Chamava-se Escolástica Moreira Mendes de Faria e nasceu na freguesia do Eirado, onde viveu até casar. O matrimónio foi anterior a 1860, com José Fernandes de Figueiredo, residente na Rua da Lameira, Forninhos. Teria mais de 40 anos quando casou e veio morar para Forninhos (os mais de 40 anos são apenas uma hipótese). Mas aqui viveu certamente mais outros 40 anos, sendo considerada de Forninhos, pelo cura António Augusto Almeida Coelho, que registou o seu óbito. Dona Escolástica faleceu no dia 4 de Julho de 1902, tinha 89 anos.
Sua única filha, Maria dos Prazeres, nascia no dia 04 de Março de 1860 e foi batizada em Forninhos no dia 28 de Março do mesmo ano.
Dona Escolástica enviuva a 26 de Maio de 1870, o seu marido José Fernandes de Figueiredo morre com 39 anos de idade.
Sua filha, Maria dos Prazeres casa no dia 18 de Maio de 1874 com José Maria Alvares Moreira, em Forninhos. Tinham 14 e 20 anos de idade, respectivamente. Eram segundos primos.
Foram testemunhas do casamento sua mãe, Dona Escolástica Moreira de Faria e Luís Augusto Varela, de Dornelas.
A partir do casamento a documentação já refere Dona Maria dos Prazeres Fernandes Alvares Moreira.
Em Forninhos nasceram os seus filhos:
Olímpia nasceu em 1876 (03 de Abril)
Em 1879 (14 de Fevereiro) nasce o segundo filho:
Albano
Em 1887 (21 de Julho) nasce a Maria José
Mas a felicidade da Dona Escolástica não durou muito. No dia 23 de Maio de 1888 morre a sua única filha Dona Maria dos Prazeres Fernandes Alvares Moreira. Tinha 28 anos de idade.
Qual o percurso dos netos da Dona Escolástica?
Dona Olímpia faleceu na freguesia de Samuel, concelho de Soure, em 04-11-1957, era solteira.
Albano ???? ninguém de Forninhos foi capaz de me fornecer informação útil e no seu registo de baptismo nada consta. Mas como no registo de óbito da Dona Prazeres é referido que fez testamento e deixou duas filhas, presumo que à data era falecido.
Dona Maria José casa com Pompeu de Mendonça e Pinho, de Açores, Celorico da Beira, no dia 25 de Agosto de 1910, na freguesia de Porto da Carne, Diocese da Guarda e assina Maria José Alvares Moreira.
Aqui são donos de uma grande fortuna.
O casal tem uma filha a que deram também o nome da avó, Maria dos Prazeres.
Dona Maria José faleceu no dia 13-11-1949.
Maria dos Prazeres (bisneta da Dona Escolástica) vem a casar com Octalicio Amaral o qual deu origem ao apelido de família "Amaral". Perdeu-se o "Fernandes de Figueiredo" e o "Alvares Moreira".
O casal Amaral teve dois filhos que também faleceram jovens:
- Luis Manuel Alvares Amaral (Luisinho) - está sepultado no cemitério de Forninhos.
- José Maria Alvares Amaral (Zezinho)
Nos anos 80 do século passado ainda vivia em Forninhos a Senhora Dona Prazeres e os seus netos (uma filha do Luisinho e dois filhos do Zezinho) ainda a visitavam.
Uma das coisas que me despertou alguma curiosidade foi a genealogia dos "Fernandes de Figueiredo".
Luis Fernandes de Figueiredo e Maria Antónia tiveram três filhos:
- O José Fernandes de Figueiredo, marido da Dona Escolástica, faleceu com 39 anos no dia 25-05-1870
- Maria Antónia Figueiredo, solteira, faleceu com 52 anos dia 16-11-1870 e fez testamento fechado em nome do irmão Manuel.
Fazer testamento dos bens que se possuíam era uma prática comum, mas é interessante esta informação porque parece que as últimas vontades do testador era a cunhada, a Dona Escolástica, não ser herdeira, fora também a intenção de continuar a exercer algum poder e controlo social para além da morte.
- Manuel Fernandes Figueiredo, solteiro, faleceu em 25-02-1872 e fez testamento. Tinha 37 anos.
Acerca desta família os mais antigos documentos conhecidos (de 1696) referem um António Fernandes sepultado "dentro da Igreja de fronte da porta travessa debaixo do caixam da confaria do Senhor". Fez testamento.
E Ana de Figueiredo enterrada dentro da Igreja de frente da porta. Não fez testamento. O cura de então era o Padre António Lopes de Andrade.
Forninhos tem uma grande história humana, mas é preciso recuar na pesquisa de séculos atrás para se compreender a nossa génese.
A Dona Escolástica.
ResponderEliminarUm romance, um filme, uma série...
Dava para tudo, percorria os tempos das nossas memórias contadas nos nomes em que se faziam perguntas daquelas donde vimos, dos nossos pais, claro e de onde comíamos, da casa dos outros, claro. E assim fomos vivendo, por cinco escudos ao dia, no meio de tanta abastança até ao dia em que ela minguou.
Heranças atrás de heranças, fortunas mal dirigidas, ao ponto de ficarem em registo, nomes...
Pena que não se tenham resguardado gentes de bem, dos ricos que algo tivessem feito pela terra, nada!
Destes mais antigos e que merecem o nosso sentimento agradecido, que a Junta lhes dê uma página colada nas paredes da mesma.
