Já aqui escrevi que há mais ou menos 60 anos para trás, na alimentação
do dia a dia dos habitantes das nossas aldeias da Beira predominavam os
produtos cultivados e colhidos nas hortas, salientando-se entre eles o feijão: branco, vermelho, manteiga e o catarino, que se cultiva em maior quantidade. Mas
hoje, Quarta-Feira de Cinzas, início da quaresma, sugiro aos consumidores de feijão, um prato de chícharros ou tchícharos, que é um feijão miúdo, redondo e de cor amarelada, que julgo ser diferente do feijão-frade que aparece no mercado.
Depois de cozidos e escoados, devem os chícharos ser temperados, mas ainda na panela, com
alho, cebola picada, vinagre, de preferência tinto, azeite e
um pouco de salsa. Podem ser acompanhados com bacalhau assado na brasa, sardinha frita da pequenina ou carapau. Hoje é mais comum juntar-lhe atum e ovo cozido.
Fazia-se também, no tempo da minha meninice, sopa de chícharos, que para mim tinha naquela altura melhor sabor que um prato de chícharos cozidos, mas quase de certeza que hoje já ninguém faz sopa de chícharos (digo eu).
Eu gosto de sopa de feijão com macarrão, no inverno. Chícharos eu não conheço, é pena. Um abraço, Yayá.
ResponderEliminarQue delicioso deve ficar isso. Lembro de algo parecido na cada de minha avó!
ResponderEliminarbeijos,tudo de bom,chica
Os meus amigos e amigas decerto vao me desculpar, mas e producto que se se acaba-se com a semente, nao lhe ia sentir a falta!
ResponderEliminarSao poucas coisas as de que nao gosto, mas "chicharros" e uma delas!
Um abraco e boa quaresma.
Os chícharos acho que sempre foram tidos como os mal amados!
ResponderEliminarTambém me lembro não apreciar este feijão miúdo, por isso digo que a sopa sabia-me melhor do que um prato de chícharos cozidos, mas hoje até como alguns pratos com feijão-frade. Há também mais opções para os confeccionar.
Já agora digo-vos que a semente da imagem trouxe-a de Forninhos e já vem de gerações longínquas.
Boa quaresma e comam agora mais pratos de peixe e menos de carne ;)
O chicharo, é um legume seco, muito apreciado pelas gentes das aldeias serranas das beiras e acredita-se que a sua cultura tenha sido introduzida pelos árabes.
ResponderEliminarSem necessidade de grandes cuidados, nem terra com muito amanho, enfrenta a seca, como o beirão resiste à árdua vida do campo.
Há quem o compare com o feijão-frade, porém difere no paladar, suave e aveludado.
É um alimento rico em proteínas, hidratos de carbono e sais minerais.
Antigamente era servido como forragem aos animais, pelos agricultores mais abastados.
Para os mais pobres, constituia a base da sua dieta alimentar.
A sua cultura, com a melhoria das condiçõesde vida, foi caindo em desuso, apesar de nalgumas localidades ainda se fazer a festa do chicharo.
Acompanha com quase todos os alimentos, mas pessoalmente gosto mais que seja com entrecosto ou petinga.
Bom almoço de chicharrada!
Sempre então é verdade que os "nossos" chícharos são diferentes do feijão-frade que aparece no mercado!
EliminarA sua cultura foi caindo em desuso porque na verdade hoje há mais opções culinárias e o chícharo é e foi sempre considerado comer dos pobres ou, então, de gente sovina. Sim, sovinas, porque eu conheço, pelo menos, uma casa em Forninhos, cuja família de classe média comia bastante chícharro e feijão só com couves; e, se às vezes tinham um pedaço de carne a acompanhar, era carne gorda!
Achas, Xico, que os terrenos de Forninhos produziam bem este leguminoso?
Respondendo à tua pergunta, penso que o chicharo se produzia extremamente bem lá em Forninhos.
EliminarO agricultor escolhia aqueles terrenos mais àridos e menos produtivos, porque os melhores eram para cultivos mais dignos.
"Este", o chicharo era conhecido pelo mal amado e era "desprezado", pois não necessitava básicamente de ser tratado.
Era quase selvagem.
Não era semeado em grandes porções de terrenos, dada a sua conotação com comida de pobre e o pobre nem terreno tinha...
Hoje aqui em Lisboa, bons restaurantes, servem como entrada, salada de chicharos!
Quanto aos sovinas, é como as silvas, crescem por todo o lado.
Eu pessoalmente também adoro feijão com couves migadas.
Mas, não pode faltar o entrecosto, a bela chouriça, um bocadinho de carne do focinho do reco, ou seja, a bela xixa.
Em miúdo não era grande apreciador de chicharos, e agora que penso nisso, chego á conclusão que era derivado à trabalheira, quase um castigo para os apanhar.
ResponderEliminarEra sair da escola, e cima da mesa de casa, lá estava o "maldito" recado, escrito pela minha mãe, num pedaço de papel: "come alguma coisita e vem ter a Valongo ou Estrecada, para apanharmos uma velga de chicharos."
Odiava aquela plantinha rasteira, que nos fazia andar curvados, quase cara no chão e a casca picava os dedos todos.
Sabia melhor ir aos figos...
Hoje em dia gosto muito.
Se calhar porque já não tenho de os apanhar|
Fiquei tão "ougado", com os chicharos, que agora me lembro que é o Dia dos Namorados.
ResponderEliminarAproveite, quem puder da melhor forma, divirtam-se e sejam felizes.
Mas atenção, estamos na quaresma...
Quando estavam maduros, havia que os ir apanhar e depois arrepenar, que era um trabalho ainda mais ruinzinho.
ResponderEliminarEu só gostava de apanhar as vagens (baijinhas) do outro feijão.
Paula, tens toda a razão.
ResponderEliminara gente trazia-os para o páteo de casa debaixo de uma latada que existia e à sombra, arrepenavam-se. Picava a valer!
Olhem que aí, nesse belo petisco, não se ouvia a expressão: "estás tão contente que nem te cabe um chicharo no rabo..."
Nunca ouvi falar desses. Será o feijão-miúdo, aqui usado para fazer bolinhos!?
ResponderEliminarTalvez, porque deste feijão pequeno há algumas sobremesas, como: pudim e queijadas de chícharos.
EliminarEu adoro os pasteis de feijão branco.
Aí no Brasil, penso que é chamado de feijão frade e não chicharo, porque apesar de idênticos, diferem na cor( embora ambos de cor clara) e no paladar; o do chicharo ser mais suave e aveludada, como já aqui disse.
ResponderEliminarA sua produção concentra-se mais no Nordeste, mas apesar dissso, segundo consta, não é fácil de encontrar à venda.
De qualquer forma vocês têm uma coisa que adoro:
O feijão preto, naquela bela feijoada à brasileira, com as carnes fumadas...
Se quiser um dia envio-lhe algumas sementes de chicharos.
So mais um pequeno apontamento acerca dos chicharros, era costume a quem tinha pouca terra para semear, para os meus lados, semearem os chicharros juntamente com o milho, faziam a apanha deste primeiro e, depois apanhavam mais tarde os chicharros!
ResponderEliminarEmbora tivesse saido com 9 anos da minha aldeia, ainda ajudei a minha avo a apanhar esta leguminosa!
Mas gostar por gostar, ainda gostava mais de os apanhar, do que de os comer!!!
Em Forninhos, tenho memória que também não havia campos de chícharos e o costume era semeá-los no meio do milho. E, por incrível que possa parecer, a 1.ª vez que vi campos de chícharros foi numa caminhada na natureza intitulada “Por trilhos da Cortiçada”, salvo erro a 22 de Agosto de 2010.
ResponderEliminarGostar de os apanhar e arrepenar, nem por isso, mas quando havia que tirar-lhes o lixo que vinha junto, até gostava mais que comê-los! Aliás, naquela altura, acho que gostava era da sopa de chícharos e quase de certeza que era pela a sua cor e não sabor!
Como diz o Xico, quando era pequena também não era apreciadora de chicharros nem de feijão, agora até gosto bastante de comer tanto chicharros como feijão, penso que não gostava deles porque antigamente eram praticamente comidos todos os dias com couves, como também não gosto de couves devia ser por isso que não gostava de os comer. Lembro-me de ficar a tomar conta da panela de ferro com três pernas que ficava no lume para cozer os feijões, ou chicharros quando os meus pais iam trabalhar para o campo, de vez em quando tinha que acrescentar água na panela para ficarem bem cozidos, por vezes ficavam encruados e a minha mãe ficava zangada comigo porque não tinha tomado bem conta deles.
ResponderEliminarAs panelas de ferro de 3 pernas, onde se coziam normalmente os feijões e as batatas, quase já passaram há história. O mais provável é que hoje todas as donas de casa cozam o feijão ou chícharos na panela de pressão.
EliminarAs lareiras também já são outras, com outros estilos e outro material.
Gostei de "ouvir" essa expressão: “por vezes ficavam encruados”, pois tomar conta dos feijões e deixá-los encruados tocou-me a mim algumas vezes também,no tempo que eu era criança em Forninhos.
Parabéns Paula, pela forma e o jeito com que te sabes reportar às circunstâncias das épocas, como esta no início da quaresma, de trazeres ao blog dos forninhenses um prato de chícharos, comida simples e nada gulosa.
ResponderEliminarOs chícharos como diz o Xico, para além de outros atributos dão-nos realmente a proteína vegetal e os hidratos de carbono.
São criados em terra de sequeiro e no tempo da minha criação, apanhei e comi o meu quinhão. São de cozedura rápida e a forma como eu mais gosto de os comer é depois de cozidos e escoados, temperados de azeite, vinagre, alho picado e basta terminar com um picadinho de ovos cozidos e salsa e azeitonas. O que eu nunca gostei, nem gosto, é do caldo de chícharos.
Comam chícharos de vez em quando que tal como o feijão fazem parte de uma boa dieta alimentar.
Margarida Albuquerque.
Bem-haja tia Guida.
ResponderEliminarEm tempo de austeridade para o povo português; num país em que 20% passam fome, se calhar felizes daqueles que têm feijão e chícharos para cozer e comer!
Mas não foi por causa da austeridade que postei os chícharos de Forninhos, fi-lo porque não só não é uma comida cara, pelo menos, para os habitantes das aldeias; e porque depois dos excessos do entrudo, achei que o jejum e a esmola, que foram caminhos trilhados pelos nossos avós, devem ser por nós também trilhados neste ano dedicado à Fé. Mas cada um sabe de si!
Também acrescentou as azeitonas, nos meus tempos de criança havia sempre uma malga de azeitonas na mesa, que quanto a mim é um conduto que acompanha bem com pratos à base de bacalhau, atum, sardinhas albardadas, etc..
De notar, que nesta época de penitências havia lavradores que comiam batatas albardadas só com azeitonas ou só pão com azeitonas!
Curiosamente no Natal, que tive a feliciadde de passar em Forninhos, a minha mãe deu me "um tudo nada" de chicharros.
ResponderEliminarMeti na despensa e andava com preguiça de "tratar" deles.
Este Post acordou-me a preguiça e no Domingo passado, fui-me a eles.
Tinha o meu filhote comigo e fui mentalizando o seu espírito para o que iria ser o nosso almoço.
Nariz torcido, por que não gosta nem um pouco de feijão,
Lá lhe ia dizendo que era diferente, mais pequenos, outro gosto...
Deixei-os de água no sábado, cozio-os no domingo, cozem rápido,
e apresentei-lhe apenas com atum e ovo e regados a zeite.
Os meus iguais, mas com cebola,salsa e vinagre.
Eu olhava, na expectativa da primeira garfada, quase em pãnico (queres ver que vou ter de lhe fazer outra coisa).
Primeira garfada, silêncio, segunda Idem, terceira, pede à avó para mandar mais...
Ainda repetiu!
Claro que fiquei babado...
XicoAlmeida
Boa noite, chicharos não é que uma das muitas variedades de feijão, muito próximo do feijão frade, são quase a cópia um do outro, até na forma em que cozinhamos, pode ser que um dia também chegue o seu reinado na mesa do abastado, como aconteceu com a sardinha.
ResponderEliminarRealmente não há grandes diferenças, mas acho que para nós é bom sabermos que os chícharos de Forninhos, de cor amarelada, são diferentes dos que habitualmente se encontram no mercado, embora também haja em Forninhos o chícharo branco com a manchinha preta!
ResponderEliminarUns gostam mais dos brancos, outros gostam mais dos amarelados e muitos não gostam de nenhuns, pois é normal não gostar todos das mesmas coisas!
ResponderEliminarNa minha zona há vários e ,como tal Há aqueles que a Paula descreve e que são óptimos ! Ainda há 8 dias comi...
Bj
Sim, Quina, tenho como certo que para os apreciadores de chícharos os que aqui mostro são os mais apreciados.
ResponderEliminarBeijinhos
Já não posso ouvir falar em chicharros!
ResponderEliminarCozi demais e andei de castigo a semana a chicharrar...
Mas eram bons, eram da terra!