Vamos Recordar:
Na década de cinquenta Forninhos teve um Retratista, o ti Carlos Guerra, a trabalhar na rua,
com uma vulgar máquina de madeira assente em tripé, com um pano escuro na parte traseira, onde colocava o rosto para tirar o retrato. De lado, tinha uns painéis para publicitar os retratos; e teve afinal o ti Carlos um pano preto de fundo, que servia
para focar a atenção sobre o sujeito. Os fundos complexos distraem a atenção e
retiram parte daquilo que queremos ver. Assim me disseram.
O menino é o João Albuquerque e a menina é a sua irmãzinha "Joana" e o já falecido ti Carlos Guerra sabia o que fazia e emoldurou bem estas lindas crianças, de mãos postas. O que seria do lindo vestido branco da menina num
fundo branco?
Esta é uma foto muito interessante e com história. Foi
tirada no ano de 1951, no dia que a Nossa Senhora de Fátima chegou à nossa
terra, quando o povo de Forninhos foi ao encontro do povo de Penaverde receber
a imagem, no ‘Alto” pertinho dos Valagotes e dia da comunhão solene de algumas crianças,
algumas das quais quando lançaram as pombas brancas até afirmavam ter visto a
Virgem. Fico contente por saber que o evento religioso ficou registado em foto.
Bem-haja primo João por esta partilha e bem-haja ao tio Carlos Guerra que faz da nossa aldeia um passado presente.
Bem-haja primo João por esta partilha e bem-haja ao tio Carlos Guerra que faz da nossa aldeia um passado presente.
Veja outra publicação sobre este tema clicando no post O Retratista
Que lindo resgate esse! Bela foto! Aqui eram chamados esses fotógrafos de lambe-lambe! Lindo! beijos,chica
ResponderEliminarAqui são conhecidos como fotógrafos 'à la minute' e lembrá-los, lembrar o retratista de Forninhos nesta página significa para mim mostrar mais um pedaço da memória colectiva. Às vezes penso que os antigos deixaram imagens como as que publiquei nos últimos 3 anos para as gerações futuras as examinarem. Não sei explicar, mas para mim a fotografia não é só uma imagem, ela é memória. Aquilo que vemos neste retrato aconteceu, claro que à primeira vista não sei o quê e como foi, porque a fotografia não explica, mas aquele objecto (pano preto), a indumentária e as crianças fotografadas hoje são imagens que ontem existiram e é isso que estimula a minha imaginação. A fotografia antiga tem o poder de trazer ao de cima um pedaço da nossa história passada.
ResponderEliminarCaríssimos forninhenses,
ResponderEliminarHá um ano tive a notícia que faleceu o tio Casimiro (genro do tio Carlos Guerra). Neste momento tive a notícia que morreu a tia Ana pincha, era assim que desde criança a conhecia.
Aos familiares, em especial aos seus filhos e netos, um abraço de solidariedade.
Paz à sua alma.
Saudoso Tio Carlos Guerra.
ResponderEliminarNao sei e duvido, que na toponimia de Forninhos, haja alguma rua que honre e perpetue a sua imagem para os vindouros.
Merecia.
Para quem como eu, miudo na altura, e ia levar um sombreiro para arranjar, ficava boquiaberto a olhar para aquele "bicho", encostado ao canto; uma aranha com 3 pes, um olho e lenco preto na cabeca.
Era a fabrica de sonhos, a feiticaria, que nos ia buscar o mais intimo de nos; nos proprios!
Fazia confusao numa crianca, tais milagres: ele escondia a cabeca, tipo burka e passado tempo, tinha o nosso corpo em seu poder.
Seria o mago Merlim?
Ele, aquela figura magra, com olhar compreensivo, explicava com enlevo, de modo a perceber; Mas raios, como pode ser?
Foi homem muito avancado na epoca, a tudo dava solucao.
A vida tambem da benesses e a mim deu ao ter o prazer de o conhecer e sentar-me no chao a ver e ouvir, tanta vez o silencio insurdecedor das suas palavras.
Para mim continua a ser o Sr. Manuel de Oliveira da epoca.
Agora deve estar cansado!
Imaginem aquela correria no ceu, com tantos para fotografar!
S. Pedro nao tera maos a medir para marcar as sessoes.
Ali sao para a eternidade.
Na terra, ficaram para a posteridade.
Quando partirmos, a gente leva!
Obrigado.
P.S.
Soube hoje ao almoco, que ontem tinha falecido a Sra. Ana Pincha;
Mais um bocadinho da nossa historia que vai, mas fica na memoria a recordacao de uma lutadora.
Sentidas condolencias aos familiares; Deus vai guarda-la.