Hoje, parece que pouco ou nada fizeram, para o desenvolvimento da nossa terra, mas esta casa era o centro da vida agrícola da aldeia, muita gente da terra e ranchos de gente de fora para esta casa trabalhou desde épocas quase medievais! Com ordenados baixinhos ou pagos com um pouco do produto agrícola, cereal/farinha, porque eram outros tempos, mas olhemos para o que têm feito os "novos ricos" pelo desenvolvimento de Forninhos...
EliminarQuanto teriam que aprender os "novos ricos" com "os fidalgos"!
Com a partida de muita mão de obra, para a emigração e para migração interna, os descendentes podiam ter enveredado para uma agricultura moderna e mecanizada, mas não foi assim... e tudo foi vendido ao desbarato a terceiros, pelo que não existem quaisquer laços afetivos a esta casa e família por parte dos novos proprietários.
É pena.
Pelo menos, documentação do género, permite-nos encontrar as suas raízes.
A Dona Escolástica, a meu ver, foi uma Grande Mulher em Forninhos!
Merecia este post, um romance, um filme, uma série...que podia terminar no cemitério abandonado.
Durante séculos os enterros foram feitos na igreja ou no adro da mesma e abandonaram o cemitério "dos avós".
É só um exemplo daquilo que fazem pela terra "dos nossos avós"!
Uma história e genealogia bem registradas e notadas em Forninhos! Lindo de ver os livros, os escritos da época... Lindo fds! beijos, chica
ResponderEliminarFelizmente não tem sido dificil decifrar os registos, porque alguns padres até tinham uma caligrafia bonita.
EliminarSó com base na tradição/sabedoria popular não chegavamos lá...
O nome "Dona Escolástica" ainda andava na tradição, mas ninguém me sabia dizer se a Dona Olímpia e a Dona Maria José eram suas filhas ou sobrinhas. Afinal eram suas netas!! Mas Dona Escolástica deve ter sido avó e mãe para elas.
Falta saber o que aconteceu ao irmão Albano...
Bjs, bom fds.
Boa tarde. Parabéns pelo seu excelente trabalho de pesquisa.
ResponderEliminarObrigada.
EliminarSó tenho mesmo a agradecer.
Bom domingo!
Um excelente e interessante trabalho de investigação.
ResponderEliminarUm abraço e bom Domingo.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Isto agora devia incentivar, especialmente os descendentes desta família, a continuar a apurar outras derivações genealógicas, a fim de tirarem dúvidas e certas curiosidade que sempre ficam.
EliminarBom domingo!
Um abraço.
Boa tarde Paula,
ResponderEliminarMais um trabalho de pesquisa, que penso exaustivo, que muito louvo!
Só assim, como diz, se compreende a vossa génese.
A Paula está de Parabéns por continuar a investigar a História de Forninhos.
Um beijinho e uma boa semana.
Ailime
Obrigada Ailime
EliminarÉ daqueles trabalhos que me deixa exausta e ao mesmo tempo satisfeita :))
Poder apresentar aqui os dados desta familia num resumo é, para mim, muito gratificante.
Beijinhos e boa semana.
Memórias fantásticas!
ResponderEliminarPrincipalmente para quem, como quase todos nós, não tem tempo ou negligencia estas coisas das origens familiares mais remotas.
EliminarBoa semana e obrigada pela visita comentada.
Um excelente trabalho de pesquisa parabéns pela garra nesse Lindo projeto e compartilhar aqui. Desejo uma boa semana. Bjs querida
ResponderEliminarEm tempo. Escolástica me fez lembrar uma colega dos tempos de escola no ensino médio. Entre as colegas tinha uma que se chamava Escolástica. Gostei de lembrar
EliminarQue bom que este post a atirou para uma determinada altura da sua vida!
EliminarAqui não o referimos, mas sabemos que D. Escolástica Moreira Mendes de Faria, entre 1852 e 1883, foi madrinha de batismo de pelo menos 13 crianças; seis eram meninas, mas nenhuma recebeu o nome "Escolástica".
Entre 1857 e 1882 foi madrinha de 3 casamentos.
Boa semana, bjs.
Muita pesquisa por aí!
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
É apenas um exercício de reconhecimento e gratidão por todos os forninhenses que me antecederam.
EliminarBoa semana.
Bom dia de sábado, querida amiga Paula!
ResponderEliminarMuito interessante é o trabalho (ainda que leigo) dos historiadores por prazer.
Aqui, um trabalho de resgate histórico primoroso.
Gosto muito disso.
Todos formamos a história das cidades e aldeias.
Seja feliz e abençoada!
Beijinhos fraternos de paz e bem
Verdade Rosélia, ruas, largos, praças, bairros e pessoas a circular por eles, assim se fizeram aldeias inteiras e cidades!
EliminarMas as ruas não falam, pelo menos comigo ;) então entretenho-me a decifrar documentos num arquivo para homenagear quem sempre por elas se deslocou.
Beijinhos e bom fim de semana.
Conhecendo digo: O seu blogue é fabuloso. Esta aula de história gratuita que acabei de agora ler fascinou o meu ego. Maravilhosa arte de pesquiza. Super interessante este ser minucioso trabalho. Deixo o meu aplauso e elogio.
ResponderEliminarFiquei seguidor. Voltarei
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Feliz fim de semana
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Muito obrigada!
EliminarComo foram poucos os casamentos e filhos, nem foi dificil...
Mas uma coisa curiosa nestes casamentos, é que iam casar fora ou casavam na aldeia com pessoas de fora, numa altura que sabemos não havia qualquer transporte mecânico, mas apenas transporte animal e mesmo assim, poucos dispunham. Só que estas eram as famílias ricas duma região e aldeias dominadas pela pobreza!
Bom fds.