paroquianos aceitarem!
O Estado quer acabar com muita coisa, por razões económicas, mas e a Igreja ?
Bom dia Paula,
EliminarApreciei o teu comentário e de facto não sabia que havia seminaristas a "tirar o folar".
Outra coisa que não sabia era que também celebram a santa missa pelos vivos.
Sendo verdade, vou encomendar algumas que bem preciso.
Se calhar também não sabes que para sustento do Clero, estabeleciam-se pensões que os párocos recebiam pelo seu sustento e uma porção de terreno à volta da igreja, uns tantos passos, geralmente 70, a que se dava o nome de "passales". Deve estar aqui a origem do topónimo "Passal". Depois havia terras pertencentes à igreja e não aos clérigos, que ficavam mais longe do que os "passales", i.é., mais distantes da igreja.
ResponderEliminarPresentemente não sei como é...
O que sei é que numa parcela de terreno da igreja, entre a Casa Mortuária e a Casa Paroquial (hoje ao abandono), foi construído o Centro Social e Paroquial (Centro de Dia para idosos, julgo eu). Mas ainda sobra um grande espaço de terreno.
Ao certo poucos sabem responder se o terreno ainda pertence à Igreja ou ao Centro de Dia. Muito provavelmente já não é da igreja e o que se concluiu é que o povo comum é o último a saber.
Este teu comentario, deixa-me confuso.
ResponderEliminarO sustento do Clero, de uma forma ou outra, sempre esteve salvaguardado.
Quanto ao património imobiliário, rústico ou urbano, pertença da Igreja, é que gostaria de ser esclarecido.
A casa paroquial e os terrenos envolventes continuam sua pertença?
A responsabilidade do abandono é imputada a quem?
Quem for responsável, terá algum projecto de recuperação ou alienação?
Eu, pessoalmente presumo que tudo seja pertença da Igreja e muita gente o saberá, mas eu apenas presumo, não sei e nada me admira.
Já agora, de que forma o Centro tomou posse do terreno para a sua construção?
Houve contrapartidas para a Igreja, já que são entidades diferentes?
Tudo isso tem de estar documentado, não sei é na posse de quem.
Também já nada me espanta, com tanta coisa desaparecida e a Igreja cada vez mais depilada...
Óbviamente que queria dizer "com a Igreja cada vez mais delapidada".
ResponderEliminarDesculpem o lapso.
Mas vendo bem, até faz certo sentido, pois depilar, fazer a depilação, é o que lhe tem acontecido.
Têm-lhe levado o couro e o cabelo!