XicoAlmeida
Aqui fica a proposta para o/a novo/a vereador/a, com o pelouro da Cultura, elaborar um roteiro das ruas da nossa freguesia com os nomes de homens que merecem ser devidamente recordados, para que fique para a posteridade e os mais novos saibam quem foi o tio Carlos Guerra e outras pessoas que deram algum contributo para o progresso da nossa terra e que podem muito bem fazer parte da nossa toponímia.
ResponderEliminarE já agora que se lembre também de alguns mui ilustres do concelho, como o Senhor Prof. Dr. Gonçalves Ferreira, médico obreiro da saúde pública em Portugal, natural de Dornelas.
É bem possível que o Dr. Gonçalves Ferreira ainda pertença à minha família, pois o meu avô materno José Ferreira era natural de Dornelas, parece que viveu na Quinta da Ponte, casou em Forninhos, imigrou para a América, para onde levou o filho, Francisco Ferreira em 1918, para fugir à Grande Guerra; veio a falecer em Forninhos em 1923.
EliminarO Dr. Gonçalves Ferreira nasceu em 1912, pelo que podia até ser primo do Francisco Ferreira. Aliás, o seu nome completo é Francisco António Gonçalves Ferreira. Se fosse vivo completaria 100 anos amanhã, 24.11.2012.
EliminarPara celebração, o blog dos forninhenses, publicará em sua homenagem uma entrada sobre este natural de Dornelas, que serviu o nosso país, logo, serviu também a minha terra, Forninhos.
Aliás, permitam-me que chame a V/ a atenção para o facto da sua freguesia e seu concelho «fazer tábua rasa», a este homem que tanto fez por este país.
Que maravilha estas fotografias a preto e branco!
ResponderEliminarParabens pelos seus albuns historicos.
Um abraco.
Na minha infância a vida era muito difícil. Não havia eletricidade, telefone, gás, rádio, televisão, etc.. As pessoas nem sequer tinham 3 tostões para comprar uma simples caixa de fósforos, de maneira que pediam brasas umas às outras para acender o lume; aos domingos perguntavam às vizinhas se tinham o ferro quente para passar uma ou outra peça de vestuário para levarem à missa. A iluminação era feita a candeeiro de petróleo. As crianças tinham pouco tempo para brincar pois ou andavam na escola até ao por do Sol ou nos campos a ajudar os pais. O único dia mais livre era o domingo, mas a religião levava o tempo quase todo. De manhã era a missa, às 14h00 a doutrina (catequese), às 16h00 a devoção (terço). Aos dominhos havia um bailarico junto à Fonte da Lameira, ao toque do realejo (gaita de beiços) ou concertina; quando estávamos a ver o baile, lá vinha a Tia Cecília com uma verdasca na mão a correr com a pequenada e a levá-los para a igreja. No domingo da comunhã solene, era montado um pequeno palco ao lado direito da igreja (ex-cemitério) para cantarmos e recitarmos versos que tínhamos andado a decorar dois ou três meses antes. Lá morreu ontem a minha última tia Ana "Pincha", que foi casada com o meu tio e Padrinho Álvaro de Albuquerque; aqui deixo as minhas sinceras condolências aos meus primos, que amanhã espero abraçar.
ResponderEliminarSão de facto álbuns históricos e dá-me muito prazer poder desta forma, que para já é a possível, divulgar a cultura e homenagear o povo da minha terra.
ResponderEliminarE no caso, nós, de Forninhos, que conhecemos quem são os retratados, acho que só podemos ter orgulho das pessoas. A menina retratada é hoje a proprietária da Casa de Turismo “Fonte da Lameira” e o seu irmão, João Albuquerque, como podemos ver/ler é possuidor de um álbum memorável e de uma memória fantástica e isto é, a meu ver, uma forma activa de preservar a cultura de um povo.
Que sirva também o comentário supra, para motivar, pelo menos, a catequese a ter uma iniciativa cultural e educativa diferente, como recitar versos e dar utilidade ao espaço "Igreja".
Primo João:
ResponderEliminarEsta foto 'fala' de um tempo com história. Foi tirada em Forninhos. Em que local?
Era usual os meninos vestirem Capa no dia da primeira comunhão?
Lembra-se desta procissão e do andor da Senhora de Fátima?
A foto foi tirada na parede da igreja, junto à porta por onde nessa altura só entravam os homens. Julgo que a capa se vestia nessa altura só em dias muito especiais, como na comunhão solene. Recordo-me vagamente de irmos à serra esperar o andor. O que mais me impressionou da altura foram duas coisas; a primeira foi quando colocaram o andor no muro do lado esquerdo do adro da igreja, perto do azulejo que assinala o acontecimento, as pombas brancas nunca abandoram o andor; a segunda foi o adeus à virgem rumo a outra freguesia (Dornelas?)com as pessoas a cantar, a chorar e a acenar com lenços brancos. Quanto ao Tio Carlos Guerra, foi ele também que com aquela relíquia de máquina me tirou as fotografias para o meu primeiro Bilhete de Identidade há cerca de 60 anos.
EliminarObrigada por responder.
ResponderEliminarHoje até pode haver muitas festas, procissões e andores, mas nada será como antes, porque antes a Igreja praticamente obrigava as pessoas a ter fé, embora reconheça que houvesse em 1951, como hoje ainda há, por parte das pessoas, uma grande devoção à Nossa Senhora de Fátima e reconheça que ainda há hoje uma festa em Forninhos onde se vê uma grande demonstração de fé - Festa do Divino Espírito Santo.
A foto é maravilhosa. Eu não me canso de olhar para este retrato e noto que os irmãos estão compenetrados e vê-se pelo olhar que tentam perceber o que está a acontecer. O leitor que clicar no artigo “O Retratista” de 21 de Novembro de 2011 consegue ver a mesma expressão no olhar dos irmãos (Samuel e Natália).
Um pequeno à parte:
De 1951 a 2012, passaram 61 anos e os pais destas 4 crianças tinham na altura +ou- a minha idade, entre 38 e 45 anos por aí…
Paula,
ResponderEliminarUma foto tirada em 1951 fazendo histórias até hoje. Muito interessante o relato sobre a forma de tirar foto. Nunca havia pensado em tal coisa. Apesar de ser jovem há mais tempo, acho que não cheguei a tirar fotos desse tipo.
Um lindo e abençoado final de semana! Beijos
Uma foto como esta, atendo à época em que foi tirada, por um simples retratista que julgo aprendeu por ele próprio a tirar retratos, está muitíssimo boa!
ResponderEliminarO que terá representado para Forninhos ter um retratista?
Muito importante este e outros registos fotograficos, que avivam memorias e tornaam erais as nossas recordacoes.
ResponderEliminarMuito mais Carlos Guerra havera no bau das n/recoraçoes.
Importante sera honra-los no dia a dia com os seus exemplos.
Outros mestres houve nas suas artes; recordo o Ti Sapateiro, o Ti Carlos Braganca, pois alguem fazia na epoca os tamancos e arranjava as botas de quem as tinha.
A proposito, lembram-se do Funfas, aquela figura mitica com que por vezes nos assustavam para comer o caldo de favas e outras "iguarias"?
Gostava de saber pormenores da sua vida; apenas me recordo que tinha uma "casa" salvo erro na Pardamaia.
Sabe bem estar de volta ao Blog e aprender a recordar desta forma tao real o passado.
Bom fim de semana a todos
XicoAlmeida
Sim, o Funfas viveu numa casinha na Pardamaia, que era do tio Augusto Marques. Também foi sapateiro.
EliminarVou procurar saber mais sobre o Funfas...
Bom Fim de Semana Xico.
Paula A.
É saudável recordar pessoas e factos antigos, mas regressando à comunhão, sei só que me hoje agrada rever essa visão.
ResponderEliminar(...)
Se o tempo é longe ou perto
Em que isso se passou
Não sei dizer ao certo
Que nem sei o que sou
Sei só que me hoje agrada
Rever essa visão
Sei que não vejo nada
Senão o coração
Fernando Pessoa
Adoro esta parte e o todo o poema em si!
ResponderEliminarO tempo sera presente com raizes do passado e ja saudades do futuro.
Sera por muitas razoes, qual filme em 3 dimensoes,
O sentimento, o silencio com barulho
Mas como o poeta, bate forte nos coracoes.
XicoAlmeida
Uma imagem vale mais do que mil palavras, como se pode ver isso é verdade, ninguém consegue descrever tão bem uma cena do que uma fotografia, mas para isso o fotógrafo tem a sua cota parte, saber escolher o melhor angulo e em alguns casos o momento certo, outras fotos como estas sempre nos transportam para outros tempos, tentamos adivinhar o que estava a acontecer, o meio que os rodeava, até tentar sentir o ambiente que nesses tempos existia, por isso estas fotos antigas são uma janela virada para o passado faz recordar a quem nesses tempos viveu, e que agora nos dá a conhecer o momento.
ResponderEliminarQuantas saudades para os retratados que esta foto trás, para eles esta foto tem a magia de os voltar a viver aquele momento muito saudoso.
ResponderEliminarTive a curiosidade e verifiquei, que quase todas as terras vizinhas de Forninhos, os nomes das ruas são nada mais, nada menos do que reforçar o lugar dentro da localidade, Forninhos é bem mais pequena que Dornelas terra vizinha, até mesmo Dornelas só tem uma rua com o nome de uma professora," Rua Professora Alexandrina Ferreira", será que foi a única a receber o reconhecimento do povo de Dornelas? Parece que sim, por isso não é de estranhar que Forninhos e outras terras sigam o mesmo caminho, dando o nome às ruas consoante o lugar em que se situam, até que é mais fácil de identificar.
